Tive uma relaxante noite de sono, lembro de ter tido sonhos muito bons (embora não consiga me lembrar do conteúdo deles) e acordei com Hayeon em cima de mim, me abraçando e me mandando acordar.

- Acooorda, gatinha! Nyah! Nyah! Unnie! Sua dorminhoca, acoooorda!

- B..Bwo.. H..Hayeon?

- Unnie, até que enfim! Você dorme feito uma pedra! – disse ela, rindo. – Mamãe pediu para eu te avisar que hoje teremos um jantar de despedida, por causa da sua viagem.

- Aigoo! E eu ainda preciso arrumar minhas malas... Eu... Socorro! Falta arrumar tipo, tudo!

- Calma, unnie! Você ainda tem um dia inteiro para fazer isso, ou melhor, quase um dia já que já passa das 11h...

- Mesmo assim, estou ferrada! Preciso ir ao shopping comprar roupa, uma mala extra e mais umas coisinhas para a viagem... Hayeon, passa meu celular aqui? Preciso ligar para Sooyoung.

Sooyoung sempre topa sair quando o objetivo é fazer compras, então em uma situação desesperadora como essa eu obviamente já sabia a quem recorrer. Hayeon me deu o celular e eu disquei os dígitos do telefone de Sooyoung.

- Quem é a essa hora? Está pegando fogo na minha casa e eu não sei? Olha, só para deixar claro, eu já fiz as doações do mês...

- Não, sua bêbada! Sou eu, Taeyeon, sua querida melhor amiga.

- Ah, tinha que ser a lésbica tarada... O que foi? - maldita memória de Sooyoung, será que terei um apelido permanente agora?

- Tudo bem comigo também. Queria ter a honra de sua companhia no shopping hoje, será que é pedir muito?

- Opa, shopping? É pra já! Passe aqui em uma hora, minha linda! Bem que eu estava precisando fazer umas comprinhas para a viagem...

- Eu também e estou desesperada! Vejo você logo Soo, beijo!

Após me despedir, desliguei. Ao me virar para colocar meu celular de volta na mesa, dei de cara com Hayeon fazendo uma carinha bonitinha de gatinho abandonado. Espera, a gatinha não era para ser eu? Precisava tirar aquela fantasia, a propósito, ri.

- Unnie... – Ela iria me pedir algo, sempre que minha irmã usa esse tom de voz acompanhado de uma expressão extremamente bonitinha é sinal de que ela quer algo de mim. – Posso ir com você hoje? – Bingo! Um a zero para mim.

- Ao shopping? Claro, Hayeon! Mas lembre-se de que Sooyoung unnie estará conosco, então se comporte. – disse, sorrindo.

- Sim! Obrigada, unnie! Eu te amo muito! –disse ela entrelaçando os braços em volta de minha cintura. – E aaaah, você tá tão lindinha com essa roupa! Podia ficar assim para sempre!

- Também te amo, fofinha. A propósito, jamais que eu usarei essa roupa em público... Já pensou que mico ir ao shopping vestida assim? Sooyoung iria me zoar para sempre. – respondi, fazendo com que nós duas ríssemos. – Agora vá se trocar, sim? Temos menos de uma hora para estar na casa dos Choi.

Hayeon foi se arrumar e eu também. Tomei meu banho, escolhi uma roupa leve e um sapato que me poupasse de desconfortos, já que andaríamos bastante pelo shopping.  Coloquei dois cartões de crédito a mais na carteira por precaução, apanhei meu celular e desci com minha irmã.

Não demorou muito até que chegássemos à casa de Sooyoung e muito menos ao shopping.

- Sooyoung unnie! Que saudades!

-Hayeon-ah vai conosco! Own, senta aqui comigo! – Sooyoung é muito próxima de Hayeon. Desde que éramos crianças ela brinca com minha irmã, que adora Sooyoung por achá-la muito engraçada.

Assim fomos nós três para o shopping e, como já era de se esperar, gastamos uma fortuna. Compramos roupa para mandar para a China e até Hayeon ganhou roupas para ela. Infelizmente, eu tenho o pequeno defeito de não saber a hora de parar enquanto estou fazendo compras. Sei lá, não é maravilhoso ter seu próprio dinheiro e poder gastá-lo com coisas que você gosta sem que ninguém te impeça, e ainda com amigas te ajudando? Sinto como se as manequins das lojas falassem comigo, me imagino automaticamente nas roupas só de vê-las nas manequins. É, tenho graves problemas, sou compradora compulsiva. Só encerrei a cota quando Sooyoung quis parar para jantar porque aquela lá não aguenta muito tempo de barriga vazia. Eu e Hayeon tomamos sorvete enquanto Sooyoung jantava, já que eu e minha irmã teríamos um jantar de despedida lá em casa. Ficamos a tarde inteira no shopping, voltei exausta.

Deixei Sooyoung em casa e voltei com Hayeon para arrumar as malas. Embora minha irmãzinha tenha apenas doze anos, é incrível como ela tem bom gosto. Ela sabe combinar peças de roupa, puxou a unnie.

Demos uma pausa na arrumação para descer para o jantar. Me arrumei sem muita vaidade, afinal estava muito cansada e não teria tempo de tirar a maquiagem depois, em virtude de pouquíssimas horas de sono. Sim, eu poderia dormir no avião, mas do jeito que as meninas falam e fazem bagunça, não sei se eu conseguiria, então quanto mais eu pudesse dormir antes de viajar, melhor seria.

Não havia muita gente no jantar. Apenas eu, meus pais, Hayeon e Jaemin. Senti falta de meu irmão, Jiwoong. Queria me despedir dele, mas como estava no exército, a única comunicação que fazíamos era através de cartas.

Embora Jaemin estivesse lá e nosso noivado fosse o assunto mais comentado de todos, eu surpreendentemente não estava nem um pouco empolgada. Nem pela presença de meu namorado, tampouco pelo nosso novo status de relacionamento. Aliás, eu não via a hora de me ver longe dele, ainda que fosse por pouco tempo... Okay, seis meses era de fato muito tempo. O que estava acontecendo comigo? Não poderia estar pensando essas coisas! Kim Taeyeon, você é, definitivamente, a pior namorada que já habitou esse planeta Terra.

Após planejamentos para o noivado e outras conversas com meus pais, Jaemin viera se despedir de mim. Ele disse que me visitaria, e eu, sem saber qual reação esboçar, dei um leve sorriso. Ele pegou em minhas mãos e logo percebeu que eu não estava usando o anel de noivado que ele me dera. Me perguntou o motivo de eu estar fazendo isso. Respondi que não queria correr risco de perder o anel, ou sujá-lo, etc... Menti, é claro. A verdade é que não me agradava muito a ideia de mostrar ao mundo que “pertencia a alguém”. Como o noivado era uma coisa a respeito da qual infelizmente eu estava confusa, eu preferia deixar o símbolo de tal união afetiva bem guardado, onde nem mesmo eu pudesse vê-lo.

Jaemin, como todos os namorados, não ficou muito feliz com minha teimosia em usar o anel, porém não insistiu muito para que eu o fizesse. Discutir era a última coisa que nós dois faríamos às vésperas de minha viagem.

Nos despedimos, nos beijamos e ele finalmente (eu não deveria estar utilizando esse advérbio) foi embora. Agradeci meus pais pelo jantar, que me deram mais algumas orientações sobre a viagem, e depois de desejar boa noite a eles, subi novamente com Hayeon para continuarmos a arrumar minhas malas.

Okay, não vamos nos esquecer de nada. Estou levando duas malas, e tenho que fazer as coisas caberem nelas conscientemente porque ninguém merece pagar excesso de bagagem, né? Também é burrice levar muita coisa da Coréia porque eu me conheço e sei que vou comprar o mundo em Nova York. Me arrependi de ter feito aquela queima de estoque no shopping mais cedo, mas em todo caso, eu guardo as roupas para quando voltar de viagem. Meu closet já é entupetado de coisa, mas sempre arranjo um jeito de fazer os novos moradores caberem. Agora minhas malas já são outros quinhentos. Se eu estava indo com duas malas, provavelmente voltaria com mais, porque nunca que eu conseguiria comprimir todo o volume das minhas roupas e fazer as compras nova-iorquinas caberem nas malas originais. Serei inteligente, levarei apenas uma mala e uma frasqueira. E ainda tem minhas amigas cabeças de vento, que aposto que vão se esquecer do limite de bagagem, aparecendo com mais malas que o autorizado, então teremos que fazer algum esquema de divisão de última hora para conseguir embarcar tudo.

Já de malas prontas e me preparando para dormir, alguém bate em minha porta. Era Goeun, a governanta da casa, trazendo consigo minha passagem e meu passaporte, entre outros documentos necessários à viagem.  Agradeci a ela pela gentileza e separei tudo em cima do criado mudo, para não ter perigo de as coisas sumirem na hora de sair.

Vesti meu pijama, acionei o despertador para as 04h00min e me deitei. Malditos vôos internacionais que aconteciam geralmente de madrugada. Não dormiria praticamente nada, mas não custava tentar.

Ouvi minha porta levemente se abrindo e ruidosos passinhos se aproximando de mim.  Uma sombra de pequenina estatura chegava cada vez mais perto, até que as mãos do ‘intruso’ tocaram as minhas.

- Unnie... Querida unnie, vou sentir sua falta! – Hayeon deita ao meu lado e me abraça. Liguei o interruptor de luz que ficava ao lado da cama e olhei para ela. Minha irmãzinha chorava.

Abracei minha irmã, fazendo carinho em sua cabeça. Ela era tão fofa! Hayeon seria definitivamente a pessoa de quem eu mais sentiria falta enquanto estivesse fora. Queria muito poder levá-la comigo, mas infelizmente não posso.

- Não chore, amorzinho. Logo sua unnie estará de volta para ficar com você. São só seis meses...

- Seis meses é muito tempo, unnie! Vou ficar sozinha até você voltar... – Realmente, ela ficaria muito solitária com minha partida. Nossos pais viajam muito a negócios, e quando não estão viajando, estão ocupados com o trabalho. Jiwoong está no exército. Sem mim, Hayeon terá apenas as amiguinhas e a Goeun.

- Eu prometo sempre fazer chamadas de vídeo com você... E embora unnie não possa voltar rápido, vai compensar te trazendo muitos presentes de Nova York...

- Não quero presentes, só quero você perto de mim. Sem você, não terei ninguém para fazer compras comigo, nem rir, nem desenhar, nem para me buscar na escola... – Minha irmã estava tão triste, que até eu comecei a chorar também. Consolei-a, explicando os motivos da viagem e dizendo que nada seria capaz de nos separar.

Por fim, Hayeon parecia mais calma, compreendendo a situação.

- Serei a primeira a esperar unnie voltar de braços abertos. Sempre seremos inseparáveis, pois mesmo se você viajar para longe ou se casar com Jaemin, eu estarei pensando em você e querendo sua felicidade, unnie.

- Obrigada, Hayeon. Você não imagina como fico feliz de ouvir palavras tão acolhedoras e sinceras da baixinha que eu amo tanto.

- Sim, unnie. Saiba que se você estiver feliz com quem você ama ou fazendo o que gosta, eu também estarei.

Abracei minha irmã de novo e desliguei as luzes. Dormimos juntas, em meio a lágrimas e risos misturados.

Acordei com a musiquinha do celular ressoando pelo quarto inteiro. Embora o barulho não fosse dos mais baixos, Hayeon ainda dormia, acolhida em meus braços. Me desvencilhei de seu corpo delicadamente e fui até meu celular desligar o despertador. Tomei um banho e me vesti.

Quando estava pronta, desci com as malas e os documentos para a sala, e lá estavam meus pais já me esperando. Acredito que já haviam tomado o café da manhã. A cozinheira já deixara minha comida a postos na mesa. Dei bom dia a todos e sentei para comer, ouvindo mais uma leva de recomendações de meus pais. Achei muito legal todos terem acordado muito mais cedo do que o horário de praxe apenas para se despedirem de mim. Eu realmente sentiria falta de todos.

Quando já estava prestes a sair, Hayeon apareceu correndo pela escada e veio até mim, selando nossa despedida com um último abraço. Me abaixei até ela e dei-lhe um beijo na bochecha, sendo retribuída por uma série de beijos e um abraço hiperapertado.

Chorei muito, de novo. Me despedi de meus pais e de Hayeon novamente, e fui em direção ao carro parado em frente de casa, cujo motorista já estava me esperando. Colocamos minhas malas no banco de trás e, após acenos e sorrisos à família, nos dirigimos ao aeroporto internacional de Incheon.

Meu celular, para variar, já estava lotado de sms e ligações perdidas das meninas. São todas umas desesperadas mesmo.

Quando chegamos ao aeroporto, retiramos minhas malas do carro, me despedi do motorista e logo que ia entrar pela porta automática, um grito familiar me impede.

- TAENG, ESPEEEEERA!  Vamos entrar juuuuntas! – Era Sunny, fazendo um estrondo com o deslizar do carrinho de bagagens pelo chão enquanto corria até mim.

- Sunny, sua mula! Vai perturbar todo mundo, são cinco horas da manhã! – Respondi, em baixo tom de voz.

- Cinco e meia. – Corrigiu. – E tanto faz, não tem ninguém dormindo aqui mesmo.

- Ah, tanto faz. Tem gente que não gosta de passageiros barulhentos. Olha lá! Uma senhora olhando feio para a gente e...

- Ah, dane-se a velha. Você não está alegre? É hoje! Hoje é o grande dia! – disse ela dando pulinhos. – Vem, vamos despachar as bagagens. As maknaes e Yuri já estão lá.

Eu e Sunny procurávamos animadamente pela fila de check-in da nossa empresa aérea. Sempre que eu vou fazer check-in nesse aeroporto eu me perco. Eles sempre mudam os balcões das empresas aéreas e são tantas filas diferentes que a gente se confunde. É tanto painel com nome de cidade: Sydney, Atlanta, Nagoya, Bangkok, Qatar... Onde está Dubai?  A gente iria fazer conexão em Dubai pela Emirates, então tínhamos de achar o balcão referente a este vôo. Nosso avião sairia em quarenta e cinco minutos.  Meu pai do céu, cadê nosso check-in?

Foi então que vi três rostinhos conhecidos acenando para a gente.  Seohyun, Yuri e Yoona estavam praticamente do outro lado do salão enorme. Sunny e eu fomos até nossas amigas, ao passo que eu e Sunny demos uma “furadinha” de fila para ficar com as outras. Algumas pessoas olharam feio para nós, mas não tínhamos culpa, iríamos viajar todas juntas. Não conseguíamos conter a felicidade, comentando sobre a viagem. Hyoyeon logo se juntara a nós. Diferente de mim e de Sunny, ela não tivera dificuldades  em localizar o balcão. Agora só faltava Sooyoung, e nossa vez estava quase chegando. Onde aquela idiota se metera a essa altura?

O celular de Sunny tocou. Sooyoung estava ligando.

- Atrasada, onde é que a senhora se encontra? Temos um vôo previsto para daqui a trinta e cinco minutos, esqueceu? – dizia Sunny enquanto colocava a ligação em alto falante para que todas pudéssemos ouvir.

- Aigoo, acabei de chegar no aeroporto! Onde vocês estão?

- Venha para a sala de embarque, à esquerda nos balcões de check-in.

- Pronto, já estou aí, e agora?

- Venha até o final, nosso balcão é do lado de uma ‘Gift Shop’.

- Espera, espera... ‘Gift Shop’, Dubai... Achei!

Vimos uma Sooyoung carregada com três malas vindo em nossa direção. Ainda bem que aeroportos dispõem de carrinhos. Acenamos para ela e finalmente, ela se juntou a nós e o grupo estava completo.  Só tem uma coisa... A shikshin excedeu a bagagem! Aigoo, eu sabia que alguém ia fazer isso! E eu pensei, eu pensei... Eu devia ter ligado para ela, que é toda estabanada, eu devia! Eu já ia lhe dar uma bronca quando alguém fora mais rápida que eu.

- Unnie! Você excedeu a cota de malas! – disse Seohyun, preocupada.

- B..Bwo? É sério? Aigoo, mas eu comprei roupas tão lindas ontem! Taeyeon é testemunha. Não poderia deixar de trazê-las!

- Mas Sooyoung, todo mundo sabe que em viagens internacionais a gente só pode levar no máximo duas malas por pessoa! Ou você quer que o avião caia por excesso de peso? – disse eu. – Olha, enquanto eu arrumava minhas malas, eu meio que deduzi que passaríamos por este tipo de situação. Pode deixar que eu declaro essa mala como minha, okay? – disse eu, sorrindo enquanto colocava uma de suas malas em meu carrinho. – Só tem que tomar cuidado para que não exceda o peso máximo...

- Ai Taeng, você é mesmo um anjo! Não sei o que seria da minha vida sem sua precaução e genialidade e generosidade e compaixão e...

Sooyoung me abraçava e todas ríamos, até que chegou a nossa vez de fazer o check-in. Oh, deus, tenha piedade de nós e faça com que cada mala de Sooyoung milagrosamente consiga pesar menos que 46kg! 

Quando chegou minha vez de pesar, coloquei minha mala primeiro. Dez, onze, doze quilos e meio. Agora é que o perigo chegara: Coloquei a mala de Sooyoung, que por sinal estava muito mais pesada que a minha, em cima da balança. Fechei os olhos, respirei fundo e abri de novo. Olhei no marcador: Vinte quilos e trezentas gramas. Aliviada, olhei para Sooyoung, que estava em outro guichê junto de Yuri e Yoona. Ela já havia embarcado as duas malas e esperava Yuri terminar de embarcar as dela, lançando-me uma piscadela e um sorriso quando olhou para mim. Obrigada, Deus! Não pagaríamos excesso!  Depois que todas nós despachamos as bagagens, resolvemos ir logo para a sala de embarque.

- Aish, já temos que ir mesmo? Queria comer alguma coisa antes de ir, aqui tem umas docerias que são muito boas... – murmurou Sooyoung, fazendo bico.

- Não tem tempo, unnie! O embarque é daqui a pouco mais de vinte minutos. – disse Yoona.

- Sim, e ainda precisamos passar na alfândega, o que costuma demorar... – disse Hyoyeon.

Ah é, a alfândega, que bosta! Já ia me esquecendo desse detalhe. Tirei meu passaporte da bolsa junto da passagem e orientei as meninas para que fizessem o mesmo. Já estávamos na ala de embarques internacionais. Entramos no portão da alfândega que levaria a nossa sala de embarque.

Após ter nossa bagagem de mão e acessórios revistados, entramos nas filas para revisão de passaporte e documentos. Ufa, até que não demorou tanto quanto pensei.

- Meninas, ainda temos quinze minutos até ir para o avião, querem ir a algum lugar? – perguntou Seohyun.

Sooyoung foi com Yoona até a lanchonete. Seohyun, Hyoyeon e Sunny foram à livraria, onde comprariam revistas para todas nós lermos durante o vôo. Eu e Yuri fomos até uma lojinha de conveniência que vendia de tudo. Ela havia esquecido de trazer travesseiro para usar no avião, então fui com ela comprar um. Peguei alguns tabletes de chocolate e fiquei olhando os outros produtos. Logo a estante de bichinhos de pelúcia me chamou atenção. Um conjuntinho de três ervilhas sorridentes guardadas em uma vagem me encantou. Era tão bonitinho! Era um brinquedo meigo e infantil, me fazia lembrar de Hayeon. Sem hesitar, fui para o caixa e paguei os chocolates e as ervilhas. As meninas iriam tirar sarro de mim e me achar mais infantil do que meu rosto já denunciava, mas eu não ligava. Aquela pelúcia era fofa demais e eu tenho... Bem, eu tenho um fraco por coisas fofas demais.

Esperei Yuri do lado de fora e o que me surpreendeu ao vê-la sair não foi o travesseiro rosa em forma de coração um tanto grande que ela carregava consigo no braço direito, mas sim uma pelúcia do Mickey Mouse, acomodada em seu braço esquerdo. Yuri também comprara um bichinho de pelúcia! Hahaha! Então se as meninas fossem rir das minhas ervilhas, iriam rir também do Mickey de Yuri, assim eu não estaria sofrendo bullying sozinha, o que me deixava feliz.

- Combina com você! – disse Yuri, referindo- se às minhas ervilhas.

- Igualmente! – disse eu, apontando para o Mickey de Yuri. Nós duas rimos uma da outra e fomos em direção ao nosso portão de embarque, comendo os chocolates que eu comprei.

Já estávamos na última hora para embarcar, por sorte todas estávamos reunidas quando soou uma voz:

"Embarque para o vôo D-5331 com destino à Dubai. Portão 24. Última chamada."

Algumas pessoas do nosso vôo já estavam entrando no avião, já que sempre começavam pela classe executiva, seguida de idosos, crianças e pessoas com necessidades especiais.

Nem havíamos entrado no avião, e eu já estava arrependida de não ter ido de executiva. No entanto, como já éramos adultas e nossos pais já estavam nos ajudando demais, era melhor não ostentar muito.

Quando chegou nossa vez, mostramos nossas passagens e entramos na ‘sanfoninha’ até o avião. Sentamos bem no fundo do avião, para não chamar muita atenção com nossa presença, que por si só já era um escândalo.

No avião, as meninas repararam nas mais novas aquisições minha e de Yuri: O Mickey e as ervilhas. Como previsto, nos zoaram por sermos 'mulheres feitas' de vinte e três anos de idade carregando bichos de pelúcia no colo. Ao invés de dormirem, Sunny e Sooyoung preferiram ocupar o tempo delas pegando no meu pé. Yuri também não se salvara das duas, mas alternava-se constantemente entre alvo das piadas e piadista, porque assim como elas Yuri também era muito brincalhona. Hyoyeon e as maknaes se sentaram juntas em uma fileira de três poltronas, logo atrás de Sunny e Sooyoung, que por sua vez estavam atrás de mim e de Yuri.

As três tentavam ler, enquanto eu tentava dormir, o que era praticamente impossível com Yuri zoneando do meu lado e as duas pestes fazendo barulho atrás de mim.

Resultado: Passamos a viagem inteira rindo e conversando sobre besteiras, até jogamos joguinhos bobos. As aeromoças tiveram de vir até nós inúmeras vezes pedir por silêncio. O mais engraçado foi quando um velho que estava na frente de Yuri começou a tossir ininterruptamente, fazendo com que um bebê no colo de sua mãe em nossa direção e no outro corredor abrisse o maior berreiro, incomodado com o barulho. Diante da cena um tanto fora do comum, Yuri e eu tivemos um ataque de riso do pior tipo possível, fazendo com que todas as outras meninas rissem conosco. A aeromoça veio umas três vezes para tentar acalmar a situação, o que fora em vão. Rimos por horas e horas e quando tudo se acalmou, caímos no sono. Nem assistimos direito ao filme que passava na TV das poltronas.

Fui acordada com a comissária de bordo avisando que o avião estava se preparando para pouso. Ajeitei a bagunça que eu e Yuri tínhamos feito em nossas poltronas e aguardei o pouso assistindo ao filme, que era de ação. Meio chatinho, nem sei qual filme era, só assisti porque não tinha nada mais para fazer mesmo.

Quando o avião pousou e os passageiros foram liberados para o desembarque, as meninas acordaram. Pegamos logo nossas bagagens dos compartimentos de cima do avião, assim como tudo que estava nas poltronas, certificando-nos de que não esqueceríamos nada.

Descemos do avião e fomos até o portão de desembarque. Agora só precisaríamos fazer o check-in no vôo para Nova York, sem precisar nos preocupar com nossas malas, que só precisaríamos retirar ao chegar no aeroporto de lá. Faltava cerca de uma hora para o embarque aos EUA.

-Bora pro Duty Free agora, gente! Tem tempo da gente ir! – disse Yuri, alegre.

- Calma, linda! Ainda precisamos fazer check-in... Vamos lá, Sunny, você que é boa nisso: Ache o balcão da Emirates! – disse Sooyoung.

- Ali, olha! - Sunny guiou todas nós até o lugar desejado, e que coincidentemente era destinado aos passageiros do nosso vôo. A baixinha era um GPS de 1,57m de altura.

- Hey, onde é que se compra aqueles panos, gente? – perguntou Yuri.

- Que panos, Yul? – disse Hyo.

- Aqueles que algumas pessoas aqui têm na cabeça... Achei legal, eu quero! – respondeu a morena.

- Ah, os árabes usam muito isso. É da religião deles. Não sei, acho que fora do aeroporto tem para vender. Pena que não vamos sair... – respondeu Hyoyeon.

-Ah, a gente não pode nem dar uma saidinha? Sabe como é, ver como é Dubai, aprender como se fala “Annyeong” em árabe... – disse Yuri.

- Ia ser demais poder sair, mas falta tipo, uma hora pro nosso avião decolar! – riu Seohyun.

- Aigoo, quero ver árabes! – murmurou Yuri fazendo biquinho.

- Nas férias a gente vem para cá de novo e compra um pano de cabeça para você, Yul! – disse eu, fazendo graça.

- Sim, deixemos as Arábias para outro dia porque hoje é States! – disse Sooyoung, dando ênfase na última palavra e fazendo uma dancinha.

- Meninas, nosso portão é bem aqui! Vocês queriam passar no free shop, não é? Então a gente dá uma passada rapidinha lá e depois entrega as passagens para o embarque. – orientou Sunny.

O free shop era relativamente perto do nosso portão de embarque. Ficamos um bom tempo lá, vendo de tudo que tinha e brincando com as mercadorias. Lá é ótimo para comprar chocolate e bebidas. Preferimos não gastar muito no free shop de Dubai porque ainda teríamos o de Nova York pela frente. Assim que deu nossa hora de embarcar, fomos direto para o portão.

A viagem Dubai-Nova York não foi muito diferente da Seul-Dubai. Ficamos rindo o percurso quase inteiro, e quando não estávamos rindo, estávamos dormindo.

Já estava no fim do filme “A Proposta”, passando nas telinhas das poltronas, quando o pouso do avião foi anunciado. Estávamos todas assistindo muito entretidas, já que era engraçado e divertido, porém nos animamos ainda mais com a ideia de estar finalmente botando os pés em terras americanas.

Saímos do avião comentando o filme e fomos direto para o free shop. Não compramos muita coisa, quer dizer, falo por mim, que só saí de lá com doces e dois perfumes. Sooyoung e Yuri levaram até bebida.

Passamos pela alfândega, onde viram nossos vistos, carimbaram nossos passaportes e nos revistaram. Até que foi um processo tranquilo, ouvi dizer que dependendo do vôo eles faziam os imigrantes tirarem os sapatos na fila.

Demorou um pouquinho até que nós todas estivéssemos com nossas bagagens em mãos. Culpa da Sooyoung, claro, que me vem com três malas enormes, e ainda de cores comuns.

Quando finalmente estávamos livres de todas as obrigações no aeroporto, era em torno de 10h da manhã e pegamos um táxi lá mesmo rumo à imobiliária.

Os funcionários da imobiliária que nos atenderiam eram três, cada um para um grupo diferente de inquilinas. Fui com Sooyoung e Sunny. Nossa funcionária, Sra. Emily, nos levou até nosso apartamento. Era bonito e espaçoso, com três quartos, uma ampla sala e cozinha gourmet. Estávamos no meio da quinta avenida, então obviamente teríamos muitas lojas e lugares diversos a nosso dispor. O melhor disso tudo era que Hyoyeon e Yuri, e Yoona e Seohyun estariam em prédios vizinhos aos nossos, então poderíamos todas nos ver sempre.

Assim que Sra. Emily terminou de explicar os procedimentos de pagamento, e o acesso a pontos nas redondezas, assim como o funcionamento de locadoras de carros e transportes públicos americanos, ela nos desejou uma boa estadia e nos deixou descansar.

Eu realmente estava exausta! Tudo bem que dormimos durante algumas horinhas no avião, mas meu sono persistia. Mandei uma SMS para minha mãe para avisar de que havia chegado viva em Nova York e que já estava no apartamento com as meninas. Arrumamos boa parte da bagagem e do apartamento em si, e caímos no sono.