Home - Parte I

Dance On Our Graves - PT

Capítulo Final

“Taeyeon-ssi?”

Meus olhos piscaram rapidamente, só então fazendo-me perceber que havia ficado algum tempo à encarar aquele ponto sem sequer me mexer. A voz que soou atrás de mim me fez olhar por cima do ombro, já dispondo um sorriso satisfatório em meus lábios.

“Hm?”

“Tudo ok.”

“Certo, muito obrigada.” Acenei em agradecimento, vendo o homem que aparentava estar pouco mais acima de seus 30, corresponder com um sorriso simpático.

“Tenha uma boa viagem!”

“Ah, sim, obrigada!” Sorri em resposta, começando a sair lentamente daquele estabelecimento com minha bolsa em mãos, então, deparando-me com um céu um tanto acinzentado.

Meu carro se encontrava estacionado do outro lado da rua, esta, aparentando ter um tráfego um tanto movimentado para uma cidade daquele tamanho. Ao atravessar e adentrar em meu veículo, dei um suspiro e pesquei pelo meu celular em algum lugar por ali, querendo enfim contatar Tiffany pela primeira vez no dia.

O seu número digitado já era algo comum que meus dedos estavam mais treinados em digitarem, assim como seu nome estava mais do que gravado em meu cérebroe como sua imagem estava em meus pensamentos. A ‘constatação’ boba me fez sorrir, ao olhar para o celular vendo-o na espera para que ela atendesse. Demorou mais alguns instantes até enfim ela pegar, podendo então me dar o grande prazer de ver seu rosto pela tela sem uma maquiagem sequer.

Era manhã e eu estava a poucos quilômetros de Seoul, completamente animada. Tal coisa, é claro, era um fato fora do comum para o meu humor usual, mas se soubessem o que se passava na minha vida, com certeza me entenderiam naquele momento. Com um olhar terno, fiz um pequeno bico para começar a falar com minha namorada por vídeo chamada.

“Bom dia, dorminhoca!” Olhei seus olhos bem pequenos de sono e senti meu sorriso crescer, inevitavelmente.

“Taeyeon-ah!” Tiffany exclamou preguiçosamente, parecendo tentar tirar o cabelo que lhe caía no rosto para poder se apoiar em seus cotovelos, ter uma posição melhor para que ela pudesse me ver e eu pudesse ver ela.

Embora o quarto ainda estivesse claramente sem estar com as cortinas abertas, este não se encontrava de todo escuro. Os raios solares ainda se infiltravam pouco a pouco pela janela, algo que me fazia crer ainda mais que não havia hora em que Tiffany se encontrava sequer um pouco ‘feia’ assim por dizer. Sua beleza natural era estonteante, ainda mais do que quando estava maquiada. Ou ela era realmente a reencarnação de alguma deusa grega – algo que eu julgava ser em certos momentos – ou eu estava apenas cega de amor. De qualquer maneira, sequer me importava com a explicação.

“Acha que ainda chega na hora do almoço?” Se eu não a conhecesse, pensaria que estava fazendo algum tipo de manha. Porém, já havia presenciado o bastante para saber que ela costumava cantar suas palavras ao acordar.

Isso era algo novo que eu não pude conhecer até começarmos a namorar, há exatamente 2 anos e 4 meses.

2 anos e 4 meses. Pensar nisso era algo inacreditável, se eu olhasse o meu antigo eu. Talvez se pudesse voltar ao tempo para avisar uma jovem ingênua que em alguns anos depois, acabaria assim, essa jovem iria rir como se fosse a melhor piada que já escutara já que, era um completo desastre no ramo amoroso. Quem diria, huh.

“Acho que não Fany...MAS! Prometo levar umas coisas gostosas daqui para comermos mais tarde, não sei se conhece mas aqui tem um lugar que caramba, só de lembrar óh –“ Apontei o indicador para o teto, para mostrar o barulho de meu estômago. “Já começam a protestar!”

Tiffany deu um eye-smile – sumindo ainda mais com seus olhos – e colocou sua mão esquerda à apoiar seu rosto enquanto olhava diretamente para a câmera.

“Isso se chama lombriga.”

“Chame como quiser, babe.” Dei ombros, não ligando pelo pouco usado – mas muito especial e as vezes, fofo – palavreado.

Ouvi sua risada soar rapidamente, vendo-a então acenar positivamente.

“Ok então. Boa viagem de volta, se é que pode chamar isso de viagem.”

“Obrigada.” Fingi lhe dar um beijo exagerado pela câmera, fechando meus olhos e fazendo o barulho de tal.

“Mas não vai ficar aí com esse estômago gritando por muito tempo ein, só deixa um espaço para essas coisas que você falou aí.”

“Sim senhorita. Me espera, não dorme de novo.”

Com mais um sorriso de orelha à orelha e algumas palavras sutis trocadas, nos despedimos, deixando-me a encarar os carros à minha frente com um ar mais leve. Por fim suspirei, joguei meu celular para o lado e liguei o motor do carro, deixando o player em uma playlist de músicas calmas para começar a fazer a viagem de volta à Seoul.

Por ter passado esse tempo todo ao seu lado, era algo diferente não ter a visto por esses dias. Era por um motivo maior, mas ainda sim, com nós duas ainda tendo nosso espaço dentro de casa, eu sentia falta de seu calor durante a noite. Coisa simples, apenas. Pode parecer bobeira, mas o tempo realmente passou rápido de um certo modo. Muitas coisas aconteceram desde que decidimos ficarmos juntas oficialmente, e isso significou uma grande mudança em minha vida, para o melhor. Talvez seja por isso que a antiga Taeyeon chegaria a rir de tal “barbaridade”. Ela tinha medo de mudança. Eu aprendi a não ter mais, e a cada dia que levantava e olhava para o meu lado, agradecia por tal aprendizado.

Dois anos e quatro meses eram significativos dessa maneira positiva, em sua maioria, mas os últimos meses é claro não foram muito um mar de rosas. O estado de Tiffany continuou estável com exceção de alguns momentos corriqueiros, mas desde a nossa última briga “feia” não houve mais confrontos como tal. O que é claro, continuou a atormentar a minha cabeça de vez em quando, foram os pensamentos ruins, os quais aconteciam principalmente quando minha mente se encontrava em um ócio tão grande a ponto de me fazer martelar incansavelmente até ser entretida com algo maior.

Pensamentos envolvendo minha família, é claro. Desde o nosso confronto, de meus pais, nada ouvi. De meus irmãos, algumas notícias ou outras, um pouco melhor, mas talvez não o tanto o suficiente. Aos poucos, fui aprendendo a lidar com aquele tipo de “perda” em minha vida. Tiffany no fim conseguiu ser mais forte quando perdeu de verdade, então eu poderia me espelhar nisso. Meu orgulho ainda se encontrava em seu ápice, então é claro, lidar com as coisas foi um pouco mais fácil do que eu pensava, se não considerando as possíveis tragédias que este poderia nos trazer.

No passar dos meses que se seguiram, aos poucos minha mente começou a ficar mais distante, mais constante. Logo, os pensamentos que antes vinham e voltavam principalmente antes de fechar meus olhos para dormir, cessaram de uma vez. Raros eram os momentos que eles voltavam, isso sendo apenas quando o assunto era retomado, por um motivo ou outro que eu e é claro, todos em minha volta, preferiam evitar.  Apesar do final de ano ter chegado, todas aquelas festividades e propagandas de que a família teria de estar reunida, eu me mantive intacta no meu novo emocional.

Minha família agora poderia ser apenas o que eu já havia considerado em minha mente. Tiffany, eu, Prince e Ginger. O núcleo. Meus amigos, meus irmãos. Talvez seria uma concepção diferente, mas ainda sim, certa para mim. De qualquer maneira, me mantive forte – até porque nunca me importei com esses períodos festivos – porém aquela leve, ou melhor, insistente pontada no peito, voltou quando chegou meu aniversário e meu celular recebera apenas duas ligações das pessoas que queria, de lá. Hayeon e Jiwoong. Fiquei imensamente feliz, é claro, mas no fundo, o desapontamento foi meio que visível, ao parar para pensar sobre.

Era estranho até, pensar que eles realmente haviam me deserdado daquela maneira. Não se importavam com meu bem estar? Talvez. Se não, definitivamente lhes faltavam não apenas o dom de serem bons pais, como também uma humanidade. Eu, por mais machucada que ainda estava, sempre os incluía em meus pensamentos positivos. Esperava apenas que meus irmãos retribuíssem o mesmo para mim e Tiffany com todo o amor que podiam. Assim, poderia ficar em paz.

XxX

Seguindo caminho pelas próximas horas, ao som de Bon Iver, parei apenas em um lugar para comprar algumas besteiras para comer, assim como Tiffany também havia me recomendado. Doce, para saciar minha vontade, é claro. As vezes eu parecia uma criança quanto à isso, mas estava tudo bem. Os quilômetros de distância aos poucos foram diminuindo, assim como fim de tarde começou a aparecer. Por momentos, me encontrei à sorrir sozinha ao lembrar de algumas coisas, seguido de um olhar para o que estava no banco ao meu lado. Ver aquelas coisas que comprei me deixou ainda mais feliz, já que eu sabia que Tiffany gostaria.

Quando me vi próxima de chegar à Seoul, com a noite se aproximando lentamente, mal pude esperar para encontrar com ela. Seu aniversário estava chegando e eu havia preparado algo especial, então as coisas deveriam ir bem. Ou assim era o que eu esperava.

Começou com um pequeno cruzamento para poder entrar no início da rodovia que me levava à entrada de Seoul. Luzes, pavimentação e tempo, não poderiam estar melhor. No entanto, a imprudência de um carro vindo da minha direita acabou com todos os meus pensamentos seguintes.

O impacto atingiu o lado do passageiro, mas me afetou com uma força um tanto bruta. Tudo que me veio pelos próximos minutos, foi uma visão turva, uma dor intensa   e uma rápida escuridão.

XxX

Calor e pequenas dores simultâneas. Essas eram as coisas que eu estava sentindo naquele momento. Essas eram as provas de que eu estava viva, ou assim eu pensava.

A minha primeira vontade foi de abrir os olhos mas algo parecia me impedir. Um peso, talvez nos meus olhos, ou em meu corpo todo. Eu me encontrava meio mole, mas havia algo de muito estranho comigo. Estava embaixo de cobertas e algo parecia prender o meu braço direito, assim como outra coisa parecia tampar algo em minha cabeça. Um único suspiro fundo que dei me fez sentir como se eu houvesse corrido uma maratona. Definitivamente, eu estava viva.

Bom.

Aos poucos, meus olhos foram se abrindo, fazendo-me deparar com uma luz forte à entrar em contato com eles. Os fechei rapidamente por segurança, mas assim que os abri um teto branco me deu boas-vindas. Minha cabeça demorou a se mexer e a se ajustar, mas quando enfim consegui ajeitá-la brevemente para poder saber onde diabos eu estava, minha visão pareceu se ajustar de uma hora para a outra.

“Mas o que...” Pisquei fortemente várias vezes, notando que me encontrava em um lugar tão branco que daria agonia a qualquer ser que acabasse de acordar confuso. Minhas roupas, as roupas de cama, o chão, as paredes, tudo. A única cor em minha frente, parecia vir de algumas flores que estavam dispostas em um certo tipo de balcão, embaixo de uma televisão. Eu não era burra o bastante para não entender que eu estava no hospital, com meu braço aparentemente quebrado – engraçado, pois não sentia muita dor a não ser um leve incômodo – enquanto haviam curativos pela minha cabeça.

Legal.

Engoli em seco para tentar umedecer minha garganta, mas de nada serviu. Aos poucos, a realização começou a se tornar sufocante, fazendo minha respiração se tornar rápida em poucos instantes. Braço quebrado, machucados pelo corpo? O que ? Tendo meu corpo já elevado por um encosto, mal percebi quando tentei de forma não sucedida afastar meu torso deste. Má decisão.

Eu me encontrava estranha e não me lembrando exatamente o que havia acontecido. Minha cabeça começou a latejar e minha falta de ar se tornou ainda maior. Eu estava sozinha por ali, então as coisas não estavam fazendo muito sentido.

“Alguém? Alguém!” Minha voz saiu em busca de ajuda por me encontrar naquele estado, meus olhos direcionados fixamente para a porta branca à esquerda, no fim do quarto.

Quase como se houvesse pessoas prontamente para me atender logo após esta, uma enfermeira se aproximou cuidadosamente, passando a tentar me acalmar começando por colocar meu corpo de volta no encosto.

“Calma, calma, está tudo bem!”

“O-O que aconteceu?”

A mulher parecia ter certeza de que eu estava tendo apenas um pequeno ataque de pânico, por não parecer preocupada demais em agir com urgência.

“Você sofreu um acidente de carro mas já está tudo bem.” Sua voz soou suave, ao suas mãos pairarem em meu braço esquerdo, onde não havia tamanho ferimento como o outro. “Respire lentamente, fundo...” Ela fazia menção com a cabeça de como eu deveria o fazer. “Não pode fazer movimentos bruscos.”

Assim que ela pediu tal coisa para mim, tentei imitar o que ela havia feito mas um certo nó na garganta começou a se formar, apenas para melhorar a minha situação.

Eu havia sofrido um acidente. Algumas coisas começaram à voltar em minha memória, e só então o tipo de “tristeza” tomou a minha mente, ao lembrar-me de que Tiffany ainda poderia estar à minha espera. Ela estava me esperando, mas...Que dia era aquele?

“Onde-Onde está, eu preciso ver a minha-“ Ao falar tais coisas, o nervosismo pareceu tomar conta de mim outra vez, porém mais um barulho vindo da mesma porta surgiu, fazendo meu olhar passar por cima do ombro da enfermeira, assim como sua cabeça virara para ver quem era.

A figura de uma Tiffany com os cabelos negros presos de forma desajeitada, segurando sua bolsa enquanto seus olhos pareciam super tristes, deixou meu coração mais aliviado do que apertado, diferentemente do que normalmente aconteceria em outras situações. Ela estava ali, então tudo deveria estar certo.

“Tiffany!” Exclamei, recebendo então sua devia atenção.

A enfermeira se afastou para abrir espaço à ela, permitindo-me ter visão dela a se aproximar de mim. Seu sorriso rasgante pareceu me confortar muito mais do que aquela dada técnica de respiração de segundos atrás. Tiffany se direcionou a mim e se abaixou com cuidado, esticando seu braço para então acariciar o meu rosto de forma lenta e carinhosa.

“TaeTae...Graças a Deus, graças a Deus...Eu estava tão preocupada!“ Seus olhos subiram diretamente aos meus, fazendo-me ver então algumas lágrimas escorrendo.

Só então eu sorri de volta. O nó na garganta havia se dissipado por tê-la em minha frente.

“Eu não sei o que aconteceu...”

“Você está bem? Está com dor? Está com sede, fome?” Tiffany virou o rosto para a enfermeira ao nosso lado. “Ela estava sem ar? Isso é grave?”

A enfermeira simplesmente sorriu com todas aquelas perguntas, nos assistindo calmamente. Só então prestei atenção em seus trejeitos. Era jovem, talvez na casa dos 30. Esboçava simpatia, assim por dizer.

“Ela está bem, não se preocupe. Foi só a confusão que geralmente acontece. Precisamos verificar agora o resultado dos exames que fizemos para avaliar o porquê de ter ficado desacordada mas fora isso, está normal.” Ela retornou com o olhar para mim. “Certo? Sente algo que a incomoda?”

Eu visivelmente estava mais calma, e ela percebera isso bem. Troquei olhares entre ela e Tiffany ao esboçar um breve sorriso.

“Fora o calor e a sensação disso aqui- “Olhei para o meu braço imobilizado. “Nada.”

“Vamos abaixar um pouco a temperatura.” Ela olhou seu relógio de pulso. “Daqui a pouco tomará seu remédio e traremos seu jantar.”

Acenei positivamente, vendo-a olhar para Tiffany como um certo tipo de despedida. “Qualquer coisa nos avise.”

“Certo.” Tiffany pareceu ter sorrido pela primeira vez naquele dia, passando a limpar as lágrimas que haviam caído de seus olhos quase como se elas fossem de felicidade.

Quando a enfermeira se retirou, seu olhar virado para mim fez meu coração se aliviar. Tiffany se inclinou para depositar um beijo cauteloso em meus lábios, surpreendendo-me de um jeito bom.

“Eu estava tão preocupada, Taeyeon-ah, eu não sabia o que fazer, fiquei assustada, com medo e-“

“Fany, shh...” Sorri ao vê-la se afastar do meu rosto, suas mãos passando vagamente por meu rosto como se ela estivesse com medo de me machucar. “Estou bem, eu acho. Minha cabeça dói mas-“

“Sua cabeça dói? Por que não falou para a enfermeira?” Seu sorriso esvaiu e sua voz se tornou um pouco mais alta, mas eu sabia que isso era seu modo de reagir. Ela pareceu perceber, assim que viu minha expressão. “Você não pode ficar escondendo as coi-“

“Hey, hey, tá tudo bem. Deve ser só por esses machucados aqui.”

“Certeza?” Ela se abaixou para poder ficar com seu rosto no mesmo nível que o meu. Eu quis me mover, mas ela logo fez como a enfermeira, prendendo-me em meu lugar para que não o fizesse.

“Certeza.”

Seu sorriso rapidamente retornou aos lábios, eu podendo então receber outro beijo sutil.

“Que dia é hoje?”

“Hoje ainda é o dia que deveríamos estar em casa, comendo as coisas que comprou por lá.” Ela ajeitou o meu cabelo para que não ficasse atrapalhando meus olhos e desceu suas mãos para a minha livre, olhando rapidamente para o meu braço quebrado com um olhar triste.

“Wah...Eu estava bem, estava chegando e-“ Uma realização repentina me fez cortar minhas palavras. Droga! “As coisas que eu comprei! Cadê minhas coisas do carro?” Meus olhos se encontravam arregalados, mas Tiffany pareceu tentar me acalmar com o seu olhar terno e sua leve carícia em minhas mãos.

“O carro foi removido do local, suas coisas estão guardadas mas Taeyeon-ah, isso não importa-“

“Mas...O que eu havia comprado para-“ Minha voz aos poucos foi se tornando nula, meus pensamentos tentando voltar ao momento exato do acidente. Ainda era meio estranho e confuso a hora certa, mas eu sabia exatamente que viera do meu lado esquerdo.

Meu carro deve ter virado e então, escuridão. Pela percepção das coisas, devo ter batido a cabeça na porta, ou em algum local assim. O cinto não me deixaria sair mais do que isso, e tal fato era de agradecer aos deuses.

“Não importa, ok? Você está viva e bem então...Deus, eu te amo tanto sabia?” Suas lágrimas retornaram ao ela me olhar, agora com um sorriso tão terno quanto seu olhar.

A realização de minha perda sumiu de minha mente naquele momento.

“Eu tive tanto medo, nem sei como consegui dirigir até aqui.”

“Não pôde pedir alguém para te trazer?”

“Nem sequer pensei nisso Taeyeon-ah...Só avisei Sunny e Sooyoung há poucas horas, por ter só você em minha mente por todo esse tempo.” Tiffany pareceu cansar-se de sua posição, largando minha mão apenas para trazer a poltrona que já se encontrava próxima à minha cama perto de minhas pernas, para mais perto de meu lado esquerdo.

Ao sentar-se, Tiffany voltou a segurar minha mão de modo carinhoso.

“Me desculpe Fany, eu juro que estava dirigindo bem, não corria, nem estava com sono, não sei o que houve...”

“Foi erro do outro motorista.” Ela usou sua outra mão para limpar seu rosto e colocou nossas mãos em seu colo em seguida.” Por sorte ele não estava bêbado e quem estava com ele teve a humanidade de chamar por socorro e assumir a culpa.”

Acenei lentamente em concordância.

“Certo...Mas ele sofreu algo?”

“Alguns ferimentos mas está bem.”

“Menos mal...”

“Sim...”Tiffany deu um eye-smile, fazendo-me agradecer mais uma vez por não ter sido incapacitada de vê-lo novamente tão cedo. “Menos mal.”

XxX

Tiffany ficou a conversar comigo por um bom tempo, contando-me então outros detalhes de como as coisas haviam acontecido, como ficou sabendo da notícia. Segundo ela, assim que se passou tempo demais desde o momento em que era esperado minha chegada, seguido de ligações não atendidas, a sua preocupação aumentou gradativamente. Foi uma questão de pressentimento, ela disse, podendo minutos depois de tentar mais uma vez contato, receber uma ligação desconhecida de que havia acontecido um acidente comigo. A ligação veio da pessoa que estava junto ao motorista, que conseguiu pegar meu celular e verificar o último número chamado. Tiffany se mostrou mais do que agradecida para essa pessoa ter feito justamente isso em primeiro lugar.

Com o passar dos minutos, as dores que sentia não pareciam aumentar, mas também não me deixavam. Só depois de comer, ao notar que eu estava começando a ficar um pouco sonolenta, fui medicada como se já soubessem que meu braço estaria começando a me incomodar aos poucos. Tiffany ficou ao meu lado o tempo todo, e eu não pude estar mais grata. Segurando sua mão, recebendo leves carícias, consegui adormecer agora tranquilamente, embora a frustração do meu plano não ter dado certo ainda circulasse por meus pensamentos algumas vezes antes disso.

Entrei em um sono sem sonho, algo que eu tinha quase certeza que era fruto do remédio que me foi dado. Calmante, relaxante ou seja lá o que fosse, eu realmente não poderia reclamar já que a maneira como acordei antes, realmente tinha elevado o meu nível de estresse.

Quando acordei pela segunda vez, a visão que me deparei foi confortante: Tiffany estava a dormir de mal jeito na poltrona, com seu pescoço caído desajeitadamente para o lado. Meu sorriso pequeno cresceu aos poucos, enquanto eu tentava buscar meus sentidos apenas para perceber que já não havia mais dor na cabeça, mas o incômodo no braço permanecia.

Olhei ao meu redor e quando o fiz, reparei que haviam mais flores do que as que eu tinha visto anteriormente. De longe, ao tentar enxergar o que estava escrito na cômoda ao meu lado, pude perceber que se tratava de flores do Key, que estava em outra cidade por motivos da empresa de sua vó. Meu sorriso se tornou ainda maior, já que ele nunca havia me esquecido em hipótese alguma. No entanto, certo detalhe me fez pensar em algumas outras coisas: Meus irmãos sabiam desse acidente?  Se Key sabia, estando a muitos quilômetros de distância, teriam eles também a ciencia disso? Esse pensamento me fez desfazer o sorriso, já que não queria pensar em como reagiriam.

Por fim, decidi apenas perguntar à Tiffany no momento em que acordasse, o qual não demorou muito a chegar. Logo a enfermeira chegou para checar as coisas, acordando ela de seu sono desajeitado. Tiffany me auxiliou à ir ao banheiro e assim que terminei com tudo, pude comer mais uma vez, agora já tendo meu estômago mais receptivo à aquela comida que não era tão ruim como imaginava. Fui medicada novamente e com um aviso de que um pouco depois do almoço, o médico retornaria com resultado dos exames, ela se retirou. Assim, ajeitando-me novamente na cama, vi Tiffany sentar-se novamente, parecendo não ter tido a noite de sono tranquila que eu já esperava que ela não teria.

Ao vê-la mexer seu pescoço, dei uma risada breve.

“Está com dor?”

“Um pouco.” Ela franziu o nariz, tentando massagear o pescoço.

“Você pode ir para casa, Fany-ah, vai descansar um pouco.”

“Claro que não!” Ela virou seu rosto com um olhar esterno. “Se for para eu ir para casa, iremos juntas. Ela não disse que depois do almoço vamos saber se você fica ou se vai ser liberada? Então...Estou torcendo para a segunda opção.” Seus lábios começaram a me mostrar um sorriso sutil.

Isso me fez sorrir junto.

“Tudo bem. Mas já me sinto um pouco melhor, então acho que vou poder sair hoje.”

“Não vá dizer que sim só para sair logo, tá me ouvindo?” Ela se levantou, apontando com seu indicador como se estivesse me dando uma bronca.

“Tá, bom, tá bom.” Rolei os olhos, brincalhona. “Aliás, como o Key soube disso? Contou à ele de madrugada foi?” Perguntei ao segui-la com o olhar para o banheiro do quarto.

“Foi aquilo que chamamos de corrente.” Ela pareceu rir pelo nariz, deixando a porta do banheiro aberta para que eu pudesse vê-la jogar uma água em seu rosto. “Eu ia avisar hoje, mas Sooyoung e Sunny já me pouparam palavras.”

Como eu já imaginava.

“Falando nelas, disseram que mais tarde estarão aqui.”

Acenei em positivo, mesmo que Tiffany não pudesse me ver.

Ao pensar neles, meus irmãos voltaram à minha mente. Quando Tiffany retornou, vendo-me pegar o controle remoto para ligar a televisão, foi como se ela tivesse lido meus pensamentos.

“Oh, e seu irmão também já sabe. Ligou ainda de madrugada, mas disse que não queria te incomodar.”

“Ah~...Mas ele sabe que estou bem certo?”

“Certo mas...” Ela se aproximou novamente, voltando a sentar na poltrona ao meu lado ao me olhar nos olhos.

“Mas o que?”

“...”

Ela pareceu hesitar, fazendo-me arquear uma de minhas sobrancelhas em questão. Havia algo de errado?

“Que foi Fany?”

Ela suspirou.

“Nada.” A vi balançar a cabeça logo após minha pergunta, um sorriso breve começando a surgir no canto de seus lábios em seguida.

Minha expressão continuou a mesma, mas por insistência de seu semblante e da mudança de assunto que se seguiu, preferi não aprofundar muito.

XxX

Quando Tiffany saiu para comer algo, aconteceu então a descoberta do que ela estava a ‘esconder’. Depois de alguns minutos de sua saída, seu celular – que estava posicionado em cima da poltrona – tocou. Ao olhar para sua tela piscando, pensei em ignorá-lo, já que poderia estar longe demais para que eu pudesse alcança-lo sem me mover muito. Assim que a ligação cessou, desviei o olhar apenas tentando parecer desinteressada de saber quem era. Porém, no momento em que a vibração começou a soar novamente, a curiosidade me venceu nesta. Indo contrário ao que eu não poderia fazer, me estiquei o máximo para poder pegar o celular.

Me era um número familiar, mas como eu era muito ruim em guardar tais coisas, não me importei em tentar me recordar. Apertei para atender e assim que o fiz, a minha garganta se tornou seca de repente, assim como minha respiração pareceu falhar por alguns segundos.

“Tiffany-ssi?”

Aquela voz. Eu a conhecia. Apesar de não tê-la ouvido há exatamente um ano e cinco meses, eu a conheceria por toda a minha vida.

Um breve silêncio se formou, antes que a voz pudesse chamar pelo nome de Tiffany novamente.

“Tiffany-ssi? Está aí?”

“É a Taeyeon.”

Ao engolir em seco, pude ter certeza que meu pai fizera o mesmo.

“Taeyeon-ah~” Sua voz saiu meio fraca, como se ele estivesse surpreso em me ouvir.

No silêncio seguinte que mais pareceu durar anos, meu coração pareceu querer acelerar, por mais que naquele momento todo meu orgulho começasse a querer tomar posse de mim novamente.

Ele não havia ligado desde aquele dia. Ele não havia se importado. Nem mesmo em meu aniversário, ele chegou a me mandar uma mensagem. Minha mãe, muito menos. Aquilo não parecia certo, por mais que fosse uma questão um pouco mais séria que lidava com meu estado de saúde.

“Minha filha, como você está? Está bem? ” Suas palavras pareciam embargadas, mas eu poderia muito bem estar tentando me enganar disso.

Você se importa mesmo? Era a resposta que eu tive vontade de dar. Em meu estado normal, eu com toda certeza o teria feito. Porém, naquele momento, meu estado de estresse não se encontrava muito baixo e além disso, eu fui pega de surpresa.

“Vou viver, é o que importa.” Foi o mínimo de frieza que eu pude produzir em minha sentença.

Um suspiro parecendo dificultoso surgiu do outro lado.

“Minha filha, eu estive tão preocupado com você, Tiffany me avisou do que aconteceu e eu-“ Meu pai pareceu parar suas palavras, tendo novamente um outro suspiro daquele mesmo tipo.

Raras eram as vezes em que eu havia presenciado meu pai chorar, logo, naquele momento não pude distinguir se aquilo era apenas ele estando em estado de choque, procurando por ar, ou se aqueles suspiros eram as tentativas dele não deixar lágrimas caírem. De qualquer maneira, eu por dentro queria não me importar.

No entanto, eu me importava. É claro que sim.

“E você?”

“E eu não pude sequer dormir...Eu não pude pensar em você aí toda machucada e sofrendo, tive até um aumento de pressão só de saber disso, pelo amor de Deus!”

Pelo pequeno aumento de sua voz, e pela falha nas últimas palavras, pude então ter a certeza de que se tratava dele tentando segurar o choro. Mesmo sem querer, senti um nó estranho em minha garganta, fato que me fez pressionar ainda mais o maxilar que eu sequer havia percebido que fazia antes.

“Rezei para que Deus não tirasse você da gente Taeyeon, eu não sabia se sua situação poderia piorar, o desespero que eu senti...”

Vocês mesmos já me tiraram da família, qual o problema de Deus fazer isso também?

Mordi meu lábio inferior, na vontade de retrucar com algo de nível orgulhoso e talvez, grosso. Não era momento então era melhor fazer isso para evitar ainda mais estresse para meu lado.

“Eu e seus irmãos ficamos sabendo logo depois do acidente mas nas vezes que ligamos, você estava descansando então a noite foi longa, cheia de angústia, TaeTae.”

Ao ouvir o apelido que ele e minha mãe costumavam me chamar, não evitei em dar uma pequena risada sarcástica, seguida de uma pausa breve.

“Bom...Eu estou bem. Obrigada pela preocupação. ”

Minha voz saiu seca, na tentativa de engolir aquele nó em minha garganta. Tentei então, me concentrar no que passava na televisão, para não me deixar quebrar como eu já estava prevendo que aconteceria. Meu humor teria de se manter o mesmo, eu sabia disso.

Pelo silêncio seguinte, com toda certeza ele percebeu que as coisas não estavam bem entre nós. Não seria tão fácil ele apenas se lembrar de que eu existo após um acidente, que poderia me tirar completamente de sua vida. Uma coisa era ele não falar comigo, mas saber que estou aqui, e outra era saber que eu havia partido deixando algo amargo em suas lembranças, assim como eles deixariam nas minhas.

“Filha...” Seu tom soou baixo. Apenas então, tive a certeza de que ele estava chorando. “Eu sinto muito...Sei que agora não é o melhor momento, mas eu sinto muito, eu agi errado, as coisas se tornaram complicadas demais mas eu preciso dizer que eu te amo, minha filha, eu te amo com todo o meu coração e o pensamento de te perder desse jeito acabou comigo.”

Ele chorou do outro lado, pausando suas palavras por alguns instantes. Porém, não pude me forçar a dizer nada. Ele parecia querer falar mais então eu o deixei, muito para meu gosto.

“Agi feito fraco e acho que isso acontecer é finalmente um sinal para que eu acordar para a vida...Você vai ser para sempre minha filhinha, a qual eu tenho tanto orgulho, a que eu sempre quis apresentar à todo mundo, a que me esperava chegar do trabalho com os abraços e sorrisos mais gostosos do mundo.”

Assim que ele terminou sua fala, seu choro aumentou, tendo por consequência, um aperto ainda maior em minha garganta. Não percebi, mas quando Tiffany entrou no quarto lentamente, já parecendo ciente da pessoa que eu estava falando, lágrimas silenciosas já percorriam meu rosto. Seu rosto angelical pareceu querer me confortar, seu corpo se direcionando para a poltrona para então poder me transmitir um olhar gentil, calmo.

“Eu vou arrumar as coisas filha, eu te prometo isso, eu vou agir como homem e vou pagar pelos meus erros, por ter te machucado tanto!”

Mesmo eu não querendo, aquelas suas palavras me fizeram chorar ainda mais. Era algo que eu queria ouvir, era algo que eu precisava ouvir dele. Meu pai sempre foi um modelo de pessoa que eu gostava de seguir quando pequena, alguém que também me deixava com orgulho. Ouvir aquelas coisas dele, com certeza, me fizeram ficar ainda mais sobrecarregada de emoções, porém, também aliviaram a dor daquela pequena e insistente parte cortada em meu coração, que não sumiria por muitos e muitos anos.

Naquele momento então, ao notar o sorriso de Tiffany direcionado para mim, tentei suspirar fundo, olhando-a de volta com tanto carinho que não sabia se ela conseguiria entender a mensagem que eu estava tentando passar. A gratidão que meus olhos estavam tentando transmitir.

Eu não sabia o que ela havia conversado com ele, se ela tivesse conversado. Mas só de saber que ela proporcionou tal coisa de maneira indireta, – mesmo que ela claramente tivesse receio de que eu não gostaria da ideia -  eu pude enfim entender por completo o tamanho do amor que ela sentia por mim.

Não tinha um sentido exato, mas era puro, real.

Era tudo o que eu precisava e tudo o que eu não sabia que sempre quis, na minha vida.

XxX

Dizer que as coisas se tornaram simples e leves depois dessa conversa, era uma ingenuidade. Ainda haviam muitas coisas à serem resolvidas, já que o ocorrido deixou feridas profundas em ambos os lados e em nosso relacionamento antes próximo mas, já era um caminho andado. Minha mãe não chegou a falar comigo, apesar do meu pai ter citado algo sobre ela também se preocupar. Não deixei-me levar por esse papo, já que eu a conhecia bem, porém também não me importei de pensar muito no assunto.

Só dele ter ligado e me dito aquelas coisas, já fora o bastante para me manter um tanto sensível pelo resto do tempo seguinte. Sooyoung e Sunny chegaram a me visitar depois e dali ficaram até o médico conseguir me dispensar mais para o começo da noite. A minha inconsciência não fora por resultados de algum traumatismo mais forte, fora algo mais como um estado de choque, mas ainda sim ele recomendou alguns cuidados e uma diminuição em situações estressantes, para ficar de olho se eu sentiria alguma outra coisa ou não. Alguns medicamentos foram passados para meu braço, mas fora isso, eu já me encontrava bem para voltar para casa.

Tiffany parecia super cansada, mas ainda sim, para mim, estava linda. Seus olhos estavam um tanto inchados, círculos escuros preenchiam a parte de baixo de seus olhos pela noite mal dormida, mas em nenhum momento isso pareceu lhe atrapalhar. Sua paciência permaneceu, assim como sua persistência.

Na volta para casa, com ela à dirigir, não pude deixar de analisar seu perfil com um olhar um tanto mais observador.

Ela notara, mas nada dissera. Fiquei grata por aquele silêncio, porém.

Vê-la ali naquele estado, sendo completamente altruísta, fez minha mente recordar do tempo em que a conheci, de um tempo em que ficamos a nos entender mais em Londres.

Lembro-me de como ela havia me dito que ela costumava se importar bastante com as pessoas quando bem jovem, mas depois de tudo que aconteceu, esse lado dela acabou morrendo, tendo aquele medo de qualquer tipo de aproximação à consumi-la. Quando nos reencontramos em um dado momento, Tiffany voltou a dizer que a bipolaridade só piorava a situação, em um de nossos momentos de calmaria. “É um mecanismo de defesa, mas estou trabalhando nisso.” Ela me disse, portando um sorriso pequeno nos lábios enquanto se mantinha sentada em minha frente. Até então, eu a entendia. Eu estava começando a descobrir as coisas que ela passava, estava começando a tentar ajuda-la no que eu pudesse.

Agora, eu podia perceber como ela havia crescido nesse aspecto. Como algo dentro dela, a fez querer mudar. Talvez seus sentimentos por mim, talvez simplesmente a melhora em seu estado pela terapia realizada junto à Hyoyeon. De qualquer maneira, seja lá o que tivesse causado isso, eu me encontrava fascinada por esse simples detalhe. Ela conseguiu se importar com as pessoas, por mais que seus mais obscuros instintos quisessem, persistissem no contrário. Ela conseguiu se manter próxima das pessoas, por mais que durante toda sua vida sozinha, as coisas fossem difíceis do que jeito que eram.

Era admirável, sim. Era na verdade, lindo em meus olhos.

Muito mais do que isso, ela cresceu à ponto de conseguir se expressar mais, assim como eu a havia pedido. Ela não escondeu mais os dias em que não se encontravam bem, com medo de que eu fosse retaliar de alguma maneira. Nos dias em que precisava mais de espaço, ela me dizia e eu lhe dava isso. Nos dias em que o que ela mais precisava era de mim, eu estava lá e não saia por nada. Um companheirismo, uma conexão que ninguém jamais poderia entender.

Fora aí que entendi o que era se entregar em um relacionamento. Assistindo-a, na verdade. Aprendi com ela, se eu pudesse dizer assim. Ela se entregou de corpo e alma, de acordo com suas vontades, e essa era uma das coisas mais bonitas de se notar.

Ultrapassando todos seus demônios, todas as condições adversas, ela conseguiu florescer mais do que a mais bonita das flores.

XxX

Aos poucos, fui tentando me adaptar à minha “nova mas temporária” rotina, tendo que ter mais cuidado com meus machucados e afins. Não tive mais sintomas – felizmente – então as coisas se tornaram um pouco mais fácil do que eu esperava. Sooyoung me forçou a tirar uma licença maior do que a esperada, pelo simples fato de que eu não poderia trabalhar com uma mão só. Porém, mesmo com a minha insistência em dizer que eu poderia muito bem arranjar outras maneiras de ser útil à empresa, ela me dispensou como se eu fosse um prato da comida que ela mais detestava. Tiffany concordou com a ideia, então não tive muito mais o que falar. Logo, deu-se início ao meu período de: ficar em casa, no ócio.

Tiffany me mimou bastante, algo que eu não podia negar que gostava, mas ainda sim, a minha vontade de fazer as coisas que eu normalmente fazia era grande e o fato de não poder, me deixava bem frustrada, até um pouco mal-humorada de vez em quando. Meu carro havia sido mandado para o conserto e meus pertences haviam sido entregues de volta à mim. No momento em que os peguei, a minha decepção se tornou ainda maior do que o que eu esperava. Meu celular estava lá, intacto, mas o que fazia parte do meu plano não estava mais por ali.

Até tentei perguntar aos responsáveis se realmente ali estava tudo encontrado no meu carro, mas como já imaginava, a resposta não me foi tão satisfatória. Fiquei com raiva, mas novamente ao compartilhar com Key tal coisa, recebi um “Deveria estar é feliz de ter perdido isso e não um braço”, ponto bem válido, eu admito. Dessa maneira, passei os meus dias em casa, fazendo coisas bem inúteis para passar o tempo. Assim, tive um tempo bom de pensar em outra coisa a fazer, para pelo menos dar tempo de ser resolvido até o aniversário de Tiffany, que estava chegando a exatamente uma semana.

Meu pai e meus irmãos chegaram a ligar algumas vezes para checar meu estado, mas não recebi sequer uma ligação de minha mãe. A guerra de orgulhos entre nós duas era tão intensa quanto a guerra fria. Eu não cedia, ela também não. Até engraçado, em outras circunstâncias. Apesar disso não me deixei levar tanto assim pela raiva. Havia a dor de suas palavras ainda mas como eu já disse, não havia mais a raiva. Assim como eu estava a caminho de uma relação totalmente reconstruída com meu pai, eu também poderia me submeter a tal coisa com ela se chegássemos no mesmo ponto.

Se tratando do assunto, meu pai pouco falou. Deixou a entender de sua maneira que ele me queria de volta em sua vida, mas não disse mais nada se aceitava, se iria querer saber de minha vida com a Tiffany, se iria se interessar em conhece-la mais do que o superficial adquirido naquela viagem de fim de ano. Pelo menos, em um certo momento, ele entendeu a mensagem que eu procurei deixar claro: Se me quisesse de volta, teria de pelo menos entender que eu a amava, estava com ela, e que não iria mudar por nada que dissessem ou achassem. Acho que isso ficou bem explicado em sua mente, ou assim eu esperava.

 Com o passar de uma semana, finalmente chegou o aniversário de Tiffany. Comemoramos de duas maneiras: com seus e meus amigos, e em um jantar à dois no fim da noite. A levei para um restaurante caro e ali, entreguei seu presente. Não era o plano que eu estava preparando antes do acidente, passava longe, mas ainda sim era algo especial para nós. O fato de eu ter perdido o que havia comprado não me incomodava pela perda de dinheiro e sim, pelo fato de não poder fazer acontecer. De qualquer maneira, ela ficou feliz e era isso que mais me importava. 

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Comments

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AliceK
#1
Chapter 27: Olá... Estou relendo a história por que gostei tanto e fiquei triste quando terminou.
Bipolaridade é uma doença realmente seria e você retrata bem isso da Tiffany ficar triste e de repente sumir, muitas pessoas acham que é bobagem de quem não tem o que fazer e ficam culpando a pessoa. Ainda bem que a Taeyeon não se afastou da Tiffany e depois que soube começou a prestar ainda mais atenção nela.
Eu gosto dessa história
Chu ~
momoringgu
#2
Chapter 48: Continuando pois o asian é sensível a textão....

E finalmente temos uma reconciliação! Acho que por mais que a mãe dela tivesse seus “valores” e tal, de maneira alguma a taetae deveria passar por isso, né? Mas como diz aquele ditado, vamo fazer o que né? Auhauha O importante é o que importa no final das contas e essas duas puderam retirar uma carga emocional enorme das costas. E nooooooossa que linda essa descrição do amor delas <3 Eu confesso que eu fui ali pegar meus lenços e voltei pra continuar a ler, é muita emoção, meu deus do céu ;-;

GENTE QUE FOFO ESSE GOON, já amo horrores também. E essa vidinha de casada delas, que maravilha hein hehe Pelo menos, depois de tanta coisa, tem que se ter uma recompensa u.u E tudo terminou onde começou, preciso de mais lenços pra minhas lágrimas.

EU QUERO SEASON 3 SIMMMMM mentira, eu não te obrigaria a isso. Ou sim. Risos.

Então né, eu não peguei essa fic desde o começo, comeeeeeço, mas to aqui a um tempão e essa fic mesmo você demorando /puxão de orelha/ eu nunca conseguiria abandonar, não dá. Me prendeu aqui, sem mais. Eu vi essa fanfic crescer, eu vi ela migrar. Eu praticamente peguei ela no colo!! Acho que essa parte é um exagero. Ou não. Você até me fez ter raiva da Tiffany em certos momentos e ME FEZ shippar taengsic, você merece um troféu só por isso. u.u E. não sei mais o que dizer, eu só agradeço do fundo do meu coração por você ter escrito e não ter desistido dela, apesar de “tretas”. Sério, obrigada. Espero que um dia você volte, nem que seja com uma OS, eu leria com todo o prazer. ^^

XOXO
momoringgu
#3
Chapter 48: OKKKK EU ESTOU BACK, não sei se vai ser grande, qualquer coisa, reserva a pipoca e o lanche pro textão que o negócio tá igual a seus capítulos, duas partes q

Vou sair falando de cada ponto dos capítulos, ok? Ok.
Essa interação entre os irmãos do começo <3 Era tudo o que a taetae precisava no momento, e foi tãããããão lindo.

E essas duas morando juntas <3 <3 <3 isso é demais pra mim, ok? ok então. não vou dizer que eu dei uns gritinhos com isso também, viria ao caso? hmm. Mas eu não vou mentir que eu AMO esses moments delas. E eu amo essa amizade sootae também, é sério. É maravilhosa demais. Aliás, todas elas são.

Ahhh, Michelle tomou jeito. Gosto assim qq Querendo fazer a irmã casar, convivendo numa boa com elas, foi fofa essa cena. Daquelas que arrancam um sorriso da gente quando a gente lê ^^ Outra coisa que eu gostei bastante foi a forma que você descreveu o dia a dia delas. Tão leve e natural que parece que a gente consegue ver, acho até que já comentei isso kk se não comentei, to comentando ‘-‘
Fany-ah lendo 50 tons de cinza ( ͡° ͜ʖ ͡°) parêntese aqui pra uma coisa que eu sempre achei estranho nela realmente, como ela consegue gostar??????????
Enfim, adoro a saliência dessas duas, adoro adoro. Principalmente quando elas são pegas e a situação fica super constrangedora. É maravilhoso haha.

Você tocou também num ponto que é engraçado, mas que acontece bastante. De acontecer alguma coisa pra alguém dá o devido valor a outra pessoa, é incrível. Não só nesse caso, abordado aqui na fic, mas são tantos. As pessoas preferem colocar o capricho delas em primeiro lugar e não se importar em saber lidar com as situações. Só que pelo menos as coisas começam a se acertar, não é? Mesmo que seja na dor pra muita gente, enfim, estou filosofando demais já auhauhauh E foi bom ver também o quanto a relação delas se aprofundou com o tempo e você soube fazer isso muito bem, de verdade. ^^
momoringgu
#4
Chapter 44: OIEEEE, você foi maravilhosa em ter colocado tudo de uma vez pra eu ler AUHAUHAUHUHA eu to atrasada, me perdoa. EU VOU LER TUDO E VENHO COMENTARRRR, me espere. u.u q
Juhcty #5
Chapter 48: Comentando hoje porque só agora vi que tinha atualização... #sofre
Vou confessar: pelo nome da fic, eu vivia com medo de ter um final trágico. Só não surtava por isso porque eu gosto dessas coisas -q mas gosto de finais felizes também e esse foi tão perfeito!! Estou chorosa aqui! Foram o que? 4 anos escrevendo essa história? Eu leio ela há uns 3... É um bom tempo de convivência com algo. Essa fanfic marcou minha vida, isso não é brincadeira. Eu saía pulando pela casa quando aparecia notificação (momento vergonha).

A primeira vez que resolvi reler a história foi em um dos seus primeiros grande hiatus, e eu tive um choque muito grande! Vou explicar: lendo a fic pela primeira vez, para mim, a história e os personagens seguiam um ritmo normal. Mas ao reler, achei gritante a forma como a Taeyeon "amadureceu" e de certa forma, acabamos nos envolvendo tanto, que amadurecemos junto com ela. (Passei por isso uma boa quantidade de vezes, pois reli uma boa quantidade de vezes... Acho até que já tô indo fazer isso de novo.)

Outra coisa que sempre acontece: chorar quando termina TaengSic. Aquele capítulo SEMPRE acaba comigo. Mesmo querendo TaeNy, eu sou apaixonada com o TaengSic dessa fic. Pois é, aquele capítulo dói. Muito.
Assim entra a parte em que: essa fanfic me faz sentir muita coisa! Entro tanto na história que é lindo sentir aquele calorzinho no peito quando as coisas começam a se resolver pra TaeNy, de repente se pegar suspirando com alguma cena boba delas juntas e de repente se sentir uma otária por estar fazendo essas coisas, e ao mesmo tempo não estar ligando por isso.

Obrigada por proporcionar essas coisas com essa história. E agradeço mais ainda por terminá-la. Eu tava quase conformada de que não teria um final.
Final mais lindo, nostálgico e emocionante! Sério, eu amo muito essa fanfic.
Parabéns por ter conseguido terminar kkkkkk só não vou te seguir no Twitter porque eu não gosto muito então nunca entro no meu -q
Bye :3
_Yui-Chan
#6
Chapter 48: Que final lindo!!!
Acabou... quase 4 anos T_T
Mesmo você demorando pra atualizar sentirei saudades dessa fic, obrigado por não desistir!

Vou te seguir lá no twitter, o meu é yuu_luana


cap 42 Outlaws Of Love
"Aish, eu sou cardíaca Fany, última vez que você me falou para fechar os olhos você me apareceu vestida de princesa só para maiores e olha, que dia para se estar viva!” "
Moça faz um capitulo bônus de seqsu kkkk adoro seus oranges XD
quero muito ler isso,Tiffany de princesa +18 , nunca te pedi nada kkkk

bye 0/
SouUmMushroom
#7
Chapter 48: confesso que já tava quase pra vim atrás de ti de novo porque você falou que não ia demorar, mas gritei com a atualizão kshsjsksk
moça, eu simplesmente amei esse final, ficou fofo, lindo e maravilhosa!!!
to triste porque terminou, mas feliz porque você terminou kkk não abandonou a gente e obrigada por não ter abandonado esse povo sofredor que vira e mexe tava aqui enchendo teu saco (eu) kk pensando aqui em reler tudinho só pra não ficar logo com saudades... acho que é isso?! e mais uma vez obrigada por não abandonar a fic <3
até a próxima, moça ^^

~vou te perseguir você no twitter ~
Yuunosuke93 #8
Chapter 48: Moça, já pode fazer minha cova também. Morri com esse final lindju e maravilhoso <3 demorou sim u.u mas saiba que mesmo assim, tinhamu autora (apesar de querer de matar às vezes), essa fic vai ficar pra sempre no meu heart também :') até chorei porque acabou. Tô pensando seriamente em reler tudo de novo, só pra sentir aqueles feels supimps tudo de novo. Enfim, é isso. Não tenho muito o que falar, já que é o final. Só obrigado mesmo por terminar e me fazer feliz. Já posso morrer.
momoringgu
#9
Chapter 43: OKAY VOLTEI PARA COMENTAR DECENTEMENTE E MEU DEUS QUE CAPÍTULO FOI ESSE

Deixa eu respirar, foram muitas emoções aqui.

Certo, foi uma coisa fofa, surpresa, fofa de novo, drama e por fim mais fofura. Eu diria sim que foi um capítulo fofo ^^ Adorei a menina Jessica ter retornado a fic e com um Yulsic maroto, amo. Amei a cena do começo e concordo com a Tae, ficar nessa de ir de loja em loja é chato sim! u.u Tudo bem que sorvete compensa, massss.. eheh
A parte do presente e da Disney é uma coisa tãããããão Taeny, que subiram formigas no meu monitor por causa do açúcar, aiai (E tadinha da
Tae, quase morre de infarto, de felicidade, claro kk)
Por mais que o final do capítulo tenha sido bem feliz, o ponto forte dele foi a conversa da Tae com a família. É até clichê, mas infelizmente é uma coisa tão comum :/ Posso dizer que essa cena me tocou, até porque eu já ouvi coisas parecidas de mamãe, mas também por toda a carga emocional que você conseguiu passar. Parecia que eu estava na pele da Tae (não por nada pessoal, mas pelo jeito que você descreveu), deu pra sentir tudo, exatamente. Agora é esperar e ver se o tempo vai ser favorável, porque infelizmente as vezes nem o tempo amenizam as coisas, mas fighting ^^
E esse finalzinho, aaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, quero morder as duas. Vão se casar praticamente, vou chorar de emoção T.T
Só queria dizer que agradeço por você não ter desistido da fic, eu adoro, acho que você sabe hehe. E também pelo tempo, não que eu esteja dizendo que seja ruim, mas é que me sinto uma senior lendo hahahahahahha
Sério, obrigada por mais um capítulo. Tome seu tempo pra postar até o final, mas não demora muito senão vou morrê >.<
xoxo
momoringgu
#10
MEU DEUS UMA ATUALIZAÇÃO ok, eu to atrasada, mas ainda vou leeeeer. (vi agora por acaso, mas to mortinha aqui, depois comento decentemente, é a emoção do momento)