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"It's your fault, come back to me baby"

        Raios de sol brilhavam, atravessando a fina cortina branca, fazendo a cor refletir e clarear o quarto. Jongin olhava a paisagem pela janela, mas sua mente voltava há horas atrás para a discussão que teve com seu até então namorado, não sabia como ficariam depois do que passaram. Desde que conheceu Sehun, sempre foi um tanto protetor com ele, talvez por ser mais velho, por ser inexperiente com relações amorosas ou por simplesmente ser cabeça dura demais.

        A razão para a discussão foi a mais trivial possível: ciúmes. Na manhã daquele dia, Jongin havia chegado ao estúdio de dança e se deparado com Sehun e Yixing ensaindo. Yixing é um ex-namorado de Sehun, os três fazem parte do mesmo grupo de dança há anos, mas Jongin não conseguia conceber a ideia de Sehun e algum ex num mesmo espaço, sozinhos. Sehun sabia do ciúme de Jongin, mesmo que esse durasse míseros minutos e o moreno pensasse que o mais novo não reparasse nos olhares lançados a qualquer um observando-o. Ele conhecia o mais velho desde o jardim de infância, quando só se preocupavam em chorar ou comer cola e outras coisas não saudáveis. Os dois passaram a infância e uma parte da triste fase que é a pré-adolescência juntos, até que eventualmente a família do mais velho mudou de cidade e entre choros, lembranças e promessas de que nunca se esqueceriam um do outro e logo se encontrariam logo, Sehun passou mais de 7 anos sem ver seu melhor amigo, a não ser pelas raras visitas durante as férias e feriados.

         Voltaram a se encontrar no primeiro ano de faculdade, Jongin com 20 anos e Sehun com seus 19 recém-completos, os dois cursando dança contemporânea na mesma instituição, em turmas diferentes. Após um ano se esbarrando em corredores e festas nos dormitórios e bares, Sehun teve a coragem - ou cara de pau - de chamar Jongin para um encontro. Depois de algumas, ou muitas, bebidas, tudo o que conseguiam ver eram um ao outro, quase 10 anos de saudade e uma atração que se fazia presente há alguns meses. Até hoje os dois tentam lembrar quem fez a primeira confissão, quando foi o primeiro beijo ou a primeira noite juntos nos dois anos de namoro.

         Dentre esses dois anos, o ciúme por parte de Jongin era algo quase palpável, já Sehun poderia ser considerado um ser alheio aos olhares lançados ao moreno, se esses não fossem óbvios demais. No fim, Jongin sabia onde encontrar Sehun e o que fazer para ser perdoado, buscando enterrar tudo dito anteriormente em algum desses momentos. Hoje não parecia diferente, mas Sehun conseguiu mexer mais do que o normal com a mente do namorado, pode-se dizer que foi uma das brigas mais intensas dos dois, visto que Sehun conseguira lembrar quase todos os ataques de ciúme do mais velho, desde o primeiro ano juntos até o acontecido daquela manhã.

         Jongin colocava a culpa em Sehun, em seu sorriso, no jeito que andava, em como dançava, na sua pele e nas tatuagens que a cobriam - essas responsáveis pela menor porcentagem da atenção, de acordo com o Kim -, nos seus gestos exagerados e até no modo como ficava sério ou contemplando o nada, na sua fala e na sua voz, no jeito como ria e em como seus olhos brilhavam na luz do sol. Além dos atributos físicos, o moreno punha a culpa no mais novo por ser tão belo interiormente também, cada vez que expunha seus sentimentos, Jongin ficava maravilhado, humildemente falando. Quando Sehun se mostrava preocupado com os outros ao seu redor e o modo como percebia ações ou detalhes ínfimos era demasiado belo aos olhos do mais velho.

         Kim sentia que não deveria deixar Sehun escapar assim tão facilmente.

       Sabia onde o outro poderia estar após ter saído do dormitório deixando as coisas para trás depois do ensaio do dia, inclusive o celular. Imerso em pensamentos e tentando formular desculpas, por consequência da situação não conseguindo, seguiu ao dormitório de um dos amigos de classe do mais novo. Após bater quase desesperadamente na porta, viu que acertou ao ver Sehun de relance quando a porta foi aberta. Estranhou não ter sido expulso e sim convidado para entrar pelo próprio Sehun, após o mesmo ter o visto, enquanto o amigo do loiro saia dizendo que estaria no quarto a frente.

       Entre suspiros e olhares hesitantes, Jongin sentou-se no chão em frente ao mais novo. Nenhuma desculpa estaria à altura do erro que ele sabia ter cometido, então decidiu por falar a razão de querer ter os olhos do mais novo voltados só para si, tê-lo perto o maior tempo possível, como o brilho daquelas orbes castamhas ao ver Jongin pareciam a oitava maravilha do mundo. O Kim buscou expressar tudo que sentia com cada ação feita por Sehun, desde o jeito de dançar ao modo como ele parecia tão certo falando o nome do mais velho carinhosamente.

"É sua culpa eu sentir meu coração bater mais rápido cada vez que olho em seus olhos ou a cada beijo. Por favor, volta."

       Sehun achava que nem após mil pedidos de desculpa ele aceitaria Jongin de volta, mas ao saber que o moreno sentia-se exatamente como ele - ao ver o mais velho rindo ou empolgado com algo, ao esperar o tempo que fosse para encontra-lo e receber um sorriso do mesmo, via nele a felicidade que lhe faltava -, não houve mais dúvidas sobre o que sentia em relação ao outro. Talvez fosse novo demais para sentir-se assim, com borboletas no estômago, coração prestes a sair pela boca e um tanto perdido na presença do Kim, mas danem-se os números ou os pensamentos negativos.

       O sorriso que aos poucos surgiu no rosto do loiro fez o coração de Jongin dar pulos dentro do peito, como se fosse possível descompassar mais ainda os batimentos, e consequentemente dizer o que vinha pensando desde realizar o quanto o mais novo fazia falta no seu dia e permeava constantemente seus pensamentos.

"Eu te amo."

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