Surprises in NYC

Girls Go To NYC [PT-BR]

-Acooooorda, Bela Adormecida! – Sunny acabara de gritar e eu fui atingida com uma almofada em cheio na minha cara. Espera, como é que a gente já tem almofadas em casa?

Esfreguei o rosto e, confusa pelo sono, tentava me situar. Antes que eu pudesse pensar muito, Sooyoung entra no meu quarto e aumenta o barulho que Sunny começara.

- Mas você só dorme mesmo, não é, sua ahjumma? Já fomos ao Wallmart, já fizemos amizade com o porteiro, já até demos uma voltinha de metrô e você tá aí morta na cama roncando! – falou Sooyoung.

- C... Como é que vocês já fizeram tantas coisas e nem me chamaram? Estou chateada! Me excluíram do passeio! – gritei.

- A gente pensou em te chamar, mas você tava toda esparramada e falando coisas lésbicas sozinha que logo pudemos concluir que você estava em um sono profundo e lésbico... – disse Sunny.

- Aish, eu não falo sozinha! Muito menos falo coisas lésbicas, hunf! Aliás, estou ferrada! Preciso ir na M.A.C conhecer meu chefe, ajeitar meu escritório... – disse eu.

- Relaxa, Taengoo! Hoje tiramos o dia para o ócio! Meus pais falaram que todas só começaremos a trabalhar amanhã. Eu e Soo inclusive já combinamos com a Yuri de irmos todas juntas ao escritório! – falou Sunny, alegremente, puxando-me para fora da cama. As três: Yuri, Sooyoung e Sunny eram advogadas, porém teriam clientes diferentes. – Agora, vai tomar um banho e se vestir porque temos muito chão nova-iorquino pela frente! Seohyun já está me ligando.

Kim Taeyeon sua anta! Como pôde dormir tanto estando em Nova York? É como se durante o sono eu houvesse esquecido totalmente da viagem, e só estava voltando agora à realidade . Sorte a minha foi de ter arrumado as coisas logo ao chegarmos no apartamento, assim não teria de buscar o shampoo na bolsinha transparente e a toalha no fundo da mala estando com tanta pressa.

Já embaixo do chuveiro, minha vida me veio em mente como um furacão. É incrível como banhos, apesar de ótimos para lavar suas aflições e preocupações, também são perfeitos para te lembrar de todas as coisas erradas que você já fez e para te convidar a um momento de reflexão. Ótimo. Não liguei para meus pais nem para Jaemin. Eles devem estar achando que o avião caiu no meio do oceano pacífico e meu cadáver está sendo devorado por criaturas marinhas neste instante.

Ao terminar o banho, me enrolei na toalha e, sem nem me secar, peguei meu celular. Oh não! Dezenove ligações perdidas e seis mensagens não lidas. Okay, eu entendo a preocupação, mas isso já é mau agouro. Será que não se pode mais desabar no sono após um vôo internacional exaustivo? Acho que não.

Minha mãe respondeu à mensagem que mandei logo ao chegar aqui:

“Que bom que está bem, Taeyeon-ah. Ligue para casa, Umma.”

Além desta mensagem, havia mais duas de meu pai e mais três de Jaemin. Todas demonstrando preocupação com relação à minha chegada e ao meu estado. Resolvi ligar para minha mãe, explicando-lhe detalhes do vôo, do apartamento e planos para o resto do dia. Falei também com Hayeon e meu pai. Liguei em seguida para Jaemin e tratamos dos mesmos assuntos. Jaemin ficou atormentando minha cabeça com o noivado e dizendo que não via a hora da minha volta. Eu estava com zero paciência para melosidades. Quando dei por terminadas as sessões de ‘telemarketing’, notei que já estava seca, então apenas pendurei novamente a toalha e me vesti.

Acho que todos esqueceram que eu já sou uma mulher de 23 anos. Onde já se viu, me darem demoradas broncas por não ter ligado como se eu fosse uma garotinha irresponsável indo para um acampamento de verão com as amigas! E isso porque eu mandei mensagem quando cheguei, imagina se não tivesse mandado.

Ao passo que estávamos as três prontas para sair, descemos do prédio e fomos nos encontrar com as outras quatro membros do esquadrão em frente ao prédio de Yoona e Seohyun. Era realmente perto do nosso, assim como o de Yuri e Hyoyeon. Conseguimos avistar claramente nossos apartamentos de onde estávamos.

- Meninas, eu sei que tá meio ‘tarde’ para fazermos tudo que estávamos planejando para hoje, mas vamos apenas tentar, tá? – disse Yoona, mostrando um papel com uma listinha de itens a todas nós. – Eu e Seohyun pesquisamos alguns lugares legais da cidade ontem à noite e fizemos um roteiro de passeio! Não é legal?

As maknaes me surpreendem. Elas são mais jovens que as outras de nós e mesmo assim o senso de responsabilidade delas é muito maior que o nosso. Enquanto eu estava estirada na cama, deixando de dar satisfação à minha família, as duas estavam fazendo um roteiro de passeio. Minha proatividade me impressiona.

Todas ficamos encantadas com a lista de lugares listados por Yoona. Eu realmente duvido que fôssemos realmente capazes de visitar tudo aquilo em um só dia, mas só de pensar em passear tanto, um sentimento de ansiedade e empolgação tomava conta de mim por completo.

Confesso que nem deu para fazermos muita coisa mesmo! Ainda na 5th Avenue, paramos em taaaantas lojas, que quando pensamos em pegar o metrô para conhecer o resto da cidade, nos percebemos cheias de sacolas das mais variadas lojas possíveis. Resultado: Tivemos de voltar aos nossos apartamentos e saindo de lá, ir direto ao metrô, resistindo à tentação de fazer mais compras porque convenhamos, podemos ser shopaholics mas não somos nenhum Bill Gates. Minha sorte é que a fartura do meu cartão de crédito só diz respeito a mim e sou eu, e apenas eu quem pago minhas contas supérfluas. Obrigada senhor pela minha (parcial) independência financeira! Agradeço diariamente por isso.

Reiniciamos nosso tour com destino ao Central Park, onde tiramos zilhões de fotos (a maioria excêntricas; aegyo e poses incomuns incluídos no pacote) fazendo com que as pessoas que passassem por nós olhassem fixamente para a gente. Estava na cara que éramos estrangeiras. Nossos olhos puxados e nosso idioma nos denunciam completamente. No entanto, o fascínio expresso pelos pedestres em relação a nós nos fez sentir como verdadeiras turistas deslumbradas. Acho que éramos realmente escandalosas e bem, convenhamos que Sooyoung e Yuri estavam muito bem vestidas para aparentarem meras visitantes ocasionais do Central Park desfrutando dos delírios de uma pacata tarde nova-iorquina.

Saindo do Central Park, decidimos jantar em um restaurante do Rockefeller Center. A vida noturna em Nova York, assim como a comida ocidental, são duas coisas que eu gostaria de manter para sempre em meu cotidiano. Okay, nos divertimos à beça nas boates de Seul e eu adoro comida coreana, mas poder unir esses fatores com os daqui seria perfeito. Apesar de os dois estilos de vida serem ótimos, são gritantemente diferentes.

Ao fim do jantar, resolvemos chamar um táxi para voltar para casa. Teríamos seis meses pela frente para chamar táxis, mas Yuri insistiu para que o fizéssemos logo hoje. Lição do dia: Mais difícil que entender as ruas e o metrô de Nova York, é conseguir fazer parar um táxi para sete estrangeiras coreanas no meio da noite em Rockefeller Center. Claro, excedemos o horário e já era mais de meia noite quando resolvemos pedir a conta no restaurante. Alguém por favor me diga como eu vou acordar cedo amanhã para ir trabalhar?

Nem preciso falar que desabei ao chegar em casa. Só tive tempo para ajustar meu despertador para as 07:00h e vestir meu pijama.

 

Argh, que bosta de barulho! Musiquinha dos infernos! Despertador infeliz! Já acordei de mal humor. E fiquei mais chateada ainda ao me lembrar que eu não estava em minha casa, logo, não tinha minha cozinheira e muito menos café da manhã pronto. Até parece que Sooyoung ou Sunny iriam se levantar mais cedo para cozinhar. Eu duvido inclusive que elas saibam cozinhar. Banho, roupas, disposição. Taeyeon, sorria para o espelho. Droga, é impossível sorrir de barriga vazia. Fui à sala procurar pelas minhas mais novas ‘colegas de apartamento’ e por sorte, ambas já estavam acordadas e para variar, discutindo sobre alguma coisa. Ao dizer bom dia a elas, notei que interrompera uma séria discussão sobre o aluguel de carros. É, se quisermos nos locomover livremente por aí, até porque a quinta avenida não é nenhum quarteirão minúsculo, teríamos de alugar um carro. Um para cada uma de nós, aliás.

Já cheguei perguntando sobre nossa primeira refeição do dia, afinal é impossível pensar em carros ou em qualquer outro tipo de negócio sem estar bem nutrida. Sooyoung propôs que fôssemos ao Starbucks, como os personagens de seriados e de filmes americanos fazem diariamente. Ainda que tenha Starbucks na Coréia, não tem vibe mais hollywoodiana que tomar café da manhã correndo, no Starbucks de Nova York enquanto se está atrasada para o trabalho. Curti a ideia. Quer dizer, até certo ponto. Eu já estava sofrendo na metade do caminho, porque como disse anteriormente, a 5th Ave não é nem um pouco pequena e eu não funciono de barriga vazia. Foi um alívio quando chegamos ao Starbucks. Após pedirmos nossos cafés acompanhados de cookies, o que era bem diferente da nossa habitual refeição matinal coreana, sentamos em uma mesinha e conversamos. Propus que se planejávamos tomar café diariamente no Starbucks, o que provavelmente faríamos de fato, deveríamos providenciar um carro o mais rápido possível. Eu não abriria mão de ir para o trabalho calçando meus saltos Chanel de jeito nenhum.

Saindo do Starbucks, a primeira coisa que fizemos foi nos encaminhar à locadora de carros mais próxima. Após pagamentos e comprovação de documentos, lá estava eu com meu mais novo Toyota Corolla. Era o carro mais barato que havia para locação, então como não tenho muita vaidade para automóveis e priorizava de fato gastar com minha obsessão por roupas, optei por ele mesmo.

Sooyoung e Sunny também alugaram carros para elas, porém saíram as duas no carro de Sooyoung porque passariam juntas para pegar Yuri e depois irem trabalhar. Eu fui direto para a M.A.C no meu carro.

Não foi difícil encontrar a empresa por meio do GPS, já que eu estava acostumada a usar o aparelho para ir a qualquer lugar na Coréia. Sou péssima em decorar o caminho para os lugares, então um GPS é a melhor solução para meus problemas de direção.

Chegando na M.A.C, fui logo recebida por uma recepcionista que me guiou até meu andar e me levou até a sala da minha chefe. Eu trabalharia no departamento de publicidade da empresa, e havia um setor apenas para essa área no prédio. Menos um motivo para eu me perder, afinal mesmo o prédio sendo enorme, eu já saberia a qual andar me dirigir diariamente.

Minha chefe foi muito simpática comigo. Se apresentou como Ms. Parker. Após me apresentar direito à ela, sabe, contar-lhe aqueles detalhes mais pessoais mas não tão pessoais assim sobre mim, ela me orientou a respeito do que eu teria de fazer no dia a dia, e me passou informações essenciais e difíceis de decorar, mas que eu mais cedo ou mais tarde teria de saber na ponta da língua.

Diferentemente de meu trabalho na Coréia, eu não teria um lugar para chamar de “meu escritório”, e sim uma sala enorme que dividiria com um grupo de outras publicitárias. Cada uma tem uma mesa com computador e essas coisas. Ms. Parker me indroduziu às minhas colegas de trabalho, e após um tour um tanto quanto demorado pelo andar e mais algumas apresentações, fui deixada em minha mesa. Não havia muito o que fazer, então apenas arrumei minhas coisas para que ficassem do meu agrado. Enquanto ajeitava tudo, não pude deixar de notar a postura e o comportamento das minhas mais novas colegas de trabalho. Gente, como essas mulheres conversam! Conversam sobre tudo, o tempo todo! Elas colocam em pauta desde assuntos a respeito do trabalho, como o outdoor em projeto na avenida sei-lá-qual à cor da saia da assistente social de não-sei-onde. Saudades do silêncio do meu escritório. Mas, apesar do barulho, elas são bem divertidas. Já fiz até amizade com a moça que senta na mesa do lado da minha, inicialmente Ms. Bloom, mas após algumas risadas, me disse para chamá-la de Zoe. Ela era praticamente da minha idade. Levando em conta minha idade não-coreana, tínhamos apenas dois anos de diferença, já que ela era mais velha. Zoe era magra, de cabelos loiros e olhos castanhos. Fez faculdade em Stanford e era apaixonada por moda. Uma fofa! Ela teve algumas dificuldades para pronunciar “Taeyeon”, então encurtou meu nome para “Taey”. Um tanto engraçado, eu sei, já que nunca na Coréia meu nome seria dividido assim. Zoe me ajudou a configurar uns arquivos que eu não sabia como e, para um primeiro dia, já sabíamos bastante coisa uma da outra. Descobri que Zoe tem medo de alfinetes e é alérgica a esmaltes. Ela me convidou inclusive para almoçar com ela, mas infelizmente tive que dispensar, porque Yuri já havia combinado de juntar as meninas perto do escritório dela para o almoço. Falando em almoço, agora em Nova York todos os dias eu teria que sair para almoçar fora, todos sem exceção. Na Coréia, quando eu estava com muito trabalho, minha secretária me trazia o almoço na sala. Já mencionei que sinto saudades de meu escritório? E da minha secretária mais ainda.

Quando deu o horário de almoçar, desci com Zoe até o hall de entrada. Ao sair da empresa, nos despedimos, à medida que seguiríamos direções opostas.

-Bye bye, Taey! Não vá se perder, hein? É só ir reto e virar à direita depois da livraria! - gritou Zoe, rindo. Eu era novata na cidade e estava a pé sem meu GPS, logo estava perdida mesmo tendo de ir a um lugar que ficasse a dois quarteirões de distância. Pedi ajuda à Zoe e ela gentilmente me dera as coordenadas ao restaurante em que Yuri havia marcado de nos encontrarmos.

Após me despedir de Zoe, segui o caminho que ela havia me indicado, olhando sempre para frente para não me distrair com as lojas seguidas passando do meu lado direito. Sem dificuldades, logo estava eu diante do “Joe & Leo´s”, o restaurante em que combinei de me encontrar com as meninas. Mal entrei no estabelecimento e já pude ouvir os gritos de todas me chamando. Os outros clientes pareciam nem se importar com o barulho, já que todos conversavam alto. Se fosse na Coréia, todos iriam se virar para nós e fazer cara feia diante de nosso comportamento. Sentei-me com minhas amigas. Deus do céu! Todas já haviam chegado, só faltava eu para o grupo estar completo! Acho que essa é a primeira vez que sou a última a chegar em um encontro de nós sete.

Nesse almoço, tive que assimilar tantas novas informações que achei que nem a comida fosse caber dentro de mim. Era tanta menina falando junta, uma atrás da outra, todo o papo centrado nos nossos mais novos empregos e universidade, no caso de Yoona e Seohyun, que faziam mestrado. Contamos sobre nossos chefes e colegas novos. Contei-lhes sobre Ms. Parker e Zoe. As meninas pareceram entusiasmadas em conhecer Zoe, porém quem atraiu mais comentários e risos foi a mais nova cliente de Yuri, uma moça da nossa idade que queria abrir um processo em cima de uma “amiga” por estelionato. Acredito que após o crime, elas não sejam mais amigas, aliás, porque não costumamos levantar processos contra amigos, não é? Yuri nos contara que sua cliente era absolutamente maluca e desconcertada. Hoje mesmo elas precisaram se encontrar para conversar sobre o caso e Yuri, ao invés de sair de lá pensativa e preocupada, saiu rindo porque a cliente era toda cômica e se distraía facilmente.

- Mas ela é muito fofinha e é bem bonita, sabiam? Ela é assim, meio desligada, mas é bastante sociável. Quando nos conhecemos, fiquei um pouco intimidada, já que ela tem uma expressão inicial meio fria, mas bastou que ela me explicasse o caso para ir se soltando e demonstrando ser bem expressiva. Ela tem uma voz bem doce e suave, sabem? Não sei descrever ela muito bem... Ah gente, ela também é coreana! - disse Yuri, entusiasmada sobre sua mais nova cliente adorável e maluquinha.

- Nossa, Yul! Tô achando que isso é karma, hein? você encontra uma mulher engraçada, bonita e coreana em Nova York para ser justamente sua cliente! - disse Sunny.

- Pois é, acho que ela poderia facilmente ser uma de nós, bem... Tirando pelo fato de ter sofrido nas mãos de uma estelionatária. - falou Sooyoung, fazendo todo mundo rir da última parte de sua fala.

- Mas se a estelionatária não tivesse prejudicado ela, ela não haveria conhecido Yuri para defendê-la na justiça, pensem. - falou Yoona.

- Ah, mas eu falei de vocês para ela e que achava que ela se daria muito bem com todas. E ela é coreana sim, tipo, os pais dela são, mas ela nasceu na Califórnia. - disse Yuri, timidamente.

- Falou das suas bests para ela? O negócio tá ficando sério. Ela é sua cliente ou sua mais nova melhor amiga? Estamos com ciúmes, hein? - disse Hyoyeon, rindo.

- Não é! A gente... A gente só saiu um pouco para tomar um café e.. Vocês sabem, aliviar o estresse. Daí a gente acabou se conhecendo um pouco melhor, só isso... - disse Yuri, ficando vermelha.

- Okay Yul, já entendemos que você está apaixonada pela sua cliente nova e que vai trocar suas melhores amigas por ela. Primeiro um café, depois ela vai te chamar para uma boate e... - provocava Sooyoung, rindo.

- G... Gente, para! Eu estaria que nem ela, imagina que decepção uma pessoa que se diz sua amiga vai e falsifica seus documentos para te roubar! Ela precisa de amigas legais e compreensivas mais que tudo agora! - falou Yuri, um pouco irritada.

- Calma Yul! A gente entende sua atitude caridosa com relação à desamparada cliente roubada pela amiga, só estamos pegando no seu pé, okay? - disse Hyoyeon.

- Hyo disse tudo. A propósito, você não nos contou o nome dela, queremos conhecê-la também! - falou Seohyun.

- Ah, é Jessica que ela chama. Jessica Jung. Ela me contou outra coisa importante hoje, mas não sei se eu devo falar a vocês... - disse Yuri, fazendo biquinho.

- Jessica, que nome bonito! Ela parece mesmo ser americana, não tem nome coreano... - disse Seohyun.

- Ei, lógico que você tem que falar! Somos suas amigas e essa é uma viagem em grupo! Queremos saber de todas as novidades envolvendo você e a sua… Jessica! - exclamou Sooyoung.

- Não é nada demais, é só que ela me chamou para uma festa da qual ela é a organizadora, porque bem... Ela é promotora de eventos e tem uma loja de roupas... - disse Yuri.

- Feeesta! EPA, ESTAMOS DENTRO! E... Pera, eu tava certa! Eu falei que ela iria acabar te arrastando para uma boate e... - dizia Sooyoung.

- É, ela quer me arrastar para uma boate e convidou todas as minhas amigas para irem junto... - disse Yuri, ironicamente.

- Ah, tanto faz. Ela está me convidando para uma festa, logo eu já a amo. Quando é, a propósito? - perguntou Sooyoung, excitada.

- Hm... Hoje à noite. Não é muito longe, mas...

Depois disso, todas ficamos ansiosas e a conversa mudou de rumo. Todas desesperadas pela festa que ocorreria hoje mesmo. Eu estava bem animada para ir também. Uau, mal chegamos em Nova York e já temos programas para a noite. Por que será que não estou surpresa?

Após comermos e combinarmos como chegaríamos à festa, pagamos a conta e cada uma seguiu seu rumo.

No caminho para o prédio da M.A.C, distraída com as vitrines das lojas (sim, na ida eu me contive e fiquei olhando para a frente, mas agora na volta eu me entreguei à minha paixão por roupas). Inclusive, se tem um fato que me chamou atenção sobre a mais nova cliente da Yuri, a Jessica, é que ela tem uma loja de roupas. Será que ela daria desconto pra gente? Enquanto pensava, eu parei para olhar uma blusa, e de repente, começa uma ventania horrível, tanto que eu tive que parar de olhar para a blusa para cobrir meus olhos com as mãos e me proteger de ciscos trazidos pelo vento. Após andar mais um pouco e perceber que a ventania havia se acalmado, retirei as mãos do rosto e eis que um papel caído de uma janela, do céu ou até mesmo de uma dimensão paralela, vem parar bem no meio da minha cara. Peguei ele nas mãos. Era um pequeno folheto, um anúncio de loj... Espera! Tá escrito que A BLOOMINGDALES ESTÁ EM LIQUIDAÇÃO 60% OFF NO DIA DE HOJE... ATÉ AS 14:00H! Meu deus! Eu preciso ir lá! Eu preciso! Olhei no relógio: 12:58h. Okay, eu tenho uma hora para ir lá e ver tudo! Dane-se o trabalho, dane-se o horário, dane-se a minha vida! A Bloomingdales está em liquidação! SESSENTA POR CENTO! 60, 60, 60... Espera, em qual número está a loja? Deve estar aqui perto, já que o folheto dela caiu em mim... De acordo com o folheto, a loja era nº 325. Eu estava no nº 290, então segui a lógica e andei um pouco mais. Lá estava a loja. A enorme Bloomingdales com seus convidativos manequins em cuja vitrine havia um “60% OFF” estampado. E gente... quanta gente! Nunca vi tanta mulher entrando junta em um lugar, lotando-o totalmente. Corri até lá e me meti no meio da muvuca. Por um milagre do destino, consegui entrar com meu corpo inteiro na loja depois de alguns 'empurrõezinhos inofensivos'.

As atendentes tentavam conter a horda de mulheres ensandecidas pelo capitalismo se engalfinhando tanto fora quanto dentro da loja, porém não tinham resultados muito bons.

Ao olhar em volta, parecia que eu havia chegado meio em fim de festa, já que como faltava apenas uma hora para encerrar a queima de estoque, a mulherada já havia levado a parte mais interessante para casa. No entanto, uma fileira de vestidos em cima de cabides me chamara a atenção. Eles eram todos em tons pastéis. O mais bonito era o rosa, pena que era última peça. Bem, não custava tentar, né? Afinal, eu teria uma festa hoje, precisava de uma roupa para ir. Minha consciência me perturbava enfatizando o fato de eu já ter um arsenal de vestidos em casa, mas eu estava em Nova York, e quem disse que eu ligo para minha consciência?

Fui em direção ao vestido, e assim que o toquei, percebi outra pessoa fazendo o mesmo. Olhei para a dona da mão que tocara o vestido quase-meu, e me deparei com uma linda mulher de olhos puxados, fazendo uma cara espantada. Ela era tipo assim, MUITO linda! Quem será que faz a maquiagem dela? E a franja dela cai tão bem em sua testa, o corte combina com seus olhos. Logo ela mudou sua expressão para um sorriso e... Que sorriso! Seus olhos encantadores se seguiam as curvas de sua boca, que fofa!

- Erm... Moça, moça? - Ela falava comigo!

Acordei de meus devaneios e tentei respondê-la:

- Hm... Oi? Pode falar, estou... Estou prestando atenção! - Ela é sem dúvidas a garota mais linda que eu já vi, será que ela deixa eu tirar uma foto dela se eu pedir? Ela era tão glamurosa que parecia uma cantora de k-pop.

- Hahaha, você quer o vestido, não é? D... Desculpa te atrapalhar, pode pegar. - disse ela, intensificando o sorriso lindo dela.

- V...Vestido? Que vest.. Ah, claro! Obrigada, mas... Você não quer ele? - perguntei, confusa e ainda compenetrada no rosto perfeito dela. Eu olhei para ela e esqueci do vestido, gente. Como pode? É normal isso acontecer? Eu podia ser distraída mas não era tapada assim.

- Ah... Eu achei ele bonito, mas... Você é tão fofa, vai combinar mais com ele! E... J..Já que você pegou primeiro eu... Acho que deveria ficar com ele! - Gente, que gracinha! A menina mais linda do planeta acabou de falar que sou fofa! Fofo é o sorriso dela... E está me deixando ficar com o vestido!

- Ah, que é isso... Você também ia ficar linda nele! Aliás, você ficaria linda em qualquer roupa porque é linda... - disse eu, distraída com a beleza dela de novo.

- O... Obrigada! E... Eu... - Assim que a garota bonita ia falar, ela se virou assim que uma senhora a chamou. - Eu.. Eu... Eu preciso ir! Minha amiga me chamou. Vai ficar perfeita no vestido, tchauzinho! - disse ela, enquanto acenava para mim em direção à senhora, que diferentemente dela, parecia bem mais velha e não tinha olhos puxados, nem tampouco um milésimo de sua beleza.

Acenei para ela e acompanhei com olhares ela se distanciar em meio à bagunça da loja e, misteriosamente, havia perdido o interesse em continuar a averiguar as peças. Me dirigi para a fila de pagamento, ainda com o sorriso dela em mente. Esbarrei em uma idosa já que estava totalmente distraída. Pedi desculpas à ela e logo depois cheguei na fila. Após esperar um tempinho... okay, um tempão porque a fila estava enorme, chegou minha vez de pagar. A atendente embrulhou meu vestido e colocou-o numa sacola, enquanto eu passava meu cartão na máquina. Acho que nunca saí de uma loja com tão poucas compras. E o sorriso da menina era lindo. Será que ela era alguma famosa?

Eu já ia saindo da loja, ainda pensando na menina linda, quando ouço gritos e insultos. Olhei para trás e vejo ninguém mais ninguém menos que a protagonista dos meus mais recentes pensamentos discutindo com outra cliente na fila de pagamento, à medida que as duas puxavam cada uma para si um tecido.

Não sei explicar o que se passara por dentro de mim diante daquela cena. De repente um assomo de raiva tomara conta de mim por completo e de algum jeito, que no momento eu não sei qual, mas de algum jeito, eu simplesmente segui no sentido contrário do fluxo de pessoas que saíam, causando uma enorme confusão na ordem de saída de clientes da loja, esbarrando em meio mundo. Por que estava fazendo aquilo? Nem eu sei, eu só tinha que chegar até aquela senhora abusada que estava tratando tão mal a moça bonita. As duas tão absortas em sua briga que nem haviam percebido a desorganização que eu fizera para chegar até elas, até que eu finalmente me coloquei diante delas e abri minha boca. Acho que fiquei louca de vez.

- A senhora p... Poderia por favor tirar suas indelicadas mãos desta echarpe, por favor? - falei, olhando com indignação para a velha. Como eu estava fazendo isso e por quê, nem me pergunte. Não saberia explicar.

A garota bonita, surpresa com minha presença, e acho que mais ainda com o fato de eu estar lá me metendo na briga originalmente dela, porém agora nossa, me olhava confusa, mas deixando um leve sorriso escapar de canto, misturado com sua expressão de susto.

Todas as clientes agora estavam olhando para nós. A senhora ficou então em silêncio e eu pude ouvir alguns cochichos e sussuros, mas mantive minha expressão de raiva direcionada à ela. Eis que ela tomou a palavra:

- E quem é você para se meter na minha vida, sua atrevida?

- Estou... Estou me metendo na vida da minha amiga, não na da senhora, se quer saber. - disse, referindo-me à garota bonita de quem eu nem sabia o nome como minha amiga. Não importa, eu apenas queria parar aquela briga, custe o que custasse. - E... A senhora devia ter vergonha de querer tirar a echarpe de uma pessoa doente! - disse a primeira coisa que me viera à cabeça, sem medo das consequências.

A menina bonita me olhou confusa e a mulher mais velha também.

- Estamos comprando isso aqui para uma amiga debilitada, em estado terminal no hospital! O sonho dela é poder vestir-se com uma echarpe rosa e sapatos de verniz para dar uma última volta pelo Central Park e a senhora... E a senhora simplesmente tira este último direito dela de realizar um desejo? - automaticamente, esbocei uma expressão de tristeza e indignação, como se essa história de "amiga terminal que quer dar uma volta no Central Park" fosse realmente verdadeira. Acho que tenho dom para a atuação e acabei de descobrir isso.

Ao ouvir minha história, estava todo mundo em silêncio e concentrado em nós, pareciam comovidos e sussuravam falas que demonstravam indignação para com a atitude da "maléfica senhora estragadora de sonhos".

Olhei para a menina bonita e ela, apesar de confusa, esboçava a mesma expressão de sensibilidade emocional que eu, meio que me imitando para fazer com que a história fosse comprada pelos espectadores.

A senhora, confusa porém com raiva, entregou a echarpe para mim e saiu bufando, desvencilhando-se de olhares, que logo após ela passar pela porta de saída, eram todos direcionados a mim e à menina bonita. Eis que eu percebi a echarpe em minhas mãos, a loja inteira me olhando, e a menina linda ao meu lado, confusa. Caí em mim, me lembrando de quem eu era e compreendendo o papelão que acabara de fazer na frente de tanta gente por causa de uma peça de roupa... Ou melhor, por causa de uma menina desconhecida.

Senti meu rosto queimar, mas precisava manter a pose.

- M... Me encontre na saída, okay? - disse eu à menina. Era tudo que eu poderia dizer à ela, tanto para que os outros não desconfiassem da veracidade da minha história quanto para explicar-lhe a razão de eu ter feito aquilo por ela, que eu mesma desconhecia total e completamente.

Ela assentiu com a cabeça e eu me dirigi até a porta de saída da loja. Todas as clientes continuaram a me acompanhar com olhares até que eu me retirasse por completo da loja. Fiquei do lado de fora, esperando a menina bonita sair.

Kim Taeyeon, sua inconsequente! Como raios você faz uma cena dessas, sem mais nem menos, sem estar bêbada? E agora, como explicar tudo isso para a menina que você nem conhece e que daqui a pouco estará vindo aí exigindo explicações acerca do ocorrido? Eu não sei, eu não sei a resposta para nenhuma dessas perguntas, que martelavam em minha cabeça. Eu só sei que senti raiva da velha mal-educada que fizera algo tão anti-ético com uma menina tão graciosa como aquela, que havia me deixado ficar com o vestido e sorria tão ternamente...

Alguém gentilmente tocara meu ombro. Olho para trás e a dona do sorriso que havia roubado de novo meu pensamento sorria para mim, ainda com a mão em meu ombro. Senti meu rosto ferver e sorri de volta para ela, já que eu não conseguia fazer mais nada além disso.

Ficamos um tempo nos encarando e sorrindo uma para a outra. De fato, acho que nenhuma de nós sabia como começar um diálogo depois de tudo, então, relembrando a história toda em minha mente, comecei a rir. Ela logo riu junto comigo, e seus olhos também. Não conseguia tirar os olhos dela, nem conseguiria tão cedo. Antes que eu me perdesse em devaneios advindos de sua beleza estonteante, o que estava prestes a acontecer, decido falar. Afinal, era eu quem devia satisfações depois de tudo.

- D... Desculpa por hoje, sinceramente, eu não sei o que deu em mim... - disse, sentindo minhas bochechas fervilharem mais que ferro em brasa, porém sem conseguir desvencilhar meu olhar dos olhos dela.

Eu não conseguiria inventar nada, não mesmo. Não com ela sorrindo daquele jeito para mim. Automaticamente, apenas disse a verdade.

- Q... Que é isso! Sou eu que tenho de me desculpar por ter colocado nós duas naquela situação... Mas... - respondeu ela, me olhando agora com curiosidade. - Por que fez aquilo?

- E... Eu achei injusto... Com você, e fiquei com raiva... - Ela continuava a me olhar sem entender muito. - Você é tão gentil, tão bonita... Me deixou ficar com o vestido.... Aquela senhora com certeza é louca de brigar com você! Desculpa, mas nem eu mesma entendi o motivo de ter me intrometido. Eu só... Eu só não queria que ela continuasse te insultando daquele jeito... Senti necessidade de pará-la, sabe...?

A garota me encarava, impressionada, porém não dispensava seu belo sorriso.

- O... Obrigada! Fiquei muito feliz, nunca ninguém havia feito nada assim por mim, ainda mais uma desconhecida...

Depois que ela falou isso, uma sensação de felicidade invadiu meu ser por completo. É como se eu tivesse ganhado o dia... Ou melhor, ganhado uma amiga. A sensação de estar com ela, rindo, era tão acolhedora, e em menos de uma hora passar por tantas coisas fora do comum junto a ela era empolgante. É como se eu quisesse fazer isso mais vezes, não me pergunte o motivo. Quando irrompi diante dela na loja, e inventei a história, enquanto a chamava de minha amiga, é como se alguma parte de mim tivesse certeza que fôssemos amigas e estava fazendo questão de afirmar isso. É como se eu sentisse que já nos conhecíamos, ou que deveríamos nos conhecer, que o mundo conspirava para que fôssemos amigas, e que deveríamos sem dúvidas começar a sê-lo o quanto antes.

Todos esses sentimentos se misturavam em mim, é como se fossem pequenos átomos movendo-se rapidamente em cada molécula do meu ser. Durante alguns segundos após a fala da menina, esses átomos manifestaram-se como o soprar de uma brisa em mim. O resultado disso foi uma dança repentina de borboletas atraídas pela brisa em meu estômago.

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Comments

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Kennya #1
Chapter 15: NAO TO ACREDITANDO!! VC VOLTOOOOOOU!
Obg, te amo. Sua fic é incrível <3
Chega a ser estranho comentar em pt, mas enfim, kkkk
_LSBN_ #2
Chapter 15: Epa, onde faz esse quiz ein? Quero ver as outras respostas só pra garantir. Taeyeon melhor pessoa, só descobriu que tinha uma orientação ual diferente depois de 7 anos
unexpectedfeel
#3
I'm Portuguese but I don't write really well, all I can say is that I like your story so far and i'm so sorry for not being able to answer in my native language ah ;-;
_LSBN_ #4
Chapter 14: É muito libertador poder escrever em português aqui. Como eu nunca tinha visto essa fanfic antes?
yuyuri
#5
Chapter 14: VC VOLTOOOOOOOOOOOOOOOOO!!! AAAAAAAAAAAAAAAAA TENDO UM MINI ATAKE AQ!!
LBunny09
#6
Chapter 13: Cara vc tá viva! A fic tá atualizada! Chorando de emoção! ;_;

Esse cap tá ótimo! Fiquei tensa com esse "afastamento" delas Quero ver logo o reencontro TaeNy

Valeu pelo Update e por favor não abandone mais a gente por tanto tempo ;_;
Kennya #7
Chapter 13: To simplesmente apaixonada por essa fic :P
Kennya #8
Encontrei sua fic agora :)
Pude ver pelos comentários que já faz um século q vc n atualiza :(
Estou aqui esperando ansiosamente seu update, ok?
:P
lonnyane #9
Chapter 12: Ahh fic perfeita!
Saudades.