– Eu não acredito que isso é possível, sinceramente Taeyeon não é possível. Ele só pode ta querendo te sequestrar e contrabandear seus órgãos para Cisjordânia. - eu reclamava, ainda perplexa ao relembrar a proposta.

  Parei de caminhar de um lado para o outro, pisando firme meus pés contra o piso do meu quarto e olhei para ela, que estava sentada na minha cama, e olhando para mim silenciosamente. Ela aparentava não entender o porque dos meus sentimentos, ela se mantinha parada observando tudo que eu falava.

  – Você entende?! Ele quer que você trabalhe no Mc DoDo sem carteira assinada só porque ele acha que o movimento aumenta com você lá. Ele acha que você é a gênio das batatas. Só porque aqueles projetos de piriguete ficaram te mimando hoje que quer dizer que amanhã elas voltem. Arg! Esse mundo fica mais sem sentido, a cada dia que passo com você. Se bem que, você pensa que é um cachorro. Isso já não é normal.

  Voltei a rodear meu quarto com as fortes passadas, mas o pensamento de saber o que ela pensava sobre isso me fez parar e olha-lha mais uma vez. Ela mantinha sua atenção em mim sem dizer nada, apenas movimentando o pescoço para me seguir com o olhar.

  – Nada a dizer? - perguntei levantando uma sobrancelha.

  – Eu gosto de batatas, mas quero experimentar esse tal de sorvete.

  – Sinceramente. - esbravejei e joguei meu corpo na cadeira. – Afinal de contas você quer fazer isso?

  – Se isso for te ajudar a pagar a viagem.

  Olhei pra ela e suspirei calmamente. Pelo o que parece isso soou como um sim, afinal creio que ela não gostaria de ficar em casa de qualquer forma.

  Virei minha cabeça para o lado e comecei a pensar se isso realmente daria certo, se certamente Taeyeon seria um tipo de objeto para ele conseguir clientela. E se vale a pena deixar com que ela vá para o restaurante, sabendo que todos os dias várias meninas ou garotos vão ficar paparicando e mimando ela na minha frente enquanto eu fico atrás do caixa apenas vendo a cena.

  Apertei minha mão na cadeira e murmurei palavras inaudíveis só por pensar nisso.

  – Fany. - Taeyeon me chamara, tirando-me dos meus pensamentos. – Por que você está assim? Quero dizer... Você tem sido fria comigo desde que voltamos.

  – Eu tenho? Não é nada. Só o trabalho. - menti.

  – Fiz algo errado?

  – Não.

  – Prefiro que grite comigo como antes do que não falar nada. - ela murmurou de cabeça baixa.

  Empurrei meus pés contra o chão e fiz a cadeira de rodinhas deslizar até chegar perto da cama aonde ela estava sentada.

  – Eu não estou com raiva de você e sim da situação. Você não fez nada, mas nossa isso é irritante! O modo de como todo mundo sempre gosta de você e fica ao seu redor te bajulando. Aish! Isso é tão irritante! E você também não ajuda, tem que ser agradável com todo mundo e te fazer comprarem comida. Você sempre tem que ser tão irresistível assim Taeyeon?! Agora você tem que trabalhar - levantei meus dedos em forma de aspas para dizer sobre o pseudo emprego – E agora vai ficar lá rodeada daquelas menininhas de voz irritante.

  Quando eu terminei de falar, me joguei contra a cadeira de novo e deixei meu corpo escorregar por ela. Eu estava tão irritada e chateada que aquilo parecia loucura, eu não sei porque, mas toda aquela situação me irritava tanto que nem eu podia definir porque eu estava assim. Depois de um tempo pensando pude finalmente olhar para frente e a vi abrir um largo sorriso enquanto se aproximava mais de mim.

  – Por que você está rindo?

  – Porque você gosta de mim. - ela deu um sorriso ainda mais amplo no final da frase.

  – O que?! Eu nunca disse isso.

  – Mas você está com ciúme. - ela puxou ainda mais próximo minha cadeira. – Sunny me disse que isso é um sinal que você gosta de mim.

  – Não tem nada a vê. - disse virando meu rosto para o lado. Tentando impedir que ela visse o rubor que estava formando nas minhas bochechas.

  – Mas eu... - ela pausou e se aproximou ainda mais perto, quase sussurrando no meu ouvido. – gosto de você.

  Eu senti um arrepio subir pela espinha, fechei meus olhos instantaneamente e prendi minha respiração por alguns segundos. Eu não sei o que estava fazendo, mas meu corpo agiu automaticamente e ficou nesse estado por algum tempo até abrir os olhos e vê-la de novo. Estava fazendo-me agir como uma boba enquanto Taeyeon não fazia mais nada além de me observar com um sorriso no rosto.

  Quando consegui voltar a mim dei um leve tapa no ombro de Taeyeon e falei para ela ir escovar os dentes, estava tarde e tanto eu quanto ela teríamos um longo dia amanhã.

  Era cedo quando cheguei na escola, mal tinha alunos aquela hora e os que tinham estavam brincando enquanto não batia o sinal. Eu andava pelo corredor quanto ocasionalmente vi uma figura estranha acordada aquela hora da manhã. Meus olhos mão podiam crer no que estavam vendo, eu pensei que estava sobre efeito de hipnose ou de alguma técnica de ilusionismo, pois era Jessica que estava andando cabisbaixa andando por ai. Ao redor dela eu podia ver uma áurea negra densa a cercando por completo, o que não era muito estranho, já que ela acordada a essa hora não a deixava nem um pouco feliz. Antes que ela tivesse a ideia de dormir no banheiro de novo eu corri em sua direção e puxei seu braço para se ligar ao meu. Vendo que ela não reagia tentei animar seu humor.

  – Jessica! Sabe quem veio aqui ontem?

  – Quem? A matilha da sua namorada?!

  Cerrei os olhos juntamente com minha sobrancelha e a encarei por algum tempo. Ela sabia que eu estava matando-a com o olhar, mas preferiu não olhar. Parece que quando seu humor diminui sua língua afiada aumenta.
Tentei não me abalar com a brincadeira e continuei.

  – Bem, foi Yuri, a lutadora de... Hmm... Não sei quantas, mas várias artes marciais.

  – Não fala o nome desse catisso.

  – Mas porque, não era o amor da sua vida?

  – Não mais! Porque ontem eu estava andando nas redondezas da escola e a vi também. Eu cheguei perto dela e aproveitando que era meio dia disse "Olá Yuri, eu estava indo comer agora e estava pensando se você gostaria de comer lasanha." e sabe o que ela falou?

  Eu sabia que era retórico e sabia também que não deveria falar nada pelo nível mais elevado que sua voz se projetava.

  – Ela disse "LASANHA, eu tenho que comer pastel!" e foi embora!

  – Mas o que isso tem a vê?

  – Eu não sei! Não entendo o problema dessa mulher. Eu falo Jessica ela entende Tiffany, eu falo Lasanha e ela entende pastel. Minha vida não está fácil.

  – Realmente não está. - concordei de forma irônica. – Mas você supera.

  – Sabe de uma coisa, vou deixar de ser bi. Vou focar só nos machos.

  – Ex bi? Que isso? Um centro de conversão?

  – Você não entende-

  Jessica iria começar um sermão sobre sua vida sofrida que resultaram em ser a pessoa que é hoje. Juntamente com suas filosofias furadas da vida como grande bunda ou algo do mesmo nível, mas por sorte o sinal tocou. Indicando que nós deveríamos ir para sala e iniciar nossas aulas. E acredite, nunca fiquei tão feliz de ouvir esse sinal bater de manhã quanto eu fiquei hoje.

  De volta ao Mc Dodo lá estava eu atrás do caixa. Animadíssima, atendendo o povo e perguntando hora ou outra se queria acrescentar mais um real para deixar o milkshake mais crocante, enquanto Taeyeon estava apenas sentada na mesa conversando com parte das meninas que vieram ontem e ainda por cima recebendo um olhar orgulhoso do meu chefe por vê-la agradar seus clientes.

  Como se não fosse o bastante o carisma de Taeyeon fez com que ela interagisse com a mesa ao lado que havia garotos, em sua grande maioria nerds que se encantaram com a beleza natural de Taeyeon olhando-a como olham com emoção e alegria para o seu primeiro vídeo ô.

  Ela conseguiu unir as duas mesas e fazer com que um deles viesse até a mim pedir um sorvete, no qual ele pegou alegre na bancada ao lado e saltitou feliz pelo restaurante até ela para entregar-lhe o tal lanche.

  Quando ela o lambeu pela primeira vez seus olhos arregalaram e brilharam de emoção. Era realmente fofo, mas todos ao seu redor fizeram um escândalo, inclusive quando ela falou que era muito bom. Ai sim que eles se emocionaram como se tivessem tendo uma overdose de fofura e assim ela tomou o sorvete até chegar em sua casca a qual ela colocou na testa e disse ser um chifre. Aquilo era idiota e nojento, mas tudo feito por ela parece lindo aos olhos dos novos amigos dela, que riram até não aguentarem mais. Enquanto eles se jogavam de um lado para o outro, se apoiando nos seus amigos para rirem da situação, ela olhou para mim e sorriu, como se quisesse que eu visse e risse daquilo também.

  Parece que automaticamente minha boca levantou em um leve sorriso, mas brevemente desviei o olhar e voltei a me concentrar no meu trabalho.

  O resto do dia eu voltei a trabalhar bem e mais calma, entendi que não deveria ficar com raiva.... Ou, com ciúme dela. Porque eu sabia que ela só tem olhos para mim, assim como eu só tinha olhos para ela.

  Ter que encarar aquilo todo dia juntamente com minhas crises de ciúme não foi um fardo tão pesado que eu pensei que fosse. Na verdade as semanas se passaram mais rapidamente e divertida com a presença dela lá, sem com a ajuda do dinheiro que Taeyeon ganhava. Assim nós consegui arrecadar o dinheiro necessário para a viagem dela.

  Na véspera da viagem nós, quer dizer. Eu fazia as malas que seria para nós duas e já me certificava de conseguir a papelada, mesmo que falsa, para a viagem. A cada dia que se passava Taeyeon parecia mais inquieta e hiperativa. Inclusive no último dia antes da viagem na qual ela mal fechava os olhos para dormir e graças a isso ela resolveu me importunar também.

  – Fany-ah, será que é lá que está minha família?

  – Eu não sei Taeyeon. - murmurei fracamente, mantendo meus olhos fechados. – Caso não for continuaremos tentando.

  Ela fez um pequeno murmúrio de que tinha entendido e senti seu movimento como se ela continuasse a rolar pela cama. Alguns poucos segundos se passaram e ela virou novamente e ouvi sua voz falando novamente comigo.

  – Acho que eles vão gostar de você.

  Balancei a cabeça concordando e apenas isso. Continuei de olhos fechados, tentando voltar para o meu sono.

  – Eu estou te irritando?

  – Não. - disse com a voz arrastada. – Eu só quero dormir.

  Depois disso o quarto ficar em silêncio, mas com o barulho da sua cabeça contra o travesseiro me fez entender que provavelmente ela estava concordando silenciosamente com o que eu disse. Acho que ela entendeu que eu estava cansada e parou de falar. Após o total silêncio eu pude sentir seus lábios na minha testa e tempos depois ela se aninhando a mim.

  Assim eu pude gradativamente e repentinamente dormir em seus braços.

  Nós já estávamos no ônibus de excursão, tínhamos colocados a mala no bagageiro e agora escolhíamos um lugar para sentar entre os alunos mais novos. Para ela tudo era algo incrivelmente novo, quando eu digo tudo, tudo naquele ônibus era incrivelmente fantástico inclusive o sistema de ligar e desligar a luz acima de nossas cabeças parecia incrível por não estar ligado no teto e sim por ser uma grande lataria de metal. Ela olhava para todos com os olhos brilhando e com a personalidade alegre que ela tem logo atraiu companheiros de viagem que puxaram assunto com ela, porém a conversa foi cortada quando o professor responsável subiu no ônibus e começou a falar no megafone.

  Ele começou ordenando que nós respondêssemos a lista de chamada e após isso fez uma altercação a ela. Ele explicou que para facilitar a chamada cada um teria um número e quando quisesse fazer a chamada mais uma vez cada um iria gritando o seu numero em ordem crescente até ter os 36 alunos daquela viagem.

  Depois de explicar mais algumas instruções ele nos felicitou com boa viagem e sentou no banco a frente. Logo o ônibus deu partida e nós saímos de lá. Eu achava tudo normal e agradável, até olhar para o lado e ver Taeyeon com a cara espantada.

  – O que foi Tae?

  – Olha o mundo! Ele está correndo Tiffany! Por que ele esta assim?!

  Lembrei-me que aquela era a primeira vez que ela tinha andado de carro e obviamente seria diferente e complicado para mim explicar todo o funcionamento de automóvel, mas tentei ser breve.

  – Nós que estamos nos movimentando muito rápido. Não se preocupe. Não é nada demais.

  Ela ainda continuou olhando espantada para mim e para janela, mas logo seu olhar de confusão se desfez e um sorriso tomou lugar no seu rosto. Taeyeon de forma repentina colocou a cabeça para fora da janela e ficou sentindo a brisa bater. E como esperado ela colocou a língua para fora e ficou idêntico ao um cachorro de verdade quando sai de carro a passeio.

  Não demorou muito para ouvirmos o professor falar no megafone de novo.

  – Quem estiver com a cabeça fora do ônibus, por favor retire agora! Não quero ninguém sem cabeça!

  Taeyeon colocou a cabeça novamente para dentro e o encarou zangada.

  – Tae, ele está certo. É para sua proteção.

  Ela se chateou um pouco, mas procurou outra coisa para fazer. 

  Como uma tradicional viagem de longas horas estudantis logo se puxou uma música de brincadeira de viagem. Pude ver Taeyeon meio confusa, mas batia palma com eles e achava graça da brincadeira até a mesma se virar contra ela.

  – Taeyeon roubou pão na casa do João. - todos cantaram em uníssono.

  – Que?! - era respondeu assustada, e ao mesmo tempo quebrando o clima da música. – Mas eu não fiz nada! Fany-ah, diga a eles.

 Eu sorri com ela me cutucando para defende-la e tentei ajuda-la antes que mais pessoas ficassem olhando com um ponto de interrogação estampado no meio da sua cara.

  – Apenas diga "quem eu?"

  – Quem eu? - ela disse me imitando.

  Após isso todos gritaram.

  – Tu sim!

  – Eu já disse que não fui eu! Eu não minto! Mande eles pararem, Fany-ah!

  Os garotos que estavam brincando não entenderam a atitude dela e preferiram virar a cantoria para outras pessoas e logo puxaram a música de novo, brincando com outros alunos.

  Virei para o lado e vi Taeyeon emburrada olhando para o banco da frente como se fosse perfura-lo se pudesse.

  – O que foi?

  – Eu não roubei nada. Você sabe que eu prefiro batatas e sorvetes.

  – Eu sei Tae. - tentei tranquiliza-la passando a mão em sua cabeça e entrando não rir por sua inocência, que a fazia parecer ainda mais fofa. – Você não fez nada, por isso não fique assim.

  Ela olhou pra mim e sua carranca se desfez ao me olhar sorrindo.

  Depois daquele evento as brincadeiras foram diminuindo, até que todo ônibus caísse no sono. Como esperado que aconteceria de uma viagem de quatro horas, todos dormiram.

  Quando abri meus olhos de novo olhei para o céu e vi que a lua cheia estava lá, iluminando nossa noite. Olhei ao redor e vi que os alunos ainda cansados, estavam dormindo e por fim olhei para Taeyeon, a menina que parecia ter o sono mais profundo por não dormir ontem a noite toda e também a mais linda com sua pele pálida sendo iluminada pela luz da lua, contrastando com o seu cabelo preto que ora ou outra tinha suas curtas mechas balançadas pelo vento que parecia brincar com seu cabelo direcionando leves fios sobre seus lábios rosados, entreabertos, de forma que se movia sutilmente com sua respiração calma e compassada. Ela parecia ter percebido mesmo que dormido, pois sua cabeça passou pela cadeira e apoiou sobre meu ombro e sua mão pareceu apertar mais forte, já que estava entrelaçada a minha. Eu gostava dessa cena, dessa aproximação. Uma pena que eu não a teria por muito tempo.

  Não demorou muito tempo até ver o nosso chalé no topo da montanha quase perto.

  Balancei levemente Taeyeon e apontei para o prédio que iríamos ficar. Ela não deu muita importância e voltou a dormir, mas eu sabia que apesar do cansaço ela estava extremamente curiosa para saber o que aconteceria nessa viagem.

   E eu também.

  Todos estavam ao redor de uma grande mesa jantando e rindo juntos enquanto falavam comendo, os professores estavam em uma mesa separada, sempre falando para gente terminar logo nossos alimentos para ir dormir, já que de manhã acordaríamos cedo segundo o cronograma, as 6 horas se eu me lembro bem. Segundo ele seriam dois dias de viagem, no primeiro iríamos visitar os pontos turísticos locais e no segundo teríamos uma aula histórica de campo baseando-se em tudo que vimos naquela região. Acho que andaríamos bastaste e por isso podia pressupor que será desgastante os dias aqui.

  Após a refeição todos foram direcionados ao seus quartos que para minha sorte era dividido em duas camas cada. Eu decidi pegar o quarto mais isolado com Taeyeon para que pudéssemos ficar mais isoladas, caso ela resolvesse dar algum ataque doido dela.

  Nós duas colocamos a mala de lado, tiramos os pijamas e lençóis para nos arrumarmos para dormir e não demorou muito, logo nos ajeitamos nas camas para dormir, Taeyeon pegou no sono rapido, já eu fiquei longos minutos observando seu rosto até o sono me arrebatar também, meus olhos pesarem e finalmente dormir.

  Logo de manhã pude sentir algo pressionando minhas costas contra o colchão, abri meus olhos um pouco e mesmo cerrados eu podia ver através da janela os poucos raios de sol que mal surgira no horizonte, julguei ser cedo demais e voltei a fechar meus olhos, mas alguém insistia em me acordar aquela manhã.

  – Acorda Fany-ah! Temos que ir! - ela cantarolava alegremente.

  – Que horas são? - eu perguntei inutilmente, por lembrar logo depois que ela não sabe ver as horas.

  – Eu não sei, mas o sol já está aqui.

  – Certo, certo. - disse enquanto me levantava e sentava sobre a cama.

Olhei para o lado e vi uma Taeyeon sorridente, na verdade quase não notável sua felicidade devido as várias roupas e cachecóis que ela enrolara ao redor do seu rosto.

  – Está frio com esse clima montanhoso, certo? - sorri de leve ao vê-la assim.

Ela balançou a cabeça enquanto enrolava um cachecol em mim também.

  – Calma, você está muito animada. Deixe-me escovar os dentes e tirar o pijama primeiro.

  Fui ao banheiro tentar amenizar minha cara inchada de sono e melhorar o estado da minha juba, vulgo cabelo, tentei lavar meu rosto e fazer um coque no meu cabelo para tentar amenizar minha situação. Mesmo não satisfeita abstive em fazer somente minha higiene básica em seguida sai, tirando o pijama e procurando uma roupa quente na minha mala, não me importando muito por Taeyeon só me ver com sutiã e a parte debaixo do pijama.

  Abaixei-me e comecei a revira-la para achar algo que ficasse bom e combinasse com a calça quente e confortável que eu tinha em mente de usar. Quando pensei ter achado a roupa e fiz menção de pega-la repentinamente meu corpo parou ao sentir duas mãos passando pela minha barriga nua e um corpo quente encostar-se às minhas costas. De repente senti que ela acabara de beijar a minha nuca, depois disso ela encostou sua cabeça nas minhas costas, assim como todo seu corpo. Senti uma eletricidade percorrer a partir da minha nuca por toda a espinha dorsal, automaticamente meu corpo ficou mais frio partindo esse frio estranho da barriga que se alastrava por todo meu corpo. Eu não sabia como reagir aquilo, mas tomei coragem e falei:

  – Taeyeon. - consegui dizer mesmo com a garganta seca.

  – Hmm. - ela murmurou suavemente como resposta.

  – O que você está fazendo?

  – Eu só senti que deveria fazer isso. Agora posso ouvir seu coração bater rápido, eu gosto desse som.

  Minhas orelhas começaram a ficar quente e instantaneamente essa quentura descia pelas minhas bochechas e se alastrava por todo meu rosto. Quando pensei que algo iria evoluir dali eu ouvi uma batida forte na porta do meu quarto.

  – Vamos meninas, o café da manhã já está pronto, vamos levantar! - a mulher disse e pareceu ir embora, pois não falou mais nada. Acho que ela estava indo no quarto de todos mesmo.

Taeyeon a obedeceu, ficou de pé em frente a porta, encarando a mesma. Eu observei como ela estava anciosa por querer sair e aquilo agora a pouco deve ter sido por gratidão por tê-la trago aqui. Parte de mim estava feliz e outra parte estava triste ao mesmo tempo.

Eu voltei ao meu normal, saindo dos meus devaneios e pude concluir a ação de pegar a roupa.

  Sinceramente eu tinha ido lá mais por Taeyeon do que por mim mesma, aquela nem era matéria que eu gostava e muito menos gente da minha série, além eu não estava nem um pouco afim de saber o que biroscas tinha acontecido naquele lugar. Eu só me mantinha próxima da turma, mas minha mente estava em outro lugar. Eu estava planejando como faria para procurar o bando de Taeyeon sem que eles descobrissem que a gente fugiu, sem contar que temos que ter a sorte deles estarem aqui e saber também de como a gente faria para andar no meio dessa mata fechada. Talvez nós poderíamos perguntar para algum ancião que mora aqui se há cachorros selvagens vivendo pela redondeza, ou talvez, poderíamos sair por conta própria. Eu estava pensando em mais algumas probabilidades de sair procurando por eles, porém meus devaneios foram cortados quando olhei para Taeyeon e a vi olhando fixamente para uma moita a poucos metros de nós, enquanto o professor nos apontava para o outro lado da estrada.

  – O que foi Taeyeon? Está se lembrando de algo daqui?

  Ela não me respondeu. Seu olhar estava fixo e seu nariz começou a arrebitar com as pequenas fungadas que ela dava, provavelmente sentindo o cheiro de algo.

  Após sentir o cheiro de algo ela parecia mais atenta ao local, ela se aproximou e abaixou-se perto do matagal.

  – Tae, você sabe que a gente tem que se manter perto dos alunos. Pelo menos agora.

  "E perto de mim também, por mais algum tempo..." eu pensei comigo mesma.

  Ela pareceu voltar a si quando olhou para mim novamente. Taeyeon pareceu entender o que eu estava falando e em seu olhar eu pude sentir um pouco de tristeza e decepção. Não sei se era por não poder sair agora ou se era por aquele ser um alarme falso. De qualquer forma preferi não perguntar, e por ela continuar andando junto com todos preferi achar que ela estava bem.

Depois da longa caminhada de tarde, nós voltamos para o quartos.

Senti que Taeyeon estava estranha. Ela estava mais quieta do que de costume e muito mais observadora, na verdade eu não achava que ela usava muito seus olhos naquele momento e sim seus ouvidos e seu nariz por vê-la muitas vezes ignorar as pessoas que falavam com ela naquele dia e torcer o nariz toda vez que se aproximava de algo que era perfumado demais de alguma forma.

Repentinamente Taeyeon falou uma das poucas frases que falou naquele dia.

– Acho que naquela hora senti um cheiro familiar. Não tenho certeza, mas acho que não estão longe.

– Então você acha que eles estão aqui mesmo? - perguntei, quase feliz por ter chances altas do nosso sucesso na viagem.

– Espera. - ela falou

  Cautelosamente eu me aproximei em curtos passos e quando estava próxima a ela, prestes a perguntar mais coisa ela me corta com um barulho extremamente alto e extenso de uivo que ela soltara próximo a janela.

  Depois do som barulhento meu ouvido doía, estava prestes a dar um tapa nas costas dela e manda-la virar gente quando de repente ouvimos a resposta, retornando em vários uivos da mesma intensidade.

  Taeyeon não disse nada, ela só virou para mim e me encarou. Eu já sabia o que aquilo significava.

  Ela agarrou meu pulso e saiu correndo para fora do quarto, passou correndo pelos corredores e praticamente saiu voando do chalé. As curtas pernas de Taeyeon pareceram adquirir o dobro de velocidade que podiam correr, apesar de ser boa em corrida aquilo era demais até para mim. Ao entrar em uma mata mais densa eu troquei alguns passos e cai no chão, ela parou e ficou entre me esperar andar com ela ou seguir o som dos uivos que pareciam diminuir cada vez mais. Ela parecia estar em uma luta mental que nem eu suportava mais ver.

  – Pode ir, eu estou logo atrás de você. - ela não poderia deixar essa chance passar por minha culpa.

  Sem pensar duas vezes a vi pular o tronco caído no chão e voltou a correr. Eu limpei minha calça e me esforcei para ir logo atrás dela. Inicialmente eu estava vendo as suas costas, mas a cada passo meu parecia ser dois dela e com a escuridão da noite eu mal podia vê-la corretamente. Com o tempo eu a perdi de vista e os uivos também pararam.

  Eu tentei andar por mim mesma no meio da noite e por sorte eu parei em um lugar que a lua cheia já passava entre a copa das árvores, onde um riacho corria e se misturava com o barulho de passos no qual eu não identificava direito, pois a luminosidade me permitia ver somente as silhuetas de coisas que se mexiam rapidamente no meio da noite.

  Cerrei meus olhos e me esforcei para ser capaz de ver que entre vultos rápidos havia um maior que parecia se divertir entre os seres de pequeno porte. E lá estava ela, Taeyeon, brincando entre os diversos cães selvagens que corriam e se divertiam ao redor dela, como se fossem pequenos cães domésticos que saltitavam felizes por estarem ao redor do dono que acabara de chegar ao lar.

  – Olha Fany-ah - Taeyeon conseguiu falar em meio as risadas. – Todos estão bem, eles foram sedados como eu.

  – Eles realmente parecem. - disse timidamente.

  Ao dizer isso, praticamente todos os cães pararam e voltaram sua atenção para mim, com suas orelhas em pé e seus olhos vidrados. Lentamente eles foram se aproximando e me cercando como se eu fosse uma presa. O medo tomou conta do meu corpo e eu já podia me sentir assustada demais a ponto de pensar que seria devorada.

  – Fany, não fique com medo. Eles estão sentindo isso.

  – E tem como não ficar? - minha voz saiu meio falha.

  – Eu estou aqui e eles são como uma família para mim. Eles não fariam mal a você.

  Depois de ouvir aquilo eu tentei relaxar e logo eles se aproximaram mais. Cheirando minhas mãos e passando rente as minhas pernas. Olhando agora eles pareciam mais curiosos com a minha presença do que realmente com vontade de me devorar. Pouco a pouco fui soltando a minha respiração e me acostumando por ver cães selvagens tão de perto.

  Um dos menores pulou no outro e começaram a brincar. Isso me assustou um pouco, mas logo comecei a me acostumar que eles agiam tão amigavelmente e de forma espontânea como Taeyeon.

Acho que passamos em media uns cinco minutos ali, até ouvirmos outro uivo mais alto e aparentemente mais encorpado que fez os cães saírem correndo em direção ao som. Assim como os outros cães Taeyeon correu também, mas parou ao perceber que eu não fazia o mesmo.

– Vamos Fany-ah! - ela gritou me encorajando a ir.

– Para onde?

– Se juntar ao resto do bando. - ela disse sorrindo.

Eu gostava de vê-la sorrir. Eu acho que nunca a vi tão feliz como naquele jeito e por isso me apertava o coração ao pensar o que eu estava pensando agora e ao ver que eu não podia fazer o que ela queria que eu fizesse. Suspirei profundamente e pensei um pouco antes de tentar dizer a ela as palavras corretas.

– Tae, eu não sou um cachorro. Eu fico feliz de tê-los encontrado e matado a saudade e estou feliz de poder fazer isso por você e cumprir minha promessa, porém nós ainda somos pessoas. Eu não posso ficar com eles.

– Mas eles são minha família.

– Eu sei. Por isso eu não vou te obrigar a voltar. Seja qual for sua escolha, foi um prazer te conhecer Taeyeon.

Olá gente, aproveitei as férias e voltei.

Voltei tão voltado que eu criei isso aqui: Cantinho do Pensamento

Lá tem algumas coisas randoms até de Puppyeon e lá eu pretendo colocar algumas histórias. A propósito eu estou fazendo uma fic que pretendo lançar toda terça e quinta nessas férias lá. Se puderem ler, ficaria grata.

E outra coisa. Para quem gosta de desenho - inclusive das soshis - eu fiz isso aqui, no qual pretendo postar fanarts. Instagram se puderem seguir, também ficaria grata. 

Obrigada por ler~