Eu ainda amo você
Let Me Love YouBem gente, mais um cap da fic para vocês, hoje eu amanheci meio decidida e resolvi encaminhar um pouco as coisas, mas elas podem se desencaminhar também. O cap ficou também maior do que o normal porque está perto do natal e eu to de férias e não revisei para postar mais rápido, então qualquer erro, por favor, avisem. Talvez eu faço um cap de natal, mas acho que não sai antes do dia 24. Então, feliz natal para vocês e espero que aproveitem o capítulo.
POV Yuri
– Ela está maluca, Yuri. Completamente maluca. – Jessica fala enquanto olho para o machucado no rosto da loira.
– O que foi isso? – Pergunto alarmada, parecia um corte profundo já correndo até o quarto e pegando um kit de primeiros socorros.
– Nós brigamos. – Jessica fala casualmente enquanto eu limpo o machucado na sua bochecha. – Ela falou que não vai desistir de mim e que foi o pior erro da vida dela fazer isso. – Ela continua falando gemendo ocasionalmente, quando pressiono com um pouco mais de força. – Disse que sabe que o motivo é Taeyeon e que ela vai pagar caro por isso.
Nesse momento eu senti a verdade cair como uma tonelada sobre mim. Não importava se Taeyeon e Tiffany iam ficar juntas, eu e Jessica nunca daríamos certo porque simplesmente nossos corações nunca estariam livres.
– Yuri, – Jessica corta o meu pensamento já se levantando. – Vá falar com a Tae amanhã, peça para ela se cuidar, por favor. – Ela se inclina e me dá um leve selinho.
– Vamos sempre ser isso, não é? – Falo ainda sentada olhando para ela. – Os tapa buraco de Tiffany e Taeyeon. – Percebo que ela parou no momento em que ouviu o que eu falei.
– Sica, vamos ser amigas, é melhor pra gente. – Falo com um sorriso no rosto enquanto seguro a mão dela tentando mostrar que realmente me importo com os seus sentimentos. – Amanhã mesmo vou falar com Taeyeon, prometo.
Ela sorri e retira-se para o quarto para descansar um pouco e lidar com os monstros dentro da sua cabeça me deixando sentada no sofá para lidar com os meus. Era por isso que eu adorava a Medicina ajudar os outros parecia fazer mais sentido do que lidar com meus próprios problemas e eu sei que por esse motivo Tiffany não estava mais comigo. De qualquer forma, depois que a perdi, fui me transformando e me permitindo mudar em pontos que tanto me incomodavam, mas que por comodidade e na doce ilusão de “sou assim e pronto” ou “tenho qualidades que superam meus defeitos” nunca me permiti mudar.
No entanto, ultimamente, mudei mais do que posso sequer pensar simplesmente pelo fato de que ficar sem Tiffany me permitiu sair de uma zona de conforto que eu vivia completamente apoiada nela. Completamente dependente dela. Ainda preciso dela, isso não vai mudar agora, mas estou vivendo. Ainda estou aqui. Nesses meus momentos de divagações, a melhor coisa que posso fazer é escrever para organizar, talvez, melhor as ideias.
Estava sentada no sofá apenas mexendo aleatoriamente no celular enquanto buscava inspiração para escrever até que encontro uma foto de Tiffany. Parei e fiquei apenas olhando. Uma saudade que eu não sabia que podia suportar se apoderou de mim de uma forma tão intensa que me fez desmoronar. É, talvez eu não pudesse suportar. A vida seguiu, ela fez a escolha dela e eu não faço mais parte dessa escolha. O seu sorriso, tão lindo estampado na foto, não será mais para mim. Seu cabelo meio rebelde ao vento nunca mais poderá ser tocado por mim. Eram memórias e, como a história lembra tão cruelmente, no fim, tudo é memória. Apenas o lembrar, como se tivesse olhando para trás, para algo longínquo quando na verdade estou olhando para dentro de mim. Tiffany não é o meu passado, é parte de mim, de quem fui e, inegavelmente, de quem sou. E tudo isso apenas por uma foto.
Olho para alguém que reconheço, mas não conheço. Nem o direito de me lembrar da textura da sua pele julgo ter. Outra das “trapaças” da memória: nos julga indignos, no presente, de vivenciar o passado. Só me resta acariciar a tela fria do celular na esperança de sentir você, mas tão logo toco, parece que a memória – sim, ela mais uma vez – literalmente nos transfere para outra realidade onde lá posso sentir você, mas meu sorriso que mal se abre, logo tem que se fechar, pois nessa realidade – construída por mim e, portanto, só habitada por mim – não está você.
Realidade é justamente a nossa maneira de perceber o real, tudo a nossa volta. É a forma como significamos tudo que está em contato conosco e a minha realidade é toda ressignificada para você. Essa é a parte que mais dói. Minha vida segue, segue bem. Sei que vou ter outros amores, outras “realidades” maravilhosas, outras memórias maravilhosas. Mas, no fim da noite, de vez em quando, eu vou me permitir ansiar pela minha “realidade” mais incrível.
Olho para o papel e leio novamente as palavras feitas por mim. Pareciam boas, pareciam uma declaração digna de despedida. Era digno dela. Com um sorriso, dobro o papel e o guardo no bolso enquanto me levanto e, pegando a chave da moto e um casaco, saio rapidamente o apartamento.
Como se o universo conspirasse contra mim, quando estou na metade do caminho, um verdadeiro dilúvio começa a cair do céu.
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POV Tiffany
Estava deitada no colo de Taeyeon enquanto ela fazia uma atividade da faculdade. Como já havia encerrado suas disciplinas no semestre, apenas ficava relaxando enquanto a garota trabalhava.
– Tae, essa pizza vai demorar muito? – Pergunto com um bico nos lábios vendo ela revirar os olhos e colocar o texto no chão.
– Logo vem, Fany. – Ela fala tirando minha cabeça do seu colo e se levantando. – Quer vinho?
Eu ia dizer que hoje preferia Fanta Uva, mas lembrei que ela não gostava então apenas aceno positivamente para a pergunta pelo vinho. Yuri sempre trazia Fanta Uva para comer com pizza e ela se pegou pensando em sua ex. Taeyeon também andava balançada pela volta de Jessica e ela sabia disso, por isso não havia forçado nada com a garota, já que ela própria ficava tão confusa às vezes.
Ela deveria falar com Jessica, mas era cabeça dura demais, então apenas esperava o momento em que ela viesse falar sobre esse assunto. Não sabia muito bem o que sentia por Taeyeon e mas ambas estávamos lidando bem com essa confusão toda de sentimentos.
Fiquei mais um tempo pensando até que ouve a campainha tocar.
– OBA! A pizza chegou! – Levanto e saiu pulando até a porta logo a abrindo. Mas não era a pizza, era Yuri e estava completamente encharcada.
– Fany, cadê a pizza? – Taeyeon chama, mas para ao ver Yuri na porta. – Oi, Yuri. Ela cumprimenta formalmente e volta para a cozinha.
Yuri apenas sorri enquanto balança o cabelo negro completamente encharcado. Isso me traz de volta a realidade e me dou conta de que, provavelmente, ela deve estar com frio. Puxo Yuri para dentro e pego logo uma toalha a envolvendo e enxugando ela.
– Aconteceu alguma coisa? – Pergunto num tom preocupado a analisando.
– Não, para falar a verdade, – Ela fala olhando para Taeyeon que estava tomando uma taça de vinho encostada no balcão. – Pizza com vinho? – Ela pergunta com uma sobrancelha levantada olhando para mim o que acaba me fazendo rir. Sim, Yuri ainda me conhecia bem. – De qualquer forma. – Ela continua, como se nada tivesse acontecido. – Eu tenho um recado da Sica para você.
Nesse momento, dediquei toda a minha atenção para Taeyeon percebendo desde de sua surpresa ao saber que Jessica quer falar com ela até o incômodo em ouvir Yuri chamando Jessica de Sica.
– O que ela quer? – Taeyeon pergunta tentando, na minha opinião, parecer indiferente.
– Quer que você tenha cuidado. – Yuri fala agora séria. – Ela foi conversar com Yoona hoje e – ao ouvir o nome Yoona, a postura de Taeyeon muda completamente e ela já se aproxima de Yuri – elas brigaram e Yoona disse que queria Jessica de volta e que sabia que a culpa dela não voltar era sua e que você iria pagar por isso.
Quando Yuri termina de falar, Taeyeon já está com os punhos cerrados e praticamente em cima da garota. Eu apenas fico observando as duas sem querer me meter.
– O que ela fez com a Jessica? – Taeyeon puxando Yuri pela gola da camisa fazendo com que ela fique em pé. Prontamente me levanto, mas Yuri coloca a mão como se indicasse que eu deveria sentar novamente.
– Bateu nela. – Yuri fala como se analisasse Taeyeon agora.
– E você a deixou sozinha?! – Taeyeon agora estava visivelmente alterada. – Eu vou lá. – Ela fala pegando a chave da moto de Yuri e já saindo sem dizer nada.
Yuri apenas senta novamente e se envolve na toalha. Eu fico analisando ela e esperando que mais alguma coisa seja dita, mas ela não diz nada fica apenas olhando para suas mãos como se estas estivessem bem mais interessantes.
– Eu trouxe algo para você. – Ela diz, por fim, fazendo com que minha atenção se volte para ela a tempo de a ver tirando um papel do bolso e me entregando.
Recebi o papel e abri logo reconhecendo sua caligrafia. Então Yuri ainda tinha a mania de escrever quando se sentia sufocada. Comecei a ler e cada palavra, me deixava mais sem reação. Nunca esperava aquele tipo de declaração, aquelas palavras tão puras e sinceras. Fiquei parada fitando a folha a minha frente sem conseguir dizer nada. Sabia que Yuri não seria tão paciente, mas não conseguia olhar para ela sem desmoronar.
– Era o que eu tinha para dizer, mas nunca conseguiria falar. – Ela fala já se levantando abrindo a porta e saindo.
Continuei sentada olhando, agora, para porta. Nesse tempo em que ficamos afastadas, Yuri tinha mudado, e eu nem havia pedido por isso. Sem que eu comandasse, minhas pernas já começavam a correr escada a baixo. Andei pela rua já completamente encharcada até que finalmente vejo uma figura caminhando lentamente: era ela.
Corro até alcança-la praticamente me jogando sobre ela. Ela parou e ficou me olhando como se esperasse que eu dissesse alguma coisa, mas nada saía da minha boca. O vento frio aumentava fazendo com que eu estremecesse um pouco e me encolhesse.
– Eu estou com frio. – Falo a olhando e ela prontamente me envolve com seus braços deixando meu corpo quente e seguro.
– Melhor agora? – Ela pergunta com um sorriso. – Fany, eu...
Antes que ela pudesse dizer alguma coisa, a puxei pelas laterais da jaqueta sendo prontamente correspondida por ela que me abraça juntando mais ainda nossos corpos. Nossas línguas dançam em perfeita harmonia enquanto suas mãos deslizam da minha cintura para as minhas costas, como se quisesse me tocar em todos os lugares. Correspondo arranhado sua nuca suavemente a fazendo suspirar nos meus lábios. Após alguns momentos, nossos lábios se afastam e ela dá um dos seus sorriso brilhantes que eu sempre adorei.
– Eu ainda amo você. – Falei simplesmente enquanto a abraçava e enterrava o meu rosto no seu pescoço para me proteger mais da chuva que caia a nossa volta.
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