Algumas horas antes

*Youngjae’s P.O.V*

Youngjae abre os olhos lentamente, “Onde estou ?”, pensou ainda meio atordoado. Habituando-se à forte luz branca que se encontrava por cima da sua cabeça, começou a olhar para o meio que o rodeava: estava no que parecia ser um armazém. Sentia os músculos dos braços doridos, e quando tentou movê-los para a sensação desconfortável passar apercebeu-se da situação em que se encontrava: estava acorrentado a uma cadeira de ferro, com os braços atrás das costas e as suas pernas juntas às pernas da cadeira, o que o levou a entrar em pânico.

- Yah ! Está alguém aí ?! Yah ?!  - gritou em desespero, tentando fazer-se ouvir. Subitamente, o som de passos ressoou no estranho armazém, aproximando-se do rapaz.

- Vejo que já estás acordado – declarou Yena, saindo das sombras com um sorriso sádico, o que fez Youngjae esbugalhar os olhos em reconhecimento. – Dormiste bem, querido ?

- Y-Yena ? Que estás a fazer aqui ?

- Oh, nada ! Vim brincar às escondidas – disse sarcasticamente, revirando os olhos.

- Deixa-te de brincadeiras ! Onde estou ? Tira-me daqui, imediatamente !

- Hum, não me parece que estejas a compreender a tua situação… - começou, enquanto se dirigia para trás dele e lhe passava um dedo pelos ombros. De seguida encostou o seu peito de encontro às costas de Youngjae e deixou a suas mãos passearem no peito dele, sensação que ele achou desconfortável, e ela segredou-lhe ao ouvido. – Quem dá as ordens e faz perguntas aqui, sou eu… Sabes, se me deixares de mau humor e não me fizeres a vontade, posso simplesmente… - e dito isto, tentou asfixiar Youngjae com os braços, largando-o pouco tempo depois. Acariciou-lhe a face enquanto o rapaz tossia. – Mas não queremos isso, pois não ? Para além disso, tens de estar apresentável, o teu yeobo deve estar a chegar.

- Y-yeobo ? M-meu ? – gaguejou ele, ainda a tentar recuperar do abraço sufocante de Yena. Ela voltou a ir para a sua frente.

- Sim, o teu querido Daehyun. Aposto que ele vai ficar contente por eu não te ter feito nada… - Yena tocou com o dedo indicador no sítio onde está o coração de Youngjae e deu-lhe uma leve descarga eléctrica, mas que o fez balançar na cadeira. - …Por enquanto…

Passados uns minutos, o som de um carro e do seu motor a ser desligado anunciou a chegada de alguém. O portão do armazém abriu-se, acompanhado pelo som alto e incomodativo do seu deslizar, bruscamente e as duas cabeças dos ocupantes viraram-se instante em que isto ocorreu. Foi revelada uma silhueta e que, pelo som, parecia aproximar-se a passos largos.

- Parece que ele chegou – declarou Yena com um sorriso trocista, sendo de seguida empurrada de volta para as sombras por um Daehyun enfurecido que foi de imediato de encontro ao amigo, agarrando-lhe nos braços e na cabeça como se estivesse a verificar se estava inteiro.

*Daehyun’s P.O.V*

 - Jae ! Está tudo bem ? Ela fez-te alguma coisa ?? – perguntou com imensa preocupação. O olhar dele analisava muito rapidamente o estado do amigo, procurando qualquer arranhão, nódoa negra, ou corte, por mais pequeno que fosse.

- N-nada de especial… - respondeu Youngjae debilmente. – Mas ela fez-me uma cena estranha com o de…

- Esquece isso ! Vou tirar-te daqui ! – replicou, tentando desviar a conversa, pois sabia perfeitamente o que Yena lhe tinha mostrado e isso ele não poderia nunca voltar a saber do que se tratava. Graças a Taemin, Youngjae e Yoon tiveram a oportunidade de voltarem a ter uma vida normal, e Daehyun não queria abrir mão disso. Eles não mereciam estarem envolvidos nestes esquemas sujos, e ele só se apercebeu disto mais tarde quando viu Yoon naquele estado. Desde aquela noite que Daehyun tinha pesadelos com ela, de uma possível morte dela, de uma possível assombração, e nunca se perdoou pelo que aconteceu… A única maneira que tinha para se redimir daquilo era protegê-los.

Apressado, começava a remover-lhe as correntes, primeiro as que prendiam o seu tronco às costas da cadeira, e de seguida as dos pulsos, tomando especial atenção nas marcas à volta dos mesmos. "Isto nunca deveria ter acontecido", pensou culpado, passando um dedo nas escoriações antes de libertar completamente os braços de Youngjae.

- D-desculpa... - apenas conseguiu balbuciar ao amigo ainda concentrado em desapertar as correntes que prendiam os seus antebraços, sentindo-se responsável por toda aquela situação.

- Desculpa pelo quê ? Que eu saiba não tens nada a... - Youngjae passou a falar de modo mais arrastado até parar definitivamente. Daehyun estranhou este comportamento e deu uma vista de olhos no que se estava a passar para ver Youngjae com a cabeça inclinada sobre o peito e...uma seringa no seu pescoço.

- Youngjae ? Yoo Youngjae ! Responde-me !

- Não creio que o nosso amigo especial vá...acordar tão cedo - falou Yena, subitamente, marcando a sua presença no espaço que até então fora esquecida por ele.

- O que é que lhe fizeste, idiota ?

- Eu ? Nada, só o meti a dormir. Ele parecia cansado, não achas ? - respondeu-lhe com o ar mais inocente do mundo. - Morfina, meu caro. A suficiente para o deixar a dormir durante umas horas - aproximou-se de Daehyun e começou a passar-lhe as mãos pelo peito e os abdominais, finalmente entrelaçando-as a volta do seu pescoço. - Se calhar podíamos discutir este assunto num sítio...mais confortável e de uma maneira mais divertida, o que achas ?

- Já não brinco a esses teus joguinhos - cuspiu ele, sob o ar divertido dela.

- Mas podias voltar a brincar... Nunca é tarde demais - terminou, piscando-lhe o olho.

- Esquece, não vale a pena - declarou, resolutamente, tentando ainda libertar as pernas de Youngjae. Sem aviso, Yena disfere-lhe um pontapé no estômago, impedindo-o de completar a sua tarefa. Daehyun levanta-se a custo, reunindo forças para primeiro acabar com ela. Tentou ler-lhe a mente, mas esta estava vazia.

- Conheço-te demasiado bem, jagiya, não vale a pena tentares vencer-me - uma gargalhada estridente saiu-lhe da garganta, o que fez Daehyun tremer. Ele sabia perfeitamente que ela era do tipo de ataque, uma agente S, ela tem muito mais vantagem que ele. Olhou à volta, tentando arranjar alguma coisa que o pudesse ajudar, "As correntes !".

Pegou nelas e começou a revirá-las com perícia, como se fossem matracas, na esperança de acertar em Yena, mas esta desviou-se facilmente com saltos ágeis. Frustrado, girou as correntes sobre a cabeça e atirou-as de encontro a ela. “FINALMENTE !”, pensou com um sorriso vitorioso colado na cara, ao ver que a ponta da corrente se enrolou no pescoço de Yena, o que a fez parar para evitar asfixiar-se. Fez um esgar de preocupação ao ver o seu pescoço preso, mas rapidamente voltou a ter o seu sorriso sádico ao levar as mãos à corrente e a dar uma elevada descarga elétrica, ao que Daehyun foi obrigado a largar a corrente e cedeu os joelhos sob o peso do corpo.

- Devias saber, jagiya… - começou Yena, libertando-se das correntes. – O ferro é um material extremamente condutor… - afastou-se e deixou um Daehyun ofegante no chão, sofrendo com as dores do choque. Voltou com uma seringa na mão, e ele arregalou os olhos ao vê-la cada vez mais perto. – Não te preocupes, isto não vai doer…quase nada ! – e espetou-a com força no pescoço dele. A dor era lancinante, ao ponto de lhe criar pequenas lágrimas no canto dos olhos, e Daehyun foi perdendo os sentidos lentamente.

- Agora se me dás licença, tenho um telefonema a fazer ! - ela voltou a afastar-se, segurando o seu telemóvel e a última coisa que ele ouviu foi:

- Annyeong, Taemin-ssi !

*Yoon’s P.O.V*

Taemin rapidamente lhe explicou a situação em que Youngjae se encontrava, alegando que ia tentar arranjar os meios necessários para chegar ao seu irmão após rastrear a origem da chamada. Yoon sentia o seu coração apertado, visto que o seu irmão não saberia como se proteger. “Irónico, ele é um super escudo e não se pode defender”, pensou.

- Arranjei acesso ao helicóptero, anda, vamos para o topo do prédio – afirmou Taemin, pegando no pulso de Yoon e correndo para fora do seu apartamento diretamente para o elevador. Ele entrou primeiro, premindo o botão do 20º andar, ela entrou a seguir, com os braços ao lado do corpo e os dedos da mão mexendo-se nervosamente, hábito que ela tinha desde pequena quando algo a deixava desconfortável. Taemin, reparando nisto, deu-lhe a mão, entrelaçando os seus dedos nos dela. Yoon ficou facilmente distraída por aquela ação, olhou para baixo confusa e corou instintivamente ao aperceber-se. Era a primeira vez que eles davam as mãos, não a primeira de sempre mas a primeira desde aquela noite. Ela desviou o seu olhar para cima ao reparar que Taemin tinha o olhar pousado em si com curiosidade, cruzando-se. Rapidamente afastaram os olhos um do outro mas mantiveram-se de mãos dadas e em silêncio até a porta se abrir no último andar. Subiram um lanço de escadas e finalmente estavam no terraço.

Yoon olhou para o grande helicóptero que estava no meio do terraço com medo e admiração. Olhou para Taemin, falando pela primeira vez nos últimos minutos.

- T-tu sabes conduzir isto ?

- Não sei, vamos descobrir agora ! – exclamou ele em resposta alegremente, mas ao ver o ar de pânico dela rapidamente tentou acalmá-la. – Calma, estava a brincar ! Vamos, entra !

Duas horas depois

Eles finalmente aterravam num local no meio do nada. O sol ainda estava alto ao pé daquele armazém. Yoon duvidava que aquilo alguma vez tivesse sido usado fosse por quem fosse, devido há inospitalidade do local, mas estava um carro estacionado perto do edifício. “D-Daehyun…”, pensou ela em reconhecimento.

Ambos saltaram do helicóptero, e quando Yoon procurou Taemin com os olhos, reparou que o mesmo já empunhava uma arma.

- Eu vou à frente – declarou determinado. – Certifica-te de que te manténs atrás de mim, e caso algo me aconteça, comunica rapidamente – e atirou-lhe uma espécie de walkie-talkie que ela rapidamente guardou no bolso das calças.

Ambos respiraram fundo, sustendo a respiração no momento em que a porta do armazém deslizava, anunciando a sua chegada. Taemin primeiro colocou a arma dentro do edifício e ao não haver qualquer reação ou ouvir qualquer espécie de som, saltou para dentro do armazém com Yoon na sua retaguarda. Ela olhou por cima do ombro dele e rapidamente saltou para a sua frente ao ver um corpo caído no chão, juntamente ao lado de uma cadeira.

- D-Daehyun ! DAEHYUN ! – gritou, correndo para ele. Apesar de ele ser culpado por tudo o que lhe aconteceu, ela tinha a noção de que ele estava mudado… Ele não merecia ficar ali, mesmo tendo-lhe feito tudo o que fez….

- Então é ele… - murmurou Taemin, quase inaudível. Yoon virou a sua cabeça para ele em confusão. – A outra pessoa… É ele… - ela acenou em reconhecimento e ele fechou os punhos ao lado do seu corpo, suspirando a seguir. “Mas o que sinto por ele, nem se compara ao que estou agora a sentir por ti…”, pensou para si, apesar de não o conseguir vocalizar.

- Esquece isso por agora… - disse Yoon, afastando os seus pensamentos e concentrando-se no que agora era realmente importante. Agachou-se e verificou-lhe o pulso e a respiração. – O pulso dele é fraco, mas não tão fraco ao ponto de estar a morrer, e a sua respiração é lenta e profunda… Eu diria que está a dormir…

- Onde aprendeste essas coisas todas, jag…Yoonie ? – Taemin fez questão de se lembrar que eles já não namoravam para a tratar daquele modo…

- Muito CSI… - confessou ela, olhando para o lado.

- Bem... - começou ele, coçando a parte de trás da cabeça. - Parece que vamos ter que o levar.

MAIS UM CAPÍTULO ! Finalmente, a história está a aproximar-se da sua conclusão... *mais tarde penso na imagem para isto*

E HOJE, ALL SHINee FEELS AND THINGS, SO TAEMAN's GIF

É que ele tenta ser assim:

Mas quando damos por ele:

É como se eu sofresse um problema de bipolaridade T^T