Tiffany. Linda e obcecada por rosa desde que a conheço. Poderia resumi-la apenas nisso, mas ela vai muito, muito além disso. Além até do que eu posso explicar.

Tudo era diferente ao lado dela. Todo o conceito de felicidade mudou quando nos conhecemos.  Não que eu fosse infeliz antes, mas o que ela me fez sentir é algo surreal, inexplicável. Ela é, sem dúvidas, o limite da minha felicidade.  

Ela havia acabado de se mudar para o apartamento ao lado. Tínhamos apenas oito anos, quando ela roubou meu coração para si. Entrou em minha casa e impregnou seu doce aroma nas paredes do meu quarto, na minha pele, quando deixou minha vida mais alegre com seus olhos que me hipnotizam até hoje. Seus olhos sorridentes, e donos de um brilho único. Algo que me fazia querer deitar-me em seu peito e me aconchegar ali.  Minha única e melhor amiga. Minha preciosa melhor amiga.

– Seus olhos são bonitos, Tiffany. – Elogiei-a sem pudor e ela ficou sem jeito, o que apenas a deixou ainda mais fofa. Segurei meu riso para não constrange-la mais. Estávamos sentadas na frente do prédio onde morávamos conversando.

– N-não diga coisas assim tão de repente, Tae. – Respondeu tímida, sem conseguir me encarar. Sorri mais ainda. 

– Não fique com vergonha. Vem, vamos tomar sorvete, sim? – Peguei sua mão e sai a arrastando sem esperar resposta. Um sorriso se formou em seu rosto, fazendo o meu apenas se prolongar.

Devo ter caído numa armadilha, porque depois de conseguir sua amizade, eu não me via mais sem ela. Um mundo sem Tiffany é um lugar triste e cinza. Porque ela apenas entrou aqui e fez uma casinha no meu peito, onde eu a acolhi sem protestar. A sua felicidade é contagiante, seu rosto reluz como o de um anjo quando ela sorri pra mim. A sua amizade, a sua companhia era meu pedacinho de paraíso. Meu anjo caído.

Ela foi a única que quis minha amizade verdadeiramente, mesmo com toda a minha dificuldade de conversar, e a minha personalidade difícil de lidar. Mesmo com todas as barreiras, ela ainda quis estar comigo. Ela viu algo em mim que eu não sabia que existia. Algo que estava incompleto até sua chegada, e eu não podia me sentia mais completa. Tudo que era com ela, era melhor. Sua companhia. Suas brincadeiras. Nossas viagens. Nossos fins de tarde.

Eu não sei exatamente como ela foi querer ser amiga de alguém como eu. Tiffany e eu somos tão diferentes, falando em todos os sentidos. Sua postura, a minha, nossas personalidades. Contundo, nos demos bem desde sempre. Mas de tudo, ah, a sua ingenuidade... Este é o ponto que eu mais amo em você, Pink Princess. A sua doçura. Meu puro e doce anjo. É o que me faz querer te proteger, me faz querer cuidar de cada pedaço seu.

– De morango de novo? Mas por que você sempre pede desse sabor? – Perguntei enquanto provava meu sorvete de flocos, mesmo já sabendo a resposta.

– Porque é rosa. Eu adoro rosa. Você não gosta?

Seu sorriso era como um abraço bem apertado para o meu coração, porque ele sempre ficava feliz quando o via. Um calor reconfortante, doce. Você é a minha paz, Tiffany. Talvez tenha sido a sua felicidade espontânea, sua gentileza que me abrange a alma, ou apenas sua beleza angelical, da linda menina que você era quando nos conhecemos, até a bela mulher que você se fez hoje.

Mas afinal, o que você fez comigo?

Sinceramente? Até hoje eu não sei. Só sei que é bom. Eu gosto. Continue assim para sempre, por favor.

Tudo o que vivemos, tudo o que passamos, eu passaria tudo de novo por você. Porque é você. Meu ponto fraco, meu veneno e minha cura, meu vicio bom. Eu amo você. Eu amo tanto que não cabe no meu peito. Amo tanto que dói.

– Vamos ficar aqui mais um pouco, hm? – Segurei sua mão entrelaçando nossos dedos e assenti. Me mudei para o seu lado e ficamos espremidas naquela porcelana redonda fria. Frio. Frio esse que não me atingia, não com o calor da pele de minha amada que me fazia sentir tão confortável, mesmo em tal situação. Aquele calor tão bom em mim. Dela. Talvez fosse o de sua pele, ou mesmo o calor de sua paixão. Era gostoso.

– Você se lembra, Fany-ah? – Beijei seu ombro nu e deixei minha cabeça ali.

Não podia estar mais confortável. Porque você deixa tudo confortável, independente do momento, da situação. Sim, sempre deixa, meu bem.

Fechei meus olhos, sentindo a textura e o odor embriagante de sua pele, do qual nunca me enjoaria. Nem se me embebedasse nele durante toda uma noite. Ou toda uma vida. Meus sentidos ficavam turvos só de tocá-la, de senti-la tão perto, tão bem.

– Do quê? – Perguntou num fio de voz, ainda com aquele olhar vago. 

– De nós. De tudo.