Outlaws Of Love

Dance On Our Graves - PT

O tempo voa não é ?  Chega até ser engraçado. Ontem eu estava voltando para casa depois de passar dias com minha família e em quase um piscar de olhos, em uma efemeridade um tanto absurda, cá estou eu perto de completar mais um ano de vida, juntamente com um ano de namoro com Tiffany. É estranho imaginar como em um curto espaço de tempo, pequenas coisas se tornam tão imensas de tal maneira que fica difícil ignorar.

 

Um exemplo disso está no meu relacionamento com Tiffany. Ao olhar para trás nesse passar de meses, eu percebi que eu caí no mesmo clichê que eu tanto zombava ao ver nos filmes de romance quando a mocinha ou mocinho diziam ao seu amante: “Eu me apaixono por você a cada dia mais”. Essa era a pura verdade na minha situação. Eu estava ‘pagando a língua’, como dizia minha mãe, toda vez que acordava e ficava a admirar Tiffany a dormir silenciosamente. Ou quando eu a via cozinhar para mim com tanto carinho e cuidado, ou ligar apenas para ouvir minha voz até ela adormecer nos momentos em que não podíamos dormir juntas. Até nos momentos onde seu humor mostrava algumas mudanças, notar aquelas imperfeições a fazia tão humana em meus olhos que meu coração disparava e com certeza não era porque eu estava com taquicardia.

 

Eu podia dizer que eu estava completamente apaixonada pela Tiffany e esse amor só tenderia a aumentar. No momento em que me peguei pensando em crianças com ela, em um determinado dia em que passamos com os filhos de Leo, notei que finalmente meus pensamentos de um futuro estavam sendo construídos com estabilidade. Eu passei a cada vez mais querer me casar com ela, ter filhos tanto adotados como biológicos, ter uma família grande e feliz para que depois pudessem cuidar de nós quando estivéssemos velhinhas. Tamanho pensamento vinha do comprometimento que havia colocado em nossa relação, porém, a omissão do fato de que eu não estava me entregando cem por cento por um único motivo logo me veio à tona, como já esperava. Um pequeno detalhe. Uma revelação.

 

Eu passei a pensar em como contaria aos meus pais o que tinha de contar. A grande notícia de que eu era lésbica e estava feliz namorando uma mulher. A minha vontade de me livrar desse sentimento de culpa toda vez que era questionada por minha mãe estava ficando mais do que imensa e aos poucos eu comecei a me pegar planejando formas de contar, horário, local, intensidade e tom de voz. Seria difícil, mas era preciso já que para poder termos um futuro, era preciso sacrificar parte do meu passado e este se tratava da minha antiga negação sobre quem eu realmente era.

 

Nesses três meses que se passaram, tive mais que a certeza de que as coisas podem mudar drasticamente da noite para o dia. Eu iria tomar o rumo da minha vida e tudo se encaixaria, eu seria forte.

 

Era apenas isso que eu precisava fazer. Continuar na minha perspectiva de mudança e não me acomodar com meu atual.

 

De qualquer maneira, os últimos meses não serviram só de “abertura” para meus olhos. Também serviram de gratificação, ao me fazer ver o trabalho de nossa empresa ser finalmente lançado e reconhecido pelas pessoas. A maior parte da crítica ao nosso software foi positiva e o feedback dos usuários foram satisfatórios então, a felicidade em minha vida não poderia aumentar mais ainda. Eu tinha a melhor namorada, os melhores amigos e agora, a satisfação de ver um projeto de longa data dar certo conforme o planejamento.

 

As coisas estavam andando tão certinhas e calmas que até parecia coisa de filme, coisa que me fazia temer sempre que assistia e pensava que tudo estava calmo demais para ser um filme tão interessante. Sempre tem de haver um clímax, um drama, uma coisa assim mas até então, nada de mais acontecera. Estranho, porém, confortável.

 

No fim, eu finalmente sentia que tinha as rédeas da minha vida e isso era algo totalmente inédito em toda minha existência. Faltava cada vez menos para tudo se tornar ou um completo caos, ou uma estranha e utópica calmaria mas ainda que recaísse na primeira opção, eu não me encontrava exatamente hesitante em não fazer acontecer.

 

Era certo.

 

Eu iria contar à minha família.

 

Xxx

 

Se tem uma única coisa que nunca vou conseguir gostar de fazer com Tiffany, essa coisa se chama compras. Admito que vê-la tão animada para sair perambulando pelas lojas do shopping sem nada em mente para comprar me deixava admirada e até mesmo divertida já que sim, era engraçado, porém tudo era arco-íris e unicórnios até bem, ela começar a me arrastar por todos os cantos por mais de meia hora, subindo e descendo escadas e elevadores.

 

Sou sedentária.

 

Eu dizia a ela.

 

Larga de ser gorda.

 

Ela me respondia, como ponto final daquele “argumento.”

 

Depois de meia hora de caminhadas em qualquer dia, Taeyeon bobona apaixonada se transformava em Taeyeon emburrada e entendiada, mas nada que parecesse tão grave assim para fazê-la mudar ao me ver e pensar “Hora de ir embora, acho que já deu por hoje”. Muito pelo contrário, Tiffany pouco se importava e bem...Isso me divertia mais ainda, no fundo.

 

Aquele dia era uma dessas situações mas meu nível de rabugentice – se isso existe – estava um pouco menor. Por que? Digamos que quando zanzamos por aí para comprar presentes juntas mas ao mesmo tempo separadas, pode se tornar suportável e mais legal do que apenas carregar sacolas e segui-la feito um cachorrinho.

 

Era sábado e o dia estava tão agradável quanto o inferno coberto de molho apimentado.Quente e seco. Perfeito para um sorvete mas não! Ela decidiu deixar o melhor para o final para servir de prêmio depois de toda aquela procissão pelo shopping. Eu como uma bela mulher independente e firme em suas palavras, fiz bico e concordei, porque nada mais me restava a não ser aceitar o fato de que eu era quase uma mistura de Prince e Ginger pela Tiffany.

 

Tsk, Taeyeon. Que vergonha.

 

“Meu Deus!”

 

A voz assustada de Tiffany me tirou de meus pensamentos. Logo senti seu braço entrelaçado ao meu me arrastar nada sutilmente para a direção de uma vitrine com uns manequins vestidos em rosa.

 

Se eu não tivesse visto ligeiramente do que se tratava, pensaria que ela tinha acabado de ver um assassinato ou coisa assim.

 

“Olha esse vestido TaeTae!” Seus olhos sorriam assim como sua boca e isso me fez revirar os olhos.

 

“Você acabou de comprar uma penca de coisas rosas e ainda quer mais?”

 

“Desde quando rosa é demais na minha vida?” Tiffany voltou a olhar o vestido. “Olha os detalhes dele! Perfeito para esse calor infernal!”

 

Sorri de canto ao fingir analisar o vestido criticamente, semi cerrando os olhos.

 

“Realmente parece ótimo para o calor mas eu sei de uma coisa que melhoraria muito mais do que esse trapinho aí.” Minha expressão era de não estar impressionada, como se o vestido fosse a coisa mais sem graça que já tinha visto.

 

Tiffany voltou a me olhar com expectativa nos olhos, parecendo não perceber que eu estava a enganar descaradamente.

 

“O que?” Com sua feição esboçando interrogação, cheguei perto de seu rosto e ao por minha mão em sua cintura, decidi sussurrar em resposta.

 

“Você vestindo completamente nada.”

 

O comentário me fez ganhar um tapa, mas valeu a pena. Eu nunca perdia a chance de flertar com ela e eu tinha certeza de que ela mais do que amava isso, por mais que eu fosse agredida todas as vezes que isso acontecesse. Era até engraçado, se eu parasse para pensar nisso.

 

“Para de pensar besteiras, ainda é muito cedo para essas coisas.” Tiffany juntou as sobrancelhas em repreensão e começou a me arrastar para a entrada da loja.

 

“Desde quando tem hora para isso?” Mantive meus pés mais pregados no chão que o normal, fazendo-me atrasar seus passos até onde ela queria ir.

 

“Desde que eu falei que tem. Agora para de andar como um zumbi preguiçoso e vem logo comigo, prometo ser a última coisa que compro...” Suspirei fundo, quase aliviada por suas palavras. Tiffany parou por instantes apenas para voltar a sorrir de um jeito faceiro. “Desse andar, é claro.”

 

Tal palavras complementares fez meus olhos revirarem por si só, fazendo-me grunhir como uma criança emburrada. Fui arrastada por ela até pelo menos poucos passos dentro da loja, na onde ao olhar ao redor, percebi que não fui feita para estar ali naquele momento.

 

Várias mulheres e algumas adolescentes parecendo do ensino médio conversavam e analisavam as roupas em meio ao som da boyband One Direction, coisa que se tornava muito para minha pobre cabeça. Assim, quando Tiffany foi atendida por uma vendedora e tentou me arrastar mais fundo para aquele ninho de “patricinhas”, tive de me forçar para ficar parada em meu lugar, só assim tendo a atenção da morena ao ela notar que eu não iria a lugar algum.

 

“Escuta Fany, compra aí o que você quiser mas eu não vou me submeter a uma tortura dessas em plena manhã.”

 

“Rabugenta sim ou sim?” Essa foi a vez de Tiffany revirar os olhos.

 

“Sim e sim. Vou te esperar do lado de fora ok?”

 

Ao notar que a vendedora nos olhava curiosamente, Tiffany cedeu ao soltar o seu braço do meu para apenas acenar em derrota.

 

“Ok. Vai lá, mas não toma sorvete sem mim tá me ouvindo?”

 

“Prometo!” Meu sorriso não pôde ser evitado ao ouvir seu pedido.

 

“Então tá.” Tiffany não hesitou em me dar um beijo na bochecha, algo que ainda sim atraiu ainda mais olhares da vendedora próxima.

 

Não me incomodei, necessariamente. Beijo na bochecha acabou virando algo que eu poderia aceitar naturalmente, mesmo estando em um ambiente com áurea tão hostil quanto à Coréia do Sul, quando se tratando de homosualidade. Estava feliz com esse progresso porém, não via a hora de poder beijá-la nos lábios, na frente de todos com toda a vontade do mundo, assim como a havia prometido.

 

Talvez esse momento esteja próximo. Sai da loja com um sorriso bobo nos lábios.

 

Assim que me encontrei fora da loja, fui sentar-me em um dos bancos de madeira que ficava mais ou menos no meio do corredor, tendo seu assento acolchoado em tecido preto super confortável com algumas plantas bem vívidas a decorar por perto. Meus pensamentos se tornaram completamente viajados naqueles próximos minutos, a encarar o chão e as vezes, as pessoas que passavam por minha frente.

 

Fiquei nesse estado claramente entediado até então ouvir meu nome ser chamado, percebendo assim que não vinha da voz que eu estava esperando.

 

Muito pelo contrário.

 

Pensando ter sido apenas uma breve coisa da minha imaginação, virei meu rosto para olhar por cima do meu ombro com uma expressão cética, apenas assim deparando-me com a pessoa que eu realmente pensara que fosse. Não era ilusão de ótica, nem alucinação.

 

Jessica.

 

Meu corpo se levantou abruptamente, mesmo sem necessidade alguma disso. Tenho certeza de que Jessica notou minha surpresa, já que um sorriso foi estampado em seus lábios no mesmo instante.

 

“Parece que viu uma assombração.” Ela deixou escapar uma risada, se aproximando aos poucos de mim.

 

As palavras demoraram a se formar em minha boca, quase como se eu realmente tivesse visto um fantasma. Já fazia mais de um ano que eu não a via...

 

“Eu...Que surpresa...Como você está?  Me parece –“Dei uma breve olhada em seu corpo – inocentemente – e consegui sorrir feito gente. “Me parece ótima desde que te vi.”

 

“Eu estou bem, tudo nos eixos. E quanto à você? ” Jessica pareceu fazer a mesma análise que eu. “Vi que conseguiu lançar o projeto. Fiquei orgulhosa de você, até.”

 

Voltei a sentar-me para incentivá-la a fazer o mesmo, agora já sorrindo de maneira mais confortável. Minha reação inicial se deu por simplesmente ainda me sentir culpada por tê-la feito sofrer...Mas se ela conseguiu superar, então talvez eu também devesse tentar melhorar um pouco minha situação.

 

“Estou bem, também e pois é, finalmente conseguimos lançar... Obrigada, bem, você viu como me deu uma baita dor de cabeça mas...Agora tudo está nos conformes.”

 

Jessica balançou a cabeça e finalmente fez o mesmo que eu, sentando-se ao meu lado só então me fazendo notar que portava duas sacolas amarronzadas em mãos. Ela parecia estar realmente radiante. Seu cabelo estava em uma cor escura, descendo graciosamente por seus ombros com cachos no fim. Suas vestes – mesmo que casuais - , no ponto, como sempre. Me deu gosto de vê-la assim.

 

“Eu sabia que iria dar tudo certo. Como vai Sooyoung?”

 

“Oh, a mesma coisa de sempre.” Revirei os olhos sem nem perceber. Jessica sorriu mais largo por isso. “Não tiveram mais contato?”

 

“Ah, no começo sim mas depois...Meio que nos afastamos.”

 

“Entendo...”Acenei positivamente, desviando meu olhar dela só para poder ver por alguns segundos os arredores onde Tiffany deveria estar. Nem sinal dela. “E quanto à Amber, Krystal?”

 

Apesar de termos discutido feio aquela vez, eu não estava a guardar rancores mais. Sabia que ela queria proteger sua amiga e mesmo que não tenha escolhido a maneira mais sábia, só estava fazendo o que achava melhor.

 

“Amber está bem. Já trabalhando como residente no hospital do outro lado da cidade.”

 

“Oh, mesmo?”

 

“Yep. Krystal continua a mesma pirralha de sempre, minha pirralha favorita.”

 

Meu sorriso se alargou com sinceridade. Eu não podia negar que sentia falta da presença da Jung mais nova, que sempre me fazia rir com seus “ataques” repentinos e violentos.

 

“Você ainda se encontra em maus termos com a Amber?”

 

“Não exatamente.” Dei ombros.” Bom, pelo menos de minha parte. Nunca voltamos a nos falar mas eu já a perdoei a tempos.”

 

“Estavam de cabeça quente, acontece...” Jessica deu ombros também, ficando silenciosa pelos próximos segundos.

 

Nesse momento, voltei a olhá-la de soslaio e só então me veio a pergunta de como estaria sua vida. O que ela estaria fazendo, onde estava morando, se estava tudo certo em seu trabalho, se ela aceitaria tentarmos ser amigas de novo e se ela havia conseguido talvez, curar a ferida que lhe causei. Todas essas perguntas circularam por minha mente até eu arranjar a coragem de perguntar algo sutil, porém, logo minhas palavras evaporaram assim que instantes depois, uma terceira pessoa apareceu ao seu lado.

 

“Demorei?”

 

O sorriso de Jessica esticou-se de orelha à orelha.

 

“Demorou, mas vou deixar essa passar.” A mais nova olhou para a pessoa que eu até então desconhecia, só então fazendo-a olhar para mim com o mesmo olhar de interrogação que eu tinha, apesar de ela sorrir e eu não, exatamente.

 

“Oh, Taeyeon – “Jessica me olhou e acenou para a mulher em pé.” Esta é Yuri, minha namorada, Yuri esta é Taeyeon...Uma velha amiga.”

 

O sorriso da morena que descobri se chamar Yuri falhou por alguns segundos, mas não pelo motivo que eu estava esperando. Pensei que era por ela saber que eu era ex de Jessica, mas acabou não sendo isto assim que vi Jessica rir de sua cara de espanto, abaixando a voz para responder sua pergunta silenciosa.

 

“Não se preocupe, estamos no mesmo barco.” Jessica deu uma piscadela à morena, a fazendo visualmente aliviar ao ponto de enfim voltar com o grande sorriso no rosto. Ela havia ficado preocupada com o termo “Namorada” sendo apresentado tão casualmente por Jessica, e não pelo que pensei.

 

Assim, Yuri se aproximou de mim e estendeu a mão para eu cumprimentar. Meu sorriso cresceu e assim, a cumprimentei.

 

“Prazer.”

 

“O prazer é meu.” Yuri portava outras sacolas grandes e brancas, trajada em uma roupa já tão casual quanto a minha. “Você não me é estranha, Taeyeon-ssi.”

 

“Ah, mesmo?” Franzi as sobrancelhas, não estando certa se já a havia encontrado antes.

 

Yuri parecia uma boa pessoa, e saber que Jessica havia se apaixonado de novo e estava radiante daquele jeito por tê-la ao seu lado, me fez feliz. Jessica não merecia menos do que alguém que a tratasse feito a princesa que ela era, dando-lhe o seu completo amor sem restrições.

 

“Ela e uma outra amiga, Sooyoung, são as CEO da empresa que lançou aquele software-“ Jessica tentou ajudar Yuri a lembrar-se, fazendo Yuri então estalar os dedos e arregalar um pouco os olhos com a realização.

 

“Isso mesmo! Waa, que honra Kim Taeyeon, a jovem prodígia.” Yuri sentou-se ao meu lado amigavelmente, fazendo-me rir por chamar-me do apelido que colocaram em mim logo no começo, quando nossa empresa era uma start-up.

 

“Como sabe disso?”

 

“Yuri adora essas coisas de tecnologia, adora até demais.” Jessica lançou um olhar para Yuri, que apenas deu ombros e continuou a sorrir alegremente.

 

“Olha só, parabéns pelo lançamento, já tenho o meu software no celular e no computador.”

 

“Obrigada, é sempre bom saber da opinião das pessoas.” Continuei a sorrir genuinamente, então percebendo Tiffany sair da loja com mais duas sacolas em mãos, os olhos desaparecidos em seu eye-smile ao rir de algo que a vendedora lhe disse.

 

Assim que olhei de volta à Jessica, a vi olhar para Tiffany, estando então curiosa do que ela carregava naquele olhar naquela hora. Por um momento me preocupei, mas assim que Tiffany chegou finalmente à nós, a expressão de Jessica me deu o alívio que queria.

 

Se eu ainda a conhecesse bem como antes, estaria certa de que aquela expressão não era falsa. Ou isso, ou ela nesse tempo aprendeu a fingir as coisas bem melhores que antes.

 

Tiffany foi apresentada à Yuri, e de um jeito desconfortável, cumprimentou Jessica da melhor forma possível. Eu sabia que ela também se sentia culpada em vários aspectos – agíamos até como se tivéssemos sido amantes enquanto eu namorava Jessica – mas fizemos nosso melhor para não alertá-la da nossa “estranhice”.

 

Yuri pareceu não perceber a pequena tensão. Ou simplesmente, não havia motivos para ser ter uma tensão por agora.

 

Algumas conversas pequenas foram trocadas até então, Yuri se levantar e olhar para o relógio, sinalizando que elas teriam que partir. Jessica novamente acenou para Tiffany e eu e assim, nos fez imitar e sorrir em resposta.

 

“Foi bom te reencontrar, Taeyeon.” Jessica me olhou por instantes. “Você também Tiffany.”

 

Tiffany respondeu, eu apenas acenei de novo, sentindo-me sem jeito. Yuri começou a ir na frente de Jessica depois de uma despedida à nós duas. Quando vi Jessica começar a segui-la, andei alguns passos e a fiz se virar para me encarar mais uma vez.

 

“Jessica...” Curiosidade estampou sua face. “Estou feliz que esteja feliz...Me desculpe por tudo que-“

 

“Taeyeon...” Jessica sorriu de canto, mantendo sua voz gentil. “Está tudo bem. Passou. Acredite, eu também estou feliz por te ver com ela agora, acho que tão feliz quanto eu estou.”

 

Acenei lentamente em confirmação, assim então, recebendo um último aceno e sorriso antes de Jessica se virar e enfim alcançar os passos de Yuri.

 

Voltei à Tiffany com um coração mais leve, mesmo que meu rosto não esboçasse tal alívio.

 

“Acha que ela ainda está magoada?” Tiffany me perguntou com a voz preocupada, seus olhos sem saírem do casal que se afastava cada vez mais de nós.

 

Ao olhar para a mesma direção que ela, suspirei e dei um sorriso de canto ao usar minha mão livre para sutilmente pegar a sua.

 

“Acho que está bem. Assim como nós.”

 

Xxx

 

Depois do encontro um tanto inesperado e talvez até um pouco estranho, de começo, Tiffany e eu almoçamos pelo shopping e demos mais algumas vasculhadas, só saindo dali depois com sorvetes em nossas barrigas. Meu aniversário seria no dia depois de amanhã, assim como nosso aniversário de namoro, então todo o meu estado de espírito se encontrava alegre e ansioso.

 

Seria o primeiro ano oficial que comemorávamos juntas e por mais que em datas estivéssemos apenas com 12 meses de namoro, nosso histórico ia tão mais longe que isso que eu já nos considerava beirando os 2, 3 anos de namoro. Nossa ligação se encontrava mais forte do que nunca, em todos os sentidos. Nos dávamos bem, riamos juntas, chorávamos juntas, falávamos sério e até mesmo discutíamos por besteiras apenas para depois nos reconciliarmos da melhor maneira possível. Eu não poderia estar mais feliz do que meu momento atual. Prova disso, era eu me encontrar ansiosa por comemorar datas, – coisa que nunca fiz na vida, como dia dos namorados – ou a comprar coisas bobas que me lembravam dela sem nenhum motivo especial. Uma tola apaixonada, verdade, mas eu não poderia fazer nada.

 

Nunca pensei que fosse me tornar assim, sempre julguei quem dizia sentir essas coisas tão fortemente por não acreditar que fosse real mas agora, novamente como minha dizia minha mãe, estava “pagando a língua”. Pagar a língua nunca foi tão delicioso como agora, porém.

 

Quando meu aniversário finalmente chegou, meu dia começou maravilhosamente bem. Tiffany cozinhou minha comida preferida, recebi várias ligações e mensagens idiotas dos meus amigos retardados e em seguida, uma hora depois de nosso almoço, depois de mais uma cochilada a qual Tiffany disse ser a prova de minha anemia, me encontrei sentada na minha sala de estar a esperar por ela, que dizia estar trazendo meu presente.

 

Era até um combinado, quanto à aquele dia. Já que meu aniversário era comemorado junto com nosso de namoro, na primeira metade do dia era comemorado meu aniversário e no restante, nos dedicávamos ao nosso namoro. Dessa maneira, me encontrei curiosa para ver o que ela havia comprado.

 

“Fecha os olhos.” Ouvi a voz de Tiffany se aproximar, forçando-me então a fechar os olhos e sorrir faceiramente.

 

Será que ela estaria vestida de enfermeira? De super-heroína y? De Tiffany as vezes, eu não poderia prever nada. Meus pensamentos estavam percorrendo por todo o tipo de coisa ertida, e não era nem três horas da tarde ainda.

 

Ouvi seus passos até a sala de estar e creio que ao ver o sorriso que eu não conseguia evitar, aquele exato sorriso que entregava as besteiras que passavam por minha mente, Tiffany começou a rir.

 

“Yah, para de sorrir assim! Não é nada de besteira!”

 

“Aish, eu sou cardíaca Fany, última vez que você me falou para fechar os olhos você me apareceu vestida de princesa só para maiores e olha, que dia para se estar viva!” Neguei com a cabeça ao sorrir ainda mais e me lembrar do ocorrido que citei.

 

Tiffany rira mais uma vez, parecendo se aproximar ainda mais de mim.

 

“Mas nem tudo é para se pensar besteira, sua ertida.”

 

“Ué, você me pede para fechar os olhos, o que posso fazer.” Dei ombros inocentemente, então recebendo um curto selinho em meus lábios.

 

“Tá, abre os olhos agora.”

 

Assim que abri, a vi de joelhos em minha frente com um bolo super lindo em suas mãos. Um bolo negro feito cuidadosamente com algumas partes preenchidas de creme de leite e em cima, um desenho do Jack Skellington. Minha reação foi como a de uma criança, sem exageros.

 

“Não!” Minha animação foi à mil, vendo-a sorrir largo ao parecer ter uma sacola negra curta enlaçada em seu pulso esquerdo. Peguei o bolo de sua mão apenas para tascar um dedo na cobertura, não hesitando em colocar na boca e então grunhir em resposta.

 

“Não pega com a mão assim menina!” A vi franzir as sobrancelhas, parecendo uma mãe repreendendo sua filha encapetada.

 

“Arrrghh~ Tão gostoso, tão lindo, você que fez Fany? “ Ignorei o seu pedido, fazendo o mesmo que antes ao sentir aquele doce sabor se espalhar por minha boca, matando todas as lombrigas que há dias não via o dia nascer feliz com porcarias engordativas.

 

“Foi eu, acredita? Fiquei de cabelo em pé fazendo, mas esse não é seu presente, óbvio.”

 

Eu já até havia me esquecido de presente. Quem manda gostar tanto de: primeiro, Jack  Skellington e segundo, comida, doce?

 

“Um bolo todo só para mim já é um ótimo presente ok, obrigada.” Passei o dedo mais uma vez só para poder aponta-lo para sua boca, vendo-a sugar o conteúdo dele de uma maneira que me fez voltar ao estado “euforia-ertida” de tão erótico.

 

Claro, não foi intencional, mas meus hormônios me diziam o contrário.

 

Tiffany percebeu o que eu achei daquela reação assim que me viu de boca um pouco aberta, a encará-la com uma expressão nada sutil. Dessa vez, porém, escolheu apenas revirar os olhos ao me repreender pela décima vez.

 

“Ok, ficou bom mesmo, sou uma ótima cozinheira.”Tiffany sorriu largo mais uma vez antes de se ajeitar entre minhas pernas para poder pegar algo da sacola que estava em seu braço. “Agora vamos ao seu presente.”

 

Meus olhos pareciam brilhar com tanta coisa boa acontecendo em um dia só. Para ficar melhor, coloquei o bolo cuidadosamente no sofá ao meu lado, agradecendo por Ginger ter aprendido a não ficar mais pulando por ali.

 

“Aqui está.” Tiffany retirou uma caixa que se revelou ser um estojo completo de lápis e canetas apropriadas para o meu mais recente hobby, com a minha mais nova obsessão estampada por ali também.

 

Ela com certeza havia se lembrado do dia em que resmunguei por não ter os materiais certos para desenha-la como uma de minhas francesas, e não ter vergonha na cara de comprar um. Meu sorriso não cabia mais em meu rosto.

 

“Ai, Odin!” Grunhi em frustração, nem mesmo segurando o estojo em minhas mãos antes de puxá-la brutamente para perto de mim, beijando-a de um jeito forte e um tanto violento, por várias vezes. “Como – Você – É – Maravilhosa – Mulher !” Minhas palavras saíam cortadas, meu sorriso chocando-se com o dela entre nossos beijos.

 

Tiffany até mesmo se desequilibrou da sua posição, tendo que por as mãos em meus joelhos para maior controle de seu corpo.

 

Um último beijo estalado me fez voltar a olhá-la, pegando enfim o presente que havia me dado.

 

“Você não cansa de ser assim não?” Meu coração até mesmo parecia acelerado de tanta felicidade.

 

Tiffany se resumiu a sorrir, parecendo um tanto suspeita ao me ver mexer com o estojo para poder abri-lo. Por um momento pensei que aquele não era o fim do meu presente. Assim que eu finalmente o abri e vi mais um conteúdo inesperado dentro dele, tive a certeza de que realmente, não era o fim, e não, ela não se cansava de ser maravilhosa.

 

Meu sorriso desmanchou, meus olhos se arregalaram. A minha reação ao ver aquilo se assimilou à de uma criança que vi em um vídeo uma vez, ganhando a mesma coisa, apenas a se tirar o fato de que ela chorou rios e eu estava agora, de boca aberta, feito uma retardada.

 

“Tá de brincadeira?” Meu sorriso começou a crescer aos poucos, me fazendo ficar ainda mais frustrada e com vontade de matar Tiffany de tantos beijos, se isso fosse possível.

 

Tiffany apenas se resumiu a sorrir e a me olhar, vendo meus olhos ficarem inconstantes ao alternar entre olhar o presente e ela, por umas quinhentas vezes seguidas.

 

“Esse é o seu- Ou melhor, nosso presente de namoro.”

 

Minha felicidade deveria ter chegado ao seu ápice.

 

“Você sabe o quanto eu te amo? Cristo, que raiva, que raiva” Larguei o estojo cuidadosamente do meu outro lado no sofá e me joguei nos braços de Tiffany, fazendo-a cair sorridente de costas no chão ao envolver seus braços em minhas costas.

 

Meus beijos foram mais que carinhosos. Aquela foi a primeira vez que experimentei o amor violento que Sooyoung tanto me falava em algumas vezes. Aquele amor que de tão grande e tão sem explicações, me fazia ter vontade de esmagar ela como uma criança para nunca mais soltá-la.

 

De qualquer maneira, eu tinha certeza de que Tiffany estava adorando tudo aquilo. Estava adorando tanto que começou a percorrer suas mãos por de baixo de minha blusa como um sinal de avanço, parando apenas quando sentimos a presença de mais alguém por ali.

 

Ginger.

 

Meus beijos apenas cessaram em meio a risos e sorrisos quando o senti subir em minhas costas, estragando todo aquele clima romance.

 

“Argh!” Resmunguei, vendo Tiffany gargalhar com tal situação.

 

Dali, tudo se tornou diversão e unicórnios até pelo menos eu ver ele sair de mim para tentar ver de onde vinha aquele cheiro maravilhoso de bolo. Só então minha reação entrou em ação, levantando-me rapidamente para zangar com ele e assim fazê-lo passar longe do meu bolo. MEU bolo.

 

Ainda sim mesmo se ele tivesse chegado a comer, eu não teria ficado zangada. Afinal, iriamos ficar os próximos dias sem vê-lo por perto já que bem...

 

Disney, aí vamos nós.

 

Xxx

 

A definição de diversão se tornou completamente conceituada em minha vida nos dias que se seguiram. Eu parecia ter voltado a ter 8 anos de idade, ao me encontrar completamente entorpecida por todos aqueles brinquedos, toda aquela magia da Disneylândia, totalmente deslumbrada de tanta emoção por estar por ali. Não negava – nunca neguei – minha vontade de visitar aquele lugar desde minha infância, então aquilo significava muito para mim.

 

Por mais que eu soubesse que teria capacidade de pagar uma viagem para a Disney a qualquer momento – sem me gabar ou algo do tipo – me encontrei em tamanho conforto e comodidade imersa em meio ao meu trabalho e aos conflitos que minha vida teve no passar dos anos, que simplesmente me esqueci de algo tão “fútil” assim. Queria eu ter ido a esse algo “fútil” assim mais cedo, já que aqueles dias que passamos ali foram os melhores da minha vida até agora.

 

Nos hospedamos no hotel do Buzz Lightyear, visitamos tudo que tínhamos direito, compramos coisas de Minions e princesas feito crianças, carregando mochilas até nas costas para guardarmos tudo o que encontrávamos. Por um momento, Tiffany até mesmo se encontrou preocupada se nós teríamos que comprar outra bagagem para levar todas aquelas tudo de volta. Eu sequer me permiti ter dor de cabeça por causa disso. A excitação era tanta que até mesmo estava levando de volta para a Coréia, presentes e coisas fofas para Sooyoung e Sunny, as quais pareciam mais doces que o normal nos últimos tempos.

 

Nunca engoli aquela desculpa de que Sooyoung estava a ameaçar Sunny na vez em que as peguei tão próximas, mas já que minhas táticas de detetive não deram certo, decidi apenas esperar para ver. Se tivesse algo entre elas, esperava que elas me contassem antes de tudo, quando estivessem prontas. Com certeza não haveriam julgamentos, claro que não. Apenas zoação. Só isso.

 

Toda aquela viagem foi capturada em fotos e vídeos, sendo os Estados Unidos o primeiro lugar que pudemos agir como queríamos, sem restrições. Aquela sensação de poder andar de mãos dadas com ela sem preocupações, poder demonstrar nosso afeto sem pensarmos nos outros a nos julgar, era maravilhosa. O sentimento de liberdade era magnífico por si só.

 

Por mais que ali também ainda tivesse a parte conservadora, não era nada comparado à prisão que eu sentia na Coréia do Sul. Tudo se tornou exatamente como um conto de fadas, clichê, eu sei, mas não havia outra definição para isso. Voltamos para a Coréia renovadas, com almas leves e tiaras de Mickey e Minnie, esquecendo-nos de todos os problemas tantos meus quanto os dela.

 

Na noite seguinte da que chegamos em Seoul, eu me encontrava deitada na cama de Tiffany tendo-a com a cabeça em meu peito, nós duas conversando e relembrando dos melhores momentos de nossa viagem. Meus dedos traçavam linhas variadas no braço descoberto dela, enquanto ela acariciava minha barriga por debaixo do pijama.

 

Por um momento, após as risadas que compartilhamos ao pensar nas vezes que gritamos nossos pulmões para fora nas montanhas russas, me deixei cair em um confortável silêncio ao pensar naquele sentimento de liberdade que senti. Assim, decidi compartilhar com ela o que eu até então não parava de pensar, mas não havia parado para lhe perguntar.

 

“Fany...” Chamei por seu nome após aqueles instantes de silêncio. Senti meu corpo vibrar ao ter seu retorno apenas com um murmúrio. “Faz um tempo que ando pensando em algumas coisas...”

 

“E que coisas seriam essas?” Tiffany continuou com as carícias sem se preocupar em mover sua cabeça para cima.

 

“Coisas relacionadas à minha família.”

 

“Oh...?” Esse foi o momento em que ela se ajeitou para poder ter uma posição confortável para me olhar nos olhos.

 

“Desde o começo do ano, venho pensando em contar a eles a verdade sobre nós...Sobre mim.”

 

Sua expressão de surpresa não pudera ser escondida. Eu poderia entender. Eu poderia estar até da mesma forma ao finalmente me ouvir falando aquilo em voz alta.

 

“Acha que está preparada?” Ela me perguntou sutilmente.

 

“Preparada? Acho que nunca vou estar mas- “Dei um sorriso de canto. “Eu preciso fazer isso.”

 

Eu quero um futuro com você. Minha mente completou.

 

“Esse gosto de liberdade que tivemos nos últimos dias só serviu para me deixar certa de que é o que preciso fazer...” Suspirei, começando a acariciar seu cabelo entre meus dedos. “O que acha?”

 

Ao olhar para baixo, a vi posicionar seu queixo em mim, parecendo pensar rapidamente.

 

“Eu te apoio em tudo o que escolher.” Seus olhos voltaram-se aos meus. “Se acha que é melhor esperar mais um pouco, não há problema. Se sente que quer contar agora, eu te apoio do mesmo jeito.” Seu sorriso significou muito para mim.

 

Uma vez ela havia me dito que ela também queria ser uma força em que eu pudesse me encostar, confiar e saber que ela estaria lá por mim assim como eu estive para ela em seus momentos difíceis. Naquele exato momento, eu via em ação todas as suas palavras.

 

Algumas pessoas costumam dizer que seu amado é a sua maior fraqueza, por fazer tudo o que quer por ele e saber que se algo de ruim acontecer com eles, sofrerão como nunca.

 

No meu caso, Tiffany não era minha fraqueza.

 

Acho que ela era minha força, e os efeitos daquele olhar terno e aquela voz gentil eram nada mais do que provas disso.

 

Xxx

 

O motivo de ter compartilhado minhas intenções com ela eram simples: Minha família estava chegando no final de semana seguinte para comemorar – atrasadamente – meu aniversário. Por motivos de terem escolhido um tempo em que meu irmão pudesse também comparecer, decidiram então fazer isso uma semana depois, todos sem perder o pique da minha “festa”.

 

Eles iriam passar os três dias do final de semana por ali, e seria em um daqueles dias então, que eu contaria. Poderia haver dia melhor do que jogar uma bomba dessas logo na comemoração do meu aniversário, algo que eles esperam que seja mais do que agradável? Sim, poderia. Porém, eu não queria. Eu precisava tirar aquilo do meu peito e era isso que eu faria.

 

Era agora ou nunca, e eu não esperava escolher a opção nunca.

 

Tiffany chegou a me perguntar se eu não iria querer sua presença no momento em que eu contasse, preocupada com a reação deles, preocupada com meu bem-estar, meu emocional, porém eu carinhosamente recusei seu pedido. Eu não queria ter ela ao meu lado pois eu sabia que se em algum momento em meio à reação bruta – a qual eu já previa que ia acontecer por conhece-los bem – eles chegassem à agredi-la verbalmente, magoando-a em sua presença, eu perderia completamente minha cabeça. As coisas poderiam ficar piores, então era melhor evitar.

 

Ela é claro, não concordou, disse que era uma mulher crescida e disse que poderia muito bem aguentar qualquer coisa, porém, aos poucos ela se mostrou aceitando minha decisão assim como eu já esperava dela. Sooyoung, Sunny e Key também fizeram um papel importante assim que os dias iam se aproximando, todos me dando conselhos e dizendo para eu continuar com essa mentalidade e não me deixar enfraquecer na hora H.

 

Em todas as vezes que tocávamos no assunto, eles faziam questão de me lembrar que eles estariam sempre ali para mim e isso de certa forma, me confortava bastante. Dessa maneira, quando minha família finalmente chegou, procurei agir da forma mais natural possível, de começo.

 

Meu irmão continuava extrovertido, brincalhão como sempre. Meus pais se encontravam felizes e orgulhosos de mim, por me ver bem-sucedida e saudável. Me deixei levar por suas presenças alegres pelos dois primeiros dias, sempre tendo minha mente à remoer as palavras que queria dizer mas que não saíam de jeito algum, em horários oportunos. Como quando minha mãe conversou comigo em uma madrugada, onde relembramos minha infância e ela me contou cuidadosamente como foi o dia em que deu a notícia de que estava grávida de mim ao meu pai, como foi o dia que nasci e assim por diante. Foi uma conversa que chegou perto do meu coração e que de um jeito ou de outro, mesmo que eu não quisesse, me deu um nó na garganta.

 

Eu estava à mercê de perder todo aquele orgulho que ela sentia por mim, e eu sabia disso.

 

Por estarem ficando em minha casa, Tiffany não apareceu por lá. Não por meu pedido, é claro, mas por sua vontade própria já que ela disse que queria que eu tivesse um tempo bom com eles, para poder por todas as ideias no lugar. Agradeci sua intenção, mas não podia negar a saudade que fiquei de não vê-la por aqueles dias, mesmo que ainda nos restasse conversações por celular. No último dia de suas estadias, estando preparados para irem embora no dia seguinte pela manhã, decidi contar à eles então a grande notícia.

 

O dia começou nublado, sendo aquele um detalhe até cômico se pensar no que estava prestes a acontecer em minha vida. Por toda aquela semana, o sol nem o calor nos deixou em paz mas por algum motivo irônico do destino e da mãe natureza, aquele domingo se encontrava nublado e com previsão de chuva. Um clima triste, um céu cinza e sem graça, algo até mesmo inesperado para todos. Ao me encontrar com uma caneca vazia de café na mão, vestida em meu pijama a olhar janela à fora, deixei-me ficar imersa naquela casual carga de pensamentos que me seguia há muito tempo.

 

Daquele transe apenas saí, quando escutei uma batida na porta do meu quarto. Com uma voz um tanto baixa, permiti a entrada de quem quer que fosse porém, não retirei meus olhos do céu acinzentado.

 

“Hey.” Pela voz, eu sabia que se tratava de minha irmã menor. A respondi com apenas um murmúrio, ouvindo seus passos adentrarem meu quarto e logo após, a porta ser fechada cuidadosamente.

 

Era manhã, e nossos pais com certeza estava no décimo terceiro sono ainda.

 

Desde que eles haviam chegado, não havia conversado direito com Hayeon sobre o ocorrido no começo do ano, quando ela sussurrou aquela coisa para mim. Por estar receosa de estar equivocada que ela soubesse de algo entre eu e Tiffany, deixei passar, fingindo que nada demais aconteceu. Era melhor prevenir a remediar, pelo menos até eu finalmente desembuchar o que tinha para falar.

 

“Não conseguiu dormir mais?” Perguntei serenamente à Hayeon após alguns momentos de silêncio depois de sua entrada.

 

Ao olhar por cima de meu ombro, a encontrei dando de ombros ao estar sentada na beira de minha cama, parecendo ainda ter sono em sua expressão.

 

“Não. Sei lá, não costumo acordar cedo assim.”

 

“Eu sei.” Sorri de canto, virando-me para então sentar-me ao seu lado. “Agora, por quê isso aconteceu? Algo de errado?” Procurei encará-la, porém vi como seu rosto se encontrava fixado em seus dedos inquietos em seu colo.

 

“Não exatamente.”

 

“Como não, olha sua cara de enterro.” Dei uma empurrada ombro à ombro nela, fazendo-a sorrir de canto e me olhar de soslaio em seguida. “Vamos lá, confia na sua unnie, o que foi? Desde que chegou me parece meio cabisbaixa...”

 

Hayeon sorriu por alguns instantes mas então, esse sorriso se esvaiu.

 

“É só que...” Ela pausou, voltando a olhar para suas mãos. “Eu meio que estou gostando de alguém.”

 

A “confissão” me fez arquear as sobrancelhas, não por ser algo inusitado mas por ser algo que nunca pensei que fosse incomodá-la. Ela já havia gostado de outros garotos antes pelo que eu fiquei sabendo de suas amigas, isso nunca foi um problema.

 

“E...? Qual o problema?”

 

“Umma não vai gostar.” Hayeon foi direta, olhando-me nos olhos pela primeira vez logo em seguida.

 

Agora, minha expressão de confusão estava mais que clara.

 

“Como assim?”

 

“É diferente, unnie...” Seu tom de voz... Se eu não a conhecesse, imaginaria algo que me fazeria pagar de louca. “Você sabe como a umma é com essas coisas...”

 

“Mas isso nunca te impediu antes?” Sorri ao pergunta-la meio que afirmando, vendo-a se mexer no lugar parecendo estar guardando mais coisas para ela do que tudo.

 

Ver minha irmãzinha assim me deixou incomodada, é claro. Sabia que ela não estava disposta a me contar em detalhes por seus trejeitos naquela hora, mas ainda sim, eu queria poder ajuda-la da melhor maneira possível.

 

“Não é isso...É só que é diferente...E eu não queria estar assim, gostando dessa maneira.”

 

Ao me deixar olhar sem rumo para o chão, suas palavras vagamente me lembraram o que disse ao Key em Londres, quando desabei em lágrimas ao dizer que estava gostando de Tiffany. É claro que aquela poderia ser uma situação totalmente diferente, mas de certa forma, eu sabia como ela estava se sentindo.

 

A única coisa que mudava era que eu já havia parado de me proibir e me culpar pelos meus sentimentos “fora do padrão” da sociedade. Ela, já não poderia ser o mesmo.

 

“Tá...mas o que quer que a unnie te diga?”

 

Recebi um empurrão de ombro em seguida, feliz por tê-la feito rir.

 

“Yah, que tipo de irmã é você?”

 

“Só estou perguntando oras, não sei o que se passa nessa sua cachola...”

 

“E eu só estou desabafando...Sinto sua falta.”

 

Meu coração se encheu de amor ao ver seu rosto mirar em meus olhos, com um pequeno sorriso em seus lábios. Meus irmãos, apesar de qualquer coisa, eram mais uns daqueles que eu matava e morreria por. Sem pensar duas vezes, a abracei forte de lado, para fazê-la se sentir bem.

 

“Olha, nós sabemos que umma é...chata com essas coisas mas você sabe, acho que a maioria delas são assim.”Tentei olhar para ela ao acariciar seu cabelo. “Não fica triste não, esse negócio de sentimento é complicado mesmo...Só te peço para não ter medo das coisas. Se você ver que realmente gosta dessa pessoa, não fica se reprimindo não, você não é mais criança.”

 

Os braços de Hayeon me apertaram fortemente pela cintura, ao ela aninhar sua cabeça em meu pescoço parecendo estar atenta às minhas palavras.

 

“Ainda mais se a pessoa retribuir, se joga maninha...Não há nada melhor do que amar e ser amado dessa maneira.” Aquilo eu já me deixava falar por experiência própria. Meu sorriso até mesmo se alargou por tal pensamento.

 

“O problema é que você já tem sua vida, eu ainda, como ela gosta de lembrar, “estou debaixo do teto dela”.”

 

Eu entendia muito bem o que ela dizia.

 

“Você logo terá sua liberdade, você vai ver. Pode parecer que não, mas eu ainda me sinto tão presa quanto você.”

 

Hayeon ficou em silêncio por alguns instantes, tal coisa atiçando ainda mais minha curiosidade e minha vontade de voltar ao assunto do começo do ano para descobrir até que ponto ela sabia das coisas, se é que ela sabia de algo.

 

No entanto, seu suspiro longo me fez mudar de ideia.

 

“Não se preocupa. Não estará sendo rebelde se quebrar alguma regra dela pela primeira vez, ok? Estará caminhando para sua maturidade.”

 

Senti seu abraço afrouxar apenas para vê-la olhar para mim com um brilho incomum em seus olhos.

 

“Só nunca se esqueça que eu estou aqui por você. Por você e por nosso irmão. Mesmo estando longe, se precisar, me liga que eu vou voando te buscar, tá?”

 

Naquele momento então, vi um sorriso grande e genuíno se formar em seus lábios.

 

“Obrigada, unnie.”

 

Xxx

 

Após a conversa com Hayeon, meu estado de espírito, mesmo que eu esperasse o contrário, se tornou mais pesado. Minha irmã de certa forma estava passando por um momento parecido com o meu, algo que lidava com a rigidez dos ensinamentos de nossos pais e isso era algo muito difícil de se mudar. Meu irmão, sendo mais tranquilo e é claro, sendo homem, nunca teve de sofrer com essas coisas. Afinal, homem não tem tantas restrições, não é mesmo? É da natureza do homem, se ele quiser gostar de uma mulher quando ainda jovem, só está agindo com seus instintos. Agora, uma menina nova gostar de outro alguém, que grande pecado, menina não tem idade para isso!

 

Tal coisa me irritava, e mesmo que sem querer, ao me pegar olhando para meus pais ali na mesa de almoço, me encontrei um tanto incomodada. Não sabia qual situação específica Hayeon estava passando, mas a entendia mais do que ninguém.

 

“Oy, o que você tanto pensa ein? Tá mais emo do que o costume.” Meu irmão me cutucou, estando sentado ao meu lado.

 

Dei um sorriso sem graça ao ver que até ele, a pessoa mais desligada que eu conhecia, havia notado meu comportamento naquele dia.

 

“Nada, enxerido. ” Dei um breve tapa em seu ombro, fazendo-o rir pelo nariz.

 

Dali em diante, tentei manter minha expressão um pouco melhor, pelo menos até dar o horário que marquei para chamar todos à sala de estar.

 

Por sorte, milagre dos deuses divino ou por simplesmente esquecimento, meus pais não chegaram a tocar no assunto “Namorado” nem por uma vez, desde que chegaram. Eles perguntaram pelos meus amigos, por Tiffany, por tudo quanto era coisa, menos o já de praxe, aquilo que eles nunca cansariam de me atormentar. Era até estranho a coincidência das coisas, mas eu não estava reclamando, de jeito algum.

 

Depois do almoço, fiquei a conversar com Tiffany por celular, jogada na sala de estar enquanto meus irmãos jogavam videogame e meus pais assistiam televisão no outro quarto. O dia já triste foi se esvaindo assim, sendo aquele o único dia em que eles decidiram em não sair para compras ou algo do tipo. Quando Tiffany se despediu, dizendo que ia tomar banho, olhei vagamente as horas e então senti um aperto no estômago.

 

Nunca antes quis destruir o relógio que havia na sala de estar como naquela hora. Para mim, parecia uma bomba relógio, o tempo se esvaindo cada vez mais rápido. Minha ansiedade começou a ficar enorme e mesmo que agora meus irmãos estivessem felizes a brigarem por um jogo que estavam imersos, toda aquela barulheira começou a me incomodar. Tive de me levantar para tomar um banho relaxante, algo que tirasse aquele nó da garganta, aquela vontade de vomitar de tanto nervosismo.

 

Quando sai do banheiro, já era de noite. Me troquei para uma roupa confortável e quando sai para a sala, notei que o jantar já estava preparado, minha mãe a estar arrumando a mesa. Meu pai estava no banho, então por mais alguns minutos decidi esperar por ele, vendo minha mãe e meus irmãos se prepararem para comer. Com a chegada do meu pai, todos começaram a conversar, rir e a comer, porém eu não conseguia nem sequer olhar para a comida disposta ali.

 

Minha mãe pareceu notar que eu estava tensa, ao ver que eu não havia tocado minha comida, porém nada falou. Meu pai, muito menos. Ele sempre foi o mais calmo dos dois, mas no fundo minha mãe o controlava completamente.

 

Não foi passado mais do que 20 minutos até todos – menos eu – terem terminado de jantar. Assim, respirei fundo e mesmo que meu cérebro quisesse fazer com que eu saísse correndo dali, forcei aquelas palavras que tanto ensaiei para fora.

 

“Preciso falar com vocês.”

 

Minha voz saiu séria em meio à conversação animada. Depois de minha fala, um silêncio estranho se formou, a atmosfera aos poucos ficou mais séria ao notarem a minha expressão nada feliz. Ao me levantar da cadeira de jantar, segui lentamente até a sala, ouvindo passos a me seguir por trás.

 

“O que foi, Taeyeon?” O tom de voz do meu pai já me dizia que eles haviam notado o meu estranho comportamento desde antes do jantar.

 

Esperei com que eles sentassem no sofá negro, o que me fez desligar a televisão logo para não ter distrações nem para mim, nem para eles. Minha mãe foi a última a chegar, com um pano de cozinha a secar suas mãos enquanto sua expressão parecia longe de estar calma.

 

“Você está me deixando nervosa Taeyeon, o que foi?” Sua pergunta soou rígida. Ela nunca gostou de surpresas. Não seria agora que ela iria passar a gostar.

 

Meus irmãos se entre olharam e depois, seus olhares caíram sobre mim. Eu era a única levantada, estando parada na frente da televisão desligada.

 

Após alguns instantes de silêncio, vi que eu não tinha mais saída. Não tinha sequer palavras “boas” para dizer aquilo. Não queria enrolar, fazer um discurso, logo, escolhi pela saída mais curta e direta.

 

“Eu sou lésbica.”

 

Os olhares entre meus irmãos pararam. Uma agulha caindo no chão poderia ser ouvida naquele momento. Meu pai, sentado no canto do sofá, pareceu uma estátua ao me olhar de uma forma como se estivesse vendo a minha alma. Sua expressão claramente esboçava seriedade. Minha mãe, pior, me olhava sem qualquer emoção em seu rosto, fazendo-me sentir como se eu estivesse nua na frente de uma multidão. Aquela “expressão” era o ápice de julgamento.

 

 Os segundos seguintes me mataram pouco a pouco.

 

“O que você disse?” Após agoniantes momentos sem ninguém a falar, minha mãe foi a primeira a quebrar, olhando-me intensamente nos olhos ao ter a mandíbula tão apertado que era até visível de longe.

 

“Eu disse que eu sou lésbica.” Nesse momento, meu olhar, por mais que eu quisesse também olhar diretamente para o meu pai, não quis sair dos olhos negros dela. Aqueles olhos que tanto passavam julgamento quando via notícias sobre o assunto, aqueles olhos opressores que antigamente faziam minhas pernas se enfraquecerem.

 

No silêncio que sucedeu , senti a necessidade de elaborar, me aproximando aos poucos de onde ela estava.

 

“Eu gosto de mulheres.”Finalmente arranquei a primeira reação da minha mãe. Nojo. “Eu não sinto absolutamente nada por homens...Eu não tenho um namorado, tenho uma namorada.”

 

A medida que as palavras saiam de minha boca, eu podia ver a expressão de desgosto da minha mãe se tornar cada vez mais forte. Dessa maneia, minha entonação começou a se tornar cada vez mais amarga, justamente por ter aquele olhar tão cortante direcionado à mim como se eu fosse a maior aberração do mundo. Naquele instante, eu me tornei cega aos meus arredores. Me esqueci da presença do meu pai e dos meus irmãos. Para mim, só havia eu e ela.

 

Sua resposta demorou mas quando veio, entregou à todos o que ela achava de tudo aquilo.

 

“Você não é nada, Taeyeon. Você não sabe o que está falando.” Minha mãe pareceu engolir em seco para poder dizer aquelas palavras. Ela negava com sua cabeça insistentemente, parecendo tentar convencer mais a si do que à mim. “Você simplesmente cansou de esperar por um namorado e decidiu entrar nesse mundo de pecados. Você não sabe o que fala.”

 

“Não sei?” Deixei uma risada sarcástica escapar. “Ah claro, você sabe, não é mãe?  Você sabe muito bem o que se passa ou deixa de se passar na minha vida, não é? Sempre querendo controlar tudo e a todos, acha que também tem esse poder comigo, né?”

 

Me aproximei o máximo que pude, vendo-a erguer o queixo sendo aquele um símbolo já familiar de superioridade. Era algo que ela fazia, sempre quando era confrontada, o que era raro em sua vida.

 

“Só eu sei o que eu sinto e é isso mesmo que vocês ouviram. “ Finalmente me lembrei dos outros, agora voltando meu olhar ao meu pai. Este, me olhava atônito. “Eu amo mulheres. Eu amo todas as partes delas, da cabeça aos pés, seus cheiros, tudo! E o melhor de tudo sabe o que é? Eu tenho uma namorada maravilhosa, que me ama e me da todo o apoio do mundo!”

 

Se eu não conhecesse melhor, acharia que minha mãe estava prestes a vomitar.

 

“Cala a boca! Cala essa boca, Taeyeon! Você não sabe o pecado que está cometendo, Deus não gosta dessas baixarias, Deus perdoa mas só se você quiser ser perdoada!” Minha mãe se levantou do sofá, parecendo ainda mais nervosa. Suas mãos se moviam junto ao seu tom ríspido. “Aonde quer chegar com isso? Está fazendo isso para me testar? Resolveu se rebelar, quer me atingir?”

 

Chegava ser até engraçado sua audácia em pensar que tudo aquilo se tratava somente sobre ela. Que era uma fase minha, que fiz de vingança por ela tanto me atormentar sobre namorados. Engraçado, realmente.

 

Ri novamente de forma irônica.

 

“Claro, tudo gira em torno de você, mãe.” Revirei os olhos, meu tom de voz se tornando mais firme e severo para poder estar compatível com o dela. “Eu estou amando uma pessoa, uma pessoa que inclusive você conhece, penso em construir um futuro com ela só para te atingir, só para te deixar nervosa, te dar pressão alta!”

 

Minhas palavras saíam tão duras que eu sequer me reconhecia. Nunca fui de falar assim com meus pais, logo, a surpresa que meus irmãos esboçavam em suas faces era de se entender.

 

“Não fala assim com sua mãe!” Essa foi a vez, finalmente a vez, do meu pai acordar para a vida. Meu sorriso irônico se fez ainda mais presente com sua voz austera.

 

“Quem é? Quem é que te fez virar esse bicho que você é hoje, huh? Quem é que te influenciou desse tanto Taeyeon ? Quem é essa sem vergonha, sem caráter, huh?

 

“Oh, mãezinha, sem vergonha, sem caráter?” Ri amargamente, sentindo o sangue ferver em meu corpo com aquelas palavras. “Você não pensou isso dela quando fomos te visitar no final do ano.”

 

O choque assim que minhas palavras acabaram, foi iminente. Meus pais ficaram boquiabertos com a revelação. Meus irmãos, bem, não faço ideia. Só então, notei como meus pulsos haviam se fechado com força, capaz de até mesmo ter deixado marcas de unhas nas palmas de minhas mãos.

 

Tudo que vi então, no silêncio posterior, foi minha mãe se aproximar como um furacão, sem nada a dizer. Em seguida, o único barulho a preencher o local até então repleto apenas de respirações tensas, foi o de seu tapa a atingir fortemente meu rosto.

 

Meu rosto se virou para a direita, meu cabelo recaindo sobre o lugar atingido, este o qual latejava e queimava como nunca. Não cheguei a levantar minha mão para o local, mas fechei brevemente os olhos ao tentar suportar as vontades mais loucas que sucederia aquele ato dela. Logo, respirei fundo, mantendo ainda o meu cabelo a cobrir a minha expressão.

 

“Como você se atreve! Como você pôde fazer isso! Comigo, com seu pai, sua irmã! Você não tem vergonha? De levar aquela vagabunda para dentro da nossa casa, para fazer só Deus sabe o que debaixo de nosso teto, Taeyeon?”

 

Vagabunda. Levantei minha cabeça aos poucos, sentindo o local que ela me atingira doer e doer feito louco. Assim que meu cabelo saiu de minha visão, pude ver os olhares assustados de meus irmãos, juntamente aos olhos com lágrimas de minha mãe. Lágrimas que já não significavam nada para mim.

 

Aos poucos, abri um sorriso de canto.

 

A hipocrisia era grande demais para eu aguentar com uma expressão séria.

 

“Agora ela é vagabunda?” Ri mais uma vez, parecendo enfurecer minha mãe mais ainda por não ter ligado para o que ela disse além do xingamento que fez à Tiffany. “Você é uma hipócrita, mãe.”

 

Ali, vi no olhar dela sua vontade imensa de me atingir de novo. Porém, ao ver meu pai levantar e minha mãe olhar para sua direção, vi que aquilo foi o que a impediu de fazer de novo.

 

Notei como seus punhos estavam fechados, sua expressão de nojo cada vez mais perceptível.

 

“Você não sabe o que está fazendo com sua vida.” Minha mãe balançou a cabeça, parecendo negar novamente tudo aquilo que estava ouvindo. “Você logo vai ver a merda que está fazendo, vai ver que esse não é o caminho certo...”

 

Sua voz aos poucos foi baixando de entonação, quase como se meu pai tivesse mesmo conseguido acalmá-la com aquele olhar anterior.

 

Os próximos momentos foram preenchidos de silêncio, enquanto ela parecia pensar bem no que dizia.

 

“Deus sabe de todas as coisas...Deus me deu o dom da espera, e bem... Eu vou esperar você se arrepender até o ponto de podermos esquecer esse absurdo. Você vai ver Taeyeon...” Minha mãe voltou seu olhar à mim, deixando ainda mais claro as lágrimas óbvias a escorrer de seus olhos. “Eu com meu amor de mãe, vou esperar o dia de você chegar e falar que pecou e aí então vou te perdoar- “Ela apontou o dedo para mim, respirando fundo para não ter sua voz a engasgar-se no meio de suas palavras. “Aí então vou te perdoar.

 

Engoli em seco.

 

“Porque se não, Taeyeon- ”

 

Ela olhou para baixo por alguns segundos e então, voltou sua atenção à mim. Após aquele olhar, somente após ele, pude sentir enfim um nó a ser formado em minha garganta. Eu havia sido forte até ali, então. Aos poucos, tentei me convencer de que eu não poderia desabar naquele momento. Não poderia me deixar vencer.

 

Assim, esperando com que ela completasse, mordi fortemente os lábios para evitar de chorar. Aos poucos, minhas pernas pareciam quererem me trair da forma mais baixa possível.

 

“Se esse dia não chegar...”Minha mãe soltou uma risada falsa, amarga.

 

Aguardei ela completar, mas sua pausa durou mais do que o meu esperado. Quando a vi finalmente soltar o choro preso em sua garganta, olhando novamente para o chão enfim, pude ver que ela estava prestes a terminar aquilo tudo com chave de ouro.

 

“...Eu não aceito ter esse tipo de gente na minha família.”Seu olhar.”Eu nunca vou ser mãe de um filho assim.”

 

Aquelas palavras, agora, calmas e menos brutas, foram as responsáveis pela quebra do meu coração. A gritaria só me causava raiva, vontade de provocar, mas aquelas palavras saindo daquela maneira, enquanto ela me olhava sem falhar, me fez desistir de resistir ao que sentia. Aos poucos, senti minhas lágrimas escorrerem por meu rosto.

 

Um silêncio mais que tenso se instalou naquele momento. Acenei minha cabeça algumas vezes, sentindo um aperto enorme no peito enquanto tentava engolir aquele nó que parecia me sufocar cada vez mais, impedindo-me de respirar, de falar algo. Fiquei daquela maneira por mais alguns segundos até então, conseguir dar um suspiro fundo, chegando a limpar as várias lágrimas que teimavam a escorrer sem minha permissão.

 

“Certo. Você nunca vai ter um filho assim...” Acenei positivamente de novo, passando a mão de maneira bruta por meus cabelos. A dor de seu tapa já não era nada comparada a dor de suas palavras. “Bem, então...” Olhei brevemente ao meu redor, vendo assim, Hayeon a chorar e Jiwoong a estar boquiaberto com toda a situação. “Acho que vocês só têm dois filhos agora.”

 

Com isso, me dei ao direito de sair rapidamente da sala de estar, pegando as chaves do meu carro e deixando minha própria casa em passos mais do que rápidos.

 

Eu precisava dela. Eu precisava dela mais do que nunca.

 

Xxx

 

Não demorou até eu conseguir ver seu rosto novamente. A caminho de sua casa, mandei uma mensagem para avisá-la que estava indo para lá e assim como eu já esperava, a encontrei na fachada de sua casa, com os braços cruzados e com uma expressão preocupada em seu rosto. Haviam lágrimas em meus olhos, mas não era nada que me fizesse parecer em prantos. Pelo menos não por agora.

 

Após estacionar meu carro em frente sua garagem, sai em passos rápidos, deixando até mesmo meu celular dentro. Tiffany desceu as pequenas escadas para vir à meu encontro, entrelaçando seus braços em volta de mim de forma forte, como se ela quisesse que eu gravasse em minha mente que ela estava ali por mim. Não chorei, não fiz som algum. Apenas continuei a sentir lágrimas frias escorrerem, enquanto a queimação no meu rosto permanecia para me lembrar de tudo a todo instante.

 

Tiffany ficou em silêncio por alguns segundos, me envolvendo como um cobertor aconchegante. Ela sabia que eu estava chorando, ela sabia do meu estado, então, optou pela falta de palavras. Aos poucos, seus dedos foram subindo para minha cabeça, acariciando meu cabelo de forma lenta e gentil. Tal cena, de nós duas nos abraçando daquela maneira, chegou a me lembrar do dia em que peguei chuva ao estar esperando-a por ali. Da mesma maneira que naquela noite, me deixei relaxar em seus braços, pelo menos até decidir me mover.

 

Depois de uns momentos ali, minha mente começou a trabalhar para eu poder dizer algo, poder contar tudo que ocorreu, poder finalmente dizer que eu havia conseguido minha liberdade apesar dos resultados finais porém, parecia que algo me impedia de formar palavras coerentes. Meu coração doía, era uma sensação de aperto que só senti antes no máximo duas vezes na minha vida. Vendo meu estado por ali, então, Tiffany decidiu nos colocar para dentro, para um lugar mais confortável.

 

Em silêncio, fui guiada por sua mão suave e quente até o seu quarto. Ao chegar, comecei a retirar meus sapatos e o leve suéter que cobria meu torso, ciente de que Tiffany estava a me observar a todo momento. Tinha certeza que meus olhos se encontravam vermelhos por agora, pela irritação que estava começando a sentir, mas eu aos poucos sentia que não podia conter aquilo, por mais que eu quisesse. Eu queria ser forte, queria estar orgulhosa e feliz por ter sido corajosa, queria até mesmo estar borbulhando de raiva pelas palavras da minha mãe porém...Tudo o que eu mais sentia era tristeza.

 

Assim que meu olhar subiu para Tiffany, que agora estava sentada na cama, notei como ela possuía uma expressão terna em seu rosto, seus olhos tentando passar para mim uma sensação familiar para me confortar da melhor maneira possível. Logo, a vi se ajeitar na cabeceira da cama, fazendo por fim uma menção para eu poder deitar em seu colo. Sem qualquer delonga, fiz o que ela pedira, fiz o que eu sabia que eu mais precisava.

 

Ela entendia que eu no momento, não queria contar tudo o que aconteceu. Ela sabia que eu iria dizer na hora que achasse melhor, portanto, tudo que ela fez naquele momento foi acariciar meu cabelo, enquanto eu me mantinha deitada em sua coxa, meu corpo retraído de uma forma que me fazia parecer uma pequena criança, talvez até mesmo um bebê na barriga de sua mãe. Eu me encontrava aninhada ali da melhor forma que podia, tendo as lágrimas a cessarem pouco a pouco.

 

Quando senti que eu já estava sendo capaz de dizer algo sem sentir o nó na garganta, ou sem sentir minha voz tremer, fechei meus olhos e suspirei fundo.

 

Seu carinho parecia ser a justa cura que eu procurava.

 

“Eu contei tudo, Fany.”

 

Ela se manteve em silêncio. Ela estava disposta à apenas me ouvir, e eu estava mais do que grata por esse traço seu.

 

“Contei sobre mim, contei sobre nós.”Puxei ar pelo meu nariz e passei uma de minhas mãos de maneira um tanto áspera pelos meus olhos, bagunçando ainda mais os rastros de lágrimas que ainda restavam por ali.

 

Eu podia sentir o olhar de Tiffany em mim, mas ainda sim não pude me forçar a olhar para cima, para fitar seus olhos. Não queria que ela me visse naquele estado de fraqueza, mesmo que eu já a tivesse visto em seus piores momentos.

 

“Já pode imaginar como tudo acabou.” Dei uma risada amarga, suspirando fundo mais uma vez. “Meus irmãos ficaram em silêncio, chocados.Hayeon...”Um sorriso mínimo de canto se formou em meus lábios, durando tão rápido quanto sua aparição.”Hayeon talvez nem tanto.”

 

Por mais que eu sentisse uma nova curiosidade surgir em Tiffany, agradeci mais uma vez por ela não me perguntar sobre.

 

“Meu pai como sempre, não se impôs. Única coisa que foi capaz de dizer a mim foi para “não falar daquele jeito com minha mãe”.”Outra risada forçada.

 

Aos poucos, senti meu corpo se virar para poder deitar em minhas costas, ainda sendo alvo das carícias leves dos dedos de Tiffany entre os fios de meu cabelo.

 

“Ele não me xingou, não falou nada, mas...Para falar a verdade, eu preferia que ele tivesse dito algo. Gritado, reagido, dito pelo menos alguma coisa.” Meus olhos se mantinham fechados, minhas mãos agora passando a descansarem em meu abdômen. “Se minha mãe não tivesse surtado, eu pensaria que tudo o que falei entrou por uma orelha e saiu pela outra. Como se aquilo fosse algo a ser ignorado, algo a nunca mais ser tocado.”

 

Dei uma breve pausa, agora já podendo me sentir um pouco mais calma do que antes. As lágrimas cessaram de vez.

 

“De qualquer maneira, minha mãe foi a pior. Até um tapa levei.” Soltei uma risada pelo nariz, abrindo meus olhos no momento certo de me deparar com uma Tiffany me olhando de jeito preocupado e horrorizado.

 

“O que?” Ela parecia me olhar fixamente, como se tentasse achar evidência do que falei.

 

“Não foi nada demais.” Balancei a cabeça negativamente, vendo-a então tirar uma mão de meu cabelo para poder acariciar a minha bochecha esquerda, sendo aquele o exato local em que fui atingida.

 

“Taeyeon-ah...” Sua voz, de alguma forma, saiu embargada, quase como se ela estivesse lá junto comigo para presenciar tal coisa.

 

Tive de olhar para cima para poder tranquiliza-la, apreciando seu toque leve entrando em contato com a queimação anterior pelo atrito forte que me atingiu.

 

“Está tudo bem, mesmo.” Dei um sorriso de canto para confortá-la, já que não queria que ela se preocupasse demais. Eu estava bem. Pelo menos, quanto à situação do tapa.

 

“Eu sinto muito...”

 

“Não há nada que sentir muito, Fany.” Passei a me ajeitar em seu colo para poder encará-la direito. “O tapa não foi a coisa que mais me doeu.”

 

Ao engolir em seco, pude sentir e notar que um novo nó havia se formado em minha garganta. A lembrança das últimas palavras de minha mãe voltou à tona, fazendo as lágrimas que até então aparentavam ter cessado, retornarem sem dó. Comecei a rir só para tentar contê-las, usando minha mão para tampar meus olhos mais uma vez.

 

“Eu não tenho mais mãe, F-Fany-ah.” Minha voz falhou pela primeira vez. Agora, não estava tão certa de que choraria silenciosamente, apenas com as lágrimas a escorrerem delicadamente por meu rosto. “E-Eu, e-eu não tenho mais mãe, nem pai.”

 

Mesmo estando de olhos fechados, eu podia imaginar o estado em que Tiffany se encontrava, já que logo em seguida senti seus dedos voltarem a me aninhar de forma mais constante, seguido de um som fraco e sutil que chegou em meus ouvidos como se ela estivesse dizendo “está tudo bem, pode chorar.”

 

Assim o fiz.

 

Chorei, e chorei de verdade. Era até estranho como meu peito parecia estar tão apertado de tal forma em que eu sentia fisicamente, como se alguém houvesse me apunhalado por aquela região. Eu sentia por ter que passar por tudo aquilo, sentia por ter talvez tê-los desapontado, mesmo que eu não estivesse de forma alguma arrependida por nada.

 

Era um paradoxo que nem mesmo eu entendia.

 

“Ela deve ter dito as coisas da boca para fora, eles vão voltar atrás...” Tiffany disse com uma voz mais do que sutil, algo beirando ao sussurro, ao tentar manter minha calma.

 

Meus olhos permaneceram fechados.

 

 

“Acho que não, Fany-ah...Acho que não vão voltar atrás.” Balancei minha cabeça rapidamente, sabendo exatamente do que estava falando. Minha mãe era uma mulher mais do que orgulhosa, e aquilo era um traço que eu mesma possuía sem ter satisfação disso.

 

“Tudo tem seu tempo, TaeTae. Deixa as águas rolarem, você vai ver como as coisas vão melhorar...” Aos poucos, procurei tentar me acalmar novamente, tentando voltar minha respiração ao seu ritmo normal. “Hoje você fez algo incrivelmente corajoso. Por mais que doa, logo você vai perceber como as coisas vão mudar daqui em diante.”

 

Ela estava certa. Eu sabia que as coisas mudariam, para mim, para minha família mas mais que isso, para nós duas.

 

“Vão mudar para o melhor.”

 

Esperei outros alguns momentos até me acalmar mais para enfim, poder abrir meus olhos e assim, poder olhar para cima, procurar ter seus olhos nos meus depois de tantos momentos sem fita-la.

 

“Eu precisava contar, Fany...Eu precisava...Fiz isso para me libertar mas mais do que isso...” Tomei um suspiro falho, para poder organizar minha mente de forma com que eu pudesse dizer as coisas de maneira coerente. “Fiz isso pensando em você.”

 

Olhando para cima, pude notar como um pequeno sorriso se formou em seus lábios, seu olhar parecendo retornar à mim com tanta ternura e gratidão que aquilo por si só parecia servir como calmante ao meu estado de espírito.

 

“Fiz isso por que...” Me ajeitei novamente em seu colo, dando uma breve pausa apenas para esperar os últimos suspiros consequentes do choro passassem de vez. “Por que eu não paro de pensar no meu futuro. Um futuro onde não importa a situação, não importa o que eu pense, sempre termina com a imagem de você a estar ao meu lado.”

 

Essa foi a minha vez de começar a sentir um breve sorriso de volta no canto de minha boca. Era um sorriso verdadeiro, algo que finalmente me fez lembrar o motivo mais forte para eu tomar aquela atitude sem olhar para trás. Ali, olhando-a em silêncio pelos instantes seguintes, tive a certeza de que não haviam arrependimentos, apesar de tudo.

 

“Viver naquela mentira me prendia, me impedia de andar junto à você...Mas agora não.” Soltei uma breve risada. “Agora eu tenho vontade de gritar, sabe, gritar- “Minha voz foi aumentando aos poucos ao, inconscientemente, gesticular com minhas mãos. “Gritar para o mundo, sem medo, sem remorso, de que eu amo você e que eu não sinto muito por isso, que eu não me arrependo de nada e que-“

 

Naquele momento, vi a expressão de Tiffany mudar e assim, fechei meus olhos por reflexo ao vê-la se aproximar de mim, calando-me com seus lábios macios por cima dos meus. A beijei gentilmente, mesmo que minha posição não fosse uma das melhores por ali.

 

“Eu te amo.” Senti Tiffany sussurrar em minha boca. “Eu te amo tanto que-“

 

Essa foi a minha vez de calá-la com um beijo, mexendo meu corpo apenas para encontrar uma posição melhor. Tive de descolar nossas bocas por um instante para me por de joelhos ao seu lado, mas ao retornar a beijá-la agora de um jeito mais apropriado, a realização de que eu realmente havia encontrado o amor de minha vida me atingiu em cheio.

 

Repousei minhas mãos em seu rosto e assim, a trouxe para mais perto de mim, capturando seus lábios sem qualquer pressa no mundo. Eu sabia que ainda passaria dias a pensar nas palavras duras de minha mãe, porém, também estava ciente de que se ela estivesse ao meu lado, tudo estaria bem.

 

Fora esse único pensamento que então, me fez afastar para poder olhá-la nos olhos com um semblante diferente esboçado em meu rosto.

 

“Mora comigo.”

 

“Huh?” Tiffany pareceu não entender muito bem aquele pedido variado.

 

“Mora comigo. Vamos comprar um apartamento, um apartamento bem confortável, um lugar só nosso onde a gente possa fazer a nossa bagunça, cuidar do Prince e do Ginger, onde mesmo quando estivermos atarefadas, voltaremos para casa com a certeza de que tem alguém esperando por nós.”

 

O sorriso dela cresceu de uma forma tão radiante, que me fez imitá-la logo em seguida. Seus olhos praticamente desapareceram de vez, fazendo-me rir à toa.

 

“E então?”

 

O puxão que Tiffany me deu pela gola de minha camiseta me fez ter ainda mais certeza de que ela não estava disposta a me responder verbalmente. Quando nossos lábios se colidiram novamente, sentir seu sorriso enorme em minha boca se tornou uma das coisas mais lindas que eu havia passado.

 

Meu corpo logo foi empurrado aos poucos para o lado, para me fazer ficar deitada em minhas costas e então, logo ser preenchida de beijos carinhosos, tais quais pareciam querer curar todas as minhas feridas.

 

Naquele momento, eu não mais me senti como uma fraca.

 

Ali, tive a certeza de que ela era a força que eu precisava.

 

A força que eu precisava para sempre seguir em frente, sem nunca olhar para trás.

 

Xxx

Oi.......?????? Gente...Então, né... >.< Sinto muito muito muito mesmo por ter meio que abandonado isso aqui. Aos que ainda se lembram dessa fic, aos que tanto gostam, que mandaram mensagens e tudo mais, eu agradeço do fundo do meu coração, não pensem que agi com descaso por essa demora absurda. Sempre que lia seus comentários frustrados, me sentia frustrada comigo mesma e é, sei que fiz mal com vocês.

De qualquer maneira, também sinto muito por ter retornado com esse capítulo com o que eu tinha falado antes que seria o último “drama” da fic. Já é meio esperado, já estava planejado há muito tempo então não pude evitar...Tentei deixar o mais light possível, porém. Espero ao menos ter conseguido.

Tem mais dois capítulos por vir seguido de um epílogo. Até o final dessa semana que vem, DOOG já estará terminada e eu falo sério.

Novamente, à todos que se lembram e sei que estão comigo, agradeço sinceramente.

Like this story? Give it an Upvote!
Thank you!

Comments

You must be logged in to comment
AliceK
#1
Chapter 27: Olá... Estou relendo a história por que gostei tanto e fiquei triste quando terminou.
Bipolaridade é uma doença realmente seria e você retrata bem isso da Tiffany ficar triste e de repente sumir, muitas pessoas acham que é bobagem de quem não tem o que fazer e ficam culpando a pessoa. Ainda bem que a Taeyeon não se afastou da Tiffany e depois que soube começou a prestar ainda mais atenção nela.
Eu gosto dessa história
Chu ~
momoringgu
#2
Chapter 48: Continuando pois o asian é sensível a textão....

E finalmente temos uma reconciliação! Acho que por mais que a mãe dela tivesse seus “valores” e tal, de maneira alguma a taetae deveria passar por isso, né? Mas como diz aquele ditado, vamo fazer o que né? Auhauha O importante é o que importa no final das contas e essas duas puderam retirar uma carga emocional enorme das costas. E nooooooossa que linda essa descrição do amor delas <3 Eu confesso que eu fui ali pegar meus lenços e voltei pra continuar a ler, é muita emoção, meu deus do céu ;-;

GENTE QUE FOFO ESSE GOON, já amo horrores também. E essa vidinha de casada delas, que maravilha hein hehe Pelo menos, depois de tanta coisa, tem que se ter uma recompensa u.u E tudo terminou onde começou, preciso de mais lenços pra minhas lágrimas.

EU QUERO SEASON 3 SIMMMMM mentira, eu não te obrigaria a isso. Ou sim. Risos.

Então né, eu não peguei essa fic desde o começo, comeeeeeço, mas to aqui a um tempão e essa fic mesmo você demorando /puxão de orelha/ eu nunca conseguiria abandonar, não dá. Me prendeu aqui, sem mais. Eu vi essa fanfic crescer, eu vi ela migrar. Eu praticamente peguei ela no colo!! Acho que essa parte é um exagero. Ou não. Você até me fez ter raiva da Tiffany em certos momentos e ME FEZ shippar taengsic, você merece um troféu só por isso. u.u E. não sei mais o que dizer, eu só agradeço do fundo do meu coração por você ter escrito e não ter desistido dela, apesar de “tretas”. Sério, obrigada. Espero que um dia você volte, nem que seja com uma OS, eu leria com todo o prazer. ^^

XOXO
momoringgu
#3
Chapter 48: OKKKK EU ESTOU BACK, não sei se vai ser grande, qualquer coisa, reserva a pipoca e o lanche pro textão que o negócio tá igual a seus capítulos, duas partes q

Vou sair falando de cada ponto dos capítulos, ok? Ok.
Essa interação entre os irmãos do começo <3 Era tudo o que a taetae precisava no momento, e foi tãããããão lindo.

E essas duas morando juntas <3 <3 <3 isso é demais pra mim, ok? ok então. não vou dizer que eu dei uns gritinhos com isso também, viria ao caso? hmm. Mas eu não vou mentir que eu AMO esses moments delas. E eu amo essa amizade sootae também, é sério. É maravilhosa demais. Aliás, todas elas são.

Ahhh, Michelle tomou jeito. Gosto assim qq Querendo fazer a irmã casar, convivendo numa boa com elas, foi fofa essa cena. Daquelas que arrancam um sorriso da gente quando a gente lê ^^ Outra coisa que eu gostei bastante foi a forma que você descreveu o dia a dia delas. Tão leve e natural que parece que a gente consegue ver, acho até que já comentei isso kk se não comentei, to comentando ‘-‘
Fany-ah lendo 50 tons de cinza ( ͡° ͜ʖ ͡°) parêntese aqui pra uma coisa que eu sempre achei estranho nela realmente, como ela consegue gostar??????????
Enfim, adoro a saliência dessas duas, adoro adoro. Principalmente quando elas são pegas e a situação fica super constrangedora. É maravilhoso haha.

Você tocou também num ponto que é engraçado, mas que acontece bastante. De acontecer alguma coisa pra alguém dá o devido valor a outra pessoa, é incrível. Não só nesse caso, abordado aqui na fic, mas são tantos. As pessoas preferem colocar o capricho delas em primeiro lugar e não se importar em saber lidar com as situações. Só que pelo menos as coisas começam a se acertar, não é? Mesmo que seja na dor pra muita gente, enfim, estou filosofando demais já auhauhauh E foi bom ver também o quanto a relação delas se aprofundou com o tempo e você soube fazer isso muito bem, de verdade. ^^
momoringgu
#4
Chapter 44: OIEEEE, você foi maravilhosa em ter colocado tudo de uma vez pra eu ler AUHAUHAUHUHA eu to atrasada, me perdoa. EU VOU LER TUDO E VENHO COMENTARRRR, me espere. u.u q
Juhcty #5
Chapter 48: Comentando hoje porque só agora vi que tinha atualização... #sofre
Vou confessar: pelo nome da fic, eu vivia com medo de ter um final trágico. Só não surtava por isso porque eu gosto dessas coisas -q mas gosto de finais felizes também e esse foi tão perfeito!! Estou chorosa aqui! Foram o que? 4 anos escrevendo essa história? Eu leio ela há uns 3... É um bom tempo de convivência com algo. Essa fanfic marcou minha vida, isso não é brincadeira. Eu saía pulando pela casa quando aparecia notificação (momento vergonha).

A primeira vez que resolvi reler a história foi em um dos seus primeiros grande hiatus, e eu tive um choque muito grande! Vou explicar: lendo a fic pela primeira vez, para mim, a história e os personagens seguiam um ritmo normal. Mas ao reler, achei gritante a forma como a Taeyeon "amadureceu" e de certa forma, acabamos nos envolvendo tanto, que amadurecemos junto com ela. (Passei por isso uma boa quantidade de vezes, pois reli uma boa quantidade de vezes... Acho até que já tô indo fazer isso de novo.)

Outra coisa que sempre acontece: chorar quando termina TaengSic. Aquele capítulo SEMPRE acaba comigo. Mesmo querendo TaeNy, eu sou apaixonada com o TaengSic dessa fic. Pois é, aquele capítulo dói. Muito.
Assim entra a parte em que: essa fanfic me faz sentir muita coisa! Entro tanto na história que é lindo sentir aquele calorzinho no peito quando as coisas começam a se resolver pra TaeNy, de repente se pegar suspirando com alguma cena boba delas juntas e de repente se sentir uma otária por estar fazendo essas coisas, e ao mesmo tempo não estar ligando por isso.

Obrigada por proporcionar essas coisas com essa história. E agradeço mais ainda por terminá-la. Eu tava quase conformada de que não teria um final.
Final mais lindo, nostálgico e emocionante! Sério, eu amo muito essa fanfic.
Parabéns por ter conseguido terminar kkkkkk só não vou te seguir no Twitter porque eu não gosto muito então nunca entro no meu -q
Bye :3
_Yui-Chan
#6
Chapter 48: Que final lindo!!!
Acabou... quase 4 anos T_T
Mesmo você demorando pra atualizar sentirei saudades dessa fic, obrigado por não desistir!

Vou te seguir lá no twitter, o meu é yuu_luana


cap 42 Outlaws Of Love
"Aish, eu sou cardíaca Fany, última vez que você me falou para fechar os olhos você me apareceu vestida de princesa só para maiores e olha, que dia para se estar viva!” "
Moça faz um capitulo bônus de seqsu kkkk adoro seus oranges XD
quero muito ler isso,Tiffany de princesa +18 , nunca te pedi nada kkkk

bye 0/
SouUmMushroom
#7
Chapter 48: confesso que já tava quase pra vim atrás de ti de novo porque você falou que não ia demorar, mas gritei com a atualizão kshsjsksk
moça, eu simplesmente amei esse final, ficou fofo, lindo e maravilhosa!!!
to triste porque terminou, mas feliz porque você terminou kkk não abandonou a gente e obrigada por não ter abandonado esse povo sofredor que vira e mexe tava aqui enchendo teu saco (eu) kk pensando aqui em reler tudinho só pra não ficar logo com saudades... acho que é isso?! e mais uma vez obrigada por não abandonar a fic <3
até a próxima, moça ^^

~vou te perseguir você no twitter ~
Yuunosuke93 #8
Chapter 48: Moça, já pode fazer minha cova também. Morri com esse final lindju e maravilhoso <3 demorou sim u.u mas saiba que mesmo assim, tinhamu autora (apesar de querer de matar às vezes), essa fic vai ficar pra sempre no meu heart também :') até chorei porque acabou. Tô pensando seriamente em reler tudo de novo, só pra sentir aqueles feels supimps tudo de novo. Enfim, é isso. Não tenho muito o que falar, já que é o final. Só obrigado mesmo por terminar e me fazer feliz. Já posso morrer.
momoringgu
#9
Chapter 43: OKAY VOLTEI PARA COMENTAR DECENTEMENTE E MEU DEUS QUE CAPÍTULO FOI ESSE

Deixa eu respirar, foram muitas emoções aqui.

Certo, foi uma coisa fofa, surpresa, fofa de novo, drama e por fim mais fofura. Eu diria sim que foi um capítulo fofo ^^ Adorei a menina Jessica ter retornado a fic e com um Yulsic maroto, amo. Amei a cena do começo e concordo com a Tae, ficar nessa de ir de loja em loja é chato sim! u.u Tudo bem que sorvete compensa, massss.. eheh
A parte do presente e da Disney é uma coisa tãããããão Taeny, que subiram formigas no meu monitor por causa do açúcar, aiai (E tadinha da
Tae, quase morre de infarto, de felicidade, claro kk)
Por mais que o final do capítulo tenha sido bem feliz, o ponto forte dele foi a conversa da Tae com a família. É até clichê, mas infelizmente é uma coisa tão comum :/ Posso dizer que essa cena me tocou, até porque eu já ouvi coisas parecidas de mamãe, mas também por toda a carga emocional que você conseguiu passar. Parecia que eu estava na pele da Tae (não por nada pessoal, mas pelo jeito que você descreveu), deu pra sentir tudo, exatamente. Agora é esperar e ver se o tempo vai ser favorável, porque infelizmente as vezes nem o tempo amenizam as coisas, mas fighting ^^
E esse finalzinho, aaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, quero morder as duas. Vão se casar praticamente, vou chorar de emoção T.T
Só queria dizer que agradeço por você não ter desistido da fic, eu adoro, acho que você sabe hehe. E também pelo tempo, não que eu esteja dizendo que seja ruim, mas é que me sinto uma senior lendo hahahahahahha
Sério, obrigada por mais um capítulo. Tome seu tempo pra postar até o final, mas não demora muito senão vou morrê >.<
xoxo
momoringgu
#10
MEU DEUS UMA ATUALIZAÇÃO ok, eu to atrasada, mas ainda vou leeeeer. (vi agora por acaso, mas to mortinha aqui, depois comento decentemente, é a emoção do momento)