A semana se passara e todos descansavam depois de estarem mais aliviados de receber as provas. Meus amigos saiam de tarde para se divertir e ter um pouco de conforto parar espairecer depois das provas. Menos eu, eu passava todas as tardes ensinando a Taeyeon coisas novas que ela deveria saber sobre a vida. Especialmente hoje eu a ensinara a escrever, peguei um dos meus antigos cadernos e dei a ela para que pudesse aprender a função das letras, numerais, entre outras coisas e finalmente ela soube a função de uma caneta.

Enquanto ela se concentrava para escrever corretamente cada letra eu mexia no meu projeto de vulcão. De modo escondido eu já começava a molda-lo com a massa para que no final de semana pudéssemos vê-lo entrar em erupção. Fazia tudo isso escondido, eu queria que fosse uma surpresa, mas era difícil fazer isso, pois Taeyeon era mais inteligente do que eu pensava. Mais uma vez ela bateu na porta do quarto e entrou logo em seguida, quase não me dando tempo de esconder o vulcão. Mas por sorte acho que o fiz sem que ela visse.

– Acabei Fany. - ela disse erguendo o caderno todo rabiscado pra mim.

– Você aprende rápido Tae. Sua letra é legível. Parabéns.

Ergui minha mão e afaguei sua cabeça como recompensa. Em resposta ela fechou os olhos e sorriu, empurrando a cabeça contra minha mão para sentir mais o toque. Me senti estranha e logo recolhi minha mão de volta.

Taeyeon abriu os olhos e logo começou a fungar.

– Fany, está sentindo esse cheiro?

– Que cheiro?

– Esse cheiro estranho. Nunca senti antes. - ela dizia enquanto fungava pelo ar a procura do cheiro e consequentemente mais perto do vulcão. Talvez fosse da massa.

– Taeyeon! - gritei com susto. Ela virou imediatamente pra mim, surpresa.

– Aqui. - peguei um livro infantil da minha estante e ergui pra ela. – Tente ler isso. É fácil.

Taeyeon desistiu de procurar o cheiro, pegou o livro, deu meia volta e saiu do quarto. Saltitando, feliz por tentar ler mais uma coisa nova.

Eu finalmente pude suspirar e me jogar completamente na cadeira. Essa foi por pouco.

Fazia algumas horas que meu projeto surpresa de vulcão estava pronto. Certifiquei de guarda-lo em um lugar bem escondido para que ela não encontrasse. Com ele terminado fui para sala ver como Taeyeon se saia com o seu primeiro conto infantil como leitura. Ela estava sentada no sofá com os pés em cima do mesmo e com os joelhos colados ao seu corpo, o livro fora posto no sofá e Taeyeon lia a essa distancia sem problema algum. Reparei também que uma hora ou outra uma mecha de cabelo atrapalhava sua visão e ela já estressada pegava o cabelo e jogava de qualquer maneira para trás. Pela primeira vez reparei no grande cabelo ondulado e castanho que ela possuía, era lindo, mas, no entanto era meio mal tratado e não fazia o estilo dela. Reparei naquilo por um longo tempo, até que tive uma ideia.

– Tae.

Ela se assustou, provavelmente por não notar que eu estava na sala com ela. Taeyeon olhou pra mim, mas não disse nada, entretanto eu sabia que essa era sua forma de dizer que estava prestando atenção.

– Você gostaria de cortar o cabelo?

Taeyeon olhou para uma mecha que acabara de cair sobre seu olho e voltou a me encarar por um tempo. Acho que não conseguiria respostas por ela não entender o que eu dizia, então estendi a mão e fiz sinal para que ela visse comigo. De forma obediente Taeyeon veio até mim, segurando minha mão, e deixou que fosse levada para qualquer canto. Que no caso foi o banheiro. Peguei um banco para ela e a fiz sentar enquanto eu procurava uma toalha e uma tesoura para começar o trabalho.

– Desculpa por não poder te levar a um salão, mas o dinheiro que eu tinha foi gasto em um vul- um projeto e meu pai ia desconfiar se eu pedisse dinheiro a ele e voltasse com o cabelo da mesma forma.

Taeyeon não respondeu a isso também, só ficou quieta, me vendo fazer o que tinha que fazer.

Passaram-se alguns minutos e finalmente cortei o cabelo dela com um penteado que pensei que ficaria lindo. E por incrível que pareça, eu estava certa. Aquela franja fez ela ficar incrivelmente fofa de modo que seu rosto se tornara completamente apertável e seu cabelo curto parecia deixa-la mais bonita também, afinal ela era do tipo que corria, pulava e rolava por ai. Sem o cabelo a atrapalhando seria melhor ainda.

Peguei um espelho e virei de frente a ela. Taeyeon tomou um pequeno susto, mas depois encarou o espelho com curiosidade e então começou a brincar com o próprio reflexo.

– Então, gostou?

– Eu tenho esse cabelo na frente como você agora. - Taeyeon disse apontando pra minha franja.

– Oh sim. Ficou muito bonito em você também.

Ela concordou com a cabeça e deu um grande sorriso sincero. Não sei o que passou com o meu corpo depois de ver essa cena, eu simplesmente senti que podia derreter, a forma calorosa e pura de Taeyeon fazia meu coração pulsar mais rápido, cada vez mais.

Agora era de noite e apesar de ser sábado eu não tinha muito que fazer, muito menos Taeyeon que teve que ficar no meu quarto lendo o livro, pois meu pai tinha voltado do trabalho. De qualquer forma aquele simples livro a entreteve pela tarde toda, o que deixou ela quieta e inerte de fazer alguma besteira ou algo relevante.

O sono começava a bater e de qualquer forma e eu queria dormir cedo para ir ao parque com ela na manha seguinte. Então coloquei minha roupa de cama e escovei os dentes para me preparar para dormir. Quando voltei para o quarto vi que Taeyeon ainda se mantinha focada no livro, mas começou a parecer mais animada quando cheguei perto da cama.

– Fany-ah acho que eu consigo ler ele todo e bem. - ela dizia enquanto quicava na cama, toda contente por tal feito.

– Ah é? Você quer ler pra mim?

– Sim!

Com essa resposta eu voltei até a parede desligando as luzes e deixei somente a do abajur acesa. Vi Taeyon ajeitando o travesseiro na cabeceira da cama e se encostando lá. O clima parecia reconfortante e tudo era completamente nostálgico pra mim. Naturalmente deitei na cama e puxei as cobertas para que nós ficássemos quentes, tirei uma mão de Taeyeon do livro e passei seu braço ao redor do meu corpo. Agora eu estava praticamente deitada em Taeyeon, apoiando minha cabeça sobre seu peito e me aninhando para ficar mais aconchegante para ouvir sua leitura.

Antes que ela começasse eu olhei para cima pra dizer algo, mas por um segundo eu vacilei por ver seu rosto tão próximo ao meu. Suas bochechas estavam intensamente avermelhadas e seus olhos brilhantes pareciam estar perdidos nos meus, como se eu a tivesse pego de surpresa. Tentei levar esse clima estranho para longe dizendo:

– Você sabia que minha mãe lia essa história pra mim antes de dormir? Fico feliz de poder ouvir de novo. - sorri de modo genuíno. Fazia tanto tempo. – Pode começar.

Virei minha cabeça de novo para ver as figuras do livro que a tanto tempo não via. Encostando minha cabeça em Taeyeon pude ouvir o engolir de saliva antes dela começar a ler. Tae lia de forma vagarosa e um pouco insegura, até conseguir engatar e ler normalmente. Sinceramente eu não me importava com algumas palavras e nem ouvi muita coisa. O som da batida selvagem do seu coração parecia mais interessante, ele pulsava como um louco enquanto sua voz era o oposto de tão serena que estava.

E meu sono foi embalado entre esses dois opostos. Eu não sei quanto tempo durou ou quando foi a hora exata que eu dormi, mas uma das ultimas coisas que lembro de ter ouvido foi.

"Basta observar as pessoas ao seu redor. Cada uma delas guarda em seu coração uma parte desse tesouro. Não são as roupas ou a beleza física que causa a verdadeira atração. São os atributos da alma. Quando puder identificar isso, faça o esforço para que também você possa se tornar alguém assim."

– Tiffany! Fany... Tiffany. - ouvi uma voz grossa me chamar.

Eu morri? Estou no céu ou algo do tipo? Mais uma vez a voz grossa me chamou e dessa vez me balançou um pouco, segurando meu ombro suavemente. Abri meus olhos em pequenas fendas, mesmo não vendo muita coisa eu pude ver um vulto alto na minha frente. Fechei os olhos e esperei dormir. Porém mais uma vez essa voz era insistente e me chamara.

– Tiffany acorda. Agora!

Com o grito eu imediatamente acordei e apoiei meu corpo pra ficar sentado sobre a cama. Olhei pra cima e vi meu pai parado ao lado da minha cama. Ao vê-lo no meu quarto meu corpo inteiro gelou, pude sentir meu olho saindo de suas orbitas, meu coração bateu forte e uma única palavra se passava pela minha cabeça agora. Taeyeon.

Olhei ao redor da minha cama e não vi ninguém, espichei meu pescoço sobre os ombros do meu pai e olhei por todo quarto e nada também. Ele teria visto Taeyeon? Ou pior. Ele teria expulsado Taeyeon?

– Filha, algum problema?

– Não, nenhum appa. Algum problema com você?

– Acho que não... - ele disse estranhamente franzindo as sobrancelhas pra mim, mas depois voltou a falar. – Vim avisar que vou sair cedo hoje, pois tenho que resolver uns problemas de trabalho. Fiz seu café da manhã, ok? Desculpa por não passar o domingo com você.

– Tudo bem appa. Pode ir, vou voltar a dormir.

Ele sorriu, passou a mão na minha cabeça e se virou para sair do quarto, mas parou quando viu em cima da cômoda as roupas de Taeyeon, que na verdade era da tal Sunny. Acho que agora ele descobriria. Ele continuou olhando por um bom tempo, mas no fim deu os ombros, virou se e simplesmente disse:

– Só não durma muito. Aproveite o dia lindo que está lá fora.

Eu só balancei a cabeça e esperei que ele fosse embora para soltar o ar que eu segurava todo esse tempo. Esse definitivamente foi o maior susto que eu tomei na vida.

Alguns minutos se passaram e eu pude ver uma cabeça saindo debaixo da cama e olhando para a porta com cautela. Taeyeon arrastou seu corpo pelo chão e virou-se olhando para mim.

– Foi por pouco.

Como uma boa filha segui os conselhos do meu pai e sai para tomar um ar no parque. Eu, Tae e minha caixa de papelão. Durante todo o caminho descendo rua a baixo Taeyeon olhava com curiosidade a caixa e vez ou outra tentava espiar o que tinha dentro dela.

– Taeyeon, você vai mesmo ficar olhando o que tem aqui? É uma surpresa. Se você olhar antes da hora vai estragar tudo e não vai ter mais nada.

Taeyeon obedientemente parou de xeretar a caixa. Ela se segurou até entrarmos no parque e achássemos um bom lugar para ficar. Observando todo o local consegui achar um canto com sombras, solitário, plano e cheio de flores ao nosso redor. Era um lugar lindo no parque no qual nunca tinha ido, enfim, era perfeito para cumprir uma das minhas promessas.

Eu sentei no chão normalmente, mas a garota na minha frente mais do que de pressa se jogou no chão, cruzou as pernas e ficou encarando a caixa, de vez enquanto ela tentava cheira-la. Mas parece que Taeyeon ficou um pouco mais discreta a respeito de farejar as coisas em publico.

Sem querer tortura-la mais, abri a caixa e tirei de lá o vulcão e o coloquei sobre a grama. Olhei bem para o rosto de Taeyeon e procurei ler toda usa expressão facial. Ela estava com os olhos arregalados e sua boca formava um 'O' de tanta surpresa. Tiffany Hwang, você conseguiu.

– O que é isso Fany-ah?

– Como o que é isso? Um vulcão! - disse indignada.

– Parece uma bunda. - Taeyeon falou inclinando a cabeça pro lado.

– São montanhas Taeyeon, eu fiz de forma realística. Uma cadeia de montanhas e no topo da mais alta delas um vulcão.

– Parece algo saindo da bunda.

– Yah! Vai ficar menosprezando meu vulcão?!

– Não! É-é-é uma bela bunda. Vamos! Coloca pra funcionar. - Taeyeon parecia querer amenizar o clima sutilmente. Ela acha que sou boba. Eu sei o que esse sorriso falso e essas batidas de mão são por pura pena da minha montanha perfeita.

– Aish.

Peguei os materiais necessários de dentro da caixa e os joguei dentro do orifício do 'vulcão' e esperamos para vê-lo entrar em erupção. Se passaram alguns segundos e logo a espuma vermelha começou a jorrar por todos os cantos até que finalmente o efeito passasse. Pra mim era algo besta, mas Taeyeon parecias se divertir vendo aquilo. Seus olhos estavam vidrados na falsa lava e quando finalmente acabou ela conseguiu tirar os olhos de lá.

– Fany-ah você é a melhor! É tão legal como uma coisa pode virar outra.

Eu não disse nada, nem respondi, mas estava feliz. Vê-la sorrir por mais clichê que seja, me deixava feliz também. O momento do vulcão passou e o deixamos de lado, gastando nosso tempo agora em fazer outras coisas como observar a natureza ou simplesmente descansar um pouco. O dia estava maravilhoso, inclusive para fazer nada. Esperava que fosse essa coisa pacífica o dia todo, até que a inquietude de Taeyeon fez com que ela descobrisse coisas novas.

Quando olhei pra ela vi que estava brincando com dentes-de-leão, assoprando-os e vendo as pétalas voarem com o vento. Ela pegou mais algumas e assoprou.

– Isso parece legal. - disse enquanto levantava da grama e procurava um dente-de-leão pra mim também.

Por sorte achei um ao meu lado, tirei-o do chão a enchi o pulmão para assoprar. Antes que eu o fizesse as pétalas já voaram, olhei para frente e vi Taeyeon sorrindo por tê-las assoprado antes de mim.

– Yah! - empurrei o braço dela. – Por que fez isso?

Taeyeon mostrou a língua pra fora e a balançou, fazendo um barulho estranho para que eu risse. Deu certo e a pequena raiva que eu tinha por aquilo passou e logo fui procurar outro dente-de-leão. Achei mais um próximo dali e quando ia sopra-lo, Taeyeon apareceu de novo e levou as pétalas para longe de mim.

A coisa tinha se tornado pessoal.

Ficamos lutando pelo assopro das flores, infelizmente Taeyeon era mais rápida que eu, e nunca conseguia assoprar uma sequer, até que ao longe eu vi uma solitária e a ultima flor. Nós nos encaramos, tendo certeza que cada uma de nós viu a flor. Corremos até ela e por sorte eu consegui arranca-la primeiro, mas Taeyeon não queria perder facilmente. Ela colocou a mão sobre a minha e levou a flor para perto do seu rosto. Eu também não queria perder e não assoprar pelo menos uma, então me aproximei dela e assoprei as pétalas. Por sorte eu tinha sido mais rápida que Taeyeon, tenho certeza. Porque as pétalas voaram para seu rosto, o que fez ela fecha-los e balançar um pouco a cabeça para se livrar delas.

– Eu ganhei. - sorri vitoriosa.

Taeyeon finalmente abriu os olhos e olhou diretamente pra mim. Só agora eu notei o quanto nossos rostos estão próximos. Fiquei sem qualquer tipo de reação ao vê-la em encarar daquele jeito.

Senti meu coração batendo alto agora, sentia tão forte que pensei que ele seria capaz de estourar através das minhas costelas e quando inalava eu pude sentir o cheiro doce de Taeyeon. Já ela, não fazia nada além de olhar nos meus olhos, como se tivesse perdida neles, mas por um curto momento. Ela quebrou o contato visual e seus olhos foram descendo até pousar em meus lábios. Talvez... Talvez ela queria me beijar agora.

Eu não sei se ela queria mesmo isso, mas... mas eu queria.

Fechei meus olhos, inclinei minha cabeça e me aproximei, fechando a pequena lacuna que estava entre nós. Finalmente, mal posso acreditar, eu estava beijando Taeyeon.

Seu corpo enrijeceu, pude sentir isso pelo toque de sua mão, mas lentamente foi suavizando e finalmente Taeyeon começou a responder o beijo. Era bom, seus lábios eram quentes, era suave a forma de como ela correspondia. Não durou muito tempo e logo nossos rostos se separaram, quebrando o beijo.

Mesmo da curta distancia que nossos rostos estavam, tentei analisar cada expressão do rosto de Taeyeon. Se eu fiz certo, se eu realmente deveria ter feito aquilo. Mas eu não conseguia, estranhamente ela mantinha os olhos fechados e lentamente ela os abria até olhar para mim novamente.

Ela estaria assustada? Ela achou estranho? Porque ela parece tão ilegível agora? Seus olhos de ônix me encarando só me deixava mais assustada a respeito disso tudo. Faça algo Taeyeon.

Taeyeon parecia ler minha mente, ele colocou a mão livre no meu rosto e sutilmente puxava-me de novo para o segundo beijo. Era minha vez de arregalar os olhos de surpresa. Seus lábios sendo pressionados contra os meus, eu simplesmente poderia derreter. Sua mão vagou para minha nuca e não precisou mais do que isso para que eu começasse a sentir todas as vertigens.

Decidi ajuda-la inclinado mais a cabeça, permitindo mais acesso. Embora ela fora inexperiente eu era incapaz de negar, adoro a sensação dos lábios dela. Eu realmente os amo, a ponto de não perceber que um curto gemido acabara de ser feito por mim.

Senti um frio repentino e senti que Taeyeon se afastara. Ela olhava para mim um pouco assustada. Acho que ela pensava que eu estava sentindo dor. Algum dia eu teria que desmentir essa história.

Sorri para ela, para acalma-la e isso funcionou pois Taeyeon sorriu de volta e pude ver que ela ficou mais calma, parecia meio perdida, mas sabia que tudo estava bem. Passou-se um silencio constrangedor. Nós não sabíamos o que fazer e estávamos meio sem graças com aquilo. Inclusive Taeyeon que ficava com as bochechas mais vermelhas a cada momento, ela não sabia pra onde olhar, mas enfim ela parou de encarar os lados para olhar pra mim de novo.

– Tiffany....

– Hmm.

– Eu amo você?

Sorri com aquela declaração meio confusa e com a forma que ela tinha dito fiz isso parecer incrivelmente fofo.

– Taeyeon. - disse sorrindo para ela. – Eu amo você também?