20 de Novembro – quarta-feira, 2012

Local: Casa dos Hwang

Olá, Diário :) Como vai você? Acho que vai bem, ou pelo menos bem melhor que eu. Tendo em vista que ficou o dia inteiro trancado e protegido na gaveta quentinha, ao invés de exposto ao frio e às dores do mundo exterior, podemos considerar que você, ao contrário de mim, está bem. Pulemos essa pergunta então.

Tenho uma dúvida. Será que quando escrevemos um diário, somos obrigados a contar tudo que aconteceu ao longo do dia, ou podemos simplesmente ir direto à parte principal, à parte que mexeu tanto com nossas emoções de modo a fazer-nos querer desabafar o mais rápido possível? Como sou nova nesse negócio, e como essa é uma situação de extrema urgência, acho que deveríamos ir direto ao ponto. Me perdoe caso eu seja um tanto inconveniente. Você pode ter certas dificuldades para compreender coisas mal explicadas mas... Me esforçarei ao máximo para que você entenda tudo direitinho, até porque eu mesma estou com dificuldade para entender tudo, ainda mais para redigir.

Ela riu. Ela riu, ela achou engraçado. Não foi aquele tipo de risada que você dá quando está zoando a pessoa. Foi aquele tipo de risada que você dá quando se sente envergonhada. Aquele tipo de risada sem graça que leva seu rosto ao chão e enrubesce suas bochechas. Foi desse jeito que ela riu. Para ele.

Eu devia achar normal, não é? Eu devia achar normal o fato de minha melhor amiga se sentir envergonhada diante de um garoto mais velho. Eu não só deveria achar normal, como também deveria ficar feliz, pelo fato dela estar feliz. Não era eu quem sempre fazia de tudo para ela rir? Não era eu quem dizia diariamente que suas covinhas eram a coisa mais fofa do universo? Era eu, sempre era eu. Talvez esse tenha sido o maior erro. Eu me acostumara mal. Não que eu não soubesse que algum dia, eu teria que dividir o sorriso dela com mais alguém. Eu apenas negava a possibilidade de existência desse dia, até que inevitavelmente, ele chegara. Eu não consigo aguentar essa dor. Não consigo pensar em vê-la nos braços de outra pessoa. Só de imaginar que agora ela deve estar pensando nele, eu, eu... Quero chorar.

Se você soubesse como eu me sinto estranha escrevendo essas coisas. Ao mesmo tempo que eu sinto necessidade de ter ela junto a mim para tirar esse aperto do meu coração, não consigo deixar de me sentir extremamente perplexa e enojada a meu respeito. Nunca vi ninguém se sentir assim por causa da amiga. Quando Yoona começou a namorar Minho, Seohyun deu à ela todo apoio do mundo, e achava que os dois formavam o casal mais lindo de todos. Por que eu não consigo me portar da mesma forma diante de Taeyeon e Leeteuk? Por que sou tão relutante em aceitar que ela possa ser feliz ao lado dele?

Eu acho que sei a resposta para essas perguntas. Mas tenho receio de dizê-las e você ficar com medo de mim, Diário. Eu juro a você que já tentei de tudo para não tomar essa postura antagônica diante da felicidade de Taeyeon, mas... Não dá. Tudo não seria infinitamente mais fácil se a felicidade dela dependesse de mim, assim como a minha depende da dela? Eu lhe asseguro que eu seria a mulher mais feliz do mundo se pudesse vê-la esboçar diariamente, até o último dos meus dias, aquele sorriso. E mais feliz ainda se eu fosse a razão do sorriso. Foi o que pensei no dia em que a conheci. E, para meu infortúnio, é o que continuo pensando até hoje.