Os nós de seus dedos estavam brancos com a força que pressionava as bordas do laptop, os olhos escuros semicerrados fuzilavam a imagem congelada do vídeo que havia acabado de assistir.

Zelo com os braços circundando a sua namorada de maneira desajeitada e com o olhar envergonhado no rosto sorridente de sua garota. Quem olhasse para Bang iria pensar uma coisa inegável: ele estava puto. Fodidamente puto.

Zelo era seu dongsaeng e a coisa mais próxima de um irmão caçula para Bang, mas o desejo ardente de quebrar o nariz dele nublava qualquer pensamento lógico na cabeça do mais velho. E ouvir uma batida na porta seguida pela a voz acanhada de seu dongsaeng só fez piorar a raiva de Bang.

“H-hyung?”

Antes que desse conta do que aconteceu, Zelo se encontrava fortemente pressionado contra a parede e com a expressão mais assustada que dirigiu a Bang em todos esses anos, mais assustado do que quando o viu pela a primeira vez. Tinha a gola de sua regata folgada embolada entre os punhos fechados de um ameaçadoramente sério Bang Yongguk.

“Então é assim que você respeita seu hyung, Junhong?” A voz cortante e grave de Guk provocou arrepios em Zelo, um frio subindo a espinha do mais novo. “Acha mesmo que pode fazer o quê quiser, seu moleque?”

O medo e a pressão esmagadora em seu peito magro emudeceu o jovem rapper, seus olhos ardiam com as lágrimas quentes pelo o pavor que ameaçavam escorrer pelas bochechas fogueadas com a falta de ar. As mãos grandes e fracas tentaram forçar Bang a se afastar pelos ombros do mesmo, um ofego estrangulado escapando dos lábios secos. O som sofrido trouxe a sanidade de volta à Bang num baque, fazendo que ele o soltasse como tivesse levado um choque e pode sentir uma sensação forte de náusea – nojo de si– o consumindo até a boca do estômago.

Zelo sentiu os joelhos sucumbirem ao esforço de se manter em pé e escorreu lentamente contra a parede até se encontrar esparramado no chão do dormitório, os pulmões em brasa trabalhavam dobrado para receberem todo o oxigênio que o aperto de ferro do mais velho expulsou deles.

“Porra, me desculpa. Por favor me diz, Junhonggie, você tá bem? Eu te machuquei muito? ” Bang se agachou e colocou a cabeça do mais novo cuidadosamente entre as mãos, remorso e ódio de si apertando seu peito ao ver os rastros brilhantes das lágrimas recém derramadas no rosto bonito de seu dongsaeng.

“T-tudo bem, hyung.” Tomou outro gole precioso de ar, sentindo uma ardência assaltar sua garganta. “Você apenas me assustou, s-só isso.”

Os olhos claros e úmidos disparavam furiosamente para evitar olhar seu rosto enquanto seu lábio inferior tremia, Guk pode notar com o ódio sobre si crescendo ainda mais. Aquele garoto que havia atacado tão friamente era Junhong, seu dongsaeng favorito e quem jurou proteger no momento que o conheceu. Docemente, moveu uma das mãos para o queixo do mais novo e ergueu o rosto já pálido dele.

“Junhonggie, olhe pra mim.” Sua voz era gentil e o mesmo fixou os olhos alarmados nos de Bang. “Me perdoe por isso, como seu hyung, eu realmente peço desculpas por ter agido assim.”

Zelo sentiu as lágrimas voltarem, mas com um sentimento de alívio o invadindo e nada falou além de um suave “h-hyung” antes de enterrar o rosto no ombro de Guk; assentindo freneticamente com a cabeça ao abraçar o corpo relaxado do mesmo. Um sorriso aliviado se esticou nos lábios cheios do mais velho antes de beijar o topo da cabeça cor de rosa em seu ombro, suas mãos acarinhando as costas trêmulas de Junhong.

Após minutos que pareciam horas, ambos rappers decidiram partir o abraço e um silêncio acanhado caiu sobre eles enquanto procuravam o que dizer. E de uma maneira tão rápida que só aquele talentoso rapper poderia cuspir uma frase de modo tão ritmado, Zelo foi direto ao assunto.

“SongnoonaachaqueGukhyungperdeuointeressenela.”

Os olhos de Guk se arregalaram e soltou um grunhido desentendido ao olhar para o mais novo com nada além de pura confusão sobre o bolo de palavras que acabou de ouvir.

“Song noona acha que Guk hyung perdeu o interesse nela.” Repetiu em uma velocidade compreensível dessa vez, o olhar sério na expressão agora incrédula do outro. “Ela pediu para a coreografa ‘apimentar’ a nossa dança e eu quis logo saber o por que disso e a noona me disse e posso repetir para o hyung: ‘quero ver se o babo do Bang vai continuar me ignorando depois de me ver com outro cara.’”

Yongguk sempre foi muito respeitoso em relação a garotas e principalmente em relação a suas namoradas, mas não pode evitar de soltar a seguinte frase num tom mais similar a um rosnado.

“Então aquela putinha convencida andando pensando isso de mim?”

Ignorando o olhar reprovador de seu dongsaeng, Guk foi logo atrás de seu celular ao lado da cama e socou as teclas da tela ao escrever e enviar sua mensagem com um baque perigosamente alto contra o vidro delicado da tela.

“Precisamos nos falar o mais rápido possível, apareça no meu dormitório ou irei até o seu pouco me fodendo se as outras vão reclamar. Não me faça esperar, Jieun.”