Capítulo 5
TelepatiaHyoyeon chega em casa cansada, derrotada, mas um chamado da cozinha faz com que pare com o pé no primeiro degrau da escada. “Hyoyeon, venha cá.” O pai chamava. Já fazia um bom tempo que não falava com os pais. A mente quase sempre bloqueada, o medo de ter as coisas de Taeyeon doadas a qualquer minuto. Desce o degrau, cansada até mesmo para resistir à conversa que se seguiria e dá passos lentos até a sala de jantar onde espera sem nada dizer.
Toda a postura do pai era tensa, sentado à ponta da mesa e segurando firmemente o garfo e a faca com que comia alguma espécie de macarronada quase intocada. A mãe, de avental, virava-se pela cozinha intencionalmente evitando olhar para a filha e Hyoyeon entendeu que ela apoiava qualquer coisa que iria ser dita ali. Respirou fundo, essa não seria apenas mais uma daquelas conversas sobre seu bem-estar.
“Me mostre a sua bolsa.” Hyoyeon foi pega pelo choque, permaneceu parada com a bolsa pendendendo de um dos ombros sem querer se aproximar ou obedecer à ordem. Aquilo era sério, bloqueia a mente. “Me mostre a bolsa, Hyoyeon.” A potência do campo de pensamento do pai se torna mais forte, e ao novamente não encontrar reação passa a destruir a barreira que Hyoyeon tentara construir. Ela era forte, mas o pai com raiva era difícil de barrar.
Logo a imagem do livro surgiu, desprotegida, em sua mente. Fonética. E para sua surpresa o pai sabia o que era. “Está metida em coisas de sensoriais?” Pergunta, os punhos fechados sobre a mesa e a expressão mais rígida que Hyoyeon vira em vida. “A escola nos ligou hoje de manhã. Disse que você vive na biblioteca agora pesquisando sobre esses assuntos, com que propósito, Hyoyeon?”
“Entender minha irmã, talvez?” Tenta, uma pequena dor surgindo no peito e uma grande ponta de sarcasmo na voz. “Não me venha com ironias! Quer jogar seu futuro fora? Andar pra trás? Trocar nossa cultura por uma ultrapassada e sem chances de sobreviver no mundo real? Sua irmã morreu, Hyoyeon! Isso não vai trazê-la de volta!”
Hyoyeon estava à beira das lágrimas que não permitiria deixar cair. “Taeyeon não era a única sensorial nesse mundo.”
“Então o que? Vai se misturar com os outros? Regredir? São quase animais, Hyoyeon, agem por instinto! Seus meios de sociabilização são primitivos! Sua irmã só não era assim porque nós tentamos educá-la o máximo possível.”
Aquela era uma ironia, pensou Hyoyeon, encobrindo o pensamento em um momento de distração do pai. Ela era quase a única a tentar ensiná-la nos últimos anos.
“Você vai parar com essas coisas por bem ou por mal. Eu quero ver esse livro e outros que possa ter em cima dessa mesa agora mesmo. Amanhã vou mandar desfazer aquele quarto, não faz bem se apegar ao que já foi Hyoyeon. Você tem que aprender a seguir em frente e não se apegar a um defeito que sua irmã tinha.”
Ele coloca um garfo de comida na boca furiosamente. A mãe parara segurando o avental com uma expressão aflita, encarando-a. Ele para, “Então? Estou esperando os livros aqui.” Aponta a mesa com raiva.
Hyoyeon se bloqueia, agarra a alça da mochila, corre para fora de casa ignorando os chamados raivosos de volta. Ela precisava de um plano.
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Quando Yuri abre a porta ela vê à sua frente uma Hyoyeon quase sem fôlego, a pele suada. Pisca duas vezes antes de cair a ficha. “Hyoyeon! Eis que ela ressurge do submundo dos livros. Achei que já tinha se metamorfoseado em um, estava prestes a ir te procurar nas prateleiras! Por onde se enfiou?”
“Eu preciso de um trailer.” Hyoyeon se apressa em dizer.
“Você precisa de um trailer.” Yuri repete tentando confirmar o que lêra.
“Preciso do seu trailer de família.”
“Você precisa do meu trailer de família?” Yuri reforça, apontando para si mesma.
“E se possível sua caminhonete pra me ajudar numa mudança.”
“Você precisa da minha caminhonete para te ajudar numa mudança pro meu trailer de família?”
“Você pode fazer isso por mim?”
“Claro, como não? Mais alguma coisa? Algum contrato para possuir minha alma?”
“Não temos tempo.”
Hyoyeon dá as costas da porta da casa de Yuri esperando que a morena a seguisse. Esta está estupefata. “Ela realmente pensou nisso?”
Yuri fecha a porta da casa e tenta acompanhar o passo de Hyoyeon, já indo em direção à sua caminhonete. “Eu não tenho licença ainda, sabe?”
Hyoyeon para quase fazendo Yuri chocar-se com ela. “Você não estava fazendo os testes?”
Yuri dá um sorriso embaraçoso. “Digamos que eles acharam meu modo de dirigir muito... radical.”
Hyoyeon tem uma visão na mente de Yuri do que foi o desastroso teste. Quase atropelou um dos professores. “Deus...” Volta a andar. “Eu tenho licença.”
“Ah, muito bem. Já pensou em tudo. Eu que ainda estou acompanhando…” Murmura ao final, ainda sorridente, tomando o cuidado para colocar o cinto de segurança. Hyoyeon a encara usando o cinto de cima a baixo. “Pensei que gostasse de adrenalina.”
“Gosto, só não gosto da morte.”
E Hyoyeon prova que Yuri estava certa em cuidar-se porque arrancou da porta de casa com muito pouco de sensibilidade. “Devagar cowboy,” pede Yuri, agarrando-se ao cinto “se eu não levar essa caminhonete inteira de volta pra casa minha história será ‘Uma vez, Yuri...”
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A porta da caminhonete bate sem delicadeza após igual freada em frente à casa. “Não se incomode em tentar bloquear sua mente. Meu pai tem mente ainda mais forte que a minha.” Hyoyeon anuncia, indo à frente, a raiva fazendo com que seus passos pudessem abrir buracos no chão. “Eu sei disso.” Yuri murmura. “Como quando você e eu estávamos...” Yuri bloqueia o pensamento quando vê Hyoyeon voltar-se com um olhar ameaçador. “Ok, ok. Aquela história está enterrada, certo? Como você disse.” Suspira aliviada quando após alguns segundos Hyoyeon volta a dar as costas em direção à casa. Segue-a, como um escravo que não tem opção senão seguir seu mestre para a guerra.
Assim que Hyoyeon deu entrada na casa, o pai, sentado em uma poltrona com a complexão cansada e um cigarro na mão, rapidamente apertou-o entre os dedos quando leu na mente da filha o que pretendia fazer. Levanta-se da poltrona em fúria, os olhos ainda vermelhos do estresse recente que agora toma forma mais intensa. “Você não vai sair dessa casa!”
“Farei 18 em dois dias. Qualquer processo que tente mover para me ter de volta será ineficiente. Eu vou sair dessa casa quer você queira, quer não.” Hyoyeon sobe as escadas e Yuri a acompanha. A morena prefere não ler as mensagens trocadas entre os membros daquela família, julgou que não tinha nada a ver com isso. Apenas segue a melhor amiga até o quarto preservado quase do mesmo jeito d
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