Star Star Star

Meu Adorável K-idol [Br-Pt]

 

Eu realmente não consigo expressar meus sentimentos. Eu estou frustrada, o que eu deveria fazer agora?
 

Talvez eu consiga agora. Piscando uma vez, duas, três. Não dá, minhas pálpebras fecharam de novo e tentem a me levar para o mundo dos sonhos mais uma vez. Já está de manhã, isso é perceptível, pois até de olhos fechados você vê a claridade. Tentei acordar mais uma vez. Pisquei uma vez, a luz invadiu toda minha visão. É melhor fechar de novo e dormir. Dormir por mais um tempo seria bom. Muito bom...

“Eu não acredito nisso!” A frase cortou o ar, chegando aos meus ouvidos como uma clemência para que eu acordasse.

‘Eu estou sonhando? O que são esses gritos?’

Os gritos continuavam mais fortes e incessantes, junto com eles um latido surgia irritando qualquer ser vivente dessa casa. Uma sentença dirigida ao cachorro em gritos também surgira fazendo não se ouvir mais os latidos. Eu queria definitivamente acordar e parar com essa enrolação de acordar ou não acordar.

Ouvia de novo a voz, perfeitamente na tonalidade da voz de Tiffany, que parecia ainda mais alto não perdendo nem um pouco a força de quando uma voz masculina predominava. Isso não é um sonho, algo está acontecendo.

Kim Taeyeon! Acorde, agora!’  Meu cérebro quase que me obrigou. Fazendo meu corpo agir contra minha vontade e com um impulso forcei meus braços sobre a cama me fazendo sentar.

Ainda meio adormecida e grogue. Forcei meus olhos a ficarem abertos e encararem a cômoda do pequeno quarto de hospedes. Passei a mão sobre o meu rosto pensando ter imaginado tudo aquilo até agora, mas vários outros gritos me puxaram para a realidade.

Sai correndo pela casa, desesperada, do mesmo jeito que estava. De pijama, toda desajeitada e descalça.

A cada corredor que virava escorregava e saia batendo meus ombros pela parede como uma louca. Virei até perto do banheiro, continuei correndo pelo corredor principal até a sala, derrapei mais um pouco, desequilibrei. Lixei minhas mãos sobre os pisos tentando me equilibrar, mas continuei correndo em direção dos gritos da cozinha.

Parei ao ver a figura dos dois em clima de tensão, até Romeo parou de latir e correu até mim com o rabo entre as pernas.

Lá se encontrava um casal, cada um do lado da mesa de jantar. Nichkhun com as mãos sobre a mesa, quase debruçando sobre ela, com as mãos firmes e punho fechado fazendo o móvel de madeira segurasse todo peso do seu corpo. Seu rosto estava sério, com as narinas bufando e com os olhos vidrados em Tiffany que estava do outro lado de braços cruzados, encostada na parede, sem olhar pra ele ou encarar qualquer outra pessoa. Os dois estavam quietos com o único barulho sendo produzidos  pela respiração ofegante de nós três que estávamos ali.

Aparentemente tinha chegado tarde de mais, praticamente no fim da briga.

Nichkhun pegou a maleta de trabalho da mesa e saiu marchando pela cozinha sem falar mais nada. Passou por mim, como se eu não fosse nada, ou como se fosse a coisa mais detestável com quem ele tinha se encontrado. Não me ousei a virar para trás, somente esperei ouvir o barulho da porta. Que foi alto, estrondoso, como geralmente batem as portas em um final de briga.

O que me restava era confortar a mulher que estava na minha frente, também a ponto de estourar.

Silenciosamente andei até ela encostando inicialmente minha mão em seus ombros. Ela se afastou bruscamente e me encarou como se tivesse com raiva de mim também.

“Isso também é culpa sua.” Ela murmurou entre os dentes enquanto me encarava ainda tentando segurar as lágrimas.

Eu continuei quieta, em silêncio. Apenas analisando seus movimentos, vendo-a se afastar para um canto da cozinha e depois para o lado oposto, andando de uma forma desconcertada, perdida e depois voltar até mim com os punhos cerrados.

Ela despejou vários socos acima do meu peito, na linha da clavícula. Não doíam, eram cansados e fracos como se ela estivesse usando aquilo para se desestressar de alguma forma sem que me machucasse. Ela parou segurando minha roupa, com as mãos trêmulas e olhando para mesma com o olhar vazio.

Nem ela sabia mais o que estava fazendo.

Tiffany afundou o rosto contra o meu peito e começou a soluçar, me puxando para perto. Cada vez mais suas lágrimas molhavam minha roupa me fazendo quebrar por dentro e me afundando ainda mais naquele sentimento de angústia. Eu não sabia mais o que fazer, como agir. Eu não sabia de nada. Tiffany era como um Ice Berg deixando amostra apenas um pequeno pedaço e escondendo o resto, afundando a grandiosidade do seu problema para que ninguém veja. Eu não sabia definitivamente nada do que estava acontecendo.

 O máximo que pude fazer foi passar a mão em seus cabelos e costas para que de alguma forma ela pudesse se acalmar.

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Aquela semana se passou e com ela o clima tenso acompanhava. Tiffany e Nichkhun mal se falavam, eu ainda não tinha descoberto o motivo da briga. Nem conversar direito conversávamos, nós só nos falávamos nas aulas de pronúncia de inglês. Fora isso o pouco contato que tivemos foi devido as brincadeiras com o Romeo.

Claro que eu também estava triste, foi basicamente uma semana perdida e meu MV coreano seria lançado no meio da próxima semana. E quando fosse lançado, como o combinado, eu deveria voltar pra minha casa. Completamente derrotada por não ter avançado nada com Tiffany.

Agora eu estava no grande prédio da empresa SM. Estava em uma caixa predominande de cores pretas e cinza basicamente, sentada em frente de um microfone, ajustando meu fones de ouvido sobre cada uma das minhas orelhas adequadamente, para gravar um dos últimos trechos da versão de Bad Girl em inglês.

Do outro lado da caixa estavam os produtores em uma enorme sala preta, alguns homens estavam sentados na frente do vidro e mexendo com a aparelhagem de som, atrás deles alguns CEO’s compareceram apenas para observar o andamento da gravação, fora eles o manager não estava. As únicas que ficavam em um sofá mais atrás era Tiffany e Gyuri que estavam sentadas uma do lado da outra, apenas me observando, silenciosamente.

Eles soltaram a música que foi reproduzida melodicamente pelos os meus fones de ouvido. Fechei os olhos como sempre fazia. Senti o clima, gênero e impacto que a musica causava e cantei naturalmente conforme precisava ser interpretada.

Apesar de vários olhos sobre mim, naquele dia eu não estava nervosa como antes. Apenas cantei.

No meio da canção a musica foi cortada. Abri meus olhos, retirei meus fones apoiando sobre os ombros e olhei para todos eles procurando saber o motivo. No geral estavam todos com o rosto calmo ou indiferente, mas agora perto do vidro estava Tiffany com um papel na mão e com a outra apontando com o dedo para que eu fosse até ela.

Achei meio estranho, mas mesmo assim retirei os fones e coloquei sobre o suporte. Levantei, andei calmamente pela pequena sala de gravação e fui em direção a porta. Já preparada para qualquer crítica.

Pelo rosto de todos não parecia tão grave assim. Gyuri até levantou do lugar que estava para ir atrás da Tiffany ver o que estava acontecendo, como se não fosse nada de mais.

Tiffany limpou a garganta e levantou a sobrancelha olhando para o seu ombro a direita como uma indireta pra Gyuri se afastar depois voltou a olhar pra mim.

“Tente pronunciar direito essa pequena frase.” Ela apontou com a caneta para o papel que ela segurava. “Você está falado yor boice e não your voice. É meio difícil por causa do V, mas tenta.”

“Your boice?” Tentei pronunciar. Mais do que imediato ouvi um gritinho e uma mão vindo na minha direção para apertar minha bochecha.

“Ela é tão bonita falando assim. Por que não deixa ela falar erradinho? Os fãs adoram.” Gyuri disse rindo de orelha a orelha como se tivesse orgulhosa pela minha má pronúncia.

Eu não gostei dela ter apertado minha bochecha, odeio quando me tratam que nem criança, muito mais em público. Mas se foi tão fofo assim por que Tiffany não apertou minha bochecha também? Olhei pra ela e a vi revirando os olhos e suspirando enquanto olhava de novo para o papel.

“Ela não tem que ser bonitinha, tem que saber falar direito.” Ela respondeu rispidamente. “Vamos, tenta falar de novo.”

“Your v-boice.” Repeti saindo uma coisa meio estranha dessa vez.

Novamente Gyuri saiu apertando as minhas bochechas. Eu nem me importei com aquilo, apesar de todos estarem olhando. Eu só queria acabar com tudo isso e ir para casa. 

Estava prestes a tentar repetir de novo aquela pequena frase, eu já estava com a boca semi aberta para começar a pronúnciar, quando fui interrompida por um barulho espalmado e alto que fora reproduzido na minha frente e ecoou pela sala toda. Se o lugar já estava silencioso antes, agora sim que você não ouvia nem a respiração deles.

Todos observavam a cena que ao meu ver parecia correr em câmera lenta, como em um filme. Tiffany tinha acabado de dar um tapa forte retirando de uma vez só as duas mãos da Gyuri do meu rosto.

Gyuri estava com os olhos arregalados, olhando pra Tiffany enquanto esfregava suas mãos doloridas e vermelhas do tapa. Já Tiffany apenas encarava Gyuri com o seu olhar mortal de fênix e parecia que a qualquer momento poderia se libertar dela e avançar sobre a coitada que quase estava sem mãos e cagando de medo.

“Não encoste nela.” Tiffany falou de uma forma baixa, pausada e entre os dentes.

Aquilo arrepiou toda minha espinha vertebral. Não acredito que estava vendo hellfany de novo depois de tantos anos, era quase mágico. Eu queria sorrir por ver ela com ciúme, era mais uma expressão de demonstrar que ainda se importava comigo, queria rir, mas não podia. Era capaz de qualquer um apanhar aqui quando ela está nesse estado elevado de ciúme.

Ela olhou para Gyuri intimidando o máximo que pode e voltou a me encarar com o olhar mortal que ainda provocando arrepios. “Tente de novo.” Ela ordenou.

Sem pensar duas vezes respondi imediatamente. “Your voice.”

Acho que magicamente eu ganhei o dom de línguas ou foi um milagre mesmo. Porque eu sabia que se continuasse aqui falando errado com certeza não iria ver o dia de amanhã.

Pela a expressão dela que suavizava parece que eu tinha conseguido falar corretamente.

“Otimo.” Ela respondeu friamente e se virou na direção do sofá no canto escuro do estúdio de novo. Gyuri também foi para o mesmo sofá, mas se manteve o mais afastada possível, ela tinha um semblante sério. Acho que depois do choque que ela viu o como foi ridicularizada na frente de todos e se eu conhecia bem o jeito estourado dela, ela com certeza iria se vingar de alguma forma.

Mas seria melhor não pensar sobre isso por agora e me concentrar na gravação da música, isso é o mais importante a se fazer do que pensar sobre uma briguinha de ciúmes.

O resto da tarde foi resumido em gravar e regravar várias partes da música até sair perfeitamente.

No fim da gravação todos foram almoçar como sempre faziam para “festejar” menos uma coisa a se fazer até o comeback.

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Toda a equipe foi parar em um self service onde cada um foi parar com o seu grupo em uma mesa distinta. Eu como sempre fui solitária procurei um canto vazio e mais escuro no qual eu achei atrás de uma escada. Lá era confortável, quente e quieto onde ninguém conseguiria me ver.

Minha audição aguçou para passadas pesadas e apressadas que pareciam aumentar ainda mais com o chão de madeira.

Virei minha cabeça para trás para me deparar com as duas mulheres que praticamente corriam em direção a minha mesa enquanto tentavam equilibrar as bandejas em suas mãos. Gyuri chegou jogando praticamente a distância a bandeja do meu lado enquanto Tiffany tentava frear sobre seus saltos para se posicionar do outro lado da mesa, uma cadeira de frente para mim.

As duas respiravam fundo e trocavam olhares como se uma pudesse esfaquear a outra com a perigosa faca sem ponta que cada uma delas tinha em mãos.

Tiffany se recompôs primeiro, passando a mão sobre seu longo cabelo e ajuntando-o corretamente sobre seus ombros. Gyuri fez o mesmo, passando rapidamente a mão no cabelo e ajeitando a gola da sua blusa. Enquanto eu nem me movia, tinha medo de colocar até o garfo na boca e as duas começarem a brigar por causa disso.

Finalmente as duas quebraram o olhar e começaram a comer calmamente seus alimentos. Pude enfim abaixar minha guarda e continuar comendo como eu pretendia fazer antes dos dois furacões chegassem. Se passasse dois furações na Coréia eu com prazer as nomearia de Tiffany e Gyuri, agora faz sentido todos eles terem nome de mulher.

Iria começar a experimentar uma iguaria que tinha pegado quando vejo Gyuri estender o garfo do meu lado. Olhei por um minuto para o alimento perto de mim e depois para ela, com uma expressão confusa e cenho franzido.

Ela não ligou para minha expressão, apenas foi levando o garfo para mais perto de mim e aumentando cada vez mais o sorriso que tinha no rosto. “Prova Tae, é muito bom.”Gyuri afirmou.

Como uma lança jogada suspensa no ar, um objeto metálico fez o mesmo atravessando a mesa e fazendo a mão de Gyuri que estava na minha frente parar. Parei de me mexer, perplexa parei para olhar e analisar toda a situação que tinha se passado em uma fração de segundos. Tiffany estava praticamente debruçada sobre a mesa, enclinando todo seu corpo para frente e esticando seus braços até alcançar o objeto metalico das mãos de Gyuri com o seu garfo. Ela de alguma forma fez com que os dentes do garfo se entrelaçassem contra o corpo do garfo de Gyuri, fazendo com que todas as duas ficarem sem como se mover com os braços estendidos em pleno ar.

Ambas trocaram olhares intimidadoras como se qualquer novo movimento pudesse fazer qualquer uma das duas perder o controle e avançar sobre a outra, agora parecia sério e de verdade.

“O que você está fazendo?” Gyuri grunhiu a pergunta, pausadamente e entre os dentes tentando controlar sua raiva para não sair gritando com ela.

“O que VOCÊ pensa que está fazendo? Taeyeon não come nada apimentado.” Tiffany respondeu a pergunta em outro grunhido. Ela forçou um sorriso largo como do coringa fazendo seus olhos se fecharem em forma de eye smile. Não era encantador como os  outros, ao contrário dos eye smiles habituais esse tinha um ar macabro, quase ameaçador de filmes de terror.

“Você por acaso é Taeyeon?” A garota do meu lado falou sarcasticamente em resposta.

Isso foi o máximo pra Tiffany desmanchar até o sorriso falso que ela fazia, e transformar toda sua expressão em uma assustadora e séria. Gyuri fez o mesmo, agora puxando o garfo fazendo com que a comida caísse no chão. Causando um grande barulho de metais batendo um contra o outro como uma briga de espadachins.

Alguém deveria fazer alguma coisa rápido, se não teria uma guerra aqui e eu seria a primeira a morrer no meio dela.

“Olha quem eu encontrei aqui!” Uma voz familiar soou no lado da mesa, uma voz familiar. Nada boa, mas familiar.

“Jessica!” Tiffany na minha frente, saudou.

Mais do que de pressa a garota que estava em pé sentou ao lado de Tiffany e encarou todos da mesa. “Oi Fany! Oi Taeyeon! Oi.... Quem é você?” Ela perguntou da forma seca normal dela.

É sim. Essa é aquela hora que você pensa. “Vai dar merda!” e sabe por que? Porque as três garotas mais dominantes, possessivas e agressivas que você conhece estão em uma só mesa, ao redor de você. Em vez de salvar Jessica apenas chegou pra fazer todas chutarem o pau da barraca e começar uma guerra. Se eu achava que naquele dia na escola em que Jessica se confrontou com Tiffany começaria a 3ª guerra mundial, eu estava enganada. Faltava Gyuri chegar para começar tudo isso.

“Como assim quem eu sou.” Ela pausou para soltar uma risada abafada e sarcástica. “Sou Gyuri uma grande k-idol que influência na onda Hallyu. Se você não sabe, eu cantei Lady Marmalade com Taeyeon no ultimo SMTOWN.” Ela respondeu orgulhosa.

Jessica pareceu nenhum pouco surpresa, aquele comentário só serviu para faze-la olhar ainda com mais friaeza e desgosto para Gyuri. Ela colocou um pouco de comida na boca e mastigou lentamente parecendo pensar alguma coisa, ela engoliu e voltou a falar.

“Sei qual é.” Jessica disse com indiferença. “Tiffany também cantou com ela essa música nos tempos de colegial. A apresentação delas foi bem melhor, pelo menos Fany sabe falar inglês, já você.”

Olhei imediatamente para Gyuri. Seu rosto estava vermelho e pelo o que eu conheço, com certeza era raiva. Ainda mais porque ela tinha aquele sorriso falso no rosto.

“Mas a apresentação delas não foi nada. Não foi em um grande palco e nem foi tão sensual como foi comigo e Taeyeon.”

Ok as coisas estavam ficando fora da controle. Eu coloquei um pouco de comida na minha boca para tentar fazer o clima voltar ao normal e talvez ajudasse as duas a não responderem uma a outra agora.

“Pode ter sido sensual, mas não basta de fanservice. Pelo menos ela foi minha namorada, não é que nem a relação de vocês em que se baseia em você ficar correndo atrás dela.” Tiffany respondeu séria dessa vez.

Foi o que me fez tossir enquanto tentava engolir a comida que ao menos tentava comer.

“Isso é o que você pensa. Você é apenas o passado queridinha, eu sou a atual.” Gyuri retrucou.

A essa altura eu estava morrendo engasgada e nenhuma das três se importava em me ajudar ou ao menos acabar com a briga. A única forma de viver era salvando a mim mesma, e a forma que encontrei de sobreviver foi bebendo meu suco. Que milagrosamente era a única coisa que estava me salvando.

“Acho que ela não fez o com a atual que nem fez com a passado.”

Cuspi meu suco pelo ar. Acho que junto com ele minha vida, minha alma e o resto foi cuspido junto. Já estava na hora de parar com a sutileza e agir.

Bati a mão contra a mesa, impulsionando meu braço a me erguer. Quando fiquei de pé comecei a falar. “Yah! Vocês duas, já chega! Eu estou aqui. Ok! Não saiam falando como se eu não estivesse! Eu só quero comer tá bom? Posso almoçar em paz?”

Todas as três abaixaram a cabeça e começaram a se concentrar cada uma no seu prato.

Eu achei estranho a rapida submissão das três, mas entendi ao olhar redor e ver que todas as pessoas olhavam pra mim, espantadas pelos meus gritos. Provavelmente achando que eu era a surtada, maluca, neurótica da mesa. Meu rosto começou a corar pelo tumulto que havia causado. Algumas pessoas murmuravam sobre mim na cara dura, umas desfarçavam e outras se mantinham como uma tabua reta, assustadas olhando pra mim.

Lentamente puxei minha cadeira e voltei a sentar. Era melhor ficar calada até o próximo século.

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Do lado de fora o sol já estava na linha do horizonte quase se pondo e dando lugar a negra noite. Enquanto dentro da empresa já estava tudo completamente silencioso e escuro. Eu estava na sala de prática sentada em um canto apenas pensando e refletindo na vida sozinha, depois de ter dispensado todos os dançarinos após o nosso último ensaio antes do comeback.

A única coisa que iluminava dentro da completa escuridão era a tela do meu celular quer corria e corrida a cada toque que eu dava fazendo-o descer o nome das listas de ligações.

Entre elas tinha uma ligação feita de Sooyoung que eu não lembrava de ter atendido. A ligação foi feita na tarde do aniversário de Tiffany pelo o que consta aqui, mas de tarde eu tinha deixado o celular em casa. Se a chamada foi atendida, foi Tiffany que o fez. Eu até ligaria para Sooyoung para saber o que se tratava, mas se ela reconheceu a voz de Tiffany então quer dizer que ela vai dar seus ataques de shippagem violentas para cima de mim e vai querer explicações. Caso ela saiba o que está verdadeiramente acontecendo ela vai vir com a história do brócolis e o chocolate de novo ou sei lá qual outro alimento ela vai usar para encaixar Gyuri para sua filosofía de vida.

Decidi que iria jogar um jogo qualquer no meu celular, como eu disse, iria. Até meu celular começar a tocar e vibrar na minha mão com a chamada de Jessica.

"Jessica." Eu repeti com a voz branda. Era estranho porque ela nunca me liga, quando eu digo nunca é realmente nunca. Então eu realmente estava duvidosa se deveria atender essa ligação ou simplesmente ignorá-la.

Pensei mais um pouco e decidi que deveria atender. Pelo o que eu conheço de Jessica sei que ela vai muito bem me ligar de novo e de novo até que eu atenda e faça as vontades dela.

"Alô?" Disse desanimadamente.

"Taeyeon! Mas que droga você está fazendo da sua vida? Eu falo pra você correr atrás de Tiffany e você me aparece com essa tal de Gyuri-"

"Ela não é minha namorada." A cortei com a voz aparentemente calma.

"Mas mesmo assim! Por que você está nessa enrolação toda? Você mora na casa dela que eu to sabendo e não fez nada? Nem um beijo? Sei lá, uma chegada ou algo na cama?-"

"Jessica!" Falei um pouco mais firme.

"Jessica o que?! Você está a duas semanas na casa dela parada e nada? Você é muito parada Taeyeon, tão ZZzzzZ que até eu desistia de você. Caramba! Você não tem ação?!"

"O que você quer que eu faça? Me diga poderosa Jessica. Eu resolvo qual problema primeiro? Devo matar primeiro o noivo dela, Nichkhun. Mas ainda tenho que fazer com que ela me ame então tenho que conseguir evidências que ele a trai, através de fotos e videos, claro. Então vou pagar algum detetive para tirar as fotos e depois um assassino de aluguel para não deixar pistas que fui eu que matei. Depois disso eu vou prender Tiffany em uma jaula, afinal ela não precisa voltar para os Estado Unidos pra administrar a valiosa empresa do seu pai que apropósito quer alguma coisa dela eu só não sei o que pode ser. Se for dinheiro eu consigo depois de 10.000 CF e uns 1.000 doramas. E ainda tenho que descobrir porque ele deixou que ela ficar aqui na Coreia por mais um tempo sendo que ela só veio aqui resolver coisas com o irmão, e quando descobrir posso tranquilamente pedir a mão dela em casamento aqui na Coréia e deixar que a empresa fique aos restos lá, é obvio que o senhor Hwang aceitará isso de bom grado. Depois de tudo isso eu posso livremente esconder o nosso relacionamento dos paparazzis, sasaeng fãs e o resto da Coréia deixando tudo bem mais simples. Sem contar que eu posso administrar perfeitamente o tempo para trabalho e para ela. Posso ver que vamos ter altos encontros sem que ninguém tire foto." Respirei fundo depois do meu sermão e continuei. "É Jessica, parece facil ter o agora não acha?" Disse sarcasticamente.

Jessica não disse mais nada, por um longo tempo ouvi sua respiração tensa contra o telefone. A única coisa que eu ouvi fora isso foi uma voz de longe.

"Chupa Sicachu! Em vez de ficar quieta no seu canto vai se meter na vida dos outros." E logo depois disso ouvi algo ser tacado pra longe e depois disso um grunido de dor.

"Me desculpa Tae... E-eu não sabia que tinha tantos problemas." Ela respondeu com uma voz diferente da comum, não era dela pedir desculpas ou falar desse jeito. Talvez minha situação esteja tão crítica que até Jessica teve pena de mim. Não era pra menos.

"Sica, vou desligar." Eu disse já apertando o botão de encerrar chamada.

Não liguei se ela iria ficar irritada ou não. Só queria ficar sozinha. Se bem que eu odeio ficar sozinha. Quando mais tempo você fica sozinha mais tempo você tem pra pensar. Quanto mais você pensa mais você vê como está a sua vida, como você está se afundando em uma teia de aranha. Cada vez fica mais dificil de sair, quanto mais você luta contra isso mais e mais teias vão grudando, quanto mais você tenta sair mais apertado você fica nela. Acho que estou ao ponto de me sufocar com tudo isso apenas por estar no meio dessa história que nem é minha. Não são meus problemas, são os de Tiffany. Eu me envolvi tanto com ela que agora eu sou mais uma no meio dessa teia de confusão que nem ao menos sei o que é, só sei que estou nela.

A luz do celular se apagou me deixando na escuridão total. Nem o desenho de nuvens da cortina da sala de dança eu conseguia ver mais, basicamente nem um palmo a minha frente eu enxergava. Era como se eu estivesse dormindo, mas meu conciente estava acordado pra tudo que acontecia, me relembrando várias e várias vezes o que eu tinha que enfrentar. Depois da briga dos dois na cozinha tudo ficou mais claro, o porquê dela se afastar. Porquê ela me evita tanto e me quer tão longe. Ela não queria me tirar do meu mundo de escuridão, da minha caverna, ela queria me deixar lá. Ela não queria que eu saisse da minha zona solitária de conforto e fosse pra realidade dela. A realidade que talvez eu não possa suportar.

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O que eu acreditei ser uma tarde fora, se transformou até uma noite graças ao meu dom de ficar pensando nas coisas por longas horas.

Fui entrar no prédio em volta de onze horas, estava tarde. Então fiz o mínimo de barulho para entrar na casa. Tirei meus sapatos e cuidadosamente os coloquei na entrada, subistituindo por sapatos especiais para entrar em casa. Reparei instantaneamente que as luzes estavam apagadas, somente as travas das frestas debaixo das duas portas no final do corredor é que você podia saber que ambos estavam acordados, mas separados. O clima de tensão continuará e parecia que iria continuar por um bom tempo.

Eu não estava com sono, muito menos cansada. Não seria de todo mal se eu fosse até a sacada apenas respirar ar puro. Não irritaria os dois de qualquer maneira e nem ao menos saberiam que eu estava ali.

Abri a porta e logo senti o vento frio que cortava meu rosto, estava frio, mas não estava chovendo e nem com nuvens atrapalhando minha visão. Do jeito que eu gosto.

Escolhi sentar no chão mesmo sobre um piso frio no canto direito, na lateral da sacaca. Encostei minhas costas contra o vidro e me deixei levar pela brisa fria que soprava cada vez mais fraca. Era uma noite perfeita, perfeita até para admirar o céu. Abri os olhos erguendo a cabeça para que pudesse admirar as poucas estrelas que eu podia contar. Vi dez ou quinze no máximo segundo meu campo de visão. Elas brilhavam de uma forma tão fraca, tão distante, quase não se conseguia ver. Todas eram basicamente ofuscadas pelas luzes da cidade. Pensar nisso me fez lembrar de uma linda música, só de pensa-la deu uma vontade de cantarolar.

 

Byeol, byeol, byeol, byeolman keum saranghae Amo você muito mais que as estrelas, estrelas, estrelas

Watdeon geoya neoreul chaja jeo meolliseo neon shining star Eu vim até você para te achar, você é aquela estrela cadente distante
Byeol, byeol, byeol byeol, mareul da haebwado Estrelas, estrelas, estrelas, não importa o que eu diga
Pyohyeoni andwae jeongmal neomuna Eu realmente não consigo expressar meus sentimentos
Dap daphae ije nan eotteohke haeya hana Eu estou frustrada, o que eu deveria fazer agora?
 
Essa música era realmente linda, mas triste demais para cantar da forma de como me encontro agora. Se continuasse talvez eu iria chorar.
Eu nem precisei continuar, uma voz doce e fraca vinha por trás de mim cantando.
 
Hana dul seyeo bwado kkeuti boijil anha, oh baby Não importa quantas vezes eu conte, eu não posso ver o final, oh baby
Gaseume gadeuk damgin chu eok ttaemune, tto ni saenggage Por causa de todas as memórias que há em meu coração, eu estou pensando em você novamente
Mot dahan yaegil kkeonae honjat malppun irado, oh baby Eu não podia dizer tudo o que eu queria, então, eu disse para mim mesma, baby
Neol dollyeo dallago nal bonae dallago, ni gyeote Eu quero você de volta, eu quero voltar a ficar ao seu lado
 
Ela estava apenas cantando ou realmente querendo me dizer aquilo. Ainda estava em icognita na minha cabeça, não poderia ser apenas uma música. Certo?
 
Kkok butakhae, jebal ireohke butakhae Eu estou implorando pra você, por favor, eu estou implorando pra você
kkok haneure, naye gidoreul haneure Para o céu, minhas preces vão para o céu
Nal wirohae, nareul wirohae Me anime, me anime
Jundaneun neon eodiye itni jebal Por favor, onde você está agora?
 
Depois disso a suposta continuação da musica foi seguido por um longo silêncio. Ela não cantava mais comigo. Ou ela não queria cantar? Ou ela pensou que eu não estivesse ouvindo? Onde você está agora? Acho que no final é como diz a musica. No fim a pessoa apenas fica implorando pra acha-la e não tem respostas, apenas risadas mesmo quando só quer e implora o seu amor. Talvez não tenha solução. Tiffany é apenas minha estrela que eu vá procurar e que mesmo perto ela se mantem distante e que mesmo que eu queira não posso alcançar.
 
Pyohyeoni andwae jeongmal neomuna Eu realmente não consigo expressar meus sentimentos
Dap daphae ije nan eotteohke haeya hana Eu estou frustrada, o que eu deveria fazer agora?

 

Foi a ultíma coisa que a ouvi cantar antes de ouvir o barulho de porta se fechar.

Me virei rapidamente para ver se tinha alguém na sacada ao lado e nada, Tiffany tinha entrado pra dentro do quarto que tambem estava escuro. Mas uma coisa que me chamou atenção foi a cadeira que estava na sacada, sobre ela estava seu bichinho de pelúcia favorito, o Totoro. E entre a enorme boca sorrindo e a barriga havia um objeto dourado pendurado, que balançava de um lado para o outro como se tivessem colocado lá agora.

Me debrucei sobre a sacada e cerrei os olhos para tentar enxergar o que era. Parecia um colar, um colar com um pingente. Aquele pinjente que eu tinha dado a ela. O cadeado.

Eu não entendi muito bem o que aquilo dizia, mas sabia o que eu estava fazendo errado e o que tinha que mudar. Ela não esperava que eu me aproximasse ou fizesse ela se apaixonar de novo por mim. Ela queria que eu a ajudasse.

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Thank you!
Anaforever
Vou responder vocês agora :3

Comments

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lysanna #1
Chapter 23: Como eu tenho saudades dessa fic
daniela1894 #2
Chapter 23: por favor continue a fic,
taeny é para sempre
Camila79496 #3
Chapter 14: Por favor acabe com khunfany. Odeio ver Tae assim , prefiro Taeny!
Camila79496 #4
Chapter 19: Espero que poste rápido a próxima parte, estou ficando louca com a Tiffany e com pena de Taeyeon. Beijos,
ChoiSooyS2 #5
Chapter 23: Ana eu nao sei se a sua raiva com a Fany ainda ta ativa, mas se nao tiver porfavor atualiza a fic. To pirando. Todo dia entros no site pra ver se voce atualizou. Nao so essa mas atualiza Puppyeon tambem! Porfavorsinho *--*
laysa-arielly #6
Chapter 23: Quem sabe um dia.... Essa fanfic não atualize... E passe a fazer parte da minha vida novamente... /cry
Evelen #7
Ainda estou a espera da continuação. ATUALIZE POR FAVOR !!!!!!!!
hwangkim #8
Chapter 20: CADE A CONTINUAÇÃO?
lu_shiira #9
Chapter 23: Por favor na1 faça KhunFany eles na1 são algo real pra mim,isso me deixa mal de alguma forma.Vc escreve caps. muito triste com a Tae e acho que ela merece um bom final,isso na1 seria algo justo com todos nós,apesar de a fic ser sua... Por favor Unnie na1 seja alguém má e termine com TaeNy...atualize logo,eu amo ler essa fic...