O rapper da estação de Yintudi

A história de uma suposta máfia

 

    JS e Aksel encontraram Soren sonhando acordado na loja de lembranças da gravadora.
    -- Aí está você! -- disse JS. -- O que está olhando?
    Soren mostrou a eles o CD do Meili que ele ainda admirava.
    -- Eu não sabia que isso existia...
    -- Ah, esse álbum... Na verdade, nem deveria existir. Mas já tinham sido fabricados quando elas saíram, então ficamos sem saber o que fazer com isso. 
    -- Oh, entendo... Não podem vender mais, certo?
    -- Exato. É uma pena... eu gostei das músicas que colocaram...
    Soren ficou com a expressão um pouco triste, e colocou o CD de volta na caixa.
    -- Você gosta delas? -- JS perguntou.
    -- Muito. Espero ter a chance de conhecê-las um dia.
    -- Você terá. Enquanto isso não acontece... -- JS pensou um pouco antes de terminar a frase. -- É... acho que ninguém vai notar se um desses não estiver aqui.
    -- Como?
    -- Vai demorar para resolver isso. Acho que não tem problema se você pegar um. É só não deixar ninguém ficar sabendo.
    Os olhos de Soren voltaram a brilhar. Ele cuidadosamente pegou o CD de novo.
    -- Eu posso mesmo? 
    -- Pode. -- "Acho que elas ficariam felizes com isso também", JS pensou. Ele por um momento se lembrou da despedida delas.
    "-- Nós não queríamos abandonar a D.J.L. em um momento como esse, mas... Nós temos muito medo... do que pode acontecer... Nós acabamos de começar e...
    -- Não precisam se preocupar. Eu entendo. E o chefe também. 
    -- Nós vamos sentir sua falta, JS!
    -- Eu também, meninas. Desejo muita sorte a vocês!"
    -- JS! -- chamou Aksel, interrompendo o flashback.
    -- Eu! Que foi?
    -- Não ouviu minha pergunta, ouviu?
    -- Desculpa... O que foi, bebê?
    -- Não me chama assim, cara! -- exclamou o aprendiz.
    -- Por que não? Enfim, qual foi a pergunta?
    Aksel suspirou.
    -- De quantos membros vamos precisar?
    -- Isso depende...
    -- Como assim, depende?
    -- Você já devia saber. Isso não depende do número de membros, mas sim de como é o conjunto.
    -- Quer dizer que eu vou ter que trazer gente até você e o chefão acharem que está bom?
    -- Exato.
    Aksel virou os olhos.
    -- Quantos já somos? -- perguntou Soren.
    -- Contando com vocês dois? -- disse JS. -- Dois.
    -- Foi muita sorte eu ter conseguido achar o Soren. Como eu vou conseguir essa mesma sorte mais sei lá quantas vezes? -- desabafou Aksel.
    -- Ué, onde foi parar sua confiança? -- perguntou JS.
    -- Eu vou conseguir, você vai ver... Só não sei como...
    Enquanto os dois falavam, Soren pensava.
    -- Aksel... -- ele disse, depois de um tempo. -- Você precisa de alguém que saiba cantar? 
    -- É. Ou como você, que dance. Sei lá, tendo algum talento, já serve. Por quê?
    -- É que... eu não entendo muito disso, mas talvez eu possa ajudar.
    -- É claro que pode! Se você conhecer alguém assim, ou encontrar que pareça bom...
    -- Bem... Tem esse cara... eu não conheço ele direito, mas sempre via ele na estação perto de... de um lugar em que trabalhei. 
    -- Mesmo? E o que ele faz?
    -- Rap. Parece que ele fica lá a tarde inteira, com um boné para as pessoas colocarem moedas... Talvez...
    -- Rap? A tarde inteira.... Mas já é de tarde! A gente precisa ir lá agora! Você sabe qual a estação?
    -- Sei...
    -- Ei, calma aí, Aksel. Para que tanta pressa? Ele não vai fugir, acho eu.
    -- Mas eu não tenho tempo a perder! E se ele for difícil de se convencer? Eu preciso ir agora. Vem com a gente?
    -- Não, não. Essa missão é sua. Boa sorte.
    -- Então vamos logo, Soren! -- disse Aksel puxando o outro pelo braço.
 
        Os dois rapazes chegaram à estação de Yintudi no fim da tarde. 
    Considerada parte de Hovedstad, mas originalmente uma cidade separada, Yintudi também é a cidade onde ocorre a premiação musical mais importante de Partasia. E o local para onde o jovem Jensen Lilla resolveu se mudar depois de concluir o Ensino Médio. Ele conseguiu passar no exame de admissão para uma universidade na região, e escolheu o curso de medicina. Ou melhor, foi obrigado a escolher. Seus pais não aceitariam nada diferente disso. Nem ao menos o local eles o deixariam escolher, na verdade, mas ele tinha seus meios. Jensen simplesmente errou de propósito quase todas as questões dos outros exames que prestou, assim passando apenas para aquela universidade. 
    Ele se mudou, e começou o curso de medicina, no qual não permaneceu por mais de um semestre. Ele sempre soube que essa não era sua vocação. O que ele realmente queria fazer era música. Mais especificamente, rap. Depois de largar a faculdade, e de ter uma briga feia e definitiva com seus pais, ele começou a viver apenas de sua "música independente". O que aqui significa, cantar na estação de metrô. Ele sabia que sua chance ia chegar algum dia.
    -- É essa a estação, Soren?
    -- É, sim. Ele fica mais para lá, perto das máquinas de venda. -- assim que Soren apontou para aquela direção, Aksel começou a correr.
    E a pessoa de que Soren falara estava mesmo lá. Parecia ter mais ou menos a mesma idade que Aksel, e tinha também a mesma altura. Moreno, magro, usava uma camiseta branca sem estampa e calças jeans rasgadas, além de óculos de sol com lentes espelhadas.  Nos pés, um par de tênis grandes com os cadarços desamarrados. O boné estava no chão, com algumas moedas e poucas notas pequenas. Ele fazia os movimentos de mãos típicos de rapper enquanto, sem nenhum acompanhamento, passava sua mensagem.
 
Querem mandar em mim
Querem me deixar em um sofrimento sem fim
Sabe como eu me sinto?
E como eu fico?
Eles podem se gabar
Do filho que pensam ter
E eu não posso sonhar
Sobre o que desejo fazer
Eu só quero cantar
Poder mostrar
Me exibir para o mundo
Poder quebrar tudo
Deixa eu fazer meu rap
Deixa eu fazer minha música
Deixa eu voar
Deixa eu cantar! 
 
    -- Uau... -- disse Aksel.
    Soren chegou um pouco depois e perguntou:
    -- E então? Acha que ele é bom?
    -- É ótimo!
    Jensen, o rapper, tirou os óculos e agradeceu a todos os que permaneceram até o final (um grupo de cinco colegiais e dois rapazes). Então, pegou o dinheiro do boné e guardou no bolso. As meninas ainda disseram a ele alguma coisa que Aksel e Soren não conseguiram ouvir, e depois de ouvir uma resposta que não as agradou muito, saíram. Os rapazes saíram sem dizer nada. Antes que o rapper também fosse embora, Aksel se aproximou e disse:
    -- Com licença. Eu estava ouvindo sua apresentação e... foi bem legal.
    -- É, eu sei. -- foi a resposta. Dizendo isso, Jensen se virou pela primeira vez para Aksel. O aprendiz teve a chance de observar com mais atenção o rosto dele. A coisa que mais chamava a atenção eram os olhos, que eram de um belo tom de violeta. Pareciam feitos de ametista. Jensen deu um sorriso convencido e colocou os óculos escuros de volta. -- Só não vai dizer que se apaixonou por mim, que nem aquelas garotas de agora há pouco. 
    -- Não, não, não! É só que... você tem talento e...
    -- Me diz uma coisa que eu não sei.
    Soren apenas observava em silêncio. "Parece que alguém tem uma personalidade difícil..."
    -- Irei direto ao ponto. -- disse Aksel. -- O que acha de entrar para uma gravadora?
    Jensen não acreditou no que estava ouvindo. Ele precisou de alguns segundos para raciocinar, e chegou até mesmo a tirar os óculos outra vez.
    -- Uma gravadora? Você... tá falando sério? Sério mesmo? Ca*****! -- Jensen terminou a frase com uma palavra não muito bonita. 
    -- Sim. Eu sou da D.J.L. e estou procurando integrantes para um grupo...
    Assim que ouviu isso, Jensen perdeu todo o ânimo. 
    -- Grupo? D.J.L.? Você está falando... de pop? Tipo, ídolos?
    -- Sim. Por quê?
    -- Não estou interessado.
    -- Como?! -- Aksel não acreditou. Era o segundo não em apenas um dia. 
    -- É só que... Isso não é o meu estilo. Eu faço rap. Toda essa história de caras bonitinhos, certinhos e perfeitinhos... Essas "regras de ouro" e aquele bando de purpurina... Não tenho nada contra, mas não é o meu estilo.
    -- E-entendo...
    -- Eu sei que é duro ouvir um não de um cara como eu, mas eu tenho certeza de que você vai achar algo que dê pro gasto. Falou, tô indo. -- Jensen disse, dando um aceno e saindo.
    Aksel ficou parado.
    -- Ué, não vai atrás dele? -- perguntou Soren.
    -- Eu não tenho certeza se quero alguém assim no grupo. Ele parece muito.... difícil de se lidar.
    -- Oh... Então nós já vamos voltar?
    -- Sim. É uma pena...
    Os dois se juntaram à pequena multidão que esperava pelo próximo metrô de volta para o centro, quando ouviram uma voz vinda de trás.
    -- Essa história de grupo... é séria mesmo? Tá tudo garantido para um lançamento?
    Os dois se viraram e viram que Jensen havia voltado.
    -- Se conseguirmos todos os integrantes...
    Jensen suspirou.
    -- Olha, não é que eu tenha mudado de ideia. Eu sei perfeitamente qual é meu estilo e não vou mudar. É só que... eu estou meio sem paciência para esperar mais.
    E assim, em apenas um dia Aksel já tinha confirmados três integrantes para seu grupo.
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N/A- Agradecimentos a Mila2410 pelo rap ^.^
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multishipper_sheep
Tem alguém lendo? Essa história tem mais de 100 views e só um subscriber (minha irmã). Se você leu, mesmo que só o comecinho, deixe um comentário, please? :3

Comments

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Mila2410 #1
Uuuhuuu! Update!
Mila2410 #2
Oiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii