Break Down

Spotless Mind

- Him... – Murmurei, capturando a sua atenção. – Não queria tocar neste assunto... – Vi-o a fazer um movimento de aprovação com a cabeça. Baixei os olhos, perdendo a coragem de falar daquilo olhando-o nos olhos. – Queres que vá amanhã contigo à morgue? – Mantive a cabeça baixa, sem olhar uma única vez para ele, até sentir umas mãos agarrarem na minha, o que fez os meus olhos olharem instantânemante. 

- Não te preocupes comigo, por favor. – Pediu-me sorrindo levemente. – Eu vou sozinho, fica aqui com os teus irmãos.

- Tens a certeza? Eu sei que não os devia deixar sozinhos ao fim de semana, mas neste momento o mais importante é apoiar-te. 

- Tenho mesmo a certeza. Assim que chegar venho aqui ter contigo, pode ser? Ahhh, e levo a Hyun Ji comigo para ficares mais descansada, okay?

- Humm! – Respondi, já mais descansada e levando o garfo à boca.

Depois do nosso curto momento à mesa cada um foi para o seu lado, eu para o meu quarto, ele para o sofá. Por alguma razão não consegui pregar olho o resto da noite, e assim fui vendo o quarto a ficar cada vez mais claro à medida que ia amanhecendo. Ouvi alguém bater à porta do quarto, mas deixei-me estar sossegada sem abrir a boca. Espreitei pelo canto do olho e vi o Himchan a entrar em silêncio e a aproximar-se de mim, o que me fez fechar os olhos de imediato para que ele não se apercebe-se que tinha ficado toda a noite acordada. Senti-o sentar-se na borda da cama e a passar a mão no meu cabelo. Assim que o ouvi fechar a porta abri os olhos e vi a Sun Ah a olhar para mim meia escondida debaixo dos cobertores e a virar-me as costas logo de seguida. Esta miúda deve dormir de olhos abertos, só pode. Levantei-me logo e dirigi-me à janela. Vi o Himchan lá em baixo com a Hyun Ji, a dirigirem-se para o lado oposto do hospital. Era no mínimo estranho. Tentei não dar muita importância e deitei-me um pouco no sofá, a pensar. Já tinha passado algum tempo, até que me apercebi de uma coisa: por que raio a cara do Himchan não me sai da cabeça? Decidi ir fazer o pequeno almoço para ver se esquecia um pouco os problemas. Entretanto o Daehyun apareceu a bocejar.

- Bom dia. – Virei a cabeça para trás e lá estava ele com o mesmo hábito de sempre, esticar-se todo para se espreguiçar. Fiz um sorriso tolo e virei-me para ele.

- Bom dia! Fiz panquecas para o pequeno almoço. Queres? – Perguntei, pegando no prato e exibindo-o à frente dos olhos dele. Assim que ele as viu arrancou-me logo o prato da mão, enfiando uma inteira na boca, e pousando o prato com as restantes em cima da mesa. – Por acaso não queres doce de morango? Ainda há!

- Pode ser! – Disse ele ainda de boca cheia. Fui até ao frigorífico e dei-lhe o frasco do doce. Voltei outra vez para ao pé do fogão para retirar a última panqueca da frigideira. 

- Ahh!! É verdade! – Exclamei, enquanto juntava a panqueca às outras do prato. – Sempre foste lá falar com a Presidente?

- Não foi nada de especial. – Levou à boca um pedaço de panquenca com doce de morango, mastigou, engoliu e continuou  a falar. – Eram apenas assuntos de rotina. Para saberem como está a situação dentro do agregado familiar e assim. – Estranhei esta resposta, mas se não confiar na palavra do meu próprio irmão, em quem mais posso confiar?

- Vou chamar a Sun Ah para vir comer antes que ela fique sem nada. – Dirigi-me ao quarto e vi-a ainda deitada. Toquei-lhe levemente para não a assustar.

- O que queres? – perguntou-me de forma rude enquanto puxava os cobertores ainda mais para cima.

- O que é que tens? – perguntei, um pouco preocupada. Será que...? Não pode. Será? – Olha lá, por acaso foste à cozinha esta noite? – Receei a resposta, ela podia ter interpretado mal alguma coisa.

- N-Não. Nem sequer me levantei. – Disse-me, levantando-se de repente. – Vens ou ficas? – Refilou ela. Esta rapariga é mesmo estranha... Segui-a até à cozinha, onde ainda estava o Daehyun a comer. 

Algumas horas depois o telefone de casa tocou.

- Yoboseyo?

- Jung Agasshi? – Ouvi falarem do outro lado da linha.

- Nae, sou eu.

- Boa tarde Agasshi, conhece o Senhor Kim Himchan, não é verdade?

- N-Nae... e estou a falar com quem exatamente? – Segurei o telefone com ambas as mãos.

- Desculpe a minha falta de modos Agasshi! Estou a falar do hospital onde o senhor Kim está. Precisamos que alguém que o venha buscar. Ele não se sentiu muito bem. – Neste momento, a pior das situações passou-me pela mente, mas tentei acalmar-me, entrar em stress não levaria a lado nenhum.

- Sim, vou já para aí! – Desliguei imediatamente o telefone e saí porta fora a correr, sem sequer parar para recuperar o fôlego. 

Assim que lá cheguei dei o meu nome na receção e eles logo me indicaram o número do quarto onde o Himchan estava. Vi um rapaz alto de pé ao lado de um Himchan sentado na cama, de olhos vermelhos e inchados.

- Him! Estás bem? – Perguntei aflita por o ver naquele estado. Sem dar qualquer importância à alma viva ali ao lado, dei-lhe um enorme abraço. – Estás bem, não estás? Diz-me que estás bem, por favor! – Pedi, já lavada em lágrimas, ainda com os braços enrolados no pescoço dele.

- Sim, estou bem. – Respondeu-me ele, correspondendo ao meu abraço.

- Eu também aqui estou... – Interrompeu a alma viva ali ao lado. 

- Desculpa Junhong! – Afirmei, largando imediatamente o Himchan e limpando as lágrimas à manga da camisola.

Ao final da tarde voltámos  para casa. No hospital disseram que ele tinha tido apenas uma recaída quando viu que aqueles dois corpos eram dos pais. 

- O que achas de ficares lá em casa? – Já conseguia avistar a minha casa ao fundo da rua, por isso aproveitei para lhe fazer a proposta antes de chegarmos ao local onde provavelmente cada um iria seguir o seu caminho.

- Ficar em tua casa? – Perguntou ele, parando de andar para olhar bem para mim enquanto falava. – Sabes que tenho casa, não sabes? Eu fico bem sozinho. Não há necessidade de ficares preocupada. – Confortou-me, pondo o se braço direito por cima dos meus ombros para continuarmos o nosso caminho. 

Pouco depois chegámos à entrada de minha casa. Acenei-lhe e subi as escadas até à porta principal. Antes de ter tempo para abrir a porta o Daehyun apareceu do nada.

- Hey, Dae! Aconteceu alguma coisa? – Perguntei-lhe ainda sem ter aberto a porta. Ele desviou o olhar para as chaves na minha mão, arrancou-mas e olhou para o relógio que estava a usar no pulso esquerdo.

- Já só tens um minuto! – Avisou-me ele meio apressado.

- Um minuto para o quê exatamente?

- A Hae Mi contou-me o que se passou no hospital. Venho de casa dela agora. Achas mesmo que o Himchan quer ficar sozinho??? Se fosses tu achas que querias estar sozinha sem um ombro amigo onde chorar? Vai depressa, corre. Eu olho pela Sun Ah. 

Fiquei alguns segundos parada sem saber o que fazer. Ficar com os meus irmãos e deixar o meu melhor amigo a sofrer sozinho? Ou deixar os meus irmãos sozinhos e estar com o Himchan? Ainda perdida entre as minhas questões ouço o alarme do recolher obrigatório. E agora? O que faço? Atrapalhada, sem saber bem que caminho escolher, o Daehyun colocou a mão na minha cabeça encoranjando-me para eu ir, dizendo que eles os dois ficavam bem.

- Obrigada! – Disse com um sorriso enorme e virei costas de imediato. Corri o mais rápido possível. Ouvi os membros da polícia de intervenção gritar para que eu voltasse para dentro de casa, que não era seguro, mas não lhes dei qualquer tipo de importância. Continuei a correr parando apenas quando alcancei a porta de casa do Himchan. A porta estava... aberta? Antes de conseguir pôr um pé lá dentro, um dos homens agarrou-me o braço.

- Agasshi, não sabe que é proibido andar na rua depois das 19H? Os seus documentos de identificação, por favor. – Pediu-me aquele homem com mais de 2 metros de altura. Olhei para cima e soltei o meu braço da mão dele. Levei a mão ao bolso para retirar a minha pequena carteira que continha apenas os doumentos mais importantes. 

- Aqui tem. – Estiquei os dois braços para cima agarrando no cartão de identificação com ambas as mãos. O homem pegou nele, olhou para um lado, olhou para o outro, e devolveu-mo. – E agora? Já posso entrar, por favor? – Perguntei, olhando para baixo para não o encarar por demasiado tempo. Ouvi-o suspirar profundamente, e um dos outros que estava com ele disse algo completamente incompreensível.

- Desta vez passa, mas é bom que não se volte a repetir tal situação, caso contrário teremos de tomar medidas drásticas. – Baixei o tronco num ângulo de 90º e só voltei à minha posição normal depois de deixar de ouvir qualquer barulho e me certificar que os quatro já tinham virado costas. Finalmente consegui entrar na casa do Himchan. Fechei a porta e fui corredor adentro. Passei primeiro na sala. Estranho, nem sinal dele. Poderia estar na cozinha a comer qualquer coisa? Dei uma pequena corrida, mas também não estava lá. Estará no quarto? Dirigi-me até lá, desta vez devagar. Abri a porta, também não havia Himchan à vista. Mas conseguia-se ouvir água a correr, vinha da casa de banho.

- Himchan, estás aí? – Perguntei ao bater à porta. – Himchan! O que se passa? Por que não respondes!? YAH! Kim Himchan! – Continuava a chamá-lo, e sem pensar duas vezes abri a porta.

- B-Boo Na... – ouvi-o suspirar.

- Him! Estás bem? Magoaste-te? Por que raio estás aí debaixo?

Fechei a torneira e fui rapidamente ao armário da casa de banho buscar uma toalha. Tapei-o e ajudei-o a levantar. Levei-o até à cama que ficava apenas a 5 passos dali, e assim que o sentei, fui buscar roupa lavada. 

- Estás todo encharcado! Toma, troca de roupa antes que fiques doente. Vou preparar um chá para ti.

Assim que lhe virei costas para ir até à cozinha ele agarrou-me por trás, encostou a cabeça às minhas costas, apertou-me bem a cintura com os braços e começou a chorar.

- Não me deixes sozinho, por favor. – Conseguia ouvi-lo soluçar. – Não vás para lado nenhum onde não te possa ver ou sentir. Não quero perder-te também a ti. – Ele continuava a chorar, e ao ouvi-lo assim, consequentemente, não consegui conter as lágrimas. Agarrei-lhe nas mãos e ficámos assim, sem sequer olharmos para a cara um do outro.

 

Like this story? Give it an Upvote!
Thank you!

Comments

You must be logged in to comment
sehunsh81
#1
*(^_^)*V *claps*
Cheesecakenham
#2
Chapter 7: MAS...MAS ! AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH T^T
Cheesecakenham
#3
Chapter 3: Poor Himchanie T^T É BOM QUE A SUN AH SE DEIXE DE MERDAS, OK ? XDDD