Capítulo 3
TelepatiaHoras depois Hyoyeon se encontrava novamente na biblioteca da escola. Não queria pensar nas palavras de Yuri, não queria brincar com a memória de Taeyeon ou transformá-la em qualquer experimento. Busca com afinco livros sobre sensoriais na biblioteca, todo o esforço só não fôra totalmente em vão por ter conseguido encontrar um livro além dos dois que ela já havia lido quando Taeyeon ainda estava com ela.
Retira-o da estante, suspirando pesadamente. O livro era tão fino que ela provavelmente terminaria em vinte minutos. Sente um olhar, aquele olhar novamente perto dela. Desde que entrara na biblioteca tinha a sensação de estar sendo observada em sua busca de títulos sobre sensoriais. Não se preocupou em bloquear a mente, não estava fazendo qualquer coisa de proibido e todos na escola sabiam sua situação, mas aquilo a estava irritando. Ela sentia alguém em seu campo e não via quem.
Olhou ao redor não vendo ninguém e dessa vez bloqueou a mente, acrescentando o livro menor aos outros dois que pegara para reler e procurando uma mesa. Lá estava, mais forte, a sensação. Levanta rápido a cabeça avistando uma garota, alta e morena, de olhos fixos nela. Não consegue lê-la, devia ter imaginado que a outra estivesse também com a mente bloqueada, mas ainda pode sentir sua energia de modo que sabia que havia alguém por perto.
O olhar da morena não era ameaçador, no entanto. Não tinha más intenções ou críticas. Talvez uma curiosidade, curiosidade esta que Hyoyeon pensou ter visto um pouco de melancolia antes de vê-la dar as costas e voltar ao balcão. Era a aluna recepcionista da biblioteca. Ela havia se permitido ser vista por Hyoyeon? A loura dá alguns passos observando-a se entregar novamente, passivamente, à leitura de algum livro. Pessoa estranha...
Senta em uma das mesas, mais distante mas ainda capaz de ver a morena ao longe. Ela demora, um bocado, realmente absorta no tal livro, mas eventualmente torna a olhar para ela, Hyoyeon, e a loura retribui seu olhar intrigado. Ela parecia... Triste? Mas por que a perseguia?
Um estouro vindo do lado de fora impediu Hyoyeon de continuar suas considerações. Os gritos que vieram em seguida tiveram o poder de arrancar ela e vários alunos de outras mesas até as janelas. Garotos de um lado e de outro se enfrentavam na rua abaixo. “O que é isso?” Pensa.
“Hoje é dia de jogo contra os Diablos. Quase sempre dá briga.” A morena alta explica, tendo chegado perto, e Hyoyeon volta-se para ela encontrando os mesmos olhos passivos cobrindo uma mente que não consegue ler. Hyoyeon não encontra o que dizer, o tumulto lá fora aumentando de modo a fazê-la olhar para a multidão novamente. Do outro lado da rua, no entanto, ela encontra uma pessoa que se destaca daquela agressão toda. Yuri tranquilamente senta no banco com uma perna dobrada e um caderno sobre ela, escrevendo possivelmente notas do que estava observando. A expressão de Hyoyeon é de choque e indignação. Passa pelos outros na biblioteca esquecendo da morena do balcão e desce as escadas pronta para tirar aquela louca do meio da confusão.
“Kwon Yuri!” O chamado faz com que a morena olhe para Hyoyeon brevemente e abra um sorriso antes de voltar às suas anotações. “Que está fazendo?”
“Estudando a violência na escola.” Responde como se fosse tudo muito óbvio e sem tirar os olhos dos socos trocados. “Ai, esse doeu.” Faz uma careta.
“Foi você que provocou isso?” Hyoyeon pergunta abismada.
“Não é impressionante? E eu nem precisei fazer muito, juro.” Prende o lápis entre os lábios em considerações.
“Você vai ser expulsa por isso, Yuri!” Hyoyeon comenta, colocando-se por segurança atrás do banco e cuidando para que ninguém mais além de Yuri pudesse ler sua mente.
“Não expulsa, eles não conseguirão ter provas. Mas talvez suspensa...” Volta-se para Hyoyeon com um ar meio preocupado. “Vai ficar bem sozinha nessa escola por alguns dias?”
Hyoyeon fita-a, repetindo pela enésima vez aquela palavra que parece ter virado sinônimo de Kwon Yuri: Inacreditável.
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“...O estudo portanto comprova que a violência é inerente ao ser humano, ocorrendo manifestações até mesmo em tenra idade. As tentativas de acabar com ela uma vez que ocorre são quase sempre falhas, nosso objetivo deve ser o de reconhecer as fontes que levam ao ato agressivo para que haja sua eliminação. Aconselho portanto a total retirada do esporte em nossas atividades diárias pois indiscutivelmente desperta desejos violentos. Nada melhor para conter tais instintos que dedicarmos mais tempo a sentarmos à sombra de uma árvore curtindo o ócio que deu a Newton a sabedoria sobre a força da gravidade. Ócio é evolução.”
Yuri termina, inclinando-se em agradecimento e parando sobre o tablado da sala de aula com a folha pendendo das mãos unidas à frente do corpo. Seu sorriso escancarado e malicioso contrasta com os rostos boquiabertos e os olhares de espanto da turma. Até a professora, recostada à mesa, esquecera-se de pedir os costumeiros aplausos ao final de uma apresentação e agora retirava os óculos lentamente como se sem eles ela pudesse ver melhor o que acabara de acontecer. Yuri busca Hyoyeon com o olhar, mas a loura tem o rosto ocultado com as mãos em extrema vergonha. A morena dá um sorriso de canto.
“Yuri...” O pensamento surgin
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