- Lembra da festa da Jessica, na Glam? – Hyoyeon perguntou.

- Claro que eu lembro, foi há umas duas semanas, não foi? – Sooyoung estava prestando muita atenção – o que é que tem? Eu lembro que quando a gente voltou pra casa a Taeyeon tava super de mau humor no carro, eu fiquei zoando ela sobre a Tiffany porque elas tavam muito juntinhas na festa, e ela ficou beeeeeem chatead...

- Amiga, elas ficaram. – Sunny disse, tantando parecer o mais plena possível.

- O QUÊ???????? Kim Taeyeon ficou com uma garota e não contou pra mim?????? – Sooyoung arregalava os olhos, surpresa – Sunny! Você sabia disso há quanto tempo?

- Eu vi... – Sunny e Hyoyeon trocaram olhares – quer dizer, nós duas vimos.

- E vocês não me contaram?! Posso saber o motivo?

- A gente não contou para ninguém, na verdade... – Sunny disse.

- Não contamos, mas Yoona viu também. Yoona estava indo ao banheiro naquela hora, e cruzou com elas duas, daí comentou a cena com a gente, que tava perto da pista de dança. A Yoongs ficou bem surpresa também... – Hyoyeon falou.

- E imagino que ela deva ter contado à Seobaby... – Sunny sorriu enquanto falou.

- Estou chocada, passada, estarrecida...! Até as maknaes estão sabendo... Como é que você, Sunny Lee, ficou fazendo piada sobre isso junto comigo no carro depois de ter visto a cena? – Sooyoung perguntou incrédula, mas achando certa comicidade na situação.

- Digamos que eu bebi muito depois que a gente voltou para a mesa com a Taeyeon e a Tiffany. Eu fiquei meio boba e receio até ter falado algo sobre o beijo das duas no carro, não falei? – Sunny fazia uma expressão de culpa, porém abafava um riso.

- Não, não deu nenhuma referência ao ocorrido! – Sooyoung estava aborrecida, uma vez que suas amigas haviam mantido um segredo tão importante fora de seu conhecimento – então é por isso que ela estava parecendo uma anêmona hoje no Meridien! Porque ia encontrar a Tiffany!

- Boa, garota! – Hyoyeon afagou a cabeça de Sooyoung, como quem recompensava um cachorrinho por fazer xixi no lugar certo – Foi por isso também que eu falei para nós irmos embora logo, para deixar as duas à vontade se despedindo!

Sooyoung, impressionada, assentia com a cabeça. Então suas brincadeiras sobre Taeyeon sempre tiveram um fundo de verdade, a amiga realmente gostava de mulheres...

- Será que a Taeyeon vai trazer a Tiffany para dormir aqui no apartamento? – Sooyoung perguntou, lançando um sorrisinho malicioso, enquanto pensava sobre o envolvimento de Taeyeon e Tiffany.

- Sooyoung! Ela tá noiva do Jaemin! Você esqueceu? – Sunny a repreendera, porém achava graça de imaginar a situação em que Taeyeon traria Tiffany para o apartamento. Não poderia negar que essa ideia lhe agradava muito mais do que a de eventualmente ter de receber Jaemin em Nova York. Um milhão de vezes mais, na verdade.

- Ah é, aquele traste... Me esqueci dele. – Sooyoung respondeu, aborrecida. – Taeng combina muito mais com a Hwang.

- Só falta ela perceber isso... – Hyoyeon disse, dando um suspiro.

- Aliás, quem não preferiria a Tiffany? Ela é tão linda... – Sunny sorria.

- Acho ela linda também, mas acho que a Jessica faz mais meu tipo, ela tem uma vibe meio predadora, femme fatale... E a boca dela parece ter sido desenhada... – Hyoyeon respondeu.

- Ei! O que é isso? Por acaso isso aqui virou um reduto lésbico? Quando foi que isso aconteceu? – Sooyoung comentou, dando gargalhadas. Sunny e Hyoyeon atiraram travesseiros na amiga. – e eu? Eu sou maravilhosa também, vocês não acham? – Sooyoung fez um biquinho e deu uma piscadela para as amigas.

- Não, você é uma shikshin – Hyoyeon mostrou a língua para a amiga.

- Muito alta! – Sunny fez um olhar de reprovação para a silhueta de Sooyoung, recebendo uma mordida da amiga como resposta.

As três riam e iniciavam uma guerra de travesseiros. Eis que um sonido de maçaneta se abrindo foi ouvido pelas meninas. Todas pararam a brincadeira e fizeram silêncio, esperando a amiga entrar no apartamento.

-------------------- RETOMADA DE NARRAÇÃO REGULAR DA HISTÓRIA -----------------

Exausta e confusa, lá estava eu sem saber se estava triste por ter descoberto após todos esses anos que não amo o homem de quem estou noiva, ou se estava feliz por ter encontrado uma pessoa por quem eu realmente sou apaixonada e estar trocando mensagens com ela, depois de ansiar por isso durante duas longas semanas. O que será que lésbicas fazem? Quer dizer, é óbvio que amam mulheres, trocam carícias com mulheres e fazem o com mulheres, mas... Cotidianamente, deve haver programas de TV que sejam mais preferidos pelo público lésbico que outros, deve haver bares interessantes, eventos... Devo confessar que nunca tive contato com esse mundo, e que apesar de estar morrendo de medo de ser retaliada por minha família e amigas, estava curiosa em conhecê-lo. De repente, a ideia de Tiffany não gostar de mulheres passou pela minha cabeça. No momento, sinto que o mundo lésbico não teria tanta graça de ser explorado se Tiffany não fizesse parte dele. Estou pensando demais nela, estou me preocupando exacerbadamente com sua ualidade... Aliás, não parei de pensar nisso desde que eu havia concluído o teste online. Me senti estúpida por pensar assim mas... É como se descobrir se Tiffany gostava ou não de mulheres me importasse mais que minha recente descoberta sobre minha própria ualidade. Me lembrei de Sunny definindo o amor para nós em uma viagem ao Japão. Estávamos todas sentadas sob uma cerejeira em um parque nacional de Tóquio, quando o assunto “Amor” surgiu. Essa viagem aconteceu há dois anos. Eu lembro que essas palavras ficaram na minha cabeça porque nenhuma das definições de Sunny se encaixara com meus sentimentos por Jaemin. Pois bem, “quando você pensa no outro mais do que em você mesma”. Durante todos esses anos, isso jamais havia acontecido, até que eu botasse os pés em Nova York e cruzasse com uma coreana de cabelos avermelhados. Eu estava apaixonada por Tiffany. Apaixonada. Não poderia mais fugir disso, já havia fugido demais, era hora de confrontar a realidade. Enquanto olhava para uma propaganda da Vogue, saindo da estação de metrô, percebo meu celular vibrando ininterruptamente em minha bolsa.

“14 ligações perdidas de: Park Jaemin”

Senti vontade de chorar novamente. Estava presa a uma pessoa quando apenas conseguia pensar em outra. Eis que o telefone começou a tocar novamente. Ao ver que era Jaemin, pensei em declinar a ligação, mas pensei em meu pai furioso e, por impulso resolvi atender.

- Yoboseyo... Jaemin-shi...

- Taeyeon-ya! Finalmente resolveu me atender! Você… Você se esqueceu de que tem um noivo? – ele parecia estar bem alterado, com elevada dramaticidade no tom de voz.

- Eu.., Estava muito ocupada no trabalho... – minha voz estava vaga, olhar para a paisagem futurística de Nova York à minha volta me era muito mais interessante que conversar com Jaemin naquele momento. – Desculpa.

- Você acha que é só pedir desculpa? Taeyeon-ya, a gente tem um relacionamento! Você se afastou completamente de mim! Por sua culpa eu perdi o apetite, não tenho mais vontade de fazer nada!

- Meu pai já fez o favor de me informar sobre isso, Jaemin-shi...

- É só isso que você me responde? Eu... Eu sinto como se não te conhecesse mais, Taeyeon-ya! – Jaemin sempre foi um ótimo dramaturgo, pelo visto seus talentos continuam bem aguçados depois de um mês em minha ausência.

- Eu não sei o que dizer, sinceramente... Eu... É como se nem eu mesma me conhecesse mais...

- O que está dizendo? Você com certeza não está bem! Sinto que preciso ir para perto de você e te fazer sentir melhor, fazer você voltar a ser a doce namorada que sempre foi, e de quem eu tanto tenho saudades... Eu já falei com meu pai, ele quer que eu vá pra aí em duas semanas... – um nó se formou em minha garganta. Jaemin vindo para Nova York????! Tão cedo??? Impossível, eu tinha de impedir isso, queria gritar e dissuadi-lo de uma ideia tão absurda.

- Jaemin-shi, pare com isso! Vai tudo ficar bem, nós podemos conversar por aplicativos! Você não precisa... – senti lágrimas se formando nos meus olhos.

- Você é minha noiva, Kim Taeyeon. É meu dever cuidar de você e te manter junto a mim. Amanhã mesmo eu te ligo para discutir os detalhes da viagem. Nossos pais estão preocupados conosco, com as cerimônias, com nosso bem estar enquanto separados. E eu te amo. – Jaemin, apesar de possuir uma personalidade de um executivo sério e ocupado, era extremamente manipulador, apelativo e emocional em nosso relacionamento. E eu estava sem energias para jogar no nível dele, apenas queria desligar a ligação e voltar para casa.

- Me ligue depois, eu estou no meio da rua agora, eu... falo com você mais tarde – abalada, escutei Jaemin balbuciar alguma palavra que indicava inconformidade, mas mal conseguia ouvir por estar absurdamente exausta, dele e de toda a situação – Annyeong.

“Chamada finalizada”

Já estava chegando no prédio onde morava, quando me desatei a chorar. Jaemin envolvera o pai dele, o meu pai e sabe-se lá mais quem para me controlar. Eu sentia raiva, tristeza, medo, desespero, um misto de sensações ruins. Só de pensar na ideia de recebê-lo aqui, nesta cidade, cujos símbolos eram minhas sete melhores amigas, Zoe, Jessica, Tiffany... e ainda ter de passar dias em sua companhia enquanto eu preferia estar com outras pessoas claramente já mencionadas, preferencialmente com uma certa pessoa especial... Isso tudo me nauseava. Quando eu pensava estar finalmente trilhando os caminhos da minha independência, vindo morar no exterior e tendo novas experiências na vida, me percebo ridiculamente atrelada às vontades do meu pai e do meu noivo. Só de pensar em voltar para a Coreia, ou mesmo de ter certos fatores da Coreia vindo até mim, me sentia agoniada.

Abri a porta do apartamento.

Assim que entrei em casa, estranhei o silêncio. As meninas não deviam ter chegado ainda. Aproveitando a ausência delas, me joguei no sofá da sala e me pus a chorar, tentando colocar para fora toda a mágoa e o estresse que meu pai e Jaemin me fizeram passar hoje.

-----------------

- Taeyeon chegou! – Sooyoung sussurrou.

-Pshhhh, fala mais baixo, Soo! Precisamos abordá-la com calma... – Hyoyeon respondeu, preocupada.

- Acho que Jaemin finalmente conseguiu falar com ela... – Sunny disse, triste, colocando o ouvido junto à porta e, tal como as outras duas, já percebia que Taeyeon chorava.

-Arghhhhh! Se eu coloco as minhas mãos naquele imbecil daquele pedante, eu juro... – Sooyoung, alterada, sem querer soltou as palavras em um tom bem alto, fazendo com que Hyo e Sunny se espantassem e que Taeyeon cessasse abruptamente seu choro.

As meninas haviam me escutado. Precisava ir embora, precisava correr de lá o quanto antes. Senti um assomo de medo. Não conseguiria contar a elas sobre Tiffany, sobre o que estava acontecendo em meu relacionamento com Jaemin... Elas jamais iriam me entender. Droga! O que estou pensando? São minhas melhores amigas! Se eu não puder contar com elas, com quem contarei????

Zoe! Peguei meu celular, e assim que liguei o aparelho, vi que havia uma mensagem nova de Tiffany. Entretanto, não estava em condições psicológicas de enviar quaisquer palavras a ela, Tiffany não mereceria alguém como eu, não naquele estado, não... Nunca. Eu estava enganando meu noivo, e enganaria Tiffany também, ela merece muito mais que alguém como eu.

“Para: Zoe Bloom

Zoey, posso te encontrar agora? É meio urgente... Eu vou até sua casa, não se preocupa”

Para meu alívio, a resposta foi rápida:

“De: Zoe Bloom

Claro, Taey! Você está bem? Me responde! Estou preocupada e te esperando!!!”

“Para: Zoe Bloom

Quando eu chegar te explico tudo, já estou saindo”

Com os olhos inchados de chorar, e com a maior pressa para impedir minhas amigas de me verem desse jeito, corri apressadamente do apartamento, sem conseguir evitar que a porta fizesse um estrondo. Desci pelas escadas, já que o elevador iria demorar demais. Quando estava no segundo quarteirão, sinto um puxão em meu braço, me fazendo parar abruptamente.

- Taeyeon!!!! – era Sunny. Sua expressão era triste e preocupada. Assim como eu, ela estava cansada e respirava a plenos pulmões. – aonde você está indo?

- Eu vou... até a casa da Zoe... – tentei disfarçar meu semblante de choro, mas não obtive sucesso.

- Não, você não vai!

- O que aconteceu? Você não pode me impedir de ir até a casa da minha amiga, Sunny!

- Ah, então quer dizer que essa moça que você conhece há menos de um mês é mais sua amiga que eu? Que Sooyoung? Que todas as meninas?

- Zoe? Aish, não diga besteiras! Vocês não s...

- É o que tá parecendo, Taeyeon. – Sunny estava com lágrimas nos olhos. Ver minha melhor amiga chorar, diante de uma situação que eu não conseguia expor a ela, fez com que eu chorasse mais ainda. – você confia mais na Zoe que na gente.

- Sunny, eu amo vocês... Eu, desculpa amiga... Eu não posso...

- Não pode o quê, Taeyeon?

- Eu não posso, tá bom?

- Não pode contar pra gente? A gente já sabe, Taeyeon! – me espantei. – Sobre a Tiffany, sobre o seu namorado...

- Sunny... – meu medo transbordou pelos meus olhos. Parece que todo o meu esforço para manter tudo em segredo foi em vão. Não sabia se me sentia aliviada ou preocupada.

- Você gosta da Tiffany, ela é uma garota, tá bom! E daí? A gente te apoia em qualquer coisa, a gente te ama de qualquer jeito, lembra da promessa? – na quinta série, nós sete fizemos uma promessa de que contaríamos qualquer segredo umas as outras, e nenhuma jamais poderia julgar as atitudes de outra amiga. Deveríamos nos apoiar acima de quaisquer outros. – Lembra? Se uma de nós tivesse que esconder um cadáver, era nosso grupo que iria fazer o serviço e se acobertar.

Sorri, me lembrando da nossa promessa. Sunny me abraçou, com força. Retribuí o abraço e ficamos as duas, chorando, em plena calçada de uma Manhattan noturna e movimentada.

- Você é tão boba, Taeyeon... Eu estou sempre aqui por você. Eu, Sooyoung, Hyo, Seobaby... Todo mundo! A gente sabia desde a festa.

Voltamos para o apartamento, e eu pedi desculpas a Zoe, dizendo que amanhã lhe contaria pessoalmente, já que houvera um imprevisto que me impedira de ir até sua casa.

- Taengoo está de volta – Sunny gritou, ao passo que as meninas vieram correndo. Hyoyeon estava no apartamento, naquele dia. Para minha surpresa, as três me abraçaram ao mesmo tempo, e ficamos todas chorando.

- Taengoo lésbica é a melhor Taengoo – Sooyoung falou, me deixando sobressaltada. – eu já sabia. – E me deu um beijo na bochecha, me fazendo sorrir.

- Inclusive, na sua ausência, a gente tava aqui comentando o quanto a Hwang forma um casal muito mais fofo com você do que o Jaemin – Hyoyeon disse, acariciando meu rosto.

Sunny havia me explicado pelo caminho que ela e as meninas haviam me visto na festa com Tiffany, e desde então, suas suspeitas de que eu... Bem, não era lá a maior fã de homens que esse mundo já teve, se acentuaram.

- O jeito que você olha pra ela – Sunny falou.

- É a coisa mais fofa de se ver. Eu me sinto apaixonada – Hyoyeon disse.

- Eu fico com diabetes, é açúcar demais – Sooyoung fez uma careta, fazendo todas rirmos – mas vocês fazem um casal e tanto... Duas princesas!

- Ah, meninas... Ela não gosta de mim assim eu... Eu não posso mais negar que, de fato eu gosto dela. Na verdade, eu só penso nela – as três suspiraram e sorriram – mas eu tenho o Jaemin... E a Tiffany... ela não gosta de mim desse jeito.

- Você não pode tirar conclusões assim, Taeng! – Hyo berrou.

- É verdade, você não pode afirmar nada! Sem contar que, sendo um ser humano normal, só de estar perto de vocês duas juntas a gente já começa a sentir umas reações químicas no ar... – Sooyoung falou, gesticulando.

- Chamam de tensão ual! – Sunny gritou, animada.

- Sim, isso mesmo! Nossa, Sooyoung! Você precisava ter visto aquele beijo! Parecia uma obra cinematográfica... – senti meu rosto arder em chamas. Ainda não havia conseguido processar o fato de que minhas amigas tinham ciência do beijo, e como se não bastasse elas estavam falando sobre o assunto como se eu e Tiffany fôssemos alguma espécie de ídolas famosas cujas fãs morrem para vê-las juntas. Não posso negar que a recepção que minhas amigas deram a tudo isso me deixou imensamente feliz, mas elas precisavam saber também que todo esse conto de fadas, que não só elas como eu mesma estava louca para presenciar, era idealização das nossas cabeças. No mundo real, eu estava noiva de um cara que me bombardeava com mensagens e ligações diárias, que atormentava meu próprio pai para conseguir minha atenção, e que estava destinado a ser tão breve meu marido.

Contei-lhes sobre as últimas de Jaemin no dia de hoje.

- Temos que arranjar um jeito de despistá-lo aqui em Nova York, já que esse enxerido não tem nada melhor a fazer senão vir perseguir a namorada do outro lado do mundo – Sooyoung disse, aborrecida e pensativa.

- Não podemos “despistar” ninguém, amiga! Eu vou ter que lidar com isso! E ele não é nem namorado, estamos noivos! – eu disse, quase tornando a chorar.

- Uma dica primordial é não deixá-lo perto de Sooyoung, acho que se ela topar com Jaemin aqui em Nova York, ela vai infernizá-lo – Hyo falou, rindo.

- Vou mesmo! Estejam cientes! Park Jaemin não tem vez aqui em Nova York! Em Nova York quem manda é Choi Sooyoung! E a vontade divina clama por Taeyeon com Tiffany! – Sooyoung levantou-se, batendo no peito.

- Tem minha ajuda, capitã – Sunny repetiu o gesto de Sooyoung.

- Soldado Hyoyeon, às suas ordens! – todas as três riram. Eu estava desesperada demais para conseguir achar graça.

- Vem cá, se vocês sempre tiveram toda essa aversão ao Jaemin que vocês estão demonstrando agora, por que nunca me disseram? – indaguei, curiosa. Realmente, a ideia de minhas amigas não irem com a cara de Jaemin era extremamente nova para mim.

- Óbvio, porque você sempre foi tão pragmática – Hyoyeon falou.

- E ficava falando do namoro como se fosse um investimento da sua família, toda orgulhosa – Sunny completou, fazendo uma careta.

- Mas o desespero que você ficou quando ele te pediu... HAHAHAH! Eu nunca esqueço. Eu e a Yoona até achamos que alguém tinha morrido naquele dia. – Sooyoung disse – você tava bem perdida.

- Uma jovem que ainda não havia encontrado o amor – Sunny disse, com certo lirismo na voz.

- Até conhecer a donzela Tiffany Hwang – Sooyoung imitou o tom de Sunny – daí esses olhinhos brilharam de verdade!

- Como nunca eu havia visto eles brilharem antes! – Hyoyeon falou.

- Nem pra professora de yoga eles brilhavam assim! E ela era bonita, né? – Sooyoung, como sempre, incapaz de deixar nossa professora de yoga de fora quando o assunto era “A ualidade da Taeyeon”.

- A Soo tem razão! Taengoo, a gente tem olhos, sabia? A gente percebe as coisas. – Sunny falou.

- A Coreia pode ser um dos países mais homofóbicos e conservadores, mas a gente não se enquadra no balaio – Hyo disse.

- A gente é pra frentex! Inclusive, só não podíamos impedir esse noivado seu... – Sunny falou.

- Que diga-se de passagem, foi uma baita de uma burrada! – Sooyoung completou.

- Porque a gente não tinha certeza concreta sobre você. Nunca havíamos presenciado uma Taeyeon apaixonada e... Querida, pra meninas que te conhecem desde sempre, é fácil saber quando você tá apaixonada, acredita! – Sunny disse.

- Daí a gente se encarregou de ficar bem próxima dela – Hyoyeon disse, me deixando preocupada com o que elas haviam conversado com Tiffany e eu, possivelmente, não sabia. – calma, não falamos nada demais!

- E agora nós a amamos também, e estamos dispostas a juntar vocês  - Sunny falou, fazendo um coraçãozinho com os dedos.

- Nem que a gente tenha que acabar com seu noivado para isso... – Sooyoung disse maquiavelicamente, porém sorrindo.

- Meninas, isso não vai dar certo... Vocês sabem que isso é loucura, né? – falei, ainda inconformada que minhas melhores amigas, que eu até pouco tempo achava que seriam incapazes de compreender um interesse romântico meu por outra mulher, não apenas super apoiavam o interesse, quanto exigiam o impeachment do meu noivo para dar seu lugar à minha paixão feminina.

- Se tem uma coisa que eu aprendi nesses mil anos de amizade com vocês – Sunny falou – é que não há loucura no mundo que a gente não seja capaz de executar.

-E que não saia bem sucedida no final! – Hyo completou. Eu estava começando a acreditar no comprometimento das meninas com a sabotagem do meu relacionamento, e fiquei preocupada com a reação dos meus pais frente a uma possível catástrofe envolvendo Jaemin, eu e as meninas aqui em Nova York.

- Gente, meus pais vão ficar loucos... – eu falei – eles vão me deserdar, me tirar da família... Vocês não estão entendendo.

- Amiga, presta atenção – Sunny falou – se esse noivado tivesse que ser, de fato... Sua preocupação agora seria quanto aos sentimentos de Jaemin, pelo menos... E NÃO DOS SEUS PAIS!

- Esse é o ponto! Seu relacionamento tá todo errado, é como se você fosse um fantoche dessa galera das empresas – Sooyoung gritou, como se estivesse tendo uma epifania. – você não ama ele.

Vendo minhas amigas evidenciarem o óbvio que eu já havia percebido, que Zoe cansava de me apontar, fiquei ainda mais desesperada com meu iminente futuro.

- Eu não posso decepcionar meus pais, meninas...

- Decepcionar os pais ou seguir uma vida infeliz junto de alguém que não ama? – Hyo disse.

- Olha, é muita pressão! Eu só tenho 23 anos, estou vivendo minha primeira paixão em todos esses anos de vida, e estou destinada a casar com um homem, que apesar de estar comigo há sete anos, eu não amo! E eu não posso nem dizer que foi ou que será questão de escolha, porque é como se eu tivesse minha família inteira contra mim colocando tudo em jogo, ao preço desse casamento! É como se tivesse um gatilho apontado para minha cabeça! – comecei a chorar de novo, pensando no perfume de Tiffany que eu jamais sentiria enquanto estivesse casada com Jaemin.

- Mas é um gatilho que você pode remover... – Sunny falou – você só vai ter que abrir mão de algumas coisas que vêm no pacote do casamento, e do seu futuro planejado...

- Mas não se estressa com isso agora, Taeng! – Soo me abraçou, tentando me acalmar – uma coisa de cada vez. Primeiro a gente tem que acertar as coisas entre você e a Tiffany, depois a gente cuida do Jaemin.

- Soo! Você tá fazendo o Jaemin parecer o cadáver da nossa promessa da quinta série! A gente “cuida” dele? – Sunny estava fazendo piada, para amenizar meu estresse. Com efeito, todas rimos.

- Eu amo vocês, meninas... Eu não sei o que vai ser do meu noivado. Eu estou muito confusa, é tudo muito novo para mim. Mas eu não cosigo colocar em palavras o quanto sou grata pelo apoio de vocês! Tenho as melhores amigas do mundo! – me emocionei mais ainda. Com certeza, já estava desidratada de tanto chorar. Aquela quinta feira havia sido um dia e tanto.

Antes de dormir, resolvi responder Tiffany. Para falar a verdade, desde o momento em que eu vi que a mensagem havia chegado, não consegui parar de pensar em respondê-la, e só de pensar que estava conversando com ela, eu me sentia mais leve diante de toda essa série de incongruências que me tiravam o sono.

“De: Fany~<3

Também penso em você desde aquele dia, podemos chamar de D-1, o que você acha? O primeiro dia da nossa história, algo como um episódio piloto! <3

Btw, vou dormir pensando em você agora. Gnight, minha TaeTae”

Estava no segundo dia de convivência com Tiffany Hwang, e pela minha breve experiência, posso dizer que esses dias junto dela foram uma mistura de sorrisos de orelha a orelha, enquanto junto a ela, e estresse, enquanto em sua ausência, ou enquanto pesava meus sentimentos por ela. Sem dúvidas, conhecer essa menina me fez ter as maiores emoções das quais me recordo. Agradeci ao universo por ter me propiciado a chance de conhecê-la. Quem diria que essa viagem viraria minha vida e meus conceitos de cabeça para baixo?

Quero ser “a Taetae da Tiffany”. Eu que sempre havia achado esse papo de amor incoerente com a vida moderna, estava abrindo o maior sorriso do mundo porque ela me chamava daquele jeito.

“Para: Fany~ <3

Seria absurdo eu querer que houvesse D-infinito na nossa história, Fany-ah? Porque é exatamente isso que estar com você me faz desejar, do fundo do meu coração.

Ouvi dizer que quando duas pessoas pensam uma na outra antes de dormir, elas têm o mesmo sonho. Será verdade?

Good night,

Sua Taetae”