Não sei como começar a escrever aqui... Como é que se começa um diário? Eu deveria saber como, afinal tivera vários diários ao longo da minha vida, mas só agora é que eu decidi usar um para valer. Quer dizer, se eu não enjoar, é claro, porque com todos os outros diários anteriores, eu só me empolgava em escrever nos primeiros três dias, depois perdia a graça. Acho que é porque eu sou meio ruim em fazer relatos sobre mim - não por falta de conhecimento sobre mim mesma, aliás, um dos meus hobbies é falar sozinha e tenho certeza que sou a pessoa que melhor me entende e me conhece no mundo inteiro - mas porque eu sinto que ao escrever, estou transmitindo essas informações a meu respeito a alguém. É como se estivesse falando minha vida e meus problemas abertamente a outra pessoa e, como sou bem reservada, digamos, o excesso de "exposição" chega a me incomodar a certo ponto. 
Você deve estar se perguntando então, por que uma pessoa que tem tudo para estar fazendo qualquer coisa adversa a escrever um diário, está escrevendo um diário. Está se perguntando, não é? Pois bem, eu como pessoa, ou pelo menos a pessoa que eu julgava ser até pouco tempo atrás, não se encaixa no perfil de uma escritora de diários. No entanto, a pessoa que eu descobri ser depois desse "pouco tempo atrás" - que está mais para uma mistura ambulante de sentimentos confusos do que uma "pessoa" - tem uma leve inclinação para o lado prosaico. Note que o "leve" neste meu caso é total e completamente variável, porque dependendo do meu estado emocional, posso vir a passar a noite inteira escrevendo. Pois é, quem diria que chegaria a esse ponto? Nunca que eu iria me imaginar tão desnorteada e desesperada com relação aos meus sentimentos a ponto de me entregar a um diário para não ficar louca. É como dizem, se há um problema muito grande, você tem que contar para alguém antes que ele exploda e você acabe na pior por excesso de sigilo. E é assim mesmo na prática. Não que eu acredite que haja alguma forma de as coisas ficarem piores do que já estão na medida no possível, mas se prevenir é sempre bom porque a gente nunca sabe o que vem pela frente. Ademais, no momento, você é o único com quem posso compartilhar meus pensamentos indesejados. Dentre as pessoas que conheço, garanto que nenhuma compreenderia meu estado espiritual e mental. Logo, nada melhor que uma Não-Pessoa, porém que muito me conhece, para desabafar. Para você ver até onde vai meu nível de desconfiança com as pessoas, ou pelo menos com a maioria delas, prefiro me delatar a um ser inanimado do que a elas. Não vou negar, há gente que merece que lhes contemos segredos sem medo de nos julgarem. Há quem saiba agir não apenas como bom ouvinte, mas também bom conselheiro e ombro amigo. Se há muitos dessa espécie eu não sei, agora que há uma, eu posso afirmar com certeza. Acredito que todos tenhamos uma pessoa cujo grau de afinidade com o nosso é tão acima do normal, que podemos nos sentir a vontade para partilhar de todos os tipos de conversa com ela. E eu acredito ter encontrado essa pessoa. Essa menina que faz com que meus dias sejam sempre os mais alegres apenas por me cumprimentar em meio a risinhos adoráveis, que sempre está disposta a me ajudar, que só de se mostrar presente já me faz sentir segura e que eu levaria comigo para a eternidade, nem que para isso, precisasse transformar nossas almas em uma só. Kim Taeyeon é o nome dela.
E você deve novamente estar se perguntando o motivo de eu estar recorrendo a você, se tenho Taeyeon para fazer este papel, que no momento está sendo feito pelo próprio papel: O de prestar auxílios emocionais à Tiffany Hwang. Claramente, se eu estou confiando a você, é porque não posso confiar à ela. É porque ela é justamente a causa disso tudo.