Havia um colégio feminino construído há décadas, o prédio possuía muitas salas e corredores, em outro prédio ficavam os dormitórios onde as alunas dormiam tranquilamente, menos sete garotas, amigas, que estudavam na biblioteca tarde da noite. Estavam ali há horas, era ta-feira por volta da 01h00min da madrugada. Hyoyeon fechou seu livro e o jogou sobre a mesa chamando a atenção das outras.

-Estou cansada de estudar – bufou e se levantou indo em direção à janela, do outro lado a chuva forte caia. – Com essa chuva como vamos voltar ao dormitório?

-Não sei, e pelo visto essa chuva vai ser longa. – Yoona que também fechará seu livro andou até o lado da amiga.

-Alguém está com sono? Posso passar a noite toda em claro se quiser – Yuri cruzou as pernas.

-Eu estou com sono – Jessica que dormiu mais do que estudou se pronunciou. – Aliás, eu deveria matar o ser que jogou o livro sobre a mesa. – Olhou para Hyo que apenas deu de ombros.

-Não podemos levar você á sério, Bela Adormecida - Tiffany disse enquanto checava suas unhas.

-É obvio que você está com sono... Como sempre – Yuri cutucou a barriga da outra.

-Unnies, o que vamos fazer então? – Yoona questionou e todas ficaram quietas pensando em algo.

-Não sei, devemos voltar a estudar ou enfrentar a chuva lá fora para ir aos dormitórios? – Sunny perguntou.

-Já ouviram a história desse colégio? – Taeyeon disse sem levantar os olhos de seu livro.

-Que história Taeyeon? – Yoona se sentou no chão.

-Já ouvi alguns boatos sobre alguém que morreu no laboratório ou na sala de arte, sei lá, são apenas lendas – Hyoyeon continuou parada ao lado da janela.

-Na verdade não é uma lenda... Aconteceu mesmo á 40 anos atrás – agora Taeyeon colocou seu livro delicadamente sobre a mesa e se sentou próxima a Yoona – Querem ouvir? Sei a história toda, sei tudo o que aconteceu no decorrer dos anos por aqui.

-Ai credo, não gostamos de histórias de terror – Tiffany e Jessica abraçaram os braços.

-Eu quero ouvir – Sunny se sentou também e logo todas estavam sentadas em roda prestando atenção apenas em Taeyeon – Sempre quis saber dessa história, é tão confusa e se você sabe os detalhes, então, manda a ver.

-Seu nome era Seohyun, ela estudava na sala 2-4 – olhou o espanto das garotas – sim, a mesma sala que nós estudamos, agora voltando... Seohyun tinha os cabelos longos e pretos, era branca e alta, simplesmente linda... Tinha 18 anos quando aconteceu, os diretores e professores daquela época tentaram ocultar todos os fatos sobre isso, ninguém sabe muita coisa, mas eu achei alguns papeis e alguns diários que falavam da morte dela. Foi em 1973...

13 de abril de 1973

“Ontem Sooyoung me ameaçou, eu realmente não entendo porque essa garota me odeia tanto, só porque ela é filha do diretor se acha dona do mundo, o pior de tudo é que temos uma pesquisa para fazer juntas hoje à noite, passei a odiar a professora de história.”

Seohyun escrevia em seu diário, sentada em sua cama, distraída, pensativa, não podia negar, estava apavorada. Sooyoung odiava ser a segunda em tudo e era isso o que acontecia, Seohyun era sempre a primeira, assim ela era odiada pela família Choi inteira.

-Seo? – Hyemi chamou. – Já está pronta?

Seohyun levantou a cabeça, guardou seu diário em sua bolsa e a jogou sobre os ombros.

-Vamos – sorriu calçando seus sapatos.

Foram para o refeitório tomar café da manhã, mas Seohyun não sentia fome alguma, ainda mais por estar sendo observada tão descaradamente por Sooyoung, aquilo a deixava extremamente incomodada.

-O que foi Seo? Dia difícil? – Hyemi pegou uma batata doce e entregou à amiga.

-Difícil? Insuportável e tende a piorar, só piorar – olhou de relance para a outra na mesa do outro lado do refeitório – por que a professora me colocou de dupla com ela? – Suspirou e deu uma mordida em sua batata.

-Eu descobri isso pra você... Parece que foi ordens do diretor Choi, com certeza a girafa pediu pro papai, então, por favor, tome cuidado com essa garota.

-Mas qual o problema dela?

-Você é o problema dela, linda, popular e inteligente, desde que você chegou aqui, roubou todos os postos dela, inclusive fiquei sabendo que o namorado dela terminou com ela porque se apaixonou por você – Hyemi disse alterando a voz. – É o que todas as garotas estão fofocando.

-Eu nem conheço o namorado dela, e aqui não é permitido garotos. – Se defendeu.

-Ele vem aqui escondido, acho que te viu e passou a gostar de você – explicou – de qualquer maneira, Sooyoung deve estar cuspindo fogo. – O sinal bateu.

Elas se levantaram e foram para a sala, às aulas passaram de maneira rápida, exatamente o oposto do que Seohyun desejava, logo o período das aulas havia acabado e ela andava no corredor para se encontrar com a mais velha na biblioteca.

-Ei – ouviu alguém chamar e se virou – garota esquisita me espera.

-Meu nome é Seohyun, Sooyoung você sabe disso. – Disse cruzando os braços.

-Tanto faz, vamos acabar logo com isso. – Empurrou a garota e saiu andando na frente. – Entre – apontou para a porta e assim que as duas já estavam lá dentro ela trancou a porta.

-O que está fazendo? – Seohyun perguntou assustada.

-O que você acha? Escuta garota eu te suportei por muito tempo, mas é inaceitável que uma novata roube tudo o que me pertence.

-Do que você está falando? Eu não roubei nada.

-Sempre bancando a santa – riu – eu era a número um da classe, sempre tinha as notas mais altas, era o orgulho da família, até você aparecer e estragar tudo.

-Desculpa, não era minha intenção – a outra se aproximou e desferiu um tapa em sua face, o local logo ficou vermelho.

-Fica quieta que eu estou falando – a empurrou até prendê-la na parede – Estou com tanta raiva, falo muito sério – tirou um estilete do bolso – o que posso fazer com essa linda e perfeita face? – O encostou sob a pele branca – está com medo?

-Sim, pessoas loucas me dão medo e você deve ter problemas mentais – a raiva era visível entre ambas.

-Como ousa? Garota estupida – passou a lamina em seu pescoço até deixa-la caída no chão e continuou desferindo golpes na mais nova até perceber que...

-Aquele corpo não tinha mais vida – Taeyeon olhou para a cara de espanto das outras que permaneciam quietas – foi aqui nesta biblioteca – olhou procurando o exato lugar - naquele canto – apontou para uma das fileiras – Sooyoung correu até seu pai, e ele a ajudou a ocultar tudo, sabe aquela sala que está sempre trancada? Eles esconderam o corpo dela lá, mas nunca foi encontrado, e também limparam toda a bagunça.

-Como você sabe que é de verdade? Alguém pode ter inventado isso – Jessica disse séria.

-Bom, a história só veio à tona depois que Sooyoung morreu misteriosamente, seu rosto ficou todo desfigurado, coincidência ou não ela morreu em uma ta-feira 13 em julho do mesmo ano, o pai da garota ficou louco achando que seria o próximo alegando que via o fantasma da garota, ele foi apenas afastado do colégio, mas morreu antes que pudesse sair realmente daqui e adivinhem? Isso também foi em uma ta-feira 13. E varias mortes aconteceram em dias como hoje.

-Você só pode estar brincando – Yuri se levantou e Taeyeon a seguiu arregalando os olhos, mas tentando manter a calma.

-O que foi? Tudo bem? Taeyeon – Tiifany abraçou a outra que continuava na mesma posição.

-Eu a vi, eu a ouvi e ela me levou até todas essas informações, alias nunca estive tão assustada, ela é horrível, com todas aquelas cicatrizes ainda abertas, toda suja de sangue e aquele cheiro – balançou a cabeça enquanto as outras arregalaram os olhos surpresas - sei onde está seu corpo, alias, seus restos mortais, mas não acho que ela queira que alguém o encontre – abaixou o olhar e sorriu fracamente. – Acho melhor voltarmos para o dormitório, já está bem tarde e a chuva deu uma trégua.

Todas se levantaram quietas e foram para seus respectivos quartos, foi realmente difícil pegar no sono, a história de Seohyun assombravam suas mentes as deixando inquietas. Taeyeon voltou à biblioteca e encarou o que seria o nada.

-Você não vai me deixar em paz né? Já fiz o que você mandou, contei a elas sua história e voltei aqui pra te ver novamente, achei que você fosse machucar a Yuri, o que estava fazendo atrás dela? E o que mais espera de mim? – Perguntou. – Você não vai me responder? – A figura pálida apenas balançou a cabeça negando – Eu... Eu sou a próxima não é?

-Exato – ela sussurrou, sua voz deixava Taeyeon arrepiada.

-Por que faz isso? Você já morreu há tanto tempo, o que ganha fazendo isso?

-Eu sei disso... Mas você não encontrou a lógica? Tantas pessoas que eu mato somem e não são encontradas então são dadas como pessoas desaparecidas ou cometeram ’suicídio’, isso acontece o tempo todo por aqui, mas vocês, alunos, nunca perceberam isso e assim se mantém meu ciclo... Esse colégio não pode ter número 1, se eu morri por isso então, você e qualquer outra pessoa não podem ser a número 1 também, esse posto me pertence. E o que eu ganho? Bom, quando matei Sooyoung fiz questão de caprichar, e acredite, foi prazeroso, igualmente com seu pai, já as outras pessoas como você, eu apenas sentia raiva. - A voz de Seohyun era acompanhada de ruídos e sussurros, como se não fosse apenas ela falando.

-É a coisa mais estupida que já ouvi – Taeyeon disse encarando a figura, agora, talvez, um pouco menos assustada - você passou longos 40 anos fazendo isso.

-Eu sei, e concordo que é estupido, mas eu fui morta por nada, isso também é estupido. – Foi se aproximando – Agora chega de falar, é sua vez querida e eu sei que você deixou avisado para suas amigas nunca serem a número 1, inteligente você, sacou tudo e preferiu ficar quieta. - Estralou os dedos e só então Taeyeon pode perceber o quanto suas unhas eram grandes e estranhamente sombrias, não podia imaginar uma unha daquela maneira nem em seus piores pesadelos.

-Para, por favor não faz isso – Taeyeon começou a se sentir sufocada, um cheiro de podridão, o mesmo que sentirá todas as vezes que o fantasma se aproximava, ficava cada vez mais forte. – Eu só não quero que você machuque elas. Aposto que não ia querer que machucassem sua amiga Hyemi.

-Você não tem escolha, e não fale da minha amiga... Agora tenho uma pergunta... Acha que eu sou maluca? – Perguntou.

-S-sim – respondeu.

-Resposta errada! – Gritou e mesmo sem estar tão próxima, a tortura que fazia Taeyeon sentir era algo inacreditável, a dor era lancinante e mesmo que tentasse correr, não era possível, estava presa ali o frio que sentia a congelava até a alma, não conseguia nem ao menos gritar, e antes que as lágrimas escorressem a face, como de todas as outras vezes, tudo acabou ali.

No outro dia as garotas procuraram Taeyeon por cada parte daquele colégio, mas apenas encontraram os papéis e os diários que a mesma falara e também encontraram algumas anotações, elas não ousaram ser a primeira da classe ou do colégio, e graças a ela encontraram todos os corpos, inclusive o da própria Taeyeon, o colégio iria ser fechado e a maldição acabará ali, pelo menos elas achavam que sim.