“Eu gostaria de agradecer a todos pelo bom trabalho !”

Levantei a taça de champanhe para o alto, vendo todos aqueles rostos virados em minha direção.

“Todos vocês se empenharam, deram o máximo de si para que tudo ocorresse bem e agora, chegamos em nossa reta final. Sooyoung e eu temos orgulho em dizer que os temos em nossa empresa. É essa relação de harmonia que todo chefe deseja para a sua, então agradeço-os pelo esforço e a colaboração para que conseguissemos chegar até aqui com êxito.”

O meu sorriso não cabia no rosto, assim como o de muitos que me cercavam.

“Mais uma etapa cumprida !”Sooyoung se pronunciou ao lado, incentivando-os a levantar suas taças de mesma maneira, em forma de brinde. “Um brinde a todos nós ! Jjang !”

Com isso, todos retrucaram comentários de agradecimentos e celebração.

Todas as pessoas ali presentes eram os funcionários de nossa empresa, em uma comemoração simples por termos finalizado o nosso projeto. Apesar de termos tido algumas inconveniências, alguns obstáculos que uma vez chegaram a me fazer arrancar os cabelos, as coisas já estavam de volta em seus eixos.

Se encaixavam como queria.

Enquanto todos sorriam e não deixavam o lugar se tornar calado nem por um segundo, avistei bem no fundo do salão, Tiffany a me encarar. Ela estava deslumbrante, segurando sua taça no alto para me cumprimentar em específico. Assim que notou o sorriso que apareceu em meus lábios, suas sobrancelhas se arquearam e logo, ela bebeu o líquido de sua taça.

Seu olhar esbanjava orgulho. Ela estava orgulhosa de mim.

Logo que desci do lugar em que estava, propício para que todos nos notasse, fui de encontro a algumas pessoas da empresa, recebendo comentários e algumas piadas de começo. Ao olhar de lado, vi Tiffany já a manter sua atenção na mulher que se aproximou, conversando com ela com um sorriso enorme em seu rosto.

Havíamos finalizado, mas o lançamento seria feito só no ano que vem. Era uma jogada certa, segundo Leo, pois o mercado no começo do ano para surgir algo inovador sempre chamava mais a atenção. Depois da demora que infelizmente tivemos, não custava apenas mais alguma semanas para continuar.

Já estavamos em um final de ano, e isso me surpreendia sempre que eu parava para pensar. A dois dias daqui, será o Natal novamente. O ano passara tão rápido que eu mal acreditava. Em um momento, me encontrava sozinha nessa época e agora, já tinha planos certos para o dia festivo.

Iriamos fazer uma confraternização, todos juntos, na casa do Key. Por mais que eu preferisse a solidão, pelo fato de Tiffany se mostrar animada para essa data, procurei me animar por ela também.  Seria divertido, eu sabia.

Quando se tinha Key e toda a tropa - incluindo agora alguns amigos de Tiffany que também se deram bem com os meus - não precisava de mais nada.

XxX

“Tem certeza que Prince vai ficar bem ? Ainda podemos buscar ele !” Estava a retirar minha maquiagem no banheiro de suíte, já trajando o meu pijama.

“Sabe que ele fica bem Taeyeon-ah, tem tudo que precisa lá em casa. Não é como se eu nunca tivesse deixado ele sozinho quando viesse dormir aqui.” Tiffany se encontrava sentada na beira de minha cama, me olhando pelo reflexo do espelho.

“Ah mas tenho certeza que ele deve se sentir abandonado !”

“Quer deixar ele mimado, é ?” Tiffany meneou a cabeça portando um sorriso, retirando sua blusa logo em seguida. “Como se já não bastasse eu mesma, ainda tem você.”

“Ele merece !” Continuei a retirar toda a maquiagem sem tirar os olhos de seu reflexo. Seu sutiã preto logo foi coberto por uma camisola azul, cheia de cachorrinhos fofos.

“Verdade, verdade.”

Assim que ela se levantou, pegou as roupas que havia retirado e as levou para um canto do quarto.

Ao terminar com o que fazia, lavei meu rosto mais uma vez e por fim, desprendi meu cabelo, deixando-o cair sobre meu rosto de maneira desleixada. Quando sai do banheiro, a encontrei já deitada no lado que sempre dormia na cama, encostada na cabeceira da cama enquanto me seguia com os olhos.

Ela era sempre a primeira a se arrumar para a cama, já que era mil vezes mais rápida do que eu.

“Você falou bonito hoje.”

“Foi ?” Sorri em compreensão, me aproximando da cama em passos lentos.

“Uhum. Como sempre, uma boa chefe. O bom é que sabe reconhecer as qualidades deles, quem é que não gosta de ter seu trabalho exaltado e elogiado ?”

“Certíssima.” Ajeitei o travesseiro e em seguida, me coloquei debaixo da coberta. “Não é para fazer média, eu realmente reconheço e noto tudo. É meu jeito.” Dei ombros.

Tiffany deixou de escorar na cabeceira para deitar de maneira apropriada, virando para o meu lado sem deixar de sorrir para mim.

“Já te disse que eu adoro quando você usa meus pijamas ?”

“Já. É por isso que uso mais que o normal.” A vi puxar a coberta para cobrir-se até os ombros.

“Gosto assim. Minha mulher fazendo os meus gostos, nada mais que justo.”

Tiffany soltou uma risada pela respiração, se aproximando mais um pouco depois de me dar um empurrão rápido no ombro.

“Falando assim até parece que eu sou a whipped da relação.”

Meu sorriso se igualou ao seu.

“E não é ?”

“Está brincando ? Você faz tudo o que eu quero. Você me mima.”

“Yah...Não é bem assim.”

“É assim sim. Vem aqui.” Senti dois de seus dedos tocar o meu queixo, como se me puxando para chegar perto.

Quase me rendi, porém, vi que isso provaria o contrário do que eu estava dizendo.

“Não. Quer provar que você quem manda, não vou aí.”

“Aish, nada a ver, da onde tirou isso ?” Tiffany rolou os olhos, ainda mantendo sua postura. “Só quero um beijinho.”

Ao ouvir o pedido feito com uma voz um tanto dengosa, semi cerrei meus olhos em desconfiança.

A figura que me deparei foi uma expressão fofa, um bico que pedia por aquilo. Aegyo. Ugh. Awn.

“Não é para provar nada… Não vai me dar um beijinho ? Mesmo ?” Sua carinha ficou ainda mais fofa, como se fosse possível.

O que era pior que uma Tiffany extremamente y ? Uma Tiffany fazendo manha.

“Uhm…” Aproximei meu rosto ainda com um olhar de desconfiança, vendo-a abrir um sorrisinho aos poucos na medida que chegava perto de seus lábios.

Quando os beijei, senti suas mãos subirem para o meu rosto, não falhando em perceber logo em seguida que ela se encontrava sorrindo.

Não foi um longo, já que ela passou a dar uma sequência de beijos estalados em minha boca.

Assim que se afastou um pouco, vi que ela tinha aquele ar de vitória. Aquele sorriso trouxa de convencimento.

“Tá vendo. Eu quero, você faz.”

“Sabia !” Foi a minha vez de lhe dar um breve empurrão pelo ombro, fazendo nossa distância crescer um pouco. “Coisa feia isso, se aproveitar da caridade dos outros.”

“Caridade é ?” Tiffany ria enquanto eu me fingia de brava com a situação. “Sei.”

“É sim, eu estou bem generosa hoje.”

“Aham. Quer enganar quem ?”

Com o tom provocador, rolei os olhos de forma brincalhona, passando a deitar em minhas costas para fitar o teto.

“Coisa chata.”

De esguelha, eu podia ver que Tiffany continuava de lado a me olhar sorrindo.

Dado o silêncio, suspirei fundo, ainda tendo meu olhar para o alto.

“Reparou como o ano passou rápido, Fany ?”

“Huh ? Por que a pergunta aleatória ?”

“Sei lá, lembrei agora que o Natal está chegando...Nem parece que passou assim. É bom e é ruim ao mesmo tempo.”

“Ruim por quê ?”

“Ah, logo vem o meu aniversário.” Virei o rosto para encará-la. “Um ano mais velha.”

“Devia agradecer por mais um ano de vida, não lamentar. Eu hein.”

Sorri de canto com sua reação.

“Estou lamentando a comemoração, a contagem dos meus anos apenas...Se não tivesse que aumentar cada ano um número a mais na minha idade, estava feliz.”

“Tem medo dos 30, Taeyeon-ah ?” Sua sobrancelha se arqueou. De alguma forma, ela parecia séria quanto à pergunta.

“Hm…”

“Do que pode vir ?”

“Talvez.” Dei ombros. Na verdade, eu tinha receio. Não conseguia imaginar um futuro definido por vários fatores. Minha ualidade era um deles, como seria a aceitação quanto a isso. “É uma idade frustrante. Muito velha para algumas coisas, muito jovem para outras, entende ?”

“Faz sentido.”

Desviei o olhar, levantando minha cabeça para apoiá-la em minha mão.

“Só sei que não quero sofrer por antecedência e...Também sei que quero ter você comigo, até lá.”

Mesmo não olhando-a diretamente, pude sentir seu olhar e seu sorriso se intensificarem.

“Aw, isso é bom de se ouvir...Eu também quero. Isto é, se até lá nós duas estivermos vivas né.”

“Yah, não vamos morrer, que ideia é essa !”

“Ei, não disse nada demais, é só uma possibilidade !”

Rolei os olhos, não querendo ter que pensar nesse possível fim. Lógico que poderia acontecer, mas ninguém precisava idealizar algo assim, né ?

“Relaxa, amor.” Tiffany se aproximou e depositou um beijo estalado em minha bochecha.

Não soube qual dos dois me fez sorrir mais, o beijo ou o “amor” que ainda de vez em quando aparecia.

Ao olhar em sua direção, passando a fitá-la diretamente nos olhos, vi um sorriso de canto se tornar um sorrisão, juntamente com seus olhos a se fecharem. Seu dedo indicador tocou meu nariz brevemente, fazendo-me franzir o mesmo. Meu sorriso se intensificou prontamente.

“Você e esse seu sorriso, aish.”

“O que é que tem ?”

Antes que eu pudesse responder, ouvi o toque do meu celular em um alto tom. De primeira, fiz uma nota mental para abaixar um pouco depois, sendo este a fonte de um susto casual sempre quando tocava. Em seguida, me virei para poder pegá-lo no criado, vendo de cara de quem se tratava no visor.

Umma.

Sem perceber, engoli em seco.

Pelo olhar que lancei a Tiffany, notei que ela havia visto a tela do celular.

“Umma ?”

“Taeyeon-ah !”

“Ei, como a senhora está ? Estou com saudades !” Sorri, gostando de ouvir aquela voz mais que familiar.

“Eu também minha filha, aliás, todos nós. Estou ótima, mas poderia ficar melhor.”

Me sentei na cama, já tendo lá no fundo da minha mente uma ideia do que se tratava essa ligação.

“Deixa eu adivinhar…Eu poderia estar com a senhora ?”

“Exatamente ! Leu meus pensamentos !” Ouvi uma risada curta. “Lembra do nosso trato né ? Hunpf, quero você aqui conosco nesse final de ano !”

“Ah~”Me virei rapidamente para Tiffany, fazendo um sinal para dizer que já voltava. Com um aceno de resposta, me levantei da cama, seguindo então quarto à fora. “Claro que lembro ! Já reformaram toda a casa ?”

“Claro ! Eu, seu pai e seus irmãos já estamos nela, inclusive !”

“Oh, oppa está aí ?” Me direcionei até as escadas, indo em direção à cozinha.

“Está sim, ele e a namorada, mas só vão poder ficar até o Natal. Por isso estou ligando, já para te alertar !”

“Ah~ Er…Ele só pode ficar até o Natal mesmo ? É porque eu...No Natal eu já tenho um compromisso…”

Minha voz até se abaixou para falar aquilo. Senti receio, já que realmente ela já tinha me avisado com antecedência que me queria por lá. O problema era que eu até pensava em passar o ano novo, não o Natal.

“Taeyeon !”

“Umma, eu...É que eu pensei em passar com meus amigos...Alguns chegaram dos Estados Unidos e faz tempo que não os vejo, seria um reencontro e tudo mais.”

Uma mentirinha básica...Eu odiava ter que mentir, ainda mais para minha mãe, mas no ‘calor’ do momento, foi o que saíra.

Eu não podia me complicar e dizer que só fazia questão de passar Natal por aqui porque minha namorada queria, não é ?

“Aish…Você não tem jeito.”

“Não fique desapontada, Umma, me perdoe.”

“Não estou desapontada...Só queria que você aproveitasse seu irmão por aqui, né.”

“Eu e ele temos conversado bastante, não se preocupe, sei que não quer é que percamos a nossa união.”

“Sabe certo. Bom, o ano novo então você vem ?”

“Ahm...Isso !”

Um breve pensamento passou por minha mente. Um pensamento arriscado, e um tanto inusitado quando se tratando de mim.

“Como está Sooyoung, Key e cia ? Também vão vir ? Ou vai trazer seu namorado ? Sabe que gosto de casa cheia !”

“Eles estão bem...Na verdade, tem isso ainda que eu queria falar…”

“Isso o que ?  Vai trazer seu namorado ?”

A voz dela quase escalou dois tons a mais. Tal ato me fez suspirar. Ela ficava tão feliz em pensar que eu estava namorando com um cara, que até me doía pelo pensamento de decepcioná-la.

Não que tal coisa fosse mudar no que eu sentia, isto é.

“Não, Umma, não tenho um.”Antes de esperar por resposta - no caso, uma negativa por tal coisa -  voltei a falar. “Sobre levar alguém...Uma de minhas amigas está tendo uns problemas pessoais…Eu venho ajudando ela e bem, no ano novo todos vão comemorar com suas famílias e ela vai erhm...passar sozinha. Pensei em talvez levá-la, o que acha ?”

Quando fiz a pergunta, já na cozinha, mal acreditei no que havia feito. Arregalei os olhos, ainda pensando no que me levou a fazer. Que coragem foi essa ?

“Claro, Taeyeon-ah ! Ainda mais se ela for ficar sozinha, por Deus, eu sei como é passar momentos assim...Triste, triste. É alguém que eu conheça ? “

É claro que sua resposta seria positiva. Minha mãe tinha esse espírito com as pessoas e bem...Por que negar algo assim a uma simples amiga de sua filha, não é ? Amiga.

“Ahm, não. Eu a conheci quando viajei para Londres, lembra ? Ela está morando aqui agora.”

“Ah sim, sim. Tudo ótimo então. Diga a ela que estaremos esperando de braços abertos, okay ? E se não quiser, insista. Seu pai vai adorar falar com ela, ele que gosta desses países aí, você sabe.”

Deixei soltar um sorriso meio nervoso mas ao mesmo tempo, aliviado.

“Sei bem. Então tudo certo-”

“Umma, está falando com a unnie ?”

Do outro lado da linha, ouvi a voz de minha irmã soar. Meu sorriso cresceu. Como eu sentia saudade daquela peste.

“É sim, quer falar com ela ?”

“Nah, só fala para ela agilizar, sinto falta dessa velha.”

“Hayeon, olha os modos !”

“Yah !” Intervi, como se ela pudesse me escutar. “Não sinto falta dela, pode falar.”

“Claro que não, Taeyeon-ah.” Minha mãe deu uma risada pela respiração, fazendo-me imaginar como ela estaria do outro lado. Eu sentia muitas saudades, é claro. “Bom, vou desligar. Está tarde, é melhor ir descansar.”

“Ah~ okay. No Natal te ligo e prometo que no ano novo, estarei aí !”

“Assim espero.”

Com isso, nos despedimos mais uma vez, recebi sua benção e logo desliguei. Pondo o celular no balcão, peguei um copo do armário acima de mim e fui direto ao filtro, dando um longo suspiro no meio do trajeto.

No meio do silêncio, enquanto escorada a uma das bancadas, bebia minha água pensativa, passando a ouvir passos a se aproximarem. Não demorou até eu ver a figura de Tiffany a adentrar a cozinha.

“Está tudo bem ?”

Dei um pequeno sorriso ao acenar positivamente. Eu ainda não acreditava no que tinha feito, isso assim sem nem sequer perguntar para ela primeiro. O motivo de tanta coragem ainda era desconhecido para mim.

“Vem aqui.” Deixei o copo de lado e estendi os braços, pedindo dessa forma um abraço da ruiva.

Quando fui atendida, envolvi meus braços e a segurei forte, enterrando meu rosto em seu ombro.

“Minha mãe quer que eu passe o ano novo lá com eles.”

Tiffany começou a acariciar minha cabeça, estando entre minhas pernas um tanto abertas ainda escorada na bancada.

“Por que essa voz ? Tem algum problema com isso ?”

“Nah...É que eu…”Respirei fundo antes de continuar.”Não sei o que deu em mim mas eu meio que...Arranjei uma desculpa e falei para ela que levaria uma amiga…”

Tiffany logo parou com as carícias e se afastou, procurando olhar-me nos olhos. Suas sobrancelhas arqueadas era a pergunta que ela não fizera.

“Eu senti vontade de te levar. Eu quero que você vá comigo…”

Continuei com as mãos em sua cintura, falando sem desviar a atenção de seus olhos.

Não sabia exatamente como seria sua reação diante daquilo. Ela poderia se sentir pressionada, poderia apenas não gostar ou quem sabe, fazer por pressão, contra sua vontade. Tendo todas essas possibilidades na minha cabeça, logo procurei complementar o que tinha a dizer.

“Assim, sem pressão, sério. Só falei na possibilidade de você aceitar, se não, eu posso falar qualquer coisa para ela...A questão é que eu não sei o que deu em mim sabe, senti a coragem de perguntar e o fiz. “Dei ombros, vendo que ela mantinha uma expressão linear.” Quero que você os conheça mesmo que não seja de tudo verdadeiro, que não seja apresentada como minha namorada. Já vai ser um grande passo para mim…”

Os poucos segundos que passaram após eu ter terminado de falar, provaram que eu estava um tanto errada. Tiffany sorriu da mesma intensidade que estava sorrindo quando estávamos na cama, naquele nosso momento.

“Claro que aceito ir Taeyeon-ah. Eu sempre quis conhecê-los !”

Suas mãos desceram para meus ombros.

“Mesmo que seja como amiga, eu adoraria saber mais da sua família !”

“Oh…” Abri um sorriso ainda meio estranho. “Ótimo então...Só não queria que se sentisse desconfortável mas...Ótimo, é, melhor que esperava !”

Dei uma breve risada nervosa, passando a me distrair um pouco com os já iniciados pensamentos de como tudo ocorreria. Parece que dentro de segundos imaginei todos cenários possíveis. Só não prossegui com o que fazia, pois lábios macios encostaram nos meus, valendo muito mais minha atenção.

“Fica tranquila, que eu também ficarei.”

Tiffany disse em voz baixa, dando vários beijos em minha boca.

Depois de retribui-los, procurei sorrir mais.

“Claro. Vou ficar.”

 XxX

“Você não está tranquila..” A voz de Tiffany soou por cima da música.

“Estou sim !”Olhei para o lado por instantes, arqueando uma sobrancelha em questão. “Por que está dizendo que não ?”

“Olha o jeito que você está ! Está segurando o volante como se ele fosse fugir, e depois de ver que estamos chegando você está com cara de quem sofre de prisão de ventre !”

Ao olhar novamente para ela, a encontrei sorrindo, rindo de mim na verdade. Meneei a cabeça em negativo, negando todas aquelas “acusações.”

Ela não estava errada mas eu não queria admitir. Eu prometi que ia ficar bem, então eu ficaria.

“Está vendo coisas, e  sim eu estou com prisão de ventre, você que não sabe.”

Tiffany gargalhou após isso, sendo sua vez de menear a cabeça em negativo.

Depois de um tempo super cansativo na estrada, finalmente estávamos a apenas mais alguns kilômetros do destino final. A casa do me pai ficava em uma parte do litoral, em Samcheok, na onde se tinha uma boa vista para a praia e na mesma área ainda havia algumas montanhas para acompanhar.

Era longe de casa, mas como foi ganhada por herança, meu pai decidiu não vendê-la. Essa foi a melhor coisa que ele fez, para mim. Quando criança, não havia momento mais feliz em minhas férias escolares do que ir para lá com toda nossa família. Talvez esse fosse um dos motivos da minha coragem, ao chamar Tiffany. Eu queria ela conhecesse o lugar.

“Ok, eu acredito.” Tiffany disse em um tom irônico, revirando os olhos em seguida. “Já estamos chegando ?”

“Yep. Está vendo como é bonito ?  Isso porque não viu a vista que a casa do meu pai tem.”

“Estou vendo…Eu nunca tinha ouvido falar desse lugar. É aí que vejo que não conheço é nada da Coréia do Sul.”

Olhei para o lado, podendo encontrá-la observando o caminho que passávamos. Por ser uma estrada meio alta, podia ver logo um resquício da saída ao litoral.

“Claro que não, passou sua infância inteira no exterior...Esse lado aqui é muito aconchegante. Seoul é meio sem graça, se parar para pensar.”

“É Capital, é o que você espera de uma. Litoral assim é sempre mais charmoso, convenhamos.”

Balancei a cabeça de modo positivo, concordando. Aos poucos a nossa frente já comecei a ver um sinal de civilização além do verde, sendo aquela uma espécie de cidade-vilarejo em certas partes.

Mais alguns minutos foram o bastante até finalmente nos encontrarmos perto de casa. Tiffany passou a olhar tudo com um ar de criança, considerando que até então nunca esteve por ali. Meu olhar foi de nostalgia, já que fazia um bom tempo desde que havia estado ali por último.

Logo que cheguei na rua, afastada de outros centros, diminui a velocidade, passando casa por casa. Eu teria que lembrar um pouco das instalações e do local, já que minha mãe chegou a dizer que estava bem diferente devido a reforma. Tiffany nessa parte já não aguentava mais o sorriso e as palmas animadas, vendo a praia pela janela do meu lado.

“Faz anos que não piso em areia, não tomo banho de mar...Ah~”

“Nesses dias você vai poder deitar e rolar, voltar para Seoul com areia até em lugares sagrados.”

Tiffany deu uma risada, lançando um tapa em meu ombro. Sorri com isso, não importando a intensidade dele. Ela com certeza tinha uma mão pesadinha.

“Idiota.”

Neste momento, apesar de já ter praticamente chegado, me encontrei melhor relaxada do que ainda faltando aquela distância toda. Talvez foram as memórias legais que tinha daquele lugar, ou de simplesmente ter a certeza de que minha mãe não questionaria…

Os dois.

Quando finalmente reconheci a casa, parei o carro rente à entrada, olhando com atenção toda sua estrutura.

“É aqui.”

Ao continuar olhando para a casa, aparentemente sem ninguém, Tiffany colocou a mão na minha coxa, ganhando a minha atenção para o seu rosto.

Bastou um sorriso e um eye-smile para me fazer sorrir junto. Trouxa apaixonada, era meu nome.

“Vem, vamos.”

Fiz um gesto para sairmos do carro. Quando o fiz, estiquei meu corpo com gosto, sentindo minhas costas até meio de mal jeito por dirigir pelo resto do tempo. Com  Tiffany a fazer o mesmo, vi que seus olhos não saiam da praia do nosso outro lado, onde se podia ver logo a imensidão de areia e mar.

Ao fundo, quando percebi, haviam 3 garotas a jogarem bola pela areia, rindo como doidas enquanto corriam. Sem dar muita atenção, rodeei o carro para enfim seguir com ela até a entrada, já dando uma olhada se havia alguém.

Era uma casa de dois andares completos, tendo um terceiro servindo de terraço. Era esse que me importava. Agora ela se encontrava toda renovada, com vidros sofisticados e uma pintura de vermelho terra, provando que agora nossa família com certeza se encontrava melhor de vida.

Parte da reforma insisti em contribuir, é claro, mesmo que meu pai não gostasse muito da ideia.

“Será que tem-”

“Taengoo ?”Um grito surgiu atrás de nós, sendo este bastante conhecido por mim.

Quando me virei para confirmar quem era, vi uma das 3 garotas correndo de maneira um tanto exagerada até mim. Uma delas era minha querida irmãzinha, já não tão mais inha.

“Unnie !”

Neste momento, só deu tempo de sorrir até senti-la abraçando-me como se não houvesse amanhã. As outras duas seguiam atrás dela em ritmo mais lento, enquanto Hayeon já quase da minha estatura me chacoalhava.

Eu podia ouvir as risadinhas de Tiffany dali.

“Yah ! Quer me matar, Hayeonie ?”

“Quero, urgh !”

Mais duas balançadas me fez rir, apertando o abraço da mesma forma. Logo fazendo questão de me livrar um pouco do aperto, a empurrei para olhá-la no rosto.

“Quanta saudades, eu hein.” Subi a mão para poder ajeitar o seu cabelo meio bagunçado. “Está parecendo uma louca.”

“Para de se fazer de durona.” Hayeon fugiu do meu toque, já vendo suas amigas nos alcançar.

Quando seu rosto virou para direção delas, puxei Tiffany para ficar mais do meu lado.

“Hayeon, essa é Tiffany, a amiga que eu falei.”

“Ah~~ !” Hayeon abriu um sorriso grande, indo em frente a Tiffany para cumprimentá-la se curvando em respeito. “Prazer, unnie. Você é extrangeira né ? Lá fora é tão legal quanto parece ?”

“Pr-”

“Adorei seu cabelo, tão vermelho, tão bonito né ?”Hayeon se virou para as amigas, as quais cumprimentei com um sorriso. “Eu queria pintar meu cabelo assim mas nossa umma não deixou.”

Após olhar Tiffany, a encontrei sorrindo de orelha a orelha.

“Posso tocar ?”

Ainda mantendo o olhar em Tiffany, quando ouvi tal pergunta lancei um olhar severo à Hayeon, vendo-a mal ligar para tal. Tiffany riu, enquanto as outras duas faziam o mesmo.

“Larga de ser inconveniente, Hayeon !” Ao vê-la estendendo o braço, dei um breve cutucão em sua costela, fazendo-a desistir de tal coisa.

“Está tudo bem, Taeyeon-ah. “Tiffany continuou a sorrir. “Você ficaria linda com essa cor, aposto.”

“Eu também mas minha mãe parece que não. Essas são Erika e Sohyun, minhas amigas.”

As duas pareciam um tanto envergonhadas em nossa presença, apenas cumprimentando-nos silenciosamente. Após retribuir, a da esquerda, Erika, se virou para Hayeon.

“Nos vemos depois então.”

“Ok.”

“Bye bye.”

Com os acenos de despedida, minha irmã retornou a atenção para nós duas portando um sorriso grande.

“Vamos entrar ? Umma já deve estar louca esperando por vocês.”

“Yep, vamos.”

XxX

Quando entramos em casa, aproveitei o aparente vazio para mostrar um pouco dos primeiros cômodos a Tiffany, tendo Hayeon a sempre falar e falar como se já a conhecesse a tempos. Muitas vezes algumas pessoas não se sentiam a vontade com ela - daí vinha as repreensões de nossos pais - mas era exatamente isso que gostava nela. Meus irmãos eram bem diferentes em relação a nossos parentes então era um ganho.

O que as vezes preocupava um pouco era que bem...Hayeon adorava skinship, e não tinha lá muitos limites. Pelo menos, não enquanto longe de nossa umma.

Logo que fomos mais ao fundo, minha mãe surgiu do cômodo da cozinha e sem ter pista nenhuma de que estaríamos ali, se assustou de imediato. A partir dali foi abraços, sorrisos, cumprimentos e tudo que se tinha direito. Meu pai tinha saido para comprar algumas coisas para minha mãe cozinhar, então ainda o veria apenas depois.

Para minha surpresa, Tiffany soube lidar como ninguém. Ainda não entendia porquê de ter ficado nervosa em primeiro lugar, se ali, infelizmente, a situação era similar a quando Sooyoung e Sunny chegaram a conhecer-los. Apenas amigos, normal de se ter.

Pouco depois de ficar conversando de início, ela logo tratou de me mandar fazer uma tour com Tiffany pela casa, sem esquecer de mencionar que ali era para ela ficar completamente a vontade. Obedecendo-a, levei Tiffany para todos os cantos menos para o terraço, já que planejava apresentar o mesmo em um de seus melhores momentos.

Quando retornamos para o primeiro andar, Hayeon estava jogada no sofá assistindo televisão enquanto minha mãe arrumava algumas coisas por perto.

“Querem ajuda para descer as coisas ?”

“Nah, está tudo bem.” Me aproximei dela com um sorriso no rosto, tendo Tiffany a vir logo atrás.

“Já disse como você está jovem e linda ?” Ao chegar ao seu lado, passei meu braço por sua nuca, em um abraço.

Minha mãe abriu um sorriso grande, meneando a cabeça em negativo e olhando a ruiva logo em seguida.

“É uma puxa saco né Tiffany ? Aish.”

Tiffany lançou-lhe um eye-smile, concordando silenciosamente com sua pergunta.

“Ainda sim, ela não mente, mrs Kim.”

“Eu reconheço minha idade mas mesmo assim, obrigada, meninas.”

Essa foi a minha vez de menear a cabeça, já me sentindo muito mais em casa do que estive durante todo esse tempo longe.

“Então vamos agir, seu pai já deve estar chegando com as coisas, que tal irem arrumar tudo ? Para poder relaxar de vez.”

“Claro.”

Me afastei dela, passando o olhar desde Hayeon - que não nos dava muita atenção - até as outras duas. Ao chegar em Tiffany, fiz um gesto com a cabeça para incentivá-la a me seguir para fora.

Com Tiffany e eu seguir nosso caminho até o carro, antes de sair de vez, pude ouvir minha mãe a dar bronca em Hayeon, acusando-a de estar suja de areia e ainda sim, estar esparramada pelo sofá. Ao chegar no meu destino, me resumi a rir da situação.

“Sua mãe é um doce.”

“É, não é ?” Após escutar o seu comentário, meu sorriso cresceu ainda mais. Estava feliz por ter um certo encaixe pelos dois lados.

Se com minha mãe tinha dado certo assim até então, com meu pai seria ainda melhor.

Abri o carro e comecei a pegar todas as nossas coisas, tendo ela a fazer o mesmo.

“Hayeon então…”

“Oh, sobre ela, já aviso, ela não tem muitos limites.”

“É engraçada.”

“Tem manias feias mas é de bom coração, pode acreditar.”

“Com certeza.” Tiffany lançou um olhar de lado para mim, um que ficou mais do que esperava.

Ao retribui-lo, continuei a sorrir, sendo este um gesto que representava o quanto podiamos nos comunicar só assim.

Quando retornamos com todas as coisas e subimos para os quartos, o meu ficando no início do segundo andar enquanto o dela se encontrando no final do corredor, deixei as coisas de qualquer jeito, sem me preocupar em arrumar nada. Essa era uma das coisas que nunca mudaria em mim, não importando o quanto minha mãe fosse me dar bronca.

Depois de vê-la retornar de seu quarto para podermos descer, aproveitei o vazio dali para poder lhe dar um breve selinho, sendo esta já uma vontade que guardava desde que haviamos chegado.

Seu olhar questionador logo se fez presente.

“Esse foi pelo que ?”

“Por...Porque eu quis.”

“Não vou reclamar mas...Tome cuidado, huh ?”

“Lógico, Pani, lógico.” Sorri de canto, por fim me direcionando às escadas.

Nesse exato momento, ouvi a porta de baixo se abrir, tendo uma voz bastante conhecida e querida a soar pelo local.

Tiffany e eu descemos para nos deparar diretamente com meu amado e alegre pai.

Ver seu sorriso faceiro de sempre me deixou ainda melhor que antes. Ao abraçá-lo, sentindo-o como sempre a esmagar os meus ossos, vi o quanto sentia a sua falta. No momento em que me afastei, vi que ele parecia ter sofrido um pouco com o calor, visto que seu cabelo curto parecia um pouco úmido.

“Ah~ minha filhinha !” Ele ajeitou os óculos, entregando as sacolas para Hayeon levá-las até a minha mãe. Quando seus olhos saíram de mim e foram parar em Tiffany, voltei minha atenção para o mesmo lugar que ele.

“E você ! Tiffany, né ?”Meu pai se aproximou dela, tendo-a a se curvar em respeito antes de fazer o mesmo.

“Isso mesmo, é um prazer.”

“Ah~”No momento que chegaram perto, meu pai estendeu sua mão para lhe cumprimentar. “O prazer é nosso !”

Tiffany o cumprimentou, tendo-o a completar logo em seguida com ainda um sorriso maior.

“Geralmente gosto de abraços mas olha minha situação ! Estou suando feito doido !”

Tiffany riu, fazendo um gesto com a cabeça como se dissesse que não precisava se preocupar.

“Tudo bem Mr. Kim.”

Nesse momento, meu pai terminou de entrar em casa após retirar seus sapatos, iniciando um assunto com nós duas ao nos perguntar como havia sido de viagem.

Quando nos encontramos na sala tempos depois, papeando um pouco sobre tudo que havia acontecido em nossas vidas, pude perceber que tudo corria bem. Como o meu esperado, meu pai adorou a presença de Tiffany, a recebendo com uma simpatia que por mais que me agradasse, ainda me parecia estranho.

Era como se seus “santos” batessem, uma coisa diferente do usual. Ali, sentada a vê-los rirem, senti um pequeno mas significante passo a ser dado.

Melhor que o esperado.

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Com o fim do dia, tratamos de tomar logo banho para retirar todo aquele cansaço. Logo que nos juntamos todos finalmente, Tiffany ofereceu uma ajuda à minha mãe ao perceber que ela fazia comida típica do exterior. Ao ouvir de sua boca que era um prato especial para a visita, achei graça ao ver o esforço dela em fazê-lo. Sempre querendo agradar, e sempre conseguindo.

Minha mãe rejeitou a ajuda, é lógico, alegando que ela deveria estar cansada mas ainda sim, disse que poderia deixar para outra hora, uma em que Tiffany pudesse ensiná-la algumas receitas por aí. Tendo tal trato feito, não me aguentei em lembrar que de início, quando a conheci, ela mal sabia fazer coisa para seu próprio sustento, ainda mais coisas fora disso.

As pessoas mudam, realmente.

No jantar, tudo correu bem da mesma forma possível até logo após o anoitecer, recebermos o cansaço de todas as horas de estrada em nosso corpo, como um baque. Minha mãe aconselhou a deitar cedo para poder aproveitar melhor e já descansadas o amanhã. Eu mal podia esperar para poder entrar no mar ou ficar de bobeira pela areia, tendo a chance de aproveitar um clima agradável nessa época de inverno.

Assim, no final da noite, depois de mais papo jogado fora na mesa de jantar, eu e Tiffany nos despedimos deles, não precisando de muita insistência de minha mãe para isso. Tendo todos ainda no andar debaixo, podendo ainda ouvir meus pais e minha irmã conversarem, segurei a mão de Tiffany para poder acompanhá-la pelo corredor.

“Está cansada ?”

“Pensei que não mas mal posso esperar pela cama.”

“Amanhã vamos acordar cedo, sim ?” A olhei de canto, andando em passos lentos ao seu lado.

“Sim. Quero conhecer um pouco do centro também, onde sua irmã falou que tem aquelas-”

“Claro, claro, quer fazer compras.” Revirei os olhos, sorrindo.

“É, oras.” Tiffany parou seus passos, fazendo-me perceber que já estava em frente à porta do quarto. “Comprar algumas coisinhas para lembrar daqui. Ela disse que vai me levar lá.”

“Ela entre aspas né. Ela vai me alugar como táxi para te levar lá.”

“Dá no mesmo.” Tiffany deu ombros, fazendo-me suspirar em derrota.

“Boa noite então.”

“Boa noite.”

Apesar das despedidas, ficamos a olhar uma na outra sem nenhuma se mover. Duas idiotas, sim. Ao olhar para o lado e ver que não havia sinal de estarem subindo, a empurrei um pouco para a porta e lhe dei um longo selinho.

“Dorme bem.”

“Você também.”

Tiffany sorriu e com uma afirmação, me afastei, vendo-a entrar no quarto em seguida. Me senti naquele momento como se estivesse entregando-a em casa, depois de termos saído para um encontro.

Com  um aceno, voltei o corredor para chegar até meu quarto, procurando por descanço para logo sentir a animação retornar depois de uma boa noite de sono.

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Pela janela do meu quarto, quando retornei de onde estava, pude ver que ainda estava de noite. Apertei mais uma vez meus olhos para poder tirar o risco de simplesmente me jogar na cama e dormir, e segui para o banheiro, jogar mais um pouco de água em meu rosto. Em seguida, prendi meu cabelo e abri a porta mais uma vez de mansinho, passando a pisar no corredor como se este fosse de vidro.

Ao andar de fininho pelo mesmo, lembrei da época em que saia do meu quarto e ia do mesmo jeito para a cozinha, comer de madrugada sem a ciencia de meus pais de que estava acordada. Fazer gordices em tal horário era sempre o melhor, e continua sendo. A diferença era que dessa vez, não estava seguindo o caminho para cozinha.

Chegando na porta do fim do corredor, girei a maçaneta e logo encontrei o local escuro, só tendo a pouca incidência de luz vindo pelo próprio corredor. Ainda tentando não fazer barulho, fechei a porta e tentei ver os melhores lugares para pisar até chegar na cama, subindo nesta de joelhos e por fim, engatinhando até o corpo nesta deitado.

Tiffany estava deitada como sempre, de barriga para baixo, com as mãos enfiadas em seu travesseiro.

“Fany.”

Sussurrei, passando a mão de leve em suas costas para não assustá-la.

“Fany, acorda.” Mais uma vez, a cutuquei, dizendo de uma maneira mais firme. Como resposta, recebi resmungos.

“Acorda, mushroom.”

Ao ouvir mais resmungos, retirei seu cabelo do rosto para lhe dar um beijo na bochecha, sendo este o que finalmente a fez acordar.

“Huh ? O que foi ?”

“Levanta, vou te levar lá para cima.”

“Huh ? Que horas são ?”Tiffany levantou a cabeça e se virou em minha direção, mal conseguindo abrir os olhos.

“Cinco da manhã.”

“Bwo ? Aish Taeyeon-ah, vamos dormir, está muito cedo !”A vi enterrar o rosto no travesseiro de novo, balançando sua cabeça em negativo.

Me resumi a rir.

“Eu disse que iamos acordar cedo.”

“Mas não tão cedo assim !”

“Anda logo, Fany, levanta.” Dei um tapa em sua bunda e deixei minha mão por lá mesmo. “ Quero te mostrar meu lugar preferido.”

“Tá bom, só me dê mais cinco minutin…” Ouvi sua voz abaixando de pouco em pouco, fazendo-me achar graça.

“Aish.” Meneei a cabeça, vendo que não havia outra escolha.

Com isso, levantei meu corpo para poder sentar em cima de suas costas, tendo meus joelhos a me amparar em ambos os lados da cama. Logo, me inclinei para enchê-la de beijos em seu rosto e em seu pescoço, sabendo que tal área assim era sensível para ela.

“T-Taeyeon.” Ouvi risadas, resultado de meus atos. “Para !”

No mesmo momento, a senti se mexer, tentando me fazer cair de suas costas.

“Então acorda !” Dei um um último beijo em seu pescoço e levantei o tronco, olhando-a agora já se encontrar meio acordada.

“Aish, okay okay ! Agora sai de cima de mim, me sinto um animal com você montada assim em mim.” Tiffany riu pela sua respiração, arrancando o mesmo de mim.

“Só posso montar em você de frente, né ?”

Com a minha risada quase que de ahjumma com o meu próprio humor sujo, esqueci até mesmo de me conter pelo horário, em acordar meus pais. De resposta, fui jogada brutamente na cama, não parando de rir pela reação de Tiffany.

“Eu te odeio.”

“Odeia vai, amo mulher difícil.” Dei mais um tapa em sua bunda, sabendo que do outro lado ela estava a rir comigo. “ Agora levanta logo.”

Após um suspiro, a vi se apoiar pelos cotovelos na cama, passando a mão por seu rosto e tentando colocar seu cabelo no lugar. Vendo-a se preparar para levantar de vez, logo sentei na cama.

“Me dá um beijo aqui.”

“Está louca ?”

“Por que estaria ?” A vi se sentar da mesma forma, me olhando com as sobrancelhas franzidas.

“Estamos na casa de seus pais."

Soltei uma risada pelo seu motivo.

“E daí ? Eles estão aqui por acaso ?” Nossas vozes saíam baixas, por mais que o quarto deles ficasse distante, ainda havia Hayeon, quase que nossa vizinha.

“Sem contar que eu acabei de acordar.”

“Sim, e ? Qual é Fany, nos conhecemos hoje é ? Já até cheiramos o peido uma da outra, isso é muito !”

Com tal comentário, nem eu mesma me aguentei em gargalhar. Não dava para ver mas com certeza Tiffany ficou ruborizada, a ver pela sua reação além de rir por si só.

“Sai daqui, sua idiota, sai sai !” Tiffany começou a me empurrar da cama, enquanto eu me fazia de peso morto só me resumindo a rir.

Ao finalmente conseguir me expulsar, senti um travesseiro ser jogado em mim logo em seguida, aumentando ainda mais minha diversão. Era engraçado como ela ainda sim se sentia “tímida” a certas coisas, mesmo depois de já uma convivência longa e boa de nós duas.

Após a travesseirada, me levantei e a vi seguir até o banheiro, ainda achando graça assim como eu. Deixei o travesseiro de lado e fui até a porta rapidamente.

“Te espero no meu quarto, vem de pijama mesmo.”

“Okay.”

Saindo do seu, ainda pude vê-la meneando a cabeça em negativo. Logo, voltei ao modo ladrão pelo corredor, mesmo sabendo que meus pais dormiam como pedras.

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Quando Tiffany chegou por lá, a guiei por fim até a escada que dava no andar acima de nós, o único lugar que eu ainda não a havia mostrado. No momento em que adentramos no mesmo, Tiffany ficou sorrindo de orelha a orelha ao ver o lugar e eu não fui diferente, quase tão surpresa quanto ela ao vê-lo quase que completamente mudado.

O terraço ainda continuava o lugar de cultivo das plantas da minha mãe, a diferença era que tudo se encontrava já bem cuidado e as flores pareciam ainda mais lindas do que as que tinha anteriormente. Estas ficavam nos cantos do local enquanto no meio, haviam uns puffs, uma mesinha de café e ao lado um sofá branco, todos abaixos de um toldo feito de uma espécie de bambu, tendo como vista o mar à nossa frente.

A pedi para colocar os cobertores em cima do sofá e logo que coloquei as canecas com chocolate quente na mesinha em frente, me virei para ela com um sorriso que não cabia em meu rosto. Por ainda estar de madrugada, o clima ainda se encontrava meio gélido, logo deixando propício todas aquelas coisas.

“Aqui sempre foi meu lugar preferido desde criança. Era meu Han River da época e é até hoje, meu número um.” Olhei ao redor, vendo que minha mãe planejou o espaço bem.

Tiffany andou até os canteiros, abaixando-se para ver as plantas mais de perto.

“Você que plantou ?

“Nah, são da minha mãe. Ela sempre teve aqui, agora quando volta paga uma amiga para vir cuidar delas.”

“São lindas !” Tiffany me olhou por cima do ombro, sorrindo feito boba. “Sou louca por flores, apesar de assassinar elas sem querer se tiver em posse.”

“Bem sei disso."Sorri ao ajeitar os cobertores, sentando-me no sofá logo em seguida."Vem aqui, está frio.”

Com Tiffany a aceitar minha sugestão depois de ver as flores por ali, coloquei minhas pernas de lado em cima do sofá, fazendo menção para ela deitar entre elas ali, junto comigo.

Aos poucos o céu escuro parecia dar notícias de um dia a nascer.

“Eu costumava vir para fazer uma cabana, me escondia sempre que podia e andava de fininho para poder dormir o resto da noite aqui.”

Tiffany sorriu, sentando-se na beirada do sofá ao olhar para a vista do mar.

“Não ficava doente pelo sereno ?”

“Nah, as vezes. Minha mãe faltava morrer mas como viu que eu não cansava, começou a encher a cabana de cobertores e a me empacotar de agasalhos.”

“Virava uma bolota ?” Tiffany pareceu imaginar a cena, rindo consigo mesma.

“Basicamente. Vem, deita aqui.”

Ao vê-la olhar com receio para onde apontei, tive certeza do que se tratava.

“Não se preocupe, meus pais costumam acordar tarde e eu tranquei ali.”

“Oh...Okay.”

Com isso, Tiffany sorriu e se posicionou no lugar que pedi, colocando os cobertores em cima de nós duas para nos esquentar. Se pondo de uma maneira confortável, peguei sua caneca e lhe entreguei, bebendo um pouco da minha por fim.

“Aqui é bem relaxante mesmo, acho que pela vista, pelo ambiente.”

A vi olhar o mar à metros de distância de nós, tendo ainda um indício de sol a se intensificar no horizonte.

“É, por tudo, e agora por você também.”

“Aw, cheesy Taeyeon-ah.” Tiffany subiu o rosto para poder me olhar, tendo-me a apenas ignorar a provocação.

“Cala a boca.” Revirei os olhos, sentindo-me completamente confortável ao ter meu corpo esquentado tanto pelo líquido e pelos cobertores, quanto a ter Tiffany ali perto de mim.

“Vamos tirar uma foto.”

“Aish, mesmo ? Olha nossas caras, Pani !”

“E daí ? Continuamos lindas do mesmo jeito.”

Dei um suspiro com ela a deixar sua caneca de lado na mesinha, vendo-a retirar o celular não sei de onde no momento seguinte. Ao vê-la estender o braço com a câmera frontal já em mãos, notei o quanto pareciamos adorável naquela posição.

Nem sequer liguei para minha cara de preguiça.

Com uma foto tirada, ainda  com ela a querer mais, finalmente relaxei ao perceber que ali estava sendo um momento importante. Algo para se lembrar de verdade e com isso, nada melhor do que fotos para reforçar. Sendo assim, encostei meu rosto no seu e fechei os olhos, entrando na onda para deixá-la tirar quantas fotos mais quisesse.

“Vou postar assim “Eu e minha gorda barriga de pudim” com um coração do lado, o que acha ?”

Ao abrir os olhos, a encontrei me encarando com um sorriso sacana no rosto, fazendo-me  retribuir com uma revirada de olhos.

“Eu não sou gorda !”

“É sim !"

"Não sou não ! Se eu sou, você também é !"

Aquela foi a vez de Tiffany de rolar os olhos, tendo-a em seguida a intensificar seu sorriso

"Tá, tá, tanto faz. Nós duas somos gordas, pronto."

“Agora sim, casal de pudins então.” Não resisti em achar graça, meneando a cabeça em negativo em repreensão a nós mesmas.

“Isso.Casal de pudins."

Tiffany me deu um beijo sem retirar o sorriso dos lábios, seguindo os próximos momentos com outros e outros. Depois de receber toda sua sessão de beijos, a vi olhar para seu celular, começando a analisar as fotos tiradas. Com um suspiro e um sorriso, fechei os olhos por uns instantes, escorando minha boca na parte de trás de sua cabeça. Era bom poder estar assim com ela, em um lugar diferente, em outros ares.Era bom poder estar assim com ela, em um lugar diferente, em outros ares.

Foi naquele momento ali, com Tiffany a me aquecer em meio ao leve frio do final de dezembro, que percebi que aquela tinha sido uma ideia genial, apesar dos apesares. Com isso, mal podia esperar pelo que estava por vir.

Até que enfim ? Anjos cantando ? Yep -q Depois de séculos, I'm back !

Esse capítulo terá uma continuação da viagem na parte II, a qual looogo será postada ( logo mesmo) pois ia ficar muito grande D: .

A vocês que ainda se lembram de mim e da fic um abraço e um beijo e aos que não lembram um cascudo u.u Já na reta final,pois é pois é ! Anyway, MUITO obrigada pela compreensão e pela honesta opinião de vocês naquela "pesquisa" , foi uma das coisas que me fez curar totalmente. Agora estou a tentar passar os mesmos feels de antes então esse cap é um teste para mim :s .

Enfim, a demora teve vários motivos mas a partir de agora confiem, não vai sser mais assim kkkkkk <3 <3