SeoHyun balançava-se de um pé para o outro, seu olhar fixo no chão. Ela acabara de dizer à Jessica o que Yoona clamava ser verdade. Como de costume, a mais velha não esboçou nenhuma reação. Apenas manteve o olhar fixo na maknae. Ela perguntava-se como Yoona entrara na mansão, e o porquê de SeoHyun não ter dito nada anteriormente. Jessica suspirou. SeoHyun engoliu em seco, preparando-se para o que estava por vir.

– Primeiramente, por que Im Yoona está aqui? - Jessica perguntou.

– Eu não sei, unnie. - SeoHyun disse. Jessica cruzou os braços e arqueou as sobrancelhas.

– Você não sabe?

– Jessica-unnie, um de nossos homens me chamaram, dizendo que ela estava à minha procura. - Explicou.

– Im Yoona à sua procura? E você foi vê-la? - Perguntou, ficando curiosa. SeoHyun começou a ficar nervosa.

– Bom.. Eu não tive escolha, unnie. - Disse, escolhendo as palavras com cuidado. - Ela estava batendo em nossos homens e gritando meu nome.. Eu tive que pará-la.

– E o que você fez?

– E-eu a nocauteei, e depois a tranquei em uma de nossas celas. - Respondeu, voltando a abaixar a cabeça.

– Não fez mais do que o seu dever. - Jessica disse, sorrindo levemente.

SeoHyun suspirou em alívio. Ela pensara que Jessica iria gritar, xingar, ou até mesmo bater. Mas nada disso aconteceu, para a surpresa da maknae. Para Jessica, qualquer pessoa que possuísse relação com Kwon era digna de socos e chutes. Ela acreditava que se Kwon tinha o direito de matar seus homens, então Jessica possuía o direito de espancar os homens da outra. Já que Jessica não gostava de tirar a vida dos outros, ela proporcionava uma dor enorme, no intuito de fazer a pessoa pensar duas vezes antes de invadir seu território novamente. Uma das adeptas de suas técnicas era SeoHyun, que nunca falhava em deixar um prisioneiro inconsciente. Desde o dia em que a maknae provou sua eficiência, Jessica passou a deixá-la no cargo de todos os prisioneiros. Não era preciso mais palavras para confirmar o quanto a garota confiava na maknae.

Agora as duas estavam caminhando em direção à cela onde Yoona estava. Jessica dissera que queria conversar com a garota, descobrir o porquê de ela ter ido até mansão. Apesar de SeoHyun ter dito toda a conversa, a garota ainda não conseguia acreditar nas palavras da mais nova. Algo parecia estar fora do lugar. Elas pararam na frente da porta da cela. SeoHyun olhou para Jessica, escondendo seu nervosismo. Jessica apenas respirou fundo e abriu a porta, entrando logo em seguida.

A luz repentina fez Yoona fechar os olhos com força. Ela mexeu-se na cadeira, desconfortável. Seus braços e pernas continuavam presos, porém SeoHyun deixara seus olhos desvendados. Ela ouviu passos. Alguém entrara na sala e estava andando em sua direção. Yoona sentiu o medo crescer em seu ser. A última vez que ouvira aquilo, ela fora espancada por SeoHyun até ficar inconsciente. Como era de se esperar, Yoona sentiu um tapa no seu rosto. Ela grunhiu, sentindo-o arder.

– Unnie! - Ouviu alguém exclamar. Hesitante, Yoona abriu os olhos. Encontrou SeoHyun e Jessica paradas à sua frente. Ela fixou o olhar na mais velha, recebendo outro tapa como resposta. SeoHyun prendeu a respiração, surpresa. - Jessica-unnie...

– O que foi, SeoHyun? - Jessica perguntou, fria. A maknae engoliu em seco, diante da mudança de comportamento da outra.

– N-não precisa bater... - Ela disse. Jessica arqueou uma sobrancelha, surpresa. - Unnie, ela já está bastante machucada.

Mentira. Desde o momento em que SeoHyun viu Yoona chorar, ela passou a sentir pena pela outra garota. De fato, Yoona conseguira convencer SeoHyun sobre seu motivo de ter ido até a mansão. Porém isso não seria o mesmo para Jessica. A maknae sabia que no momento em que contasse à Jessica sobre o fato de Yoona estar na mansão, a garota iria se irritar. E como ela deduzira mais tarde, Jessica se irritou, porém decidiu por não descarregar sua raiva em SeoHyun, e sim em Yoona.

– Você está protegendo ela, SeoHyun? - Jessica perguntou, autoritária. SeoHyun abaixou a cabeça.

– N-não, unnie...

– Então...? - Ela voltou sua atenção para Yoona, levantando a mão. A última se encolheu contra a cadeira, preparando-se para a dor.

– Unnie! - SeoHyun interveio. Jessica bufou, irritada. - Q-quando eu saí.. Ela estava inconsciente.. Não precisa bater...

– Você não é assim, SeoHyun! - Interrompeu. SeoHyun repreendeu-se mentalmente pelo o que estava fazendo. - Ela está lhe enganando!

– E-eu... - Yoona tentou falar, somente para ser calada com um tapa.

– Eu não pedi a sua opinião. - Rosnou. Yoona apenas assentiu, cuspindo sangue no chão.

– Unnie...

– SeoHyun-ah, você sabia que acharam o corpo de um de nossos homens? - Jessica perguntou, seus olhos observando cada movimento de Yoona.

– Como assim? - SeoHyun indagou, surpresa.

– Um pouco antes de você me chamar, TaeYeon veio à minha procura e disse que acharam MinHo morto. - Disse, com um quê de tristeza em sua voz. Porém logo o mascarou. - E logo após, você aparece me dizendo que encontrou Im Yoona.

– Mas MinHo é um de nossos melhores assassinos.. - SeoHyun balbuciou, chocada. - É praticamente impossível tocar nele, quanto mais matar?

– Eu acho que não é tão impossível assim para o clã Kwon. - Jessica disse, entre dentes. Ela se inclinou sobre Yoona, apontando um dedo para o rosto da garota. - O nosso acordo? Pensei que você quisesse Kwon Yuri viva.

– E-eu q-quero. - Yoona gaguejou, evitando olhar nos olhos da outra. Ela sentiu seu rosto ser atingido mais uma vez.

– Não minta! - Jessica gritou. - Eu sei que foram vocês que mataram MinHo!

– N-não fomos nós. - Ela disse, recebendo mais um tapa. Novamente, a dor estava começando a se tornar insuportável. - E-eu j-juro.

Irritada, Jessica desferiu uma série de socos no rosto da garota. SeoHyun apenas ficava a observar. Ela não sabia mais o que pensar. Yoona lhe enganara? O choro de anteriormente fora uma encenação? Ela estava ali somente para que as outras pudessem matar seus homens? SeoHyun levou as mãos à cabeça. "Como uma pessoa pode chegar à esse ponto?" pensou. Quando Jessica finalmente parou de socar a garota, o rosto de Yoona estava pintado em vermelho. O sangue pingava em suas roupas, misturado com as lágrimas do novo choro incessante. Vendo aquilo, SeoHyun sentiu seu coração apertar. Ela não sabia o porquê de estar se sentindo tão mal diante daquilo. Já que ver pessoas ensanguentadas ou mortas era rotineiro. SeoHyun foi tirada de seus pensamentos quando viu Jessica levantar a mão mais uma vez. Sem pensar, ela segurou o pulso da mais velha.

– SeoHyun, o que você...

– Unnie, se retire... Por favor. - SeoHyun disse, firme. Jessica arregalou os olhos, surpresa.

– Você enlouqueceu? - Ela riu. SeoHyun continuou séria, seu aperto no pulso da outra aumentando.

– Sai. - Repetiu, indicando a porta. Jessica abriu a boca para falar algo, sendo impedida pela garota. - Eu assumo daqui.

– SeoHyun... - Jessica estava surpresa pela atitude da outra. - Eu não vou sair.

– Sim, você vai sair porque você confia em mim e eu nunca lhe decepcionei. - A maknae disse, levando Jessica até a porta.

– Seo... - Ela tentou empurrar a maknae, sem sucesso. Desistindo, Jessica saiu do quarto. Deixando as duas garotas a sós.

SeoHyun girou nos calcanhares, deixando seu olhar pousar em Yoona. Não se surpreendeu ao ver a garota de cabeça baixa, soluçando. SeoHyun não entendia o que estava acontecendo consigo. Ela sentia seu coração apertar diante da dor da outra garota. Respirando fundo, a maknae se aproximou. Repetindo o ato de mais cedo, ela sentou na frente da garota obtendo total visão do rosto da outra. Lágrimas misturadas com sangue continuavam a pingar de seu rosto, sujando sua camisa. SeoHyun suspirou, levantando-se. Ela caminhou até uma mesa que havia no canto do quarto. Em cima da mesma, um balde com água e uma toalha se encontravam. Normalmente, quando SeoHyun exagerava, um de seus homens ficavam encarregados de limpar o sangue do rosto do prisioneiro. No entanto, vendo a outra garota se afogar em lágrimas de dor, SeoHyun decidiu que ela mesma o faria.

Voltou a ficar de frente com a garota, mas ao invés de se sentar no chão, puxou outra cadeira. Levou uma mão ao rosto de Yoona, notando a garota tremer quando sua mão tocou seu queixo. Yoona fechou os olhos fortemente, seus músculos tensionando. Ela esperava mais um soco, porém o que veio em seguida foi diferente. Um tecido molhado acariciava seu rosto. Inconscientemente, ela relaxou. SeoHyun abriu um pequeno sorriso ao ver a garota relaxar.

– Me desculpe. - Disse. Ficando surpresa logo após. Era a primeira vez que pedia desculpas à um prisioneiro. - Nós fomos muito rudes...

– É-é o s-seu trabalho... - Yoona disse, mantendo os olhos fechados. SeoHyun suspirou.

– Por que você voltou? - Perguntou, sentindo-se curiosa.

– E-eu sou r-responsável por Y-Yuri. - Respondeu, lentamente. Seu choro cessado. - E-ela precisa d-de mim.

– Isso não faz sentido. - A maknae disse, pensativa. - Vocês provavelmente são da mesma idade... E você concordou em deixá-la aqui.

– ... - Yoona apenas suspirou, mantendo-se calada.

– Você tinha me dito que iriam nos atacar.. - SeoHyun continuou a pressionar. - E coincidentemente um de nossos melhores assassinos morreu.. Como você tem tanta certeza de que não foram suas amigas, Im Yoona?

– E-elas querem J-Jung.. - Yoona confessou. A outra apenas assentiu, entendendo. - Se n-nós t-temos um alvo.. E-então nós o matamos primeiro.

– Você tem certeza? - Perguntou, afastando-se. Yoona assentiu. SeoHyun jogou a toalha no balde, descansando as mãos no colo. - E se você estiver me enganando?

– V-você acha q-que estou? - A garota retorquiu, finalmente levantando o olhar. Seu rosto estava seriamente machucado. Cortes decoravam suas bochechas, seu olho esquerdo inchado, sangue escorrendo pelo canto de sua boca. SeoHyun respirou fundo. Sem falar mais nada, ela se levantou e se retirou do quarto. Deixando a outra garota de volta na escuridão.

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– Sunny! - HyoYeon gritava. - Corre aqui! Urgente!

– O que foi? - Sunny entrou no quarto, correndo como a outra pedira.

HyoYeon indicou para que a garota olhasse para a tela do computador, onde um vídeo passava. Era a transmissão de um dos domínios dos Kwon. HyoYeon conseguira hackear as camêras dos semáforos, ganhando assim total visão das ruas. O que se passava no vídeo era algo extremamente interessante. Alguém descera de um carro correndo, entrou em um beco, para logo após sair correndo novamente. Porém, o mais interessante não era isso. O que prendera a atenção de HyoYeon e a fizera chamar Sunny, fora o fato de que outra pessoa saiu do beco. Essa pessoa perseguiu o primeiro, correndo em seu encalço. Sunny arqueou as sobrancelhas, intrigada pelo o que estava vendo.

– Não é só isso. - HyoYeon disse, minimizando o vídeo e abrindo outro. - Esse é pior.

No novo vídeo, algo incrível se passava. As mesmas pessoas de anteriormente entraram em um outro carro, para logo após o mesmo dar partida. HyoYeon adiantou o vídeo, explicando que não aconteceria mais nada durante 10 minutos. Quando ela finalmente parou, Sunny soltou uma exclamação de choque. Alguém se arrastava para fora do beco, deixando um rastro de sangue para trás. Era possível ver a boca da pessoa mexer, pedindo por ajuda. Mais minutos se passaram, enquanto a pessoa agonizava até finalmente morrer. Sunny suspirou, observando o corpo imóvel. Ela cruzou os braços, desviando o olhar da tela. Não gostava de ver pessoas sofrendo. Sunny depositou sua atenção em HyoYeon, pedindo por explicações.

– Esse vídeo aconteceu há 1 hora. - Disse. Sunny assentiu, absorvendo a informação. - Tomei a liberdade de mandar alguns de nossos homens investigarem...

– E? - Sunny perguntou, vendo que a garota não continuou sua frase. HyoYeon abaixou a cabeça, respirando fundo.

– Até agora... Nenhum voltou. - Ela disse, sentindo-se culpada. Sunny franziu as sobrancelhas.

– Onde isso aconteceu? - Perguntou, apontando para a tela do computador.

– Na divisa de um dos nossos territórios com Jung.