– Himchan’s POV – 

Estava farto de ver as duas raparigas sentadas ali, no MEU sofá! Mas sinceramente também não tinha qualquer vontade de fazer o mínimo de esforço para as mandar para fora de minha casa. Ouvi alguém bater à porta. Que não seja mais uma convidada do Yongguk, por favor. Vi o Jongup a dirigir-se à porta e voltei a encostar-me confortavelmente às costas do sofá.

- Quem és? – Perguntou ele depois de abrir a porta. 

- Sou amiga daquele ali... – Ouvi uma rapariga a falar. Mas... estranho, conheço esta voz. – Himchan? Quem são estas pessoas? – Virei instantâneamente a cabeça na direção dela. O que é que esta idiota está aqui a fazer? Tenho de a mandar embora, e já.

- Yo, Boo! Que fazes aqui? – Perguntei-lhe, tentando parecer descontraído. A última coisa que queria naquele momento era vê-la.

- Que se está a passar aqui? – Perguntou-me quase aos berros. Duas semanas não chegaram para ela entender que cortei relações com eles? Apaguei o cigarro no cinzeiro que estava em cima da pequena mesa e voltei a olhar para ela.

- Que queres? Vai embora. Ninguém te convidou. – Peguei na minha cerveja e bebi, tentando ganhar coragem para lhe falar mal. – Ainda aí estás?

- Him.... por que estás a ser assim? – Reparei que ela estava a tremer. Parece que deu resultado.

- Não me ouviste?!? Não sabes onde é a porta de saída? O que queres? Aqui o Jongup precisa de uma miúda, se estiveres disponível podes juntar-te à festa. – Agarrei-a, exatamente para que ela fosse embora. Uma coisa não podia negar, conhecia-a melhor que ninguém. Senti a cara a ferver, o que me deixou completamente espantado. Foi a primeira vez que ela me bateu.

- És um imbecil! – Gritou ela, com lágrimas a escorrem-lhe pela cara. Vi-a virar costas e sair. Finalmente ela tinha ido embora. Desculpa Boo Na, mas é melhor assim.

- Himchan, podemos falar a sós? – Perguntou-me o Jongup. Olhei para o Yongguk, que estava entretido com as duas amigas, concenti com a cabeça e fui para o meu quarto com ele. – Quem era aquela?

- A minha melhor amiga, Jung Boo Na. – Respondi, suspirando.

- Apenas melhor amiga? – Perguntou-me ele com um olhar erso. – Pela maneira como reagiste com ela não foi o que me pareceu.

- Não te ponhas a insinuar coisas. – Pedi, dando-lhe uma leve palmada no peito. – Não quero que ela sofra por causa da morte dos meus pais. Se ela continuar a apoiar-me como sempre fez vai acabar por sair magoada. Seja como for, não estou melhor assim? Sem preocupações, a curtir a vida!

- Gostas dela, não gostas? – Perguntou-me ele, fazendo um riso idiota. – Nem precisas de responder, já entendi tudo! Vamos voltar lá para dentro antes que ele venha à nossa procura.

Voltei para o sofá, e assim que me sentei voltaram a bater à porta. Mas quem é agora?  A Hyun Ji? O Jongup que trate dela.

- Deves pensar que mandas criatura de palmo e meio. Sai da frente aranhiço! – Ouvi-a berrar. – Kim Himchan! Levanta já o cú daí para termos uma conversa séria! – Vi-a à minha frente de mãos na cintura. 

- Jongup,  tira esta gaja daqui! Só está a fazer barulho. – Pedi ao Jongup que estava à entrada, ao lado da Boo Na

- Miúdo, é melhor estares aí sossegadinho se queres continuar inteiro! – Disse a Hyun Ji ao Jongup. – Vá, agora nós, vamos ter uma conversa séria. – Ela nem esperou que eu entendesse bem as suas palavras, agarrou-me e levou-me até à cozinha. – Vais parar de te armar em parvo e falar com a Boo Na?

- Quem se está a armar em parvo? Não tenho nada para falar com ela, e muito menos contigo. – Encostei-me ao balcão da cozinha e cruzei os braços. – Se queres que a Boo Na viva feliz, então faz-lhe o favor de a deixares longe de mim. E não vale a pena tentares com que mude de ideias, agora os meus amigos são outros. Vocês foram uma completa perda de tempo na minha vida. – Custou-me dizer-lhe isto, mas o que tem de ser tem muita força. Vi-a virar-me as costas apressada, sem me dizer nada, e desaparecer da minha vista.

– x –

Já estava a ficar tarde, e depois da Hyun me contar tudo o que o Himchan lhe tinha dito fui para casa. Ao chegar lá tinha um papel dobrado em quatro. 

Boo Na, não sei como te explicar isto, mas... Bem, vou direto ao assunto. Estou à tua espera no parque ao lado de tua casa.
- Kim Himchan

Tirei o telemóvel do bolso e olhei para as horas. Faltavam 4 min para as 19H, tinha de ir rápido, de certeza que o Himchan ainda lá estava à espera. Comecei a correr, e ouvi o toque do recolher obrigatório, o que não impediu o meu caminho. Comecei a ver o Himchan ao fundo, deixando-me extremamente feliz, e abrandei o passo. Finalmente parecia que as coisas se iam recompor. De repente vi umas pessoas encapuçadas a aproximarem-se dele. Os meus olhos não queriam acreditar no que viam. Comecei a correr e a gritar por ele. Mas era tarde de mais, agarraram nele e levaram-o.

– 1 ano depois –

- BOO NA! Vem rápido! – Ouvi a Sun Ah gritar. Larguei imediatamente o livro que estava a ler e saí o mais rápido possível do quarto. – É o Daehyun! – Afirmou ela com o auscultador do telefone na mão, e a escorrer em lágrimas. Sem pensar duas vezes arranquei-lho de imediato das mãos.

- Estou? Daehyun? – Não mexi um único membro do meu corpo enquanto esperava por resposta do outro lado.

- Boo Na... Ajuda-me, estou no armazém atrás da escola. – Ouvi-o meio a sussurrar, e logo em seguida a chamada caiu.

- Sun Ah, não saias daqui. Já volto! – Corri durante cerca de 10 minutos, sem parar para recuperar o fôlego. Finalmente tinha alcançado o suposto armazém. Fui até à entrada cautelosamente, sempre alerta para me certificar de que ninguém ali estava. Tirei a tábua que impedia a abertura do portão principal e abri-o. Mesmo ali à minha frente estava o Daehyun deitado no chão, com a cara toda ensanguentada. – Daehyun! Estás bem? – Corri na direção dele, ajudei-o a levantar, e usei todas as minhas forças para o ajudar a retornar a casa. 

Fiz-lhe milhares de perguntas pelo caminho, mas ele não respondia a nenhuma, até que acabei por aceitar a derrota. Ao chegarmos a casa pedi ajuda à Sun Ah para tratarmos das feridas que ele tinha. Era apenas o lábio inferior cortado e um pequeno corte na testa, mas chegou para o deixar naquele estado miserável. Deitámo-lo no sofá, a descansar, e logo em seguida alguém estava a bater à porta. Fui abrir e fiquei completamente espantada.

- Tu! Que estás aqui a fazer? – Perguntei ao rapaz que tinha acabado de entrar.

- Bom dia para ti também! – Exclamou a Hyun, com um sorriso. – Estou a ver que te lembras dele.

- Como podia não me lembrar? Por acaso sabes alguma coisa do Himchan? – Perguntei na esperança de que o Himchan talvez pudesse ter contactado com ele.

- Ah, a Hyun já me contou o que se passou. Também não tive mais notícias dele. – Respondeu o Jongup, tentando evitar os meus olhos. 

- Vá lá, podem falar de outra coisa? Bem, só vim aqui mesmo para te apresentar o tal rapaz com quem me andava a encontrar. – Ao ouvir isto fiquei completamente pasmada, de tantos rapazes na Terra nunca teria imaginado que fosse o Jongup. - O que aconteceu ao teu irmão? – Perguntou a Hyun, meio assustada ao aperceber-se de um Daehyun deitado no sofá.

- Nós também não sabemos. – Respondi, dirigindo-me até ao sofá. – Ele simplesmente desapareceu, e não sei como, mas ele conseguiu ligar-nos e dizer onde estava. Encontrámo-lo assim, não sabemos o que queriam os agressores.

- Já avisaste a Hae Mi? – Perguntou a Hyun, sobressaltada.

- Ainda não tive oportunidade para isso. – Baixei-me, ficando ao nível do meu irmão, e dei-lhe a mão.

- Eu vou lá chamá-la, está bem? Jongup, espera aqui. – Avisou a Hyun, saindo porta fora, a correr.

– Hyun Ji’s POV –

- Hae Mi, tens que vir ver uma coisa. – Disse-lhe calmamente, tentando não assustá-la muito. – Vem comigo e não faças perguntas. – Saímos de nossa casa, com o Junhong a seguir-nos. 

Quando chegámos a casa da Boo Na a Hae Mi não pôde conter as lágrimas, caiu de joelhos à frente do Daehyun e colocou as suas mãos à volta da cara dele.

- Daehyun, o que aconteceu? – Perguntou ela a soluçar. – Quem te fez isto?

- Calma Hae Mi, tem calma. – Disse-lhe, passando a mão nas suas costas. – Vou sair com o Jongup para vos deixar mais à vontade, está bem? Demasiadas pessoas aqui não é nada vantajoso para a condição dele. – Ela consentiu com a cabeça, e a Boo Na acompanhou-nos à porta.

- Então, queres ir a algum sítio? – Perguntei ao Jongup, meio nervosa. Aquilo estava a parecer um encontro. Ele olhou para cima, pensativo, em silêncio, deixando-me cada vez mais nervosa. Tentei quebrar o silêncio. – Já sei onde vamos! – Afirmei, dando-lhe a mão para o puxar. Confirmei se realmente ninguém estava em casa e guiei-o até ao meu quarto. – Então... chegámos! – Disse-lhe, tentando parecer descontraída.

- Gosto da cor do quarto. Foste tu que escolheste? – Perguntou-me ele, a olhar para todos os cantos.

- Sim. Inicialmente era apenas um quarto para arrumações, mas quando vim para aqui viver os pais da Hae Mi deixaram-me decorá-lo como queria. Bem, mas trouxe-te aqui para te mostrar uma coisa! – Dirigi-me à gaveta da secretária e tirei de lá uma fotografia, mostrando-a ao Jongup. – Estava a pensar dar isto à Boo Na. Somos nós com o Himchan há uns anos atrás. -  Sorri ao olhar para a fotografia, que trazia memórias daqueles bons tempos, quando éramos apenas três miúdos felizes e sem preocupações.

- Sim, dá-lha. Assim sempre que ela quiser lembrar-se das coisas boas com ele pode olhar para a fotografia.

- Foi o que pen- - Antes de poder terminar o que ia dizer, senti as mãos dele na minha cara e uma súbita tentativa de beijo, ao que eu respondi com um virar de cabeça.

- Desculpa, nao o devia ter tentado fazer. – Disse-me ele, cabisbaixo. Aproximei-me dele e peguei-lhe nas mãos.

- Jongup? – Ele levantou a cabeça e olhou-me nos olhos. – Eu até gosto de ti, mas ainda não é o suficiente para algo sério. – Senti os braços dele à minha volta, dando-me um abraço super aconchegante. Sorri, estava realmente feliz por finalmente ter encontrado alguém amável como ele. – Desculpa, mas vamos levar as coisas com calma, está bem? – Pedi-lhe, correspondendo ao seu abraço.

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