Andante

Stained Glass - PT

I lean against the wind, pretend that I am weightless

And in this moment I am happy...happy

Eu me inclino contra o vento, faço de conta que não tenho peso

E nesse momento estou feliz...feliz

Jongin olhou primeiro para o pedaço de papel na sua mesa de cabeceira, e depois para a tela de seu telefone. Ele tinha salvado o número de telefone 20 minutos mais cedo e sua presença espinhosa em seu telefone o estava atormentando. Ele queria ,mais do que qualquer coisa, ligar para Kyungsoo e descobrir por si mesmo como aquela voz rouca soaria bem ao lado de sua orelha. No mínimo,  queria enviar uma mensagem para Kyungsoo , até algo tão  simples quanto "Oi, como foi o seu dia?" . Ele só precisava estar conectado  , precisava apenas estar  com Kyungsoo de alguma forma.

Mas se usasse esses números  rabiscados, seria admitir que ele havia esboçado aquele anjo, ou na pior das hipóteses, Kyungsoo pode descobrir que ele estava na sala o assistindo como um stalker esquisito. Não, isso não funcionaria. Além disso, não estava pronto para revelar que ele tinha estado na sala com Kyungsoo, ele ainda tinha trabalho a fazer. Não tinha usado sua Nikon DSLR na sala de prática, pois os ruídos do obturador teriam sido perigosamente altos então tinha tirado fotos de Kyungsoo com a câmera do celular no modo silencioso. Ele imprimiu as fotografias mais cedo e elas já estavam por cima de sua mesa de trabalho ordenadamente . Seus pais não eram bons para muita coisa, mas tinham muito dinheiro , por isso que ele tinha uma grande mesa de arquiteto em seu quarto de 27 metros quadrados.

Seus pais o deram um vasto oceano de espaço pessoal para ter menos motivos de se encontrarem em sua grande casa  localizada na área de classe média alta em Springhaven. Ele tinha percebido ao final da infância que seus pais não funcionavam com intimidade ,um com o outro, ou com ele. Jongin não sabia se  estava totalmente bem com o fato de que seus pais e ele mal se comunicavam, mas estava acostumado a isso agora, depois de anos de desconfortáveis 'oi's  e 'boa noite's e o que ouvia mais comumente: 'Você tem dinheiro suficiente para a escola?'. Não ter expectativas ajudava. Ajudou muito. Eles nunca brigaram. Às vezes, ele se encontrou desejando que brigassem, porque isso significaria que ele importava para eles de uma forma ou de outra. Mas ninguém nunca levantava sua voz na casa dos Kim. Ninguém. Mesmo quando ele chegou em casa após a primeira sessão no tatuador, com o pescoço vermelho, lívido e inflamado entre os projetos de asas de anjos intrincados, a única reação que tinha conseguido foi sua mãe calmamente dizendo que eles poderiam tirar com laser mais tarde, se ele não se adequasse.

Ele fez uma careta com a memória, então, passou mais alguns minutos lutando com consigo mesmo antes de finalmente concluir que não morreria se esperasse até quinta-feira à noite para ver Kyungsoo. Resolutamente, dobrou a nota de Kyungsoo em duas e depois quatro, e estava prestes a colocar a nota na gaveta, quando decidiu ,no último minuto, colocá-la em sua carteira. Ele se recusou a analisar por que queria levar aquele pedaço de papel por aí com ele.

Cuidadosamente, ele pendurou as fotos na placa de cortiça e espalhou o desenho em que estava trabalhando enquanto Kyungsoo tinha cantado linhas sobre cair na gravidade de alguém. Colocando o álbum Morning View do Incubus para tocar, Jongin sentiu seus membros descomprimirem e sua mente se esvaziar como os riffs pesados de guitarra e vocais ligeiramente roucos de Brandon Boyd preencheram o silêncio do quarto. Mas, em seguida, a canção alcançou a parte com as palavras:

I lean against the wind, pretend that I am weightless

And in this moment I am happy…happy

Eu me inclino contra o vento, faço de conta que não tenho peso

E nesse momento estou feliz...feliz

I wish you were here

I wish you were here

Queria que você estivesse aqui

Queria que você estivesse aqui

E assim, a tela em branco da mente de Jongin foi inundada com imagens de um menino de pé, banhado em sombras azuis, vermelhas, douradas ... Decidindo não lutar contra a maré, Jongin preparou seus lápis de esboço e abriu seu caderno de desenho. A ponta de seus dedos entraram em contato com a folha cor marfim que já tinha sido preenchida com traços de lápis cuidadosamente administrados que sugeria anjos etéreos e uma janela de vidro colorida como joias. Fechando os olhos por alguns segundos, Jongin buscou seu foco antes de abrir os olhos. Então expirou alto, pegou um lápis de grafite e começou a desenhar e misturar, enquanto os sons de Incubus tocava no fundo ...

 

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Ele estava esperando há quase dez minutos, mas o frio não o estava incomodando como tinha incomodado sete dias atrás. Jongin usava calça jeans preta denim, o tecido pesado agarrando-se sutilmente em suas elegantes coxas musculosas, e um capuz preto volumoso. Ele também tinha uma nova  jaqueta de couro preta para manter fora o frio outonal, usando no lugar da marrom maltratada que ele normalmente usa em noites como esta. Olhou para o celular: 21h18. Onde ele estava? Seus músculos zumbiam com energia incansável, mas Jongin forçou-se a recuperar sua quietude habitual enquanto se inclinava contra a parede do ponto de ônibus. Ele estava olhando para as formas borradas na janela do Ace quando ouviu um suspiro suave e masculino.

"Hey." Jongin esqueceu de ser descolado e apenas sorriu, seus olhos sedentos  bebendo da vista do menino que ele não via há dois dias.

"Hey." Os olhos de Kyungsoo enrugaram quando ele presenteou Jongin com um sorriso caloroso. "Você está aqui."

 "Sim. Sim, eu estou."

"Você vai pegar o ônibus das 21h30 também?" Uau. Kyungsoo repreendeu a si mesmo por perguntar a coisa totalmente óbvia e desnecessária. Por que ele não podia apenas ser normal? E por que Jongin era tão atraente vestido todo de preto? A cor sombria só fez suas belas feições e tatuagens parecerem ainda mais cativantes e  parecia tão bonito e ... e ele mal conseguia mais formar frases.

"Um... sobre isso ... Na verdade eu não pego o ônibus das 21h30. Na verdade, eu normalmente não pego ônibus nenhum. Eu menti na semana passada. Queria falar com você um pouco mais, por isso eu entrei nele . Meu amigo teve que me buscar na Epperton semana passada."

"Eu ... eu realmente não sei o que dizer." E Kyungsoo realmente não sabia. Mas seu coração parecia um balão que tinha sido esvaziado, libertado. Sem peso.

"Diga que você deixa eu te dar uma carona para casa, pra eu não acabar levando um chute da bunda por Kris se eu tiver que pedir  para ele me buscar em Epperton novamente."

 "Você dirigiu um carro até aqui?" As sobrancelhas de Kyungsoo subiram em surpresa.

"Não exatamente." Jongin passou seus dedos envergonhadamente por suas costeletas antes de dizer: "Eu vim na minha moto."

"Eu nunca estive em uma moto." Kyungsoo realmente queria estrangular a si mesmo neste momento por ser a pessoa mais socialmente inepta de todas.

 "Isso é um sim?" Jongin o deu um olhar interrogativo. Mesmo à luz da lâmpada fraca, Kyungsoo parecia vulnerável, os olhos ansiosos e grandes em seu pálido rosto bonito. Seus dedos agitadamente mexiam com as tiras de sua mochila.

 "Depende."

 "Do que?"

"Se você é um assassino que vai me matar e despejar o meu corpo em algum galpão abandonado. Eu não posso acreditar que eu disse isso. Apenas. Me. Mate. Agora." Kyungsoo gemeu e encolheu-se com a sua capacidade de sempre dizer a pior coisa possível no pior momento possível.

 "Eu não vou fazer isso." Jongin riu: "E nem todo mundo que tem tatuagens é um assassino homicida, eu prometo."

"Ok. Eu vou com você. E desculpe por ser rude." Kyungsoo disse timidamente. Ele calou a voz de sua mãe, uma vez que o perturbava em níveis elevados dentro de sua cabeça: Não olhe para estranhos. Não fale com estranhos. ABSOLUTAMENTE NÃO, EU REPITO não aceite carona de estranhos.

 "Você precisa ir direto para casa? Tem este lugar que eu vou às vezes. O Oriole Café. Eles têm um ótimo café e tortas."

 "Na verdade eu estou ... com muita fome."

Jongin continuou a observá-lo em silêncio, um meio sorriso em seu rosto bronzeado. Então levou Kyungsoo atrás do ponto de ônibus onde ele estacionou sua lustrosa Yamaha EZ1 branco pérola de 2012 .

 "Fica muito frio na moto", disse ele simplesmente enquanto entregava um casaco de capuz verde mar para Kyungsoo que murmurou agradecimentos e começou a remover sua mochila. Jongin pegou a bolsa de suas mãos para que ele pudesse colocar o casaco facilmente.

"É um pouco ... grande." Kyungsoo riu, seus dedos pouco visíveis no final das mangas quando ele pendurou as alças da mochila sobre seus ombros.

"É o menor que eu tenho." Jongin disse se desculpando enquanto passava um capacete preto para Kyungsoo. Como o garoto menor ainda estava lutando para puxar para cima as mangas do casaco, Jongin discretamente deslizou o capacete cuidadosamente sobre a cabeça de Kyungsoo e estendeu a mão para a alça de segurança. Seus dedos roçaram a pele suave de seu queixo brevemente quando ele apertou a correia e os olhos de Kyungsoo arregalaram ligeiramente em choque com o contato. Ele estava assistindo Jongin através da viseira de acrílico o tempo todo, como uma mariposa atraída pela luz.

A primeira vez que Jongin tinha visto aqueles olhos, ele sabia que não seria capaz de suportar o olhar de Kyungsoo.  Só esperava que o outro garoto nunca percebesse que ele só tinha que pedir, e Jongin iria expor sua alma. Abruptamente quebrando o contato visual, Jongin colocou seu próprio capacete e balançou suas pernas compridas elegantemente sobre o tanque de gasolina e sentou-se confortavelmente. Uma vez que Kyungsoo tinha se sentado atrás dele, Jongin virou a ignição e o motor rugiu com vida. Assustado quando a poderosa motocicleta avançou, Kyungsoo jogou os braços ao redor da cintura de Jongin instintivamente em uma tentativa em pânico para encontrar o equilíbrio. Envergonhado, ele tirou seus braços quase imediatamente, mas, em seguida, Jongin virou a esquina e a moto tombou baixo, perto do chão. Apavorado pela sensação de queda, Kyungsoo agarrou a cintura de Jongin novamente para se firmar. Ele com certeza não tem a estrutura certa para andar em motos, gemendo interiormente começou a liberar seu aperto em Jongin e tentou não pensar sobre o quão bom tinha sentido em segurá-lo.

"Deixe elas aí!" Jongin gritou sobre o vento que estava sussurrando alto em seus ouvidos e chicoteando em torno de seus corpos enquanto eles aceleraram pelas ruas.

 "O Quê ?!"

"Suas mãos! Deixe-as." Jongin gritou quando colocou sua mão esquerda um pouco fria sobre as de Kyungsoo, mantendo-as firmes contra a barriga de Jongin. Kyungsoo não respondeu. Ele só descansou sua bochecha contra as costas duras e vestidas de couro de seu carona, e segurou firme, sem vergonha se agarrando ao seu calor .

 

---------

 

"Então, como foi? Sua primeira vez em uma moto?" Jongin olhou Kyungsoo curiosamente enquanto o menino menor tirou o capacete, deixando seu cabelo liso e escuro espetando em ângulos estranhos. Jongin já havia arrumado seu cabelo loiro com alguns puxões impacientes da mão.

"Foi meio que impressionante, Jongin. Obrigado." Kyungsoo mal podia conter sua animação, ele lhe deu um sorriso enorme que fez Jongin se sentir um pouco tonto. Depois que Kyungsoo tinha superado seu temor inicial e envolveu-se em torno da segurança do corpo de Jongin, ele foi capaz de relaxar e desfrutar da alegria de atravessar pelas ruas à noite, e estar quase em harmonia com a natureza. Seu corpo ainda estava formigando da sensação que teve quando eles correram contra o vento com todo o poder enjaulado da moto de Jongin abaixo deles. Mas acima de tudo, o corpo de Kyungso ainda zumbia de estar pressionado contra Jongin durante todo o passeio.

"Seu cabelo. É, uh ... Não se mova. "Jongin disse enquanto alisou alguns tufos rebeldes na parte de trás da cabeça de Kyungsoo. O outro garoto prendeu a respiração quando os dedos de Jongin fizeram uma trilha de borboleta por seu couro cabeludo, provocando ondas de sensação sussurrantes de cima à baixo na parte de trás de sua orelha e nuca. Quando as mãos de Jongin finalmente caíram para os lados, seu olhar descansou nos olhos inabalável de Kyungsoo e eles só  encararam, sem falar nada, um ao outro enquanto os faróis dos carros que passavam os banhavam em luz branca.

"Eu acho que é melhor entrarmos então." Kyungsoo disse sem jeito depois de um minuto ou dois, ainda abalado ao núcleo pela intensidade de sua reação física aos toques delicados de Jongin.

"Sim." Jongin balançou a cabeça e fez um gesto para Kyungsoo entrar no café primeiro. Enquanto entravam, Kyungsoo  registrou vagamente a ilustração de um Oriole em uma placa cor creme que estava pendurada acima deles. Assim como o sutil letreiro fora do café, o interior era elegantemente casual com ricos painéis de madeira e cadeiras de vime pitorescas. Kyungsoo suspirou, quase maravilhado, enquanto absorvia o ambiente. Bonitos tampos de mesa de mármore foram adornados com copos de vidro claros embalados em suportes de bronze antigo, e pratos de sobremesa brancos cheios de doces delicados e pequenas fatias de bolo. A superfície de algumas mesas era marcada por manchas líquidas cor de café, mas com exceção disso, o local era perfeito. Tinha um barulho reconfortante enquanto as pessoas conversavam e riam e apenas aproveitavam a atmosfera. Kyungsoo não se lembrava de já ter estado em um lugar como este. E ele nunca teria imaginado Jongin e seus amigos frequentando tal lugar. Havia várias camadas ocultas de Jongin, e Kyungsoo queria descasca-las lentamente, uma camada de cada vez. Ele queria desconstruir esse quebra-cabeça que era o menino mais do que qualquer coisa e era uma vontade que foi rapidamente se transformando em uma obsessão. Ele precisava parar. Ele devia parar.

"Você vem aqui com os seus amigos? Os que eu vi na semana passada?"

 "Kris e Tao? De jeito nenhum! Eles não viriam aqui nem mortos", Jongin riu. "Não é exatamente descolado, se você sabe o que quero dizer. Eu sempre venho aqui sozinho. Quando eu preciso pensar, ou quando eu preciso desenhar mas minha casa está muito quieta."

"Muito quieta?" Isso, Soo, isso mesmo, vamos desrespeitar completamente o direito de privacidade do pobre garoto.

"Bem ... eu e meus pais não nos falamos muito. E às vezes o silêncio fica um pouco demais, mesmo quando você liga as caixas de som bem alto. Você entende o que quero dizer?"

"Entendo, eu acho. Fica muito barulhento na minha casa. Eu tenho três irmãs mais velhas que são realmente extrovertidas, e uma mãe que fica importunando 24 horas por dia. O barulho é um pouco demais para o meu pai e eu às vezes . Então mesmo quando eu tenho o meu iPod tocando bem alto, eu não posso nem ligar as caixas de som porque minha mãe vai bater na porta e me fazer abaixar. É, por isso às vezes meu iPod está no volume máximo e a casa ainda é muito barulhenta. Então eu acho que eu sei o que você quer dizer. Meio que soa como o oposto total da sua casa sendo muito quieta, mas é meio que a mesma coisa. Você está em sua própria casa, mas você sente como se não conseguisse respirar, isso faz sentido? Me desculpe, eu estou divagando. Oh meu Deus, por favor, me impeça de falar da próxima vez, porque eu sempre tenho a tendência de me deixar levar."

"Por que eu o impediria? Eu gosto ...de ouvir você falar. Eu gosto da sua voz. E isso é exatamente como eu me sinto em minha casa algumas vezes, como se eu não pudesse respirar. É por isso que eu gosto de vir aqui, eu acho. Porque não é exatamente quieto, mas é apenas tranquilo o suficiente." Jongin sabia que não deveria ter olhado nos olhos de Kyungsoo quando estava falando sobre sua casa porque agora podia sentir todos os seus segredos ameaçando derramar de sua língua como sementes de dente de leão na brisa de verão, flutuando impotente em direção as orelhas de Kyungsoo que estão apenas esperando.

"Você gosta da minha voz?" Kyungsoo usava a mesma expressão pensativa que ele tinha quando olhou para Jongin pela janela do ônibus. Pensativo com apenas um toque de nostalgia.

"Sim, sim, eu gosto. Ela me acalma e ... eu nem sei. Eu não sou muito bom com as palavras." Ele parecia quase envergonhado quando admitiu.

 "Eu deveria cantar para você um dia." Kyungsoo sorriu com travessura.

"Eu realmente gostaria disso." O sorriso de Jongin chegou a seus olhos e Kyungsoo sentiu uma espécie de aperto quente em seu peito que ele não queria estar sentindo.

Sobre vapor de xícaras de café, e tortas de frango quente com crostas escamosas que estavam por cima de pratos brancos, eles conversaram sobre todos os tipos de coisas, incluindo os tipos de música que eles gostavam. Jongin tomou longos goles de seu Americano quase não adoçado  enquanto Kyungsoo tomou goles curtos de seu latte de baunilha bem doce. Até mesmo o seus gostos em café eram tão diversificados, Kyungsoo observou. Isso parecia aplicar-se a música também, já que o gosto de Kyungsoo se inclinava mais para o R&B e pop alternativo, enquanto Jongin gostava de vários gêneros de rock. Eles não encontraram muito em comum, mas Kyungsoo não se importou muito e  absorveu ansiosamente todas as informações que Jongin compartilhou sobre as bandas que gostava. Toda uma infinidade de nomes estranhos e maravilhosos de bandas  correram sobre a consciência de Kyungsoo sem se manter permanentemente, mas alguns nomes se prenderam - nomes como Linkin Park (porque quem não tinha ouvido falar do Linkin Park?), Korn (porque quem já tinha ouvido falar de um cantor de rock que poderia tocar a gaita de foles) e Incubus (porque quem poderia se esquecer uma banda nomeada em homenagem à um demônio que tem relações uais com mulheres que estão dormindo?). Jongin falou animadamente sobre o tipo de música que o atraía, e esqueceu completamente de ser uma pessoa intimidante, reservada e descolada ... e Kyungsoo estava completamente cativado pelo menino com as tatuagens que se sentaram em frente a ele. Enquanto ouvia Jongin, o germe de uma idéia começou a se formar na cabeça de Kyungsoo; ele precisaria fazer uma investigação sobre as bandas que Jongin gostava, mas por enquanto ele poderia estreitar as coisas.

"Música favorita!" Kyungsoo disse de repente e o dedo indicador de Jongin acariciou a asa de anjo tatuada no lado esquerdo de seu pescoço enquanto ele contemplava a resposta. Finalmente, depois de alguns segundos de pensamento profundo, ele disse, "Wish You Were Here do Incubus."

 "Eu ... nunca ouvi isso."

"É uma ótima música, as palavras ... elas significam algo para mim. Eu vou deixar você ouvi-la mais tarde, se você quiser. Qual é a sua música favorita?" Perguntou Jongin.

"Tenho certeza de que você nunca ouviu falar dela. É Gravity da Sara Bareilles." Kyungsoo disse, observando o rosto de Jongin cuidadosamente.

"Eu ... posso ter ouvido ela antes." Jongin tentou soar casual, mas ele tinha visivelmente perdido um pouco de sua compostura. Isso fez Kyungsoo contente porque lhe disse que as mentiras não vinham com facilidade para Jongin. Kyungsoo estava feliz com isso.

Parecia natural que a conversa acabasse chegando nas origens das tatuagens de Jongin. Kyungsoo tinha lhe perguntado diretamente por que ele tinha asas de anjo tatuadas em seu pescoço.

"Eu sempre gostei de anjos E a coisa que eu mais gosto sobre os anjos são suas asas, o fato de que eles têm o poder de voar ... que que eles não estão amarrados à Terra. Que eles podem ficar em queda livre . Isso se os anjos existissem. "

 "Eu acredito que os anjos existem." Kyungsoo disse seriamente.

"Você realmente acredita nisso?" Jongin olhou para ele com ceticismo, tirando seu cabelo loiro de sua testa antes de deixá-lo em uma cascata bagunçada para baixo novamente.

"Eu acredito." Kyungsoo disse misteriosamente. E antes que Jongin pudesse perguntar mais alguma coisa sobre o assunto, ele perguntou: "Por que seu cabelo é loiro? Eu quero dizer, não que seja feio ou qualquer coisa, mas porque loiro?" Uma risada divertida e rouca borbulhou da boca de Jongin.

"Você com certeza faz um monte de perguntas, Kyungsoo."

"Eu sinto muito! É só que isso ficou me  intrigando por uma semana inteira. Eu tinha que perguntar ou então teria me incomodado por mais uma semana, eu juro. Mas você não tem que responder ou qualquer coisa se você não quiser." Kyungsoo acrescentou rapidamente.

"É culpa do Tao. Fizemos esta aposta estúpida. Algumas semanas atrás, eles estavam tendo uma promoção de doses de tequila no Ace. Estávamos entediados então Kris decidiu que faríamos um desafio. Ultimo homem em pé tem que dar aos outros dois penalidades. Kris teve que depilar todo os pêlos de suas pernas e eu tive que pintar meu cabelo de loiro. Eu estava tão bravo. Mas eu acho que Kris estava ainda mais puto do que eu. "Jongin riu de novo.

"Bem, combina com você. Você hum ... fica bonito com cabelo loiro." De repente, sentindo-se envergonhado por deixar escapar isso, Kyungsoo rapidamente mudou de assunto: "E sobre as tatuagens em seus dedos? Por que EXIT?"

"Mais perguntas!" Jongin deu uma risada gutural baixa que mexeu com o interior de Kyungsoo. "Eu estava tentando pensar em algo inteligente quando estava no estúdio e eu estava desenhando espaços em branco. Então eu olhei para cima e vi o sinal de saída verde na parte de trás do estúdio e pensei por que não?"

"Isso é tudo? Não há nenhuma razão inspiradora super secreta por trás disso?" Kyungsoo soou e pareceu desapontado.

"Sinto muito, mas não tem. Eu gostaria que tivesse agora. Não fique triste." Jongin deu um sorrisinho provocativo, tão diferente do  sorriso recatado que ele tinha dado aquela primeira vez no ponto de ônibus.

 "Você vai ter que compensar isso. Diga-me algo que você nunca disse à uma única alma."

 "Ei! Você não pode esperar que eu faça isso."

"Ok bem, eu vou deixar você escapar fácil desta vez. Não que isso signifique que eu estou supondo que haverá outra vez. Quero dizer ... Argh. O chão não pode simplesmente abrir e me engolir, por favor?"

"Morangos". Jongin mal conseguiu dizer quanto seu rosto se iluminou com alegria, e as mais belas linhas de riso que Kyungsoo já tinha visto apareceu ao lado de seus olhos. Ele parecia muito mais jovem quando ele não estava parecendo todo sério e legal.

"Morangos?"

"Morangos são a minha fruta favorita. Você é a única alma pra quem eu já disse isso."

"Eu estava esperando algo um pouco mais dramático como você roubou um livro da biblioteca ou tinha uma queda por seu professor da quinta série ... mas ... eu vou aceitar. Morangos. Ok."

"E haverá outra vez."

 "O Quê?"

 "Você pode me perguntar um outro segredo que eu nunca disse uma única alma na próxima vez que nos encontrarmos."

"Oh." Kyungsoo apenas olhou para Jongin antes de dizer, em um semi-atordoado, "Kiwi".

"É ...? Sua fruta favorita?"

"Sim."

"Ok." Jongin se sentiu um pouco tolo, porque ele tinha certeza que não tinha sorrido e rido tanto assim desde que estava na escola, e ainda assim aqui  estava ele sorrindo novamente. Tolo. Kyungsoo o fez ficar tolo. Ele simplesmente não conseguia descobrir por que ele não se importava.

"Filme favorito!" Como um flash de uma quicksilver, eles estavam de volta ao modo Pergunta&Resposta.

 "Os Infiltrados".

"Mas esse foi tão deprimente, Jongin." Kyungsoo balançou a cabeça em desaprovação.

"Shush. É um filme brilhante. Qual é o seu favorito?"

"A Origem, com certeza."

"Confuso".

 "Mas isso é o que eu mais gosto sobre ele. Eu gosto de quebra-cabeças e descobrir como eles funcionam. Nós vamos ter que assistir, juntos, um dia, então nós poderemos discutir as partes confusas"

"Estou dentro." Jongin sorriu e ele nem sequer se importava mais que ele estava sorrindo muito.

Eles conversaram até tarde da noite e Kyungsoo estava feliz que ele não tinha palestras de manhã, porque descobrir Kim Jongin acabou de se tornar a coisa mais significante em sua vida agora.

 

----------

 

"Eu me diverti bastante." Kyungsoo disse enquanto entregava o capacete emprestado de volta para o outro garoto, seus dedos encostando nos longos de Jongin acidentalmente de propósito.

"Eu também. E olha! Eu nem sequer despejei o seu corpo morto em um depósito abandonado." Jongin revirou os olhos e Kyungsoo riu. Eles estavam de pé na calçada em frente da casa de dois andares de Kyungsoo no subúrbio da classe média em Geraldton. Quando Jongin trocou seus pés e moveu a cabeça ligeiramente, a luz dos postes de rua deixaram o piercing de seu lábio realçado. Os olhos de Kyungsoo foram irresistivelmente atraídos para o pedaço de metal fino e curvado emergente da pele de Jongin. Na verdade, ele tinha encarado ele durante a maior parte da noite, porém tinha,de alguma forma,se esquivado de perguntar ao outro garoto sobre isso. Mas agora, agora ele precisava perguntar. Delicada e hesitantemente, Kyungsoo tocou o piercing, "Dói?"

"Doeu pra cace-, quero dizer, doeu muito quando eu tinha acabado de fazer. Mas foi só isso."

"Está tudo bem, você sabe, falar palavrão na minha frente. Meus amigos fazem isso o tempo todo. Eu mesmo falo palavrão... bem, de vez em quando. Como se chama isso e por que é preto? Não deveria ser de prata?" Seu dedo traçou a perfuração de metal escuro que se projetava no canto esquerdo da boca de Jongin, e Jongin teve que se segurar para não agarrar a mão de Kyungsoo e o fazer parar. Seus lábios e a pele igualmente sensível ao redor de sua boca estavam formigando em antecipação com as  explorações suaves de Kyungsoo.

"É uma barra circular, e é preto porque é de titânio."

"Eu nunca vi uma barra tão pequena antes." Kyungsoo disse em admiração e Jongin estava prestes a fazer algum comentário sarcástico sobre como não era esse tipo de barra, mas, em seguida, o dedo de Kyungsoo estava tocando o piercing e a pele ao redor dele e Jongin descobriu que não conseguia respirar.

"Você não deveria fazer isso."

"Por que não?"

"É porque ... Isso me da vontade de te beijar."

"Por que você não beija?"

"O quê?" Voz e os olhos de Jongin estavam cheios de perplexidade.

"Por que você não me beija? Eu realmente gostaria que você beijasse, Jongin."

"O quê?" Então, enquanto Jongin lutava para superar seu choque e dizer algo mais inteligente do que 'o quê?', Kyungsoo se ergueu e cobriu os lábios de Jongin com os seus em um beijo que era inocente, porém firme. No passado, beijar tinha sido algo que Jongin tolerava mais do que gostava. Era um ato que ele considerava muito pessoal e  sempre tinha evitado o tanto quanto podia. Mas ao contrário dos beijos no passado, o beijo de Kyungsoo o havia deixado querendo mais.

"Kyungsoo?" Cada célula do corpo de Jongin o estavam  impulsionando para segurar o outro menino em seus braços e beijá-lo, mas ele apenas se manteve muito parado, à espera de Kyungsoo para decidir o que aconteceria em seguida.

"Você tem uma fenda, Jongin. Tem uma fissura no seu queixo." Kyungsoo disse com admiração; e a ponta do dedo acariciava os  contornos pouco antes de ele ficar na ponta dos pés, colocar seu braço ao redor da nuca Jongin e puxa-lo em sua direção. Seus olhos fecharam apenas uma fração de segundo antes que os lábios deles se encontrassem em um beijo ardente que acelerou seus pulsos e disparou os corações. A palma de Jongin descansou na cintura de Kyungsoo e o puxou ainda mais perto enquanto aprofundava o beijo e sussurrou: "Eu nunca esperei isso ..."

"Nem eu." Kyungsoo riu entre beijos. "Mas eu preciso ir em breve, porque minha mãe tem sono leve e ela é muito intrometida. Eu realmente não quero que ela nos veja beijando. Ela vai começar a piscar a luz da varanda e quando eu finalmente entrar , ela vai me interrogar durante pelo menos 20 minutos e eu simplesmente não posso agora. "

"Ok." A resposta de uma palavra era tudo que Jongin conseguia pensar agora enquanto lutava com tudo o que estava sentindo, tudo o que ele não queria estar sentindo.

"Mas talvez," Kyungsoo se moveu dentro do espaço pessoal de Jongin e disse timidamente: "Só mais um." Em seguida, ele iniciou um último beijo que deixou Jongin mais do que um pouco abalado. Quando Kyungsoo estava se virando para ir, Jongin empurrou seu orgulho para o lado, agarrou seu cotovelo, e perguntou  seu número de telefone. Ele não era burro. Não ia esperar até a próxima quinta-feira para estar com Kyungsoo novamente. Depois que eles trocaram números, Kyungsoo apertou a mão de Jongin e melancolicamente disse que realmente tinha que ir. Jongin assentiu em silêncio , tentando o seu melhor não parecer muito desapontado. Kyungsoo estava na metade do gramado antes de parar e se virar. Dando Jongin um sorriso enigmático, ele disse, "É frio."

"Frio?"

"O seu piercing. Ele é gelado. Eu gosto disso." Kyungsoo sorriu e, em seguida, continuou sua jornada até a porta da frente de sua casa enquanto Jongin ficou lá e o assistiu ir, em uma perda total e absoluta de palavras.

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