Save Me

Spotless Mind

- Himchan? – Foi o primeiro nome que chamei assim que comecei a recuperar os sentidos. Olhei ao meu redor, nem uma alma viva.

Estava num pequeno sítio, sabe-se lá onde, com um terrível cheiro a mofo, paredes de pedra, uma porta ao fundo e sem qualquer janela à vista. Tentei levantar-me, mas uma forte dor na barriga impediu qualquer movimento. Levei as mãos até ao local da dor e senti uma ligadura em toda a volta. Olhei para lá e vi a minha camisola cheia de sangue, lembrando-me de que tinha sido derramado por culpa do Himchan. Apesar de ter visto bem que era ele, o meu coração não queria acreditar no que os olhos viram, não podia ser possível. Os meus pensamentos foram interrompidos pela porta a abrir, e alguém se estava a aproximar de mim, até se chegar perto o suficiente para conseguir ver um homem vestido de preto, o culpado da dor que sentia, o culpado do meu rapto, se é que se pode chamar a isto de rapto.

- Finalmente acordaste. – Ao ouvir a sua voz, percebi imediatamente, por que me estás a mentir coração? – Dormiste por 3 dias seguidos. Quase cheguei a pensar que estavas morta. – Ele ajoelhou-se, com um copo na mão, posou-o e ajudou-me a sentar, de forma a ficar enconstada à parede, sentou-se ao meu lado e apontou para o copo no chão. – É para ti, bebe. – Sem dizer uma única palavra fiz o que ele mandou. – Deves ter fome, já volto. – Antes que ele tivesse tempo de se levantar, agarrei-o pela camisola.

- És mesmo tu?! – Perguntei-lhe ainda com uma réstia de esperança de que os meus olhos fossem mentirosos. Ele olhou para as minhas mãos, arrancou-as da camisola e saiu.

Fiquei completamente pasmada a olhar para o quão fria aquela pessoa estava a ser. O Himchan não era assim, seria alguém igual a ele? Mas como podia haver alguém com um rosto igual, corpo igual, voz igual... Talvez um clone? Não muito tempo depois ele estava de volta.

- Toma, come. – Desta vez não se deu ao trabalho de se sentar a fazer-me companhia. Apenas se agachou para me entregar a comida, e ficou de pé a olhar, tipo segurança. Alô!! Qual é a parte de que quase não me consigo mexer que não compreenderam?

- A sério que me vão deixar a pão e água? – Resmunguei, dando uma dentada no pão. Olhei para cima, e ele ainda ali estava, a olhar. – Queres um bocado? – Perguntei, esticando o braço com o pão na mão. Ele permaneceu em silêncio. – Se não queres, mais sobra. – Devorei o resto do pão, enquanto focava o olhar nos pés dele, para não cair na tentação de olhar para cima novamente. Ouvi uns passos vindos do outro lado da porta, alguém estava a chegar.

- Estou a ver que já está bem acordada! – Afirmou uma voz grave, completamente autoritária. Vi o Himchan fazer uma vénia, como se estivesse em frente a algum Rei. – Tens estado a vigiar o estado do seu ferimento?

- Sim, Bang Leader! – Respondeu o meu raptor, ainda curvado.

- Hmm, ora vejamos... – O suposto Líder baixou-se ao meu nível, e ao ver a cara dele surpreendeu-me quase tanto como quando o meu melhor amigo me magoou. Ele agarrou-me, e apesar das minhas tentativas de o fazer afastar as suas mãos de mim, não valeu a pena, mal me conseguia mexer, muito menos ia conseguir afastá-lo. Ele levantou-me a camisola e espreitou por debaixo da ligadura. Olhei para o Himchan com um olhar de pânico, mas ele simplesmente ignorou. O líder dele ajeitou a ligadura, baixou-me a camisola e levantou-se. – Parece estar a sarar. Bom trabalho Kim Himchan, os ensinamentos parecem ter dado resultado, és um ótimo subordinado. – Agora não restavam dúvidas, era mesmo o Himchan. E o homem da voz assustadora era o que estava em casa dele no dia em que ele foi sequestrado. Vi o líder sair, enquanto o Himchan fazia uma nova vénia, levantando a cabeça apenas quando a porta fechou.

 

– Hyun Ji’s POV –

Mais uma vez não consegui dormir toda a noite, devido à ansiedade para que amanhecesse e pudesse sair de casa para saber se havia qualquer novidade da Boo Na. Assim que o relógio alcançou as 10 horas em ponto levantei-me, vesti a primeira coisa que apanhei, levei uma bolacha à boca e saí em direção à casa dela. Assim que cheguei à entrada, antes de poder ver se a Sun Ah ou o Daehyun estavam em casa, senti alguém aproximar-se.

- Ahhhhh! – Gritei, mas não o suficiente para ter a certeza de que alguém tinha ouvido. Umas mãos taparam-me a boca e começaram a arrastar-me. Tentei soltar-me, mas por muito que bracejasse e esperneasse, aquelas mãos não me largavam. Com o som de vidro a partir, aquelas mãos finalmente soltaram-me e ouvi um estrondo no chão. Senti alguém puxar-me pelo braço, era o Daehyun.

- Anda, vamos sair daqui!

Ele deu-me a mão e corremos o mais rápido que conseguimos. Vimos uma casa em ruínas ao fundo e decidimos ir para lá, escondendo-nos assim atrás de um muro.

- Acho que conseguimos escapar. – Sussurou ele, enquanto espreitava por cima. – Felizmente ele não te apanhou.

- Tens mesmo a certeza? Por momentos pareceu-me mesmo que ele vinha a correr atrás de nós. – Disse-lhe apavorada, tentando espreitar também. Ouvi uns passos atrás de nós, dando um grito. – Jongup? O que estás aqui a fazer? Perguntei-lhe, levantando-me para ir ao pé dele.

- Pára! Não dês nem mais um passo! – Avisou-me. Apontou para o Daehyun, e chamou-o com o dedo. Sem hesitar, o Daehyun fez o que ele disse.

- O que se passa? Por acaso viste quem nos estava a perseguir? Espera, tu eras um dos- – Sem o deixar terminar a frase, o Jongup deu-lhe um murro na barriga, fazendo-o cair ao chão, contorcido em dores. Levei as mãos à boca, e comecei a gritar e a chorar.

- Youngjae! O caminho está livre! – Gritou o Jongup. Vi o nosso perseguidor aproximar-se de mim. – Finalmente encontrámos a filha! – Ele deu uma gargalhada, deu um último pontapé ao Daehyun para ter certaza de que ele não ia atrás de nós, e o outro assim que me alcançou amarrou-me as mãos atrás das costas e levou-me com eles, deixando o Daehyun ali sozinho, no chão.

– 

 

- Podes pelo menos falar comigo? – Perguntei ao Himchan, mas sinceramente acho que dava mais resultado falar para uma parede. A porta abriu novamente, e o Líder entrou, com a vénia do Himchan a acompanhar a sua entrada. 

- Chegou a hora de falares! – Olhei confusa para o Líder. Aquilo era para mim? – Diz-me onde está a filha da Presidente. 

- A filha da Presidente? Não sei do que estás a falar.

- Responde enquanto peço amigavelmente... – Ordenou-me o Líder, calmamente.

- Está morta! Toda a gente sabe que a filha dela morreu à nascença! – Respondi alto, eu não estava mesmo a entender do que ele estava para ali a falar. Toda a nação sabe que o parto correu mal, a Presidente nem sequer quis fazer o funeral. Por que raio estava ele a perguntar, e logo a mim, pela criança?

- É preciso perguntar à força? ONDE ESTÁ A FILHA DELA?!? – Ele aproximou-se de mim bruscamente e começou a apertar-me o pescoço. – NÓS SABEMOS QUE ESTIVESTE EM CONTACTO COM ELA! DIZ-NOS JÁ ONDE A PODEMOS ENCONTRAR! – Ele estava a apertar cada vez mais, e o medo apoderou-se de mim, comecei a chorar e continuei a dizer que não sabia de quem estava ele a falar, até que ele desistiu. – Estou a ver que assim não vamos lá. – Levantou-se, virou-me as costas e saiu.

- Himchan, explica-me o que é isto tudo! – Implorei-lhe, arrastando-me até aos pés dele. Quando finalmente cheguei ao pé dele, agarrei-lhe as calças e olhei para cima. – Por favor! Fala comigo! – Gritei, a chorar. 

Ele virou a cabeça para baixo e olhou-me nos olhos. Pegou em mim e voltou a sentar-me, junto à parede. Ao ver-me soluçar sentou-se ao meu lado e fez-me festas no cabelo. Como é que ele sabia que aquilo me acalmava? Olhei para ele e sorri que nem uma idiota, o velho Himchan ainda não tinha desaparecido completamente. 

- Não podes mesmo falar comigo? – Perguntei-lhe, tirando a mão dele da minha cabeça.

- Não é que não possa, apenas não o devo fazer.

- Não o deves fazer? Porquê? – Não obtive qualquer resposta, apenas o habitual silêncio. Vi-o a tirar algo do bolso. Era uma fotografia dele com a Hyun.

- Antes do Bang Leader chegar preciso de saber uma coisa. – Fiquei a olhar pare ele, super atenta ao que ele ia dizer. – Este sou eu? – Ele apontou para o rapaz da fotografia, que estava por trás da pequena Hyun e a fazer-lhe corninhos. 

- Sim, és tu. – Respondi a sorrir. – E esta é a Hyun Ji. É a nossa melhor amiga, lembraste?

- Nossa... melhor amiga?

- Sim, nossa, minha e tua... Não sabes mesmo quem eu sou? – Fiquei feliz, finalmente ele estava a falar comigo.

- Era suposto saber? Bem, isso agora não importa. Preciso de saber uma última coisa. – Consenti com a cabeça, e olhei muito séria para ele. – Quem estava a tirar a fotografia? – Estranhei a pergunta.

- Uma rapariga chamada Boo Na. – Não lhe disse diretamente que era eu para o testar, talvez ele se lembrasse daquele nome. – Mas por que queres saber isso?

- Quando isto tudo terminar preciso de a encontrar. Podes dizer-me onde ela está?

- O quê? Por que a queres encontrar? Também a vais magoar, é? – Perguntei, levantando um pouco o meu tom de voz. 

- Não... quero fazê-la feliz. – Esbugalhei os olhos. Teria ouvido bem? – Estás a ver este olhar? – Ele apontou para ele na fotografia. – Eu estava a olhar para a pessoa que está a tirar a fotografia, não é? – Confirmei com a cabeça. Ele olhou para cima, e guardou a fotografia no bolso. – Nota-se pela forma como ele olha, este miúdo ama essa pessoa.

Antes de poder dizer alguma coisa, o Líder entrou bruscamente, fazendo o Himchan levantar-se de imediato.

- Não te avisei que é proibído falares com ela?! – Berrou, autoritariamente. 

- Estava a tentar arrancar alguma informação dela, Bang Leader! – Respondeu o Himchan, enquanto fazia a véniazita. 

- Já que estás tão empenhado no teu trabalho, toma! – Vi-o entregar-lhe uma pistola para a mão. – Se não descobrires nada, acaba com ela. 
Fiquei completamente aterrorizada. O meu fim ia ser ali, naquele sítio? Morta pela pessoa em quem mais confiava? O Himchan pegou na arma e fez uma nova vénia enquanto o Líder saía.

- Himchan... Vais mesmo matar-me? – Senti um aperto no peito no momento em que ele virou os olhos para mim. 

- Só to vou perguntar uma vez. – Ele apontou a pistola na direção da minha cara. – Onde está a filha da Presidente?

- Já disse que não sei! Não sei mesmo! – Respondi-lhe a chorar cada vez mais.

- Lamento muito, mas este é o fim. Diz as tuas últimas palavras. – Ele estava pronto para puxar o gatilho. Olhei uma última vez para ele, e fiquei surpreendida com o que vi.

- Por que estás a chorar? – Decidi que a última coisa que queria era saber o que o Himchan estava a sentir naquele momento.

- Porque foste tu que tiraste aquela fotografia.

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Comments

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sehunsh81
#1
*(^_^)*V *claps*
Cheesecakenham
#2
Chapter 7: MAS...MAS ! AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH T^T
Cheesecakenham
#3
Chapter 3: Poor Himchanie T^T É BOM QUE A SUN AH SE DEIXE DE MERDAS, OK ? XDDD