– Até quando você vai ficar me seguindo Taeyeon? - parei e olhei para trás pela terceira vez hoje. – volte pra casa! - ordenei e cruzei os braços afim de que aquela garota voltasse.

Ela não esboçou muitas reações. Parou no meio da rua, trocou alguns olhares para trás e para mim por um momento e respirou fundo, soltando o ar. Taeyeon olhou pra trás mais uma vez e virou o rosto, fazendo uma leve careta. Aquelas fofas que ela aprendeu a fazer porque sabia que eu com certeza iria deixar, afinal olhe só pra ela. Seu corpo pequeno de uma criança, seu rosto angelical e esses olhos grandes e brilhantes era de derreter o coração de qualquer um. Mesmo com isso tudo me pressionando eu revidei firme.

– Vai antes que meu pai volte, fica no meu quarto e não sai de lá.

Taeyeon franziu o cenho. Parece que magicamente seus olhos aumentaram ainda mais como se ela tivesse usado xiuxiu, seguido de um leve biquinho que se formou em seus lábios. Ela realmente parecia um cachorro abandonado. Aish! Vou me deixar ser levada por um simples aegyo.

– Ok! Ok! Você vai vir até o portão da escola comigo e depois volta pra casa. Entendido?

Taeyeon não respondeu, mas pela sua reação era perceptível entender o quanto ela tinha ficado feliz por essa mera exceção. A baixinha veio correndo na minha direção, diminuindo a curta distância que tínhamos e ficando ao meu lado. Ela sorria enquanto caminhava e de vez enquanto dava pequenos pulinhos para exibir a sua alegria.

Acho que tudo bem se ela me acompanhar. Não é como se ela fosse criar algum problema pra mim enquanto eu estivesse na escola.

Finalmente tínhamos feito o curto caminho da minha casa até a escola. Agora nós duas estávamos paradas do lado de fora portão do da escola vendo alguns estudantes passarem por nós enquanto eu tentava explicar a inquieta garota a minha frente que agora era hora dela ir.

– Vamos Tae, pra casa. Eu disse pra você que era só até o portão. - tentei informa-la.

Ela não parecia ter muito interesse na minha pessoa. Taeyeon olhava os varios e varios alunos que passavam por nós. Ela parecia se interessar por cada um, aguçando o nariz para tentar farejar o cheiro de cada pessoa e ter reações diferentes a cada odor. De qualquer maneira ela estava me irritando por me ignorar de tal forma. Se ela soubesse o quanto eu odeio ser ignorada.

Estalei meus dedos na frente de seu rosto na tentativa de chamar novamente a atenção dela para mim. Realmente, ela me fazia trata-la como um cachorro.

– Tae, vai pra casa. Já!

Taeyeon grunhiu com a informação que eu tentava passar, porém que ela só deu atenção agora, mas felizmente começava a se virar para ir embora. Frisado o que eu tinha dito, ela COMEÇAVA, até alguém chegar e roubar a atenção de nós duas.

– What’s up Tiff! - Jessica chegou me cumprimentando. – Você magicamente e de forma inédita acordou cedo hoje.

– Olha quem fala... - respondi com ironia.

Jessica riu do meu corte e revidou com um leve tapa no meu ombro. Aqueles tapas de brincadeira, que todos sabem que são de brincadeira. Porque a pessoa é sua amiga e você tem intimidade com ela. Aqueles simples tapa que conhecidos te dão quando você dá aquela maldita coisa chamada liberdade a elas. Todos sabem que isso é normal. Pelo menos eu achava que sim, mas me enganei. Isso era uma coisa que Taeyeon não sabia.

Mais rápido do que um relâmpago, ou qualquer outra coisa que seja rápido. Taeyeon se moveu e esbofeteou a mão de Jessica para longe de mim. Ela se colocou entre mim e Jessica de forma protetora, flexionou os joelhos, abriu os braços como um goleiro e ficou encarando Jessica com um olhar ameaçador.

– Hey! Bonequinho de maquete, o que pensa que está fazendo puxando briga comigo a essa hora da manhã?! - Jessica se alterou.

– Não machuque! - foi a vez de Taeyeon gritar.

Podia ver faíscas saindo do olho de Jessica e seu olhar normalmente frio desaparecera para dar lugar ao seu intimidador olhar quente e mortal. Pelo o que eu conhecia da personalidade da minha melhor amiga elas iam cair no tapa e sair rolando ali mesmo se eu não intervisse.

Peguei o braço de Taeyeon e a puxei pra trás. Essa ação rápida fez com que ela se assustasse e inicialmente tentasse me encarar, porém ela se recompôs e deixou ser levada por mim.

– Tae, ela não está me machucando. A gente faz isso toda hora, de brincadeira. - expliquei.

Taeyeon não parecia entender muito essa nossa relação muito violenta. Ela deixou que sua cabeça pendesse para o lado, piscou algumas vezes antes de analisar o que eu tinha dito, olhou pra mim e para Sica e pensou um pouco até ver que está tudo perfeitamente bem para nós duas.

– Espera Fany! Essa menina me é familiar! Esse rosto de gambá do mato me é familiar... – ela colocou a mão no queixo, massageando-o um pouco e olhando para um ponto distante para o brilhante cérebro dela maquinar naquela hora da manhã. Como se uma lâmpada tivesse se acendido sobre sua cabeça ela levantou o dedo e apontou para Taeyeon. – Essa garota! É essa a garota do mato não é? Ela que ficava te seguindo até em casa todos os dias nas ultimas semanas! Qual é? Viraram amigas agora?

– Hã? Não é isso Sica. É uma longa história que tenho que te contar.

– Você ainda tem duvidas de que precisa? Essa garota parecia mosca atrás do coco! A onde você rolava ela ia atrás assustadoramente como uma stalker. Agora você é amiguinha da sua mosquinha?

– Eu vou te explicar, tenha paciência. - suspirei e me virei para trás para dessa vez falar com Taeyeon e resolver meu problema inicial. – Tae, pra casa. Agora!

– Ah! Olha! Agora a mosquinha é amiga do cocozinho e mora na grande bunda que é o seu lar. Você tem que me explicar isso agora Tiffany!

– Para de falar esse tipo de coisa nojenta Jessica! Vai pra sala! - me virei pra Tae novamente – Você, casa!

– Ui, agora eu sou a outra mosquinha que é mandada.

Eu estava perdendo minha paciência, meu autocontrole, minha sanidade. Parecia que a coisa mais impossível do mundo agora seria fazer Taeyeon voltar pra casa e fazer Jessica calar a boca. Eu queria que fosse simples e fácil, mas agora só quero xingar as duas e sair andando como se eu não tivesse nenhum problema.

Fechei meus olhos e comecei a respirar fundo para não perder o controle, calmamente e lentamente. Respira Hwang, respira e mantenha a calma. Um totoro, dois totoro, três totoro, quatro totoro....

– Senhorita Hwang, você deveria estar na sala. O sinal já vai bater. - uma voz grossa falou atrás de mim.

– VAI A GRANDE BUNDA TODOS VOCÊS! MAS QUE INFERNO! TAEYEON QUERO TE VER CORRENDO POR ESSA RUA E NÃO PARE ATÉ CHEGAR EM CASA! - nessa hora eu ouvi curtos passos apressados se afastando, obviamente o dela.

Menos um problema.

Abri meus olhos e dei de cara com Jessica que me olhava espantada. Aproveitei o seu pavor e gritei para ela também. – ENTRA LOGO NA ESCOLA EU JÁ DISSE QUE VOU TE EXPLICAR! - sem lamurias ou reclamações ela saiu correndo.

Menos um.

Finalmente virei para trás para eliminar meu ultimo problema. Eu comecei a gritar.

– E VOCÊ PROFESSO... - pisquei algumas vezes antes de continuar pensando alguma coisa. Eu me mantinha imóvel ao ver a imagem daquele rigoroso professor de meia idade, me olhando, me fuzilado através daqueles óculos de grau. Julgando todo o meu ser e fazendo com que ele perdesse todo o carinho e admiração que um dia teve por mim. Não havia mais nada que eu pudesse falar.

Ficou um clima pesado. Eu já me sentia no fundo do posso, não tinha como ficar pior. Era o que eu pensava até ele perguntar.

– O que seria a grande bunda, Hwang?

– A unnie falou mesmo isso? - Seohyun perguntou abismada. Ela arregalou os olhos e olhou para mim em descrença como se eu fosse A bad girl ou tivesse matado alguém nessa semana.

Não a respondi, só puxei a carteira para perto de mim e coloquei minha cara lá, estava sem forças mentais e psicológicas para me manter erguida.

– Sim menina, você tinha que ver o escândalo! Ela estava de olhos fechados e começou a gritar “VÃO TODOS A GRANDE BUNDA” e o professor lá todo feliz atrás dela. Ele estava, pelo menos antes de ouvir isso. - Jessica concluiu rindo.

– Dá pra parar de falar disso? - murmurei, abatida no meu canto.

– Unnie, você não deveria dizer essas coisas. - Seohyun disse preocupada.

Como se eu realmente não soubesse disso....

Mas essas duas, elas formavam um duplo combo pra me tirar do sério. Eu não queria argumentar a maknae, na verdade queria esquecer que isso aconteceu. Nem dei muita atenção, continuei com a minha cara amassada contra a carteira e tentei dormir para que futuramente eu pudesse achar que tudo isso foi um terrível pesadelo.

As aulas daquele dia foram passando lentamente, cada aula era uma tortura ficar ouvindo os professores. Ainda mais pensando que o que eu fiz de manhã pode ser o assunto em pauta na sala dos professores. Cada vez que um deles olhava pra mim era um massacre de vergonha.

Deixei de dar atenção pro professor que dava aula agora e virei minha cabeça para a direita. Passei a olhar todo o pátio pela janela para ver se eu conseguia me distrair um pouco. Vi o campo verde e pude sentir ao longe seu doce aroma matinal, vi também algumas arvores que eram plantadas em algumas áreas do campus, elas eram bonitas e frondosas, cheias de passarinhos que iam e viam de um galho a outro e finalmente me deparei com o portão, aquele enorme portão de ferro QUE DEVERIA ESTAR FECHADO AGORA. Por que ele estaria aberto? Que estranho.

Levantei meu corpo para ter uma melhor vista lá de fora. No meu campo de visão apareceu o senhor da portaria, coçando a nunca e indo em direção do portão, acho que pra fecha-lo. Alguém provavelmente tinha passado por lá sem ser visto.

Continuei observando, percebi que ver o nada e tudo ao mesmo tempo era interessante. Me sentia até uma pensadora poetiza ao estar fazendo isso. Quase uma Clarisse Lispecror, prazer Tiffany Lispector.

– É tudo tão bonito. - disse baixinho e dei um longo suspiro renovador.

– Sou bonita também? - um cabeça apareceu na janela me perguntando.

Imediatamente meus olhos pareciam saltar de seus locais de origem, eu praticamente quase dei um pulo da cadeira, mas tentei me manter em silêncio para que ninguém percebesse que aquela selvagem estava ali.

Discretamente rasguei um pedaço de papel e escrevi uma coisa para ela. Olhei pra toda sala que parecia concentrada em copiar as coisas do quadro e vi essa como chance de jogar o papel pela janela.

Taeyeon viu o papel passando por cima da sua cabeça e desapareceu, provavelmente se abaixou para pegar o papel. Ela voltou a aparecer e jogou o papel de volta. Aquela garota lerda sorria e olhava atenciosamente para a bolinha de papel esperando que eu a jogasse novamente, essa tapada. ISSO NÃO É UM JOGO DE PEGAR BOLINHA!

Bati de leve minha mão contra minha cara, em seguida massageei minhas temporãs. Não importa quantas coisas eu jogasse, ela não sabe ler de qualquer forma.

– Vai... pra... casa... - murmurei direcionado a ela.

– Não quero. - ela disse normalmente em voz alta.

A medida que fui ouvindo as pessoas pararem de copiar e vendo rostos virando para a janela, fui me encolhendo no meu canto e afundando minha cara no livro.

Vi Taeyeon olhando para toda a turma, que tinha atenção total nela, e voltou a me encarar.

Sussurrei baixinho. – Por favor, não crie problemas, vá embora.

– Fany-ah quero brincar! Lá é chato sem você. - ela disse enquanto suspendia seu corpo no parapeito da janela. – Vamos lá! Quando vamos ter os nossos filhotes? - agora ela dizia puxando a manga da minha roupa.

– Senhorita Hwang, quem é essa pessoa entrando pela janela?

– Eu? Sou a macho alfa. - Taeyeon respondeu com um enorme e gigantesco sorriso no rosto.

Imediatamente levantei minha cabeça e a encarei. Taeyeon por sua vez parecia estar mais interessada no professor agora. Olhei pra ele também e me deparei com sua feição não muito agradável. Ele possuía suas duas grossas sobrancelhas franzidas e seus olhos a encaravam como uma incógnita, para realçar sua expressão de espanto seu óculo corria lentamente pelo seu nariz.

Ele ajeitou a armação sobre seu nariz e perguntou a ela.

 – E o que seria isso?

– Acho que pra vocês, o pai dos filhotes.

Quase que automaticamente toda turma estourou em um estrondo de risada. Sentia Jessica empurrar meu ombro e rir ao mesmo tempo, obviamente atiçando minha raiva. Meu rosto definitivamente estava mais do que vermelho agora. Pela temperatura que eu sinto queimar minhas bochechas, obviamente que eu estou pior do que um pimentão agora. Não vou levantar minha cabeça daqui, nunca mais vou tirar a cara desse livro. Mas sinceramente, pra que diabos ela disse aquilo? Como ela pode pensar em uma coisa dessas? Ela não tem senso? Aish!

– Eu não entendi bem senhorita, pode me explicar melhor? - o professor indagou novamente.

– Não!!! - gritei de forma involuntária e praticamente pulei da cadeira. – Ela é só minha prima, ela caiu de cabeça no chão quando era menor. Não dê muita atenção!

Meu grito foi imediato. Não pensei muito nas consequências e nem com quem eu estava gritando, só queria que eles parassem de rir e que Taeyeon e o professor me fizesse passar menos vergonha. Simplesmente afundei minha cabeça no livro de novo, dessa vez em derrota. Bem provável que daquele grande bocão da Tae saia mais barbaridades.

– Senhorita Hwang não se dirija assim para mim. - ordenou. Todos os alunos se calaram, dando agora para se ouvi os passos do professor se aproximando e logo em seguida meu livro desaparecendo na frente dos meus olhos. Ao olhar pra cima vi que ele estava com o meu objeto de proteção em sua mão. – E não durma na minha aula.

– Mas eu não estou-

– Não me responda!

Ele jogou o livro sobre a minha mesa e deu as costas para se virar para o quadro. Quando ele fez isso ouvi alguém grunhir do meu lado. Taeyeon estava praticamente dentro da sala, apoiando seus pés e mãos no encosto da janela, olhando para o professor de forma feroz e rangendo para ele como se fosse ataca-lo a qualquer momento.

O professor parou de andar e olhou pra trás, encarando Taeyeon com o cenho franzido. Ele girou seus calcanhares e foi andando na direção dela. Parou em poucos passos, pigarreou e fez uma pergunta praticamente retórica.

– Você está grunhindo para mim?

Taeyeon não respondeu, ela latiu pra ele. ELA LATIU PRO MEU PROFESSOR! Isso foi o suficiente pra toda turma acha-la uma piada e começar a rir de novo. Todos estavam lindos, alegres e contentes com ela fazendo isso, menos o professor e eu obviamente. Não suporto tanto constrangimento em um só dia, só queria acabar com tudo isso. Levantei da cadeira e fui até a janela. Com minhas duas mãos a empurrei e fechei o trinco da janela em seguida para ela não voltar. Ou pelo menos era pra ela não tentar voltar, porque a anta no corpo de humano que pensa que é cachorro tentou pular para dentro da sala de novo e bateu de cara no vidro.

O estrondo foi enorme, a cabeça oca dela batendo contra o vidro chamou atenção de toda sala. Praticamente todos foram até a janela ver o que estava acontecendo. Olhei ao meu redor e me vi cercada dos meus colegas que olhavam com pena, tristeza e preocupação praquele corpo jogado no chão. Olhei pra cada um deles e vi que realmente pareciam se preocupar com ela, mais do que comigo em todos esses anos juntos. E o professor, bem o professor me olhava com aquele olhar de julgamento em uma mistura de aquele olhar que pais fazem de “estou decepcionado com você Hwang”.

Abri a janela de novo e olhei para Taeyeon com mais cuidado, pouco a pouco seus olhos começaram a se abrir e seu corpo parecia se mexer de novo. Em alguns segundos ela começou a rolar pela grama e a balançar a cabeça como uma louca. Quando ela se sentiu melhor olhou pra mim de novo e me encarou esperando alguma coisa de mim.

– Taeyeon! Casa! Agora! - mandei.

Dessa vez eu realmente a vi correr e sair pelo portão da escola. Tudo indicando que ela se foi finalmente.

Mais aliviada suspirei e virei para sentar na minha cadeira que pra minha surpresa estava tampada pela visão da enorme massa de banha nomeada respeitosamente de meu professor. Ele estava com os braços cruzados olhando pra mim com uma cara não muito boa. Eu deveria saber que ele estava com raiva, mas pra minha certeza ele gritou.

– Tiffany! Coordenação! Agora!

Ai vida.

Depois de ser suspensa por uma aula e ficar esse tempo todo conversando com a coordenadora de como eu deveria pensar melhor na minha vida e não ter filhos tão cedo e de como a reprodução é impossível usando só dois ovários, o sinal bateu e finalmente fui liberada para ir ao recreio. Uma grande merda. Tudo que eu quero agora é ir pra casa e ela se acha generosa por me deixar assistir as outras aulas.

Sai da sala dela e fui andando pelo corredor, tentando parecer aparentemente normal e com o mínimo possível de honra e dignidade, depois daquele mico todo. Inicialmente pensei que os boatos não tivessem se espalhado tão rápido. As pessoas andavam normalmente, uma ou outras me encaravam, mas nada que não fosse do meu dia a dia. Até que um garoto lindo, perfeito, T e maravilhoso do ultimo ano passou por mim, segurou com sua mão direita o meu ombro esquerdo, parou por um segundo do meu lado e se aproximou do meu ouvido. Sussurrando uma coisa que jamais vou esquecer.

– Roff! Roff!

E foi embora..... Ele latiu pra mim e foi embora!

Nessa hora eu queria mata-lo, queria dar uma voadora, queria até latir de volta com tanta raiva que eu estava, mas preferi continuar andando. Eu fui passando pelo corredor da forma mais rápida que pude. Meus passos curtos e rápidos chamavam atenção, eu sabia. Até ouvi mais alguns latidos, mas ignorei. Só queria sair de perto de todos.

Eu estava prestes a sair pela porta do colégio e ir para algum lugar deserto do pátio quando senti alguém segurar meus dois ombros, parando meu movimento e indo até o meu ouvido sussurrar.

– Roff!

Eu não fico nervosa tão fácil, na verdade nunca fiquei ao ponto de perder a cabeça. Evito briga o máximo que posso, mas aquilo era a ultima gota.

– O que você quer?! Hã? O que ganha com isso?! É tão legal assim me zoar?! - gritei sem ao menos ver que tipo de pessoa eu iria encarar quando virasse.

– Calma Fany, eu só estava brincando com você.

Só então reconheci a voz e me virei para ver quem era. Me deparei com Jessica e Seohyun que seguia logo atrás dela. Jessica só ria enquanto Seohyun olhava pra mim preocupada, realmente como uma boa amiga, quase uma mãe. Uma linda essa maknae.

– Unnie, você não deveria brincar com ela assim. - Seohyun advertiu.

– Qual é Seo, para de bancar de durona. Você estava rindo até agora do novo nome da Fany.

– Meu novo nome? - franzi o cenho.

Seohyun se curvou segurando sua barriga e começou a rir alto, algo que ela educadamente não faziam, mas agora parecia que nem a ética e a educação estava sendo preservada com essa risada estrondosa.

– Você escolhe, estão te chamando de Tiffany Wolf, Tiffany Roff!, AlfaTiffany e a melhor e o que a Seo adora Tiffany Grande Bunda Roff!, mas esse dá muito trabalho pra falar, então eu prefiro o Tiffany Roff.

– Você prefere?!

Agora Seohyun estava de quatro no chão (sinceramente uma posição que nunca nem nos meus piores sonhos e devaneios imaginei vê-la) rindo e segurando a sua barriga que provavelmente doía de tanto rir. Eu não queria ficar com raiva dela, mas não há nada que eu pudesse fazer para para-la.

Na verdade o que eu mais queria agora era desaparecer e matar Taeyeon também. Na verdade eu queria matar Taeyeon primeiro e depois desaparecer porque de outra forma seria meio impossivél.

– Minha reputação! - murmurei enquanto passava a mão no meu cabelo bagunçando-o com raiva.

– Calma Fany, você nunca teve uma. - ela disse colocando a mão no meu ombro, supostamente tentando me fazer sentir melhor, ou não.

– Oh! Sica você está me ajudando tanto agora. Obrigada!

– De nada, amigos rola bosta estão sempre aqui pra isso.

– Dá pra parar de falar disso?

– Isso é um inseto pra sua informação.

– Que seja.

– Sim que seja, você já viu a Tiffany bunda fluffy por ai?

– O que?! Tem mais essa?

– Não, eu inventei agora. Gostou?

– Vai se ferrar.

Surpreendentemente chegou um garoto correndo por nós e gritou: – ROOOOFFF!!!

– Sinceramente eu não tinha cabeça para estudar e muito menos animo para suportar tudo isso. O recreio tinha terminado e os alunos retornavam as suas classes, menos eu, Tiffany Roff! que estava matando aula atrás do colégio sentada isoladamente no gramado e afogando as magoas de uma adolescente mal compreendida, em uma caixinha de leite. Pensando que certamente em um dia, sim, um dia ela acorde e que tudo isso desapareça como um pesadelo cruel sobre a cadeia alimentar de uma escola.

– Tiffany porque diabos você está narrando sua vida enquanto olha pro mato? - Jessica me perguntou, fazendo assim com que eu saísse do meu devaneio.

– Sim unnie, não fale como se você estivesse sozinha e nós tivéssemos te abandonado curelmente.

– Verdade. Leve em consideração de quem está matando aula com você é Seohyun a menina pum.

– Yah! Sica! Você vai reviver essa história? - a maknae disse indignada.

– Desculpa, eu só lembrei dessa piada agora. Eu queria dizer, a menina que nunca mata aula.

– Nossa idêntico! Entendo porque você se confundiu. - eu disse com ironia. Voltei a tomar meu leite enquanto me fechava novamente na minha bolha de meditação.

Jessica andou na minha direção e parou e frente para mim. Não dei muita atenção e voltei a fomar no meu leite. Estava gostoso até ela chutar a caixinha pra longe e me puxar pela gola, me levantando eu querendo ou não.

– Reage mulher! Revive! Vai ficar fazendo drama porque te zoando com a garota do mato? Sai dessa vida Tarzan. Para de drama!

– Você não sabe pelo o que eu passei! Você não sabe pelo o que eu sofri pra estar até aqui! Não sabe quanto eu suportei calada! Eu só queria uma vida normal, mas isso Sica! Nem isso eu posso ter! - gritei enquanto meus olhos se enchiam de lagrimas que quase transbordavam nos meus olhos.

Jessica se comoveu, chegou até a soltar a gola da minha camisa. Juro que eu vi uma pequena lagrima se formar na borda dos seus olhos. A gente estava no maior climão até Seohyun estragar.

– Isso é sério? Eu te conheço desde o jardim e a única coisa que você teve que superar na escola foi de não poder brincar mais no balanço lá do parquinho porque esse seu bundão não deixa.

– Fica shiu ai Seo.

Quando eu disse isso ela obedientemente ficou quieta. Não só ela como Jessica também, resumindo que nós três ficamos em silêncio para ouvir os passos quase inaudíveis que nós percebemos que se aproximava só agora. Foi realmente de cair o cu da bunda. Eu nunca tinha matado aula antes e não esperava que seria pega na primeira vez que o fizesse. Eu nem sabia que a minha reação seria ficar imóvel. Sinceramente, eu não mexia nenhum musculo e tanto eu quanto as garotas estávamos paradas e horrorizadas, olhando fixamente para o lado de onde ouvíamos o som se aproximar.

Inicialmente uma cabecinha apareceu, em seguida a pessoa disse:

 – Fany, fui na casa e voltei. - a voz feminina falou.

Não só eu, mas como as garotas soltamos o ar que segurávamos em um suspiro em conjunto. Vimos a garota sair de trás do muro e andar na nossa direção, lentamente, como se estivesse com medo de se aproximar e receber uma bronca. Sinceramente, olhando para Taeyeon agora eu não sentia tanta raiva e nem queria mata-la como antes. Olhando nos seus grandes olhos profundos eu entendi que ela é realmente como um cachorro besta que precisa ser educado pra que não suje a casa toda, mas no meu caso para que não acabe com a minha vida. 

–  Tae quando eu peço pra ir pra casa é ir lá e ficar. Você não tem ideia dos problemas que você me arrumou.

– Eu pessoalmente achei super divertido. Bela atuação Tae. - Jessica se intrometeu.

–  Não é atuação. O que eu queria explicar pra vocês é que ela realmente acha que é um cachorro, lobo ou seja lá o que ela acha que for. Ela age como um e o vocabulário dela é bem reduzido como uma criança de 7 anos. Literalmente ela não se parece com um humano.

– Ah! Você tá de brincadeira. - Jessica disse estendendo a mão para Taeyeon – Observe.

Jessica ficou com sua mão estendida esperando alguma reação dela, do lado oposto estava a Taeyeon que olhava para Jessica e pra mão dela em uma expressão confusa no rosto. Aquilo era um cumprimento e todos sabiam interpretar aquele gesto. Menos Taeyeon que reagiu ao ver a mão estendida de outra forma. Ela as abaixou e aproximou seu nariz da mão, farejando-o com curiosidade em seguida tocando suas pequeninas mãos na mão dela, para abri-la para que pudesse cheirar ainda mais.

Jessica olhou para mim assustada. Ela intercalou olhares entre eu, Seo e Tae pois não entendia muito o que se passava aqui. Com isso acontecendo pensei que era a deixa para que eu explicasse.

– Taeyeon realmente pensa que é alguém selvagem. Não sei como ela veio pra cá direito e nem como ela sabe fazer algumas coisas. Tae não fala muito, só interage quando necessário e quando ela puder agir melhor eu vou perguntar da vida dela para ver se tem algum orgão ou algo do governo que possa ajuda-la.

– Então você vai adota-la como um cachorro? -Seohyun perguntou.

– Não! Eu não! Vou cuidar dela até ela desistir dessa ideia de filhotes e reprodução. - respondi virada para Seohyun.

– Fany...

– Diga Sica?

– O que ela tá fazendo?

Eu tinha me focado só na Jessica, nem tinha reparado que Tae não estava nem mais na frente dela. Procurei-a em alguma fração de segundos, para me deparar com ela ajoelhada atrás de Jessica cheirando a parte superior da sua panturrilha e seguindo sua sessão de faro pra cima.

Meu sangue ferveu! Sinceramente o que Taeyeon fazia se passava dos limites da anormalidade. Tirei o sapato do meu pé e taquei em Taeyeon que por solte levantou mais a cabeça para que a sola do sapato pegasse direto na sua cabeça. Com o golpe ela sentou de bunda no chão e me olhou assustada.

– O que diabos você está fazendo Taeyeon!!!

N/A. Eu vou passar a responder os comentário de puppyeon pode deixar. E também vou passar a responder os comentários de MAK, pra quem nunca entendeu quando eu respondo lá era uma pista. Quando eu finalmente respondo os comentários é porque eu comecei a escrever um novo capitulo, era uma dica, mas pode deixar que agora eu respondo após ser comentado. Beijão.

Pra quem achava que eu tava morta, um beijo pq eu sou forever. inté!