One step closer...

A Thousand Years

 

Os dias seguintes se arrastaram lentamente. Eu não conseguia tirar o Hyukkie dos meus pensamentos e comumente tinha sonhos bem intensos com ele. Não o encontrei mais depois daquele dia. Conversamos um pouco, até rimos de qualquer coisa sem importância, e aí ele foi embora. Mantive meus olhos fixos nele, até sumir na rua. Senti uma vontade imensa de mais, sabe? Senti vontade de oferecer uma carona e levá-lo até sua casa, só pra saber onde ele morava. Ok, eu estava pensando como um stalker, eu sei... Mas era inevitável querer saber tudo sobre aquele ser que me fez flutuar apenas com os olhos. Eu queria saber tudo sobre ele, lugares que freqüentava, comidas preferidas, estilo de roupa... Tudo.

Depois das audiências, eu tive uma folga de duas semanas e evitei sair de casa ao máximo. Não sei bem porque, mas não tive interesse de sair e encontrar as mesmas pessoas vazias e robóticas de sempre. Se não me engano, na segunda semana meus amigos me arrastaram para um tipo de festa.

Um restaurante bastante ocidental, localizado em Itaewon. Eu não freqüentava muito aquele bairro, já que estava sempre repleto de turistas. Mas não pude fugir daquela festa. A maioria dos meus amigos estava lá e pretendiam animar o ambiente logo após o jantar. Não comi muita coisa, na verdade eu só queria que aquilo acabasse, para poder voltar ao meu apartamento e sonhar com o Hyuk-jae mais uma vez. Depois do jantar, os garçons nos dirigiram até a cobertura do restaurante, que tinha um clima mais apropriado para uma festa. Uma música agitada e bebidas sendo servidas pelos garçons. Havia muitas pessoas, mas não consegui reconhecer nem a minoria delas, pois estava escuro o bastante para me perder do meu grupo. Peguei um copo que fora servido a mim pelo garçom e bebi com goles rápidos, sem ao menos saber qual era a bebida. Senti o líquido queimar minha garganta e apertei os olhos, tentando controlar a reação do corpo. Passei cerca de dois segundos assim, até abrir os olhos novamente. As vezes penso que deveria ter ficado com os olhos fechados por mais tempo, porque assim que os abri, dei de cara com o Hyukkie. Ele estava lá, do outro lado da pista de dança. Usava uma camisa social branca e um colete preto, junto com calça social também preta e tênis brancos com alguns detalhes prateados. Parecia bem formal para aquela festa, e por um segundo eu olhei para minha roupa, me recriminando por ter colocado uma camisa e calça tão simples. Quando o olhei novamente, ele girou o corpo para minha direção, ato que o fez notar minha presença. Ele sorriu. Um sorriso animado, muito animado até. Sorri em resposta e ergui o copo vazio de minha mão. Acho que aquilo pareceu um convite, porque ele veio na minha direção, mas antes segurou a mão de uma garota e trouxe-a consigo. Meu coração gelou. Hyukkie estava acompanhado de uma garota linda, que usava um vestido curto e colado ao corpo, acho que era preto. Não analisei seu rosto por muito tempo, pois já estava aflito demais. Não queria piorar minha situação. Tentei não demonstrar reação alguma àquela presença e continuei sorrindo, até que eles chegaram perto.

-Donghae! Oi!

Sim, ele realmente estava animado. Eu tentava manter o sorriso nos lábios, mesmo que meu coração palpitasse de ciúmes.

- Oi, Hyukkie. Que surpresa te encontrar aqui.

- Pois é. Não achei que fosse te encontrar tão cedo desde aquele dia.

- Nem eu...

Acho que o assunto acabou, porque ficamos nos olhando e sorrindo por um bom tempo... Até a garota pigarrear ao lado de Hyukkie. Nós a olhamos ao mesmo tempo, como quem pergunta algo só com o olhar. E então ele se voltou para mim.

- Essa é a Yoona. Yoona, esse é o Donghae. O que te falei.

Ok, naquele momento eu não sabia se sorria mais ou se ficava curioso para saber o que ele tinha falado sobre mim. Yoona sorriu e se curvou.

- É um prazer conhecê-lo, oppa.

Eu me curvei igualmente, mas não respondi. Só sorri de forma educada.

-Yoona... Por que não vai encontrar com o resto do grupo?

A garota não respondeu, apenas se curvou mais algumas vezes e se retirou com um sorriso educado. Aquele excesso de cumprimentos me irritou, mas já não importava mais. Fiquei um pouco surpreso com a facilidade que o Hyukkie teve em fazer a garota sair dali. Ou ele era do tipo “livre”, ou eles eram apenas amigos. Evitei tirar conclusões sobre o assunto.

- Então... Você não parece muito animado com a festa.

Não notei que meu desânimo estava tão à mostra. Suspirei com um sorriso sem graça.

- Hoje não é meu melhor dia para festas.

- Quer sair daqui? – Falou num tom natural, como se fosse uma pergunta qualquer.

Era engraçado como ele conseguia me surpreender com qualquer frase ou atitude. Eu realmente precisava decifrar aquela pessoa.

- Eu... É, quero.

 

***

 

Saímos do restaurante e iniciamos uma caminhada calma pelas ruas desertas. Por sorte não estava chovendo aquela noite e o clima não estava tão frio. Conversamos sobre muita coisa, sobre como ele começou a dançar e porque não se interessava em fazer daquilo sua profissão. Eu falei sobre meu trabalho, falei sobre meus hobbys e sobre quase tudo que dizia respeito a mim. Mas ele se manteve superficial, misterioso demais. Aquilo me deixava maluco. Cheguei a decidir que iria decifrá-lo de qualquer maneira, saber até seus segredos e desejos mais ocultos. Conversamos bastante, até que olhei no relógio e notei que já fazia mais de uma hora que estávamos caminhando. Olhamos ao redor para ter certeza de onde estávamos e eu segurei pelo seu braço, puxando-o até chegarmos a um riacho coberto por arbustos verdes e vivos. Hyukkie pareceu empolgado com o lugar, pois se abaixou e começou a dobrar as bordas da calça, transformando-a numa bermuda. Em seguida tirou os tênis. Tinha um sorriso malicioso nos lábios, mas com um ar infantil, quase sapeca. Esperei que ele terminasse de tirar os tênis, para saber o que iria fazer. Hyukkie foi até a beira do riacho, que continha algumas pedras como ponte. Subiu nelas e foi até o meio, sentando-se ali e colocando os pés na água. Sua reação ao toque da água gelada não foi lá muito agradável, o que me fez gargalhar animado.

- Você não vem? – Perguntou enquanto ria, quase tremendo.

Me abaixei e fiz o mesmo com a minha calça jeans, tirando os sapatos em seguida.

- Não acredito que vou colocar meus pés nessa água gelada, em plena madrugada.

- Não está tão gelada, vem logo. Não seja covarde.

Me lançou um olhar desafiador e eu respirei fundo, me preparando. Com movimentos rápidos, pulei de pedra em pedra até chegar perto dele e sentei ao seu lado. Coloquei os pés na água e senti o corpo inteiro congelar. Ideia maluca, completamente maluca. Estremeci e soltei um gemido baixo em protesto. Aquilo o fez rir alto. Inclinei o corpo para o lado e esbarrei o ombro no dele levemente.

- Não me desafie.

- Então quer dizer que você é sensível a desafios?

- Só se eu quiser fazer o que me é desafiado... – Eu falava com um tom superior, brincando.

- Ah... Você só faz o que quer.

- Isso. Sempre.

A princípio não notei, mas estávamos próximos demais. Desviei o olhar para seus lábios, que estavam rosados como no dia que o encontrei do lado de fora do teatro. A minha vontade era de tocá-los e ter a prova de que eram tão quentes quanto pareciam. Estava tão focado nele, que não notei quando se aproximou levemente. Pude sentir seu hálito tocar meu rosto e aquilo me fez arrepiar. Tinha cheiro de manhã de domingo. Daquelas em que você não quer sair da cama de jeito nenhum. Daquelas manhãs frias e cobertores quentes, que te fazem querer passar o resto da vida ali. Não sei se manhãs de domingo tem cheiro, mas o hálito dele me lembrou elas.

Foi a vez dele de quebrar o silêncio.

- Você quer fazer algo agora? – Falou num quase sussurro.

- Hm?

Não consegui mais focar seus olhos. A boca dele estava ali, muito perto. Parecia me chamar, me desejar tanto quanto eu a desejava.

- Quer fazer algo agora? – Repetiu como se esperasse uma resposta específica.

Agora estávamos sussurrando. Não havia ninguém ali que pudesse nos ouvir, mas aquela sensação era magnífica. Decidi arriscar, o máximo que eu poderia receber era um não.

- Eu quero beijar você...

Os lábios finos se esticaram para o lado direito, formando um sorriso leve. Ergueu uma das mãos e tocou meu rosto com as pontas dos dedos. Eles estavam gelados, mas meu rosto não deixou de esquentar com seu toque. Hyukkie se aproximou lentamente – posso jurar que ele estava em câmera lenta – até estar a menos de 5 centímetros de meu rosto. A mão deslizou até minha nuca e pousou firme ali. Agora nos olhávamos nos olhos, um desejando o outro de forma mágica. Nossos hálitos se misturavam, me fazendo querer sentir o sabor de seu beijo cada vez mais.

- Não mais do que eu, Hae...

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Comments

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Nicaline18 #1
Chapter 3: Uauuu!! Fic Eunhae em português por aqui!! Isso é raro! Mas a estoria ta ótima. Continue!!!