-Sooyoung... – Hyoyeon disse parecendo não acreditar no que via - Como você... – não conseguia terminar uma frase, se aproximou e tocou o rosto da mais alta com as mãos querendo confirmar o que seus olhos viam.

-Perdão Hyo – a abraçou com firmeza sentindo sua camisa encharcar com as lágrimas da mais velha.

-Como você está viva? O que aconteceu? – Yoona perguntou atordoada.

-Kangin tentou me matar e Henry me salvou, achou melhor que eu ficasse escondida caso ele tentasse novamente, eu não podia procurar vocês, fiquei com medo, mas depois do que ele tentou hoje, não pude esperar mais – tentou dar uma explicação curta.

-Eu achei que tinha te perdido – Hyoyeon não sabia se sentia raiva ou felicidade ou talvez uma mistura louca dos dois.

-Sinto muito, eu não sabia que isso ia acontecer, o plano era voltar depois de acabar com ele, mas aconteceu isso, como elas estão, vi no noticiário e dizia que alguém tinha morrido – Sooyoung esperava que aquele fosse um engano terrível.

-Ah... – Todas suspiraram e Sooyoung percebeu os olhos vermelhos das garotas – Sunny... Ela – Yoona respirou fundo tentando tomar coragem e achar as palavras certas – o tiro acertou sua cabeça e ela não aguentou.

Calaram-se, somente os soluços eram ouvidos, elas se abraçaram, buscando forças uma na outra e matando a saudade que sentiam de Sooyoung. O médico mais uma vez apareceu.

-As senhoritas podem ver Jessica Jung, ela já está acordada, por hoje, todas podem entrar – ele pediu para uma enfermeira que as levassem para o quarto de Jessica.

Elas andaram rápido, Sooyoung e Hyoyeon ficaram para trás, mesmo com tantas coisas acontecendo todas sabiam que as duas precisavam de um tempo para tentar se resolver. Seohyun, Yoona e Nicole abriram a porta do quarto, ainda no corredor receberam a noticia de que Tiffany havia acordado e que estava bem, porém voltou a dormir, ainda tentando tomar coragem, o casal teria que ser forte para conseguir falar os acontecimentos para a mais velha.

-Garotas! Me digam que estão todas bem, por favor!

Sem esperar por um oi ou qualquer outro cumprimento, Jessica praticamente gritava, o médico alertara, disse para ir com calma, Jessica estava bem, porém não seria bom receber notícias tão mórbidas contadas de um jeito indelicado, elas se entreolharam, esperando alguém que tivesse coragem suficiente, Jessica já suplicava por respostas, então Seohyun tomou a frente, a namorada já estava cansada e abalada demais e também estava naquele hospital a tempo suficiente para ficar maluca.

-Estão descansando – se limitou a isso, talvez ela entendesse.

-Mas estão bem? Quando estava vindo para cá as coisas não pareciam muito boas, mas não lembro de muita coisa- dizia com certa agonia.

-Tiffany ainda está dormindo, mas os médicos disseram que ela acordou e voltou a dormir, eles disseram que ela vai ficar bem, Yuri e Taeyeon passaram por uma cirurgia para tirar a bala, eles estão esperando que elas acordem – parou por ai, não tinha mais voz e pensou que se não falasse o nome dela, ela poderia se esquecer.

-Que bom, mas e a Su...

-Temos algo para te contar – Yoona a cortou.

-Quero saber da Sunny primeiro – disse firme, em seu coração ela sabia que algo muito ruim tinha acontecido, pois do que conseguia se lembrar, os paramédicos pareciam extremamente estranhos quando chegavam perto da baixinha – ela não resistiu, não é? – Yoona concordou com a cabeça, sentindo-se fraquejar novamente, a imagem de sua amiga morta a assombrava, Jessica começou a chorar copiosamente – I-isso é sério? – ainda incrédula.

-Infelizmente sim – Seohyun passou a mão no ombro da namorada e tentou conforta-la, só conseguia pensar em ser forte.

O silêncio perdurou por um longo tempo. Na outra sala encontravam-se Hyoyeon e Sooyoung. O silêncio entre elas se tornou perturbador, Hyoyeon se sentia subitamente traída e Sooyoung esperava que elas se entendessem, estava com saudades e suas últimas lembranças não eram das melhores.

-Por que fez isso? Poderia ter me avisado, eu quis morrer por sua causa, cada vez que eu respirava, trancada com as lembranças em nosso quarto, morrendo aos poucos, passei dias no escuro, sem me alimentar porque a fome simplesmente não existia, apenas um nó no estomago, dias somente deitada no chão, vez ou outra andando feito louca em círculos, quebrando tudo que podia encontrar, chorando desesperadamente de tanta culpa, de tanta saudade – não conseguia mais falar, sentiu a garganta seca e fechou os olhos.

-Me perdoa, achei que não tinha outra saída, Kangin tentou me matar e eu precisava proteger vocês, principalmente você, e só conseguiria se estivesse longe, eu achei que ia dar certo... Queria ter te procurado, mas fiquei com medo dele descobrir e tentar te tirar de mim... Mas não pude protegê-las, me sinto tão estúpida, sinto muito, nunca tive a intenção de te machucar, me perdoa – o medo a invadia cada vez que olhava para a ex, o medo de perdê-la para sempre.

-Eu senti tanto sua falta... Mas estou com raiva e triste, me sentindo enganada e não estamos mais juntas – lembrou-se.

-Podemos tentar de novo, não posso ficar sem você – tentou se aproximar, mas Hyo se afastou.

-Estou feliz que você está bem – a ignorou – mas não estou mais confiante quanto ao nosso relacionamento.

-Eu sei que vai levar um tempo...

-Soo, você me magoou muito, por mais que eu queira que as coisas voltem a ser como antes, alguma coisa dentro de mim diz que é impossível e eu sei que não é sua culpa, estou entendendo isso – por mais que quisesse se jogar nos braços dela, sabia que não daria mais certo, sua intuição a dizia aos gritos que não era uma boa ideia.

-Eu vou esperar por você, eu sinto muito Hyo, eu te amo, juro que te amo.

-Eu também te amo, com cada pedacinho do meu coração, mas não sei se isso vai dar certo, não só pelas mentiras, nem pelos ciúmes, o conjunto todo na minha cabeça agora parece uma bagunça e eu não consigo achar um jeito de arrumar isso.

-Hyo...

-Vamos falar sobre isso depois, não estou em condições agora... Vamos ver Jessica, ela vai ficar feliz em te ver.

Sooyoung ainda tentou argumentar, mas sabia que não teria volta, sentia os passos pesados, queria, realmente, sumir da face da Terra, mas ela tinha problemas maiores para resolver e não deixaria suas amigas novamente.

No quarto de Jessica, os soluços foram quebrados pelo ranger da porta, Hyoyeon entrou primeiro, os olhos fundos de tristeza e preocupação.

-Como você está Jessica? – Perguntou ainda parada na porta.

-Fisicamente bem, de resto estou um lixo... SOOYOUNG?! – arregalou aos olhos ao ver a figura alta de sua amiga se aproximar junto com a outra - Sooyoung?! – repetiu mais calma, porém pareceu mais assustada, por um momento achou que havia morrido e estava vendo coisas, porém tudo parecia muito real – Como você está aqui? Eu achei que você estava... – a palavra ficou presa na garganta.

-Olá Jessica, estou bem – A mais alta começou a explicar, e isso distraiu Jessica por um bom tempo, tirou a mente de todas de tantos problemas.

-B-bem, você não morreu? – Perguntou ainda sem acreditar.

-Não, é uma longa história, mas o que aconteceu com vocês? Foi Kangin não é? Ele se matou depois – Sooyoung que achava que sabia de muita coisa, agora estava prestes a descobrir que seu inimigo estava mais vivo do que nunca.

-Não era Kangin, era outro homem, não vi bem seu rosto, mas posso garantir, não era Kangin – Sooyoung se assustou, então ele ainda estava vivo – ele nos perseguiu e o freio do carro não funcionava – começou a repassar aqueles momentos em sua cabeça – o carro estava bem rápido e a curva era bem fechada, o carro bateu em uma arvore antes de cair na água, nós abrimos as janelas antes do carro cair, o cinto da Tiffany não soltou e ela não conseguiu sair, então eu mergulhei de volta, demorei um tempo para conseguir tira-la de lá e ela já estava inconsciente, ela está bem? – Perguntou novamente, esquecendo-se de que elas já falaram que ela estava bem,

-Sim, o médico disse que ela vai ficar bem.

- Elas estavam sangrando, eu não entendi direito, na hora não consegui raciocinar, não ouvi os tiros, já que estava na água, quando voltei estava aquele caos, só consegui gritar por socorro e não consigo lembrar mais – seu rosto demonstrava sofrimento, assim como suas palavras, agradecia por não se lembrar de muita coisa, ou seria torturante.

-Se não foi Kangin que se matou, você vai precisar ficar escondida por mais um tempo Sooyoung – Nicole alertou em um tom de voz baixo – se ele descobrir, tenho certeza que vai dar um jeito de acabar com você, todas estão em perigo.

-Não quero mais me esconder, vou à delegacia e contarei tudo, vou dizer que foi ele que tentou me matar, vou acabar com esse idiota – disse com determinação.

-Eu vou com você então – Nicole se pronunciou – posso confirmar tudo, tenho minha parcela de culpa no que aconteceu – ela concordou e as duas saíram rumo à delegacia.

Não demorou e as famílias aparecerem, os Lee estavam inconsoláveis, a família Kim estava no quarto, junto com Taeyeon que já havia acordado, e queria ficar com Yuri, estava tão inquieta que a moveram para o mesmo quarto da morena, vendo que não haveria problema algum e entendendo que estava tudo bem com a filha, o Sr. Kim resolveu que seria melhor ir para o hotel por um tempo e como a viagem fora longa, eles aproveitariam para descansar por algumas horas e depois voltariam, Taeyeon estava tão cansada que também acabou pegando no sono. Tiffany não tinha ninguém da família ali, apenas Jessica que estava apta a deixar seu quarto, Krystal e Amber, seus pais não deram as caras por ali, pois até agora não sabiam o que tinha acontecido e Jessica duvidava que mesmo que soubessem não se dariam ao trabalho de aparecerem. No quarto onde Yuri estava, se encontrava sua mãe e sua prima, além de uma Taeyeon adormecida.

Tiffany acordou e Jessica pode respirar aliviada, logo Yuri acordou, tinha um olhar confuso, observava tudo ao seu redor, as pessoas e o quarto de cima abaixo, e então olhou para seus ferimentos, sua cabeça explodia em dores terríveis e sentia-se zonza, resolveu se pronunciar.

-Onde estou? – a voz saiu rouca e quase como um sussurro, como se não falasse há anos.

-No hospital – a prima respondeu e tentou acariciar a mão dela, Yuri a puxou rápido e as olhou aflita.

-Quem são vocês?

YURI P.D.V

-Como assim? Sou eu Vivian, sua prima Yuri – a garota respondeu em um tom nervoso – e a sua mãe – apontou para a senhora que há pouco parecia mal-humorada, mas agora tinha uma feição estranha – não se lembra da gente? Não nos reconhece? – neguei com a cabeça, podia jurar que nunca tinha visto aquelas pessoas na vida.

-Yul, você acordou! – Exclamou outra garota que estava dormindo, ela tinha um sorriso fraco e também estava ferida, contudo parecia empolgada.

-Da sua namorada você se lembra? – a senhora, que segundo disse a minha suposta prima, é minha mãe falou carrancuda. Namorada? Agora ela tinha um olhar perdido e eu me senti mal, não havia nada na minha cabeça que se lembrava de quem ela era – responde Yuri! – A mulher me apressou, eu ainda tinha meus olhos presos à outra.

-Eu sinto muito – ela baixou a cabeça e as lágrimas vieram, senti meu coração apertado, mas não sabia quem ela era – minha cabeça dói – reclamei.

-Vou chamar o médico – a garota apertou um botão ao lado da minha cama – você vai ficar bem Yuri.

Sinceramente, não sabia do que elas estavam falando, não sabia nem que tinha namorada e muito menos sabia o que estava fazendo ali, toda machucada, e não fazia ideia de quem era aquelas pessoas que se diziam ser minha família, mas a senhora pareceu aliviada quando disse que não sabia quem era a garota na cama ao lado. Minha cabeça era um grande buraco vazio, sem lembranças, sem pessoas, sem nada, somente um escuro atormentador.