Puppyeon 14 – Batatas! Batatas!

Puppyeon

Eu acabava de sair da biblioteca, na verdade agora eu estava saltitando pelo corredor do colégio, de um lado para o outro, balançando o papel que tinha em minhas mãos, de forma fervorosa.

O corredor estava deserto, e nenhum ser vivo estava lá para ver tal alegria, afinal as aulas já tinham terminado a um bom tempo, mas esses papéis me fizeram ficar por aqui algum tempo a mais. E valeu a pena, porque agora eu só queria saltitar alegremente para casa, mas quando desmanchei meu eye smile e comecei a ver com mais clareza. Eu não estava tão sozinha assim. Quando abri meus olhos por completo percebi que tinha uma pessoa na minha frente, exatamente invocada na minha frente! Não tive tempo de reagir e no meu ultimo impulso acabei batendo de frente com a pessoa. O choque fez com que eu caísse batendo o bumbum no chão e quicasse algumas vezes pra trás. Que tipo de Hulk é esse que eu bati?

Tentei sentar corretamente e massagear a “área” machucada. Nem me importei muito com a pessoa na minha frente, já que quem foi a mais atingida pela coisa enorme fui eu.

– Tudo bem com você? - ouvi uma voz feminina dizer.

Olhei um pouco pra cima e vi a mão dela estendida para me ajudar. Dei minha mão a ela e levantei-me primeiro antes de responder. Dei umas passadas de mão para limpar minha saia e finalmente levantei a cabeça enquanto falava com a desconhecida.

– Esta tudo bem, a culpa é m- Yuri?! - Eu mal consegui terminar a frase de tanta surpresa. Realmente não esperava vê-la aqui, o choque foi tão grande que senti meus olhos saltar do meu rosto de forma súbita.

– Hey Tiffany, que bom te encontrar aqui. - ela sorriu exibindo seus perfeitos dentes saudáveis. Não que eles fossem a única coisa saudável que ela tem.

– O que faz aqui?

Ela levantou um envelope para que eu visse e balançou ele um pouco no ar. Franzi o cenho olhando para aquilo e depois olhei para o rosto dela para tentar entender o que ela queria me dizer.

– Eu vim me matricular. Semana passada tinha vindo conhecer o colégio e acabei gostando. Vou me mudar pra cá no próximo semestre.

– Ah! Legal. - respondi sem saber muito que dizer a ela. Ora ou outra a cena de um passado não muito distante, dela me agarrando, aparecia para me deixar com vergonha em frente a ela.

– Sinceramente eu espero poder ficar na sua sala. E nós poderíamos nos conhecer melhor. - Yuri terminou a frase dando uma piscadela pra mim e sorrindo torto, era obvio que ela estava flertando comigo. E flertar,quem usa isso hoje em dia? Coisa de quando você jogava The Sims, Tiffany Hwang! A presença dela te faz ficar ainda mais estranha.

Não sei como e nem de onde isso aconteceu. Parece que nesse meio tempo pensando no The Sims um buraco negro se abriu no meio da terra e simplesmente cuspiu aquela garota lá. Realmente, faz quanto tempo que ela chegou? Eu juro que ela não estava aqui a uma fração de segundos atrás. Taeyeon aparecera de repente entre mim e Yuri e a encarava de forma feroz enquanto Yuri retrucava seu olhar a encarando com menosprezo. Estava aquele clima de guerra fria e sabia que se Taeyeon começasse a grunhir e mostrar os dentes as duas começariam a lutar/morder/dançar capoeira ali mesmo. E eu sabia bem que Taeyeon apesar de ser forte sairia machucada pela senhora das sete artes marciais diferentes.

Dei um leve aperto na mão de Taeyeon, o que fez ela olhar surpresa para mim. Aproveitei para dar um olhar de 'Não faça isso, está tudo bem' e por sorte ela percebeu o que eu disse, então vi seu corpo ficar menos tenso. Taeyeon voltou a olhar com Yuri, mas dessa vez não como se fosse ataca-la, mas com cautela. Isso que eu gosto entre mim e Taeyeon, não precisamos de palavras.

De qualquer maneira não queria brincar com a sorte. Preferi sair dali antes que começasse algum tipo de graçinhas verbais.

– Bem Yuri, bem vinda à escola. Eu e Taeyeon vamos agora. Bye.

Segurei firme a mão da menina baixa e a arrastei-a comigo pelo corredor da escola. Deixei bem evidente que nossas mãos estavam juntas para Yuri entender que eu não estava interessada em outras pessoas agora e para que parasse de dar em cima de mim. Era constrangedor. Além do mais a bi de toda essa história é Jessica, eu era unicamente e exclusivamente gay para Taeyeon e só para ela. Por mais que eu relutasse era impossível não se apaixonar por ela.

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No caminho de casa percebi que tinha um homem que nos vigiava de longe. Ele estava no outro lado na esquina da rua paralela, olhando fixamente para nós. Achei primeiro que ele estava assim pelo fato de estarmos de mãos dadas, mas o que ele mais reparava não era só em nós duas, era mais em mim. Tentei continuar andando calmamente até o final da rua, mas meu coração parecia acelerar assustadoramente quando ele atravessou de uma calçada a outra e veio na nossa direção. Tentei apressar o passo chamando Taeyeon, mas o homem foi mais rápido e parou na nossa frente.

Eu senti minhas pernas cederem quando ele abriu a boca e falou:

– Passa o-

– Olá! Quanto tempo eu não te vejo. Como você vai? - perguntei para o homem antes que ele acabasse de falar. Eu não sei porque eu fiz isso, mas eu pensei ‘Ah! Vai quer cola’.

Taeyeon franziu a testa e me olhou como se falasse 'Você conhece ele?' e eu tentei dar-lhe a resposta olhando rápido para ela como se dissesse 'Nunca vi na minha vida'. Eu parecia alegre em vê-lo, mas tremia por dentro.

O homem parecia confuso olhando para nós duas, sua expressão era de pura confusão por alguns instantes. Depois ele voltou a si e ordenou novamente.

– Passa o celular.

– Que celular? Eu não tenho mais celular. Eu já fui assaltada essa semana.

Parece que pelo poder do destino ou algo do sobrenatural meu celular começou a vibrar e tocar no meu bolso com a chamada exclusiva de Jessica. "Vagabunda, Jessica maravilhosa quer falar com você. Atende isso logo!"

– Passa. - ele repetiu colocando a mão em sua cintura. Assim como seus pais ordenam você a fazer quando é pego em uma mentira.

Olhei para Taeyeon, assustada com o que poderia vir a seguir. Vi que ela o encarava com raiva e que estava atenta para qualquer coisa que poderia acontecer.

– Taeyeon ataca!

Sem hesitar Taeyeon avançou como um Pit Bull selvagem e por reflexo o homem tirou algo da sua cintura. Eu sai correndo por medo e por ser uma reação que tive naturalmente, enquanto eu corria uma das ultimas coisas que vi antes de passar por ele foi vê-lo tirar uma faca debaixo da roupa. Por sorte Taeyeon pulara em seu braço impedindo de fazer qualquer movimento e ainda usando seu peso para joga-lo no chão. Corri até o final da rua e virei para ver se ela me seguia, mas ela continuava mordendo o braço do homem que gritava de dor no chão.

– Tae! Vamos!

Eu parecia ter o controle dela, porque automaticamente ela mudou sua expressão olhando pra cima e me vendo longe. Ela rapidamente se levantou e saiu correndo na minha direção. Nós duas corremos como loucas e só paramos de correr quando estávamos seguras, ou seja, em casa.

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Chegamos em casa com o coração na mão, nunca pensei que correria tanto na minha vida depois de ter corrido de Taeyeon quando eu não a conhecia. Depois de trancar a porta atrás de mim, verifiquei em trancar o resto de toda a casa de todas as formas possíveis, por um momento eu estava paranoica com a ideia de que o tal bandido poderia ver atrás de nós. Depois de me sentir segura fechando tudo, fui até a cozinha beber um copo de água e tentar me acalmar depois do maior susto da minha vida. Peguei um copo, enchi e fui bebendo lentamente para não me engasgar. Entre uma golada e outra pude ver através da transparência do vidro a outra garota que estava comigo, sentada na cadeira da bancada. Só então reparei o estado de Taeyeon.

Ela estava perfeitamente bem, tirando o fato da sua boca estar cheia de sangue e dela estar olhando pra mim como se nada tivesse acontecido. Arregalei os olhos ao ver aquela cena, só então pude notar como eu coloquei Taeyeon em perigo e como fui irracional em tal situação. 

Rapidamente mandei Taeyeon vir até mim e a direcionei a pia para limpar a sua boca. Esfreguei seu rosto até ter certeza de que estava tudo limpo, enquanto ela ficava parada aceitando que seu rosto fosse esfregado de um lado para o outro, como uma criança. Depois de limpa me afastei um pouco e a olhei por completo, verificando que ela estava realmente bem e que não tinha se machucado. Depois do alivio eu comecei a pensar melhor.

– Taeyeon! O que você estava pensando? Por que você mordeu o cara?! Você está fora de si? Você poderia ter morrido.

– Mas você disse.

– E você me escuta?! Não faça isso, eu estava em pânico.

– Mas-

– Yah! Eu sou doida também. Aceito que somos farinhas do mesmo saco.

– Somos farinha? Não somos humanos?

– Aish!

Revirei os olhos, sai da cozinha e fui pra sala para andar de um lado para o outro e pensar um pouco. Eu estava com raiva, mas não dela e sim de mim por coloca-la em perigo. Eu começava a pensar que eu não era o melhor para Taeyeon e entre outras coisas que ficavam vagando na minha cabeça. Uma delas era por não a policia no meio, só deixaria meu pai mais preocupado e vigilante sobre mim e consequentemente com Taeyeon, ao certo eu nem sabia o que fazer. Mas se nós duas estávamos bem então para mim estava ok, já não digo o mesmo do cara sem um pedaço do braço. Se bem que ninguém mandou ele assaltar uma menina que pensa ser cachorro.

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Com o passar da tarde eu pude espairecer melhor e tentar esquecer o fato ocorrido, enquanto Taeyeon tentava ler mais livros infantis que eu tinha dado a ela. A cena dela lendo me fez lembrar uma coisa que eu queria dizer a ela desde a escola, o tal motivo de Tiffany Hwang estar feliz. Fui até a minha bolsa e tirei de lá dois papéis e fui correndo até o tapete aonde Taeyeon lia. Pulei em sua frente e balancei os papéis sobre o livro que ela estava lendo.

Taeyeon não entendeu muito e olhou para mim e para as folhas antes de inclinar sua cabeça fofamente para o lado e cruzar as sobrancelhas como se não tivesse entendido o que se passava. Antes que ela perguntasse eu tive a felicidade de matar a sua curiosidade.

– Sabe o que é isso Taeyeon? - perguntei retoricamente. – Isso aqui são dois papéis de permissão para você ir a uma viagem de excursão para as províncias de Gangwon. E eu passei mais tempo da escola hoje pesquisando, você sabe, e imagina o que eu e estava pesquisando? - não deixei ela pensar e logo respondi minha pergunta. – Sobre cães selvagens, e sabe, atualmente não tem muitos, mas os que tem ficam em regiões montanhosas e adivinha. Gangwon é o local mais montanhoso da Coréia que eu conheço. Eu não sei de onde você vem, mas é uma probabilidade, certo. E como vi que o segundo ano iria fazer essa viagem eu pensei que seria uma oportunidade de sei lá, pelo menos tentar encontrar sua matilha.

Terminei de falar com um sorriso.

Quando verifiquei a reação da Taeyeon realmente me surpreendi. Eu não imaginava que ela estaria daquela forma, mais sem palavras do que ela já era. Seus olhos pareciam brilhar e sua boca mexia involuntariamente parecendo murmurar alguma coisa, porém não dizia nada por falta de palavras. Ela só conseguia formar um meio sorriso enquanto tentava encontrar palavras.

– Você não está interessada em descobrir como fiz isso?

Meio confusa ela balançou a cabeça e continuou ouvindo atentamente, acompanhada de um sorriso enorme.

– Eu contei uma mentira do bem dizendo que você é uma prima minha de longe que vai ficar na minha casa na mesma semana do passeio e que não teria ninguém pra cuidar de você, então eu pedi a ele que eu a levasse. O professor disse que precisava da assinatura do seu responsável e uma coisinhas a mais que eu consigo pra você. Pode falar, eu não sou um gênio.

Taeyeon não fazia nada além de sorrir e me olhar com admiração.

– Não vai dizer nada Tae?

Taeyeon deixou o livro de lado junto com os papéis e engatinhou até perto de mim. Ela segurou suavemente meu rosto com as duas palmas das mãos de forma que moldasse perfeitamente minhas bochechas. De forma delicada ela puxou meu rosto para perto dela, inclinou a cabeça e me beijou com ternura por alguns segundos até se afastar de novo e olhar nos meus olhos enquanto seu polegar acariciava meu rosto. Eu estava surpresa, mas fiquei ainda mais admirada quando ela se aproximou novamente e me abraçou forte. Como um ato silencioso de agradecimento ela permaneceu quieta me abraçando por um bom tempo. Correspondi o abraço passando a mão nas costas e a acariciando, enquanto afundei a minha cabeça em seu pescoço eu murmurei de forma branda:

– Você está tentando dizer "obrigada"?

Ele balançou a cabeça levemente em um aceno de sim.

– De nada Taetae.

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O sol tinha se posto há um bom tempo, conseguíamos fazer tudo que deveria ser feito e já estava chegando a hora de dormir, mas antes disso deveria explicar a ela as alterações que sofreríamos em nossa rotina.

A vi saindo do banheiro vestindo pijama e balançando a cabeça, sacudindo o cabelo meio úmido de um lado para o outro para tentar seca-lo. Era engraçado ver essas meio manias de cachorro, mas deixei a diversão de lado e tentei encara-la de modo meio sério.

– Taeyeon. - falei firme. Isso fez com que ela parasse de sacudir a cabeça e olhasse pra mim atentamente.

Dei uma leve tapinha da cama indicando que eu queria que ela sentasse ali. Taeyeon obedeceu e sentou ali, já pronta a ouvir o que eu tinha a dizer.

– Olha, você sabe que faremos uma viagem daqui a um mês, certo. - ela balançou a cabeça alegremente. – Mas as escolas não simplesmente te levam a um lugar porque eles são legais. Nada é de graça, você deve dar algo a eles para que eles te levem lá. Afinal nós pagaremos um ônibus, comida e local para ficar e as pessoas não dão isso de graça. Devemos dar algo em troca. No caso dinheiro. Meu pai vai pagar a minha viagem, mas ele não vai pagar a sua. Então para você ir, eu tenho que pagar pra você.

– Eu quero pagar. - ela me interrompeu. Seu tom parecia meio triste por ver que eu estava fazendo tal coisa por ela.

– Calma Tae, deixe-me explicar. Eu vou começar a trabalhar em meio período e quando meu pai estiver trabalhando, então ele não vai saber. Meu amigo me indicou há um tempo para trabalhar lá e por sorte ainda tem vaga para mim. Então começarei a trabalhar amanhã no Mc DoDo.

– Eu também quero! - Tae interrompeu novamente, animada.

– Você não pode. Você não tem nenhum tipo de documento que possam te empregar, é algo complexo pra você. Mas você não tem varias coisas e por isso você não consegue trabalhar e nem eu consigo fazer um desses papéis falsos pra você, agora.

– Mas... Você estuda e seu pai trabalha. Você deve trabalhar ou estudar.... Você faz os dois porque eu não posso fazer nada, certo?

Ela parecia triste, quase frustrada com tudo aquilo. Ela se sentia inútil, e acredite eu sei como é. Sendo a caçula dos meus três irmãos eu sei o que é ver eles fazendo tudo enquanto você não pode fazer nada. É um sentimento horrível, mas tentei acalma-la.

– Você pode me ajudar. - logo vi que seu humor voltou e ela passou a olhar pra mim atentamente. – Se comporte aqui em casa e você sabe os horários que pode sair e ficar no quarto. Se você se comportar e não criar bagunças você vai me ajudar muito.

Seu humor voltou a nada com isso. Por mais que eu tentasse ajuda-la dizendo que aquilo era alguma coisa no final das contas eu só pedia pra ela não ser um problema. O que era mais chato ainda. Vendo que ela não se animava muito tentei melhorar o humor dela de novo.

– Se você quiser pode ver aonde eu trabalho amanhã. Que tal?

Era como se com aquela frase eu pudesse ver suas orelhas imaginarias levantando e seu rabo se abanando de um lado para o outro com aquela noticia. Era obvio que ela queria.

– Ok. Então amanhã depois da aula você vai lá ver como é. Ok?

– Sim! - ela respondeu animada.

Passei a mão sobre sua cabeça afagando e disse:

– Ok, agora vamos dormir. Amanhã será um longo dia.

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Na manha seguinte eu mal pude perceber que as aulas voavam e devido as varias aulas que eu gostava nem percebia que o sinal acabara de bater para sinalizar o fim do ultimo período de aula. Outra coisa que não percebi e na verdade esqueci é que eu deveria matar Jessica por botar aquele toque de celular ridículo e me ligar em uma hora crucial como aquela. Mas eu sei que tenho vários capítulos para fazer isso.

Todos pegavam suas mochilas e começavam a guardar seus cadernos. Mais do que de pressa fiz o mesmo e fui correndo para saída. Como esperado Taeyeon se encontrava sentada do outro lado da rua, se entretendo com algumas folhas que ela despedaçava com as mãos. Ela não tinha percebido minha presença do outro lado da rua, então assobiei para chamar sua atenção. A garota de outro lado da rua levantou a cabeça quase que de imediato procurando o som até que seus olhos pararam sobre mim. Fiz o sinal com a mão para que ela visse e rapidamente ela o fez, correndo pela rua e parando do meu lado. Quase inquieta.

– Você parece mais animada do que eu.

– Sim. Hoje vai ser emocionante. - ela disse.

– Sim, sim. Trabalhar é emocionante. - respondi com ironia.

Continuamos andando por uns sete minutos, a lanchonete era entre o caminho da escola até minha casa o que fazia ir ao trabalho algo bem fácil. Chegamos ao estabelecimento que não estava tão cheio e procurei meu chefe, ciente que Taeyeon me seguia. Conversei com ele sobre meu uniforme e sobre o que eu faria, quando ele teve certeza que eu sabia de tudo ele me dispensou para o trabalho e eu tive que dispensar Taeyeon para que eu pudesse trabalhar.

Deixei que ela ficasse sentada em uma cadeira em uma mesa no canto do estabelecimento e disse para se comportar bem enquanto estivesse lá. Ela balançou a cabeça avidamente e ficou parada me olhando ir para trás do caixa. O que eu deveria fazer era simples, apenas apertar os botões dos pedidos  no computador que passava para o pessoal da cozinha. Era bem fácil e simples, fiquei feliz por pegar um emprego fácil como esse. Na verdade eu soube que eu pegara um trabalho facil quando ele disse "você tem um rosto jovem e bonito, acho que te colocarei no caixa, assim acho que os clientes podem voltar mais vezes para ver seu lindo sorriso."

Acho que ter um sorriso que as pessoas chamam de "radiante" pode ter suas vantagens.

Pelo trabalho não exigir muito de mim eu podia ora ou outra olhar para onde Taeyeon estava. De relance da ultima vez que eu olhei pela sua expressão ela parecia meio entediada por ficar sentada ali, mas eu não me importei muito, afinal ela pediu para estar ali e era melhor que ficar em casa. Entre algumas dessas olhadas vi que ela tinha sumido da cadeira onde estava. Eu fiquei um pouco preocupada, mas não podia parar de trabalhar para procura-la. Enquanto eu atendia uma pessoa e outra eu tentava olhar sobre seus ombros e procurar por ela. Mas aquela baixinha parecia ter evaporado dali.

Passaram mais algumas pessoas na fila. Eu atendia o mais rápido possível para que não tivesse mais ninguém na fila para que eu pudesse procura-la, mas quando a fila estava quase acabando e um homem alto acabara de sair do meu campo de visão, pude ver aquele rosto conhecido se aproximando do caixa.

Taeyeon apoiou seus braços no balcão e sorriu enquanto dizia:

– Eu quero batatas!

– Você tem como pagar?

– Pagar? - ela inclinou a cabeça e franziu o cenho, confusa.

– Se você não tem o dinheiro e nem um cartão você não pode pedir uma coisa, pra conseguir comida você deve pagar.

Ela balançou a cabeça levemente como se tivesse entendido o que eu disse e ficou olhando para o chão, meio envergonhada.

Eu baguncei o seu cabelo e pedi para que ela voltasse para o lugar dela. Taeyeon silenciosamente voltou para a cadeira e ficou brincando com suas mãos para se entreter sozinha. As horas se passaram e ela continuava lá brincando consigo, mas diferente de antes uma garota que eu não conhecia estava na mesa junto com ela. Eu não dei muita importância, se eu não me irritei até agora trabalhando não vai ser por causa dessa garota que eu vou me importar. Continuei fazendo meu trabalho com foco, até que eu ouvi uma voz alta que chamou minha atenção.

– Aah! Que linda, ela é tão fofa.

Levantei meu olhar e vi o lugar onde Taeyeon estava, que agora tinha mais três garotas, uma delas apertando a bochecha de Taeyeon. Eu fuzilei aquela fogosa com todas as minhas forças, se dependesse de mim ela seria carbonizada ali mesmo, mas como eu não tenho esse poder. Apenas respirei fundo, deixei o ar sair lentamente pela boca e voltei a trabalhar.

Contava os segundos para dar a hora de sair do trabalho, o que eu tive de ouvir dessas garotas já me estressava demais. Pior ainda foi quando vi que Taeyeon começava a interagir com as quengas de lanchonete. Ai sim que agucei mais ainda meu ouvido para ouvir o que diziam. Eu me arrependo ainda mais, pois tive que ouvir Taeyeon dizer algo como:

– Como não! Todos temos que reproduzir.

Eu olhei para as garotas na mesa pensando que elas ficariam assustadas com tal frase, mas elas apenas riram e acharam Taeyeon ainda mais fofa.

Definitivamente eu queria que uma morresse ali mesmo, entretanto o que eu pude fazer foi olhar para o relógio na parede e ver que só faltava mais dois minutos para acabar aquele experiente eterno. Por fim deu a hora e finalmente fui para área dos funcionários trocar de roupa e voltar para o restaurante e acabar com toda aquela palhaçada.

Ao pisar lá olhei diretamente para o meu alvo, de costas para mim, e consequentemente de frente paras pirainhas. Andei marchando até parar atrás dela, o que fez todas as outras garotas olharem para mim, menos Taeyeon, ela era lerda demais pra isso.

Cutuquei suas costas e finalmente ela virara para mim. Me encarando com um sorriso e duas batatas atravessadas na sua boca.

– Olha Fany! Eu tenho super caninos! Roar!

– Para com isso. - olhei pra ela com desdém.

Taeyeon rapidamente engoliu as batatas da sua boca e erguem o pacote para mim.

– Você quer batatas?

– Eu não quero batatas.

– Batatas são boas, por que você não quer batatas?

– Já falei. Porque não quero comer batatas.

– Mas essas batatas são de graça. Coma batatas! Batatas!

– Para! Essa palavra nem mais sentido tem!

– Tem certeza?.... Batatas?

Taeyeon era o único ser do universo que conseguia me irritar facilmente de uma maneira desumana. Dei um leve tapa na sua cabeça e imediatamente ela entendeu que eu não queria definitivamente as malditas das batatas. Levantei meu olhar para encarar as meninas da mesa, mas parecia que elas já estavam fazendo isso antes. Elas me olhavam com desdém, como se eu tivesse acabado de espancar um filhote de cachorro. Sentia que elas queriam me matar ali mesmo. Não apenas senti como ouvi uma delas brigando comigo.

– Quem você pensa que é para falar assim com a nossa Taeyeondog?

Na minha mente se passava automaticamente o que diabos era Taeyeondog, como ela tinha ganhado esse apelido em tão pouco tempo e porque elas estavam me atacando desse jeito só porque dei um tapa de leve, como se eu já não tivesse feito pior. Sinceramente eu preferi filtrar as ladainhas delas com outra coisa, como batatas. Porque eu não estava a fim de bater boca com nenhuma delas no meu ambiente de trabalho. Infelizmente eu não era surda e eu ouvi algumas coisas como "Você vai ficar sozinha pra sempre" e algo como "Você não é nada dela para trata-la assim" que sinceramente me deu vontade de falar "Tomai em vossos cus!", entretanto eu preferi respirar fundo e dizer:

– Taeyeon, vamos pra casa. - após isso dei meia volta e fui andando.

Como eu já imaginava, sem que eu visse já sabia que Taeyeon levantara e me seguia para fora do estabelecimento. Quando eu pensai que finalmente eu conseguiria minha paz o gerente apareceu do nada na minha frente, olhando fixamente para Taeyeon e depois para mim.

– Ela é sua amiga? - o meu chefe disse apontando para Taeyeon, que estava confusa demais para responder alguma bobeira sobre reprodução e macho alfa. E antes que ela falasse eu tomei a frente.

– Taeyeon é minha prima, por quê?

– Sua prima não gostaria de trabalhar aqui?

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Thank you!
Anaforever
Escrevendo puppy em meu tempo livre. só deu 2588 palavras. não posso publicar só isso T-T

Comments

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TaegangerBR
#1
Chapter 15:
_Yui-Chan
#2
Chapter 15: saudades dessa fic T_T
biasnsd #3
Chapter 15: fany não deixe a Tae ir
tae fica com a fany vai

que bom que vc não paro com a fic :)
SweetPotatos #4
Chapter 15: OMG PUPPYEON!!!
Achei q vc era um dos autores q desistiram depois de khunfany/baekyeon :/
Q bom q não! amo pupyeon, essa Tae é uma graça s2s2
o q será q vai acontecer? ela tem q ficar juntas!
o Jeito q a Tae faz as coisas, de abraçar a Tiff e tal, por instinto é tão s2
atualiza logo ^^
lihrr3 #5
Chapter 15: Olá, quanto tempo.
Tae tem que ficar com a Fany :C cara, essa Tae é uma fofura <3
Espero que você não demore muito pra postar o próximo ;))
SouUmMushroom
#6
Chapter 15: atualização dei um pequeno gritinho de alegria >//<

esse cap ficou muito bom,como sempre, mas esse final ne deixou com o coração na mão (sou bobona mesmo) T^T espero que fique tudo certo entre as duas hehe

pls não demore pra atualizar =D e vou te acompanhar no instagram e no cantinho do pensamento tbm ;-)

chu ~<3
Kwons-
#7
Saudades de ler puppyeon ;-;
daniela1894 #8
Chapter 16: continue por favor
AJKJKryBer
#9
Chapter 16: Atualiza a fic sim pq puppyeon é amor, é vida e tudo que há de bom s2 autor por favor continua *-*
KaiKimTaeNy #10
Chapter 16: Amo quando você atualiza :3 deixa eu amar mais? *u*