Baekhyun não poderia desejar ser um garoto mais feliz do que já era, do que vinha sendo pelos últimos dois anos. Sua vida na escola não mudara drasticamente, mas certamente não era como antes, quando ele se esgueirava pelos corredores evitando - tanto quanto podia - ter contato com os outros.

Seu círculo de amizade não mais se limitava a Kyungsoo, e agora contava com alguns membros do time de basquete - Jongin, Yifan, Zitao, Yixing, Sehun e Luhan -, além Junmyeon, Jongdae e Minseok, do clube do livro - do qual decidira fazer parte no ano anterior. E, claro, havia Chanyeol, seu gigante e estabanado namorado.

Não fora nada difícil se acostumar com aquele “título” e nem mesmo seus pais se opuseram, quando ele decidiu revelar sua orientação ual e seu novo status de relacionamento, algumas semanas depois que Chanyeol lhe fizera o pedido.

Levou algum tempo para que o jovem Byun se soltasse mais e deixasse de corar com uma frequência ridiculamente alta, todavia o namorado sempre fora paciente e atencioso, julgando absurdamente fofas as suas demonstrações de pureza.

Não era como se Chanyeol fosse alguém experiente e absolutamente autoconfiante também, contudo estava totalmente seguro de seus sentimentos e seguia amadurecendo junto ao menor.

Gostava de levá-lo para passear; de ir ao parque de diversões, a feiras culturais ou ao cinema com ele; dava-lhe flores, pelúcias e livros; acompanhava-o em suas maratonas de filmes e séries, sempre segurando sua mão, abraçando seu corpo pequeno e o beijando com carinho dedicado.

Tinha chegado o momento em que a timidez cedera a toques leves no corpo um do outro, as peles se afogueado pelo desejo recém experimentado. Com o tempo, as sensações foram evoluindo e o rubor dos rostos não ocultava a curiosidade, a necessidade de sentir mais.

Era uma tarde de domingo, perto do fim do verão, quando se amaram pela primeira vez; era véspera do aniversário de dezessete anos de Chanyeol e ambos estavam um tanto nervosos e atrapalhados, paixão e hormônios à flor da pele.

Foi meio ridículo e digno de risos pelos momentos em que palavras sumiam sem completar uma frase ou que eles não sabiam o que fazer; e, ao mesmo tempo, foi sensacional e indescritível. Não somente dor e prazer haviam sido compartilhados, mas também entrega e devotamento, eles partilharam amor enquanto se tornavam um.

Muitos outros momentos especiais vieram, desde então, todos com suas particularidades, que os tornavam igualmente importantes e distintamente memoráveis.

Agora, mesmo acostumados, não se cansavam nem enjoavam da companhia um do outro. Além das coisas bobas e triviais, dos diálogos secretos e apaixonados, versavam também sobre a vida, sobre o futuro e a faculdade que fariam. Chanyeol ainda estava indeciso entre psicologia e TI, enquanto Baekhyun se mantinha fiel ao sonho de infância de ser veterinário.

Gostavam ainda de sair com os amigos, todavia apreciavam ainda mais os momentos a sós, quando podiam se curtir mais à vontade. Nesse fim de semana, por exemplo, tinham ido assistir a um jogo de futebol de Luhan e Minseok junto com Jongdae, Sehun, Jongin e Kyungsoo. Reuniram-se aos demais no shopping, mais tarde, onde almoçaram, riram e passearam.

A noite, porém, reservaram para a sua sagrada maratona de The Walking Dead, somente os dois.  Era a terceira vez que assistiam e, mesmo assim, Baekhyun ainda se comovia profundamente com o momento em que Beth dá o último abraço em Noah e depois é morta acidentalmente por Dawn. Mesmo que ele a detestasse no início, a garota passara a ser uma de suas personagens preferidas e vê-la morrer sempre trazia pequenas lágrimas aos seus olhos.

Chanyeol, como sempre, mantinha-se atento ao namorado, oferecendo-lhe chocolate e beijinhos para devolver-lhe o bom humor. Aquilo felizmente funcionava muito bem e lhes permitia continuar assistindo a série.

― Definitivamente, se houvesse um apocalipse zumbi, e seria dos primeiros a morrer ― Baekhyun comentou, instantes depois, quando uma nova cena de perseguição tomava a tela de sua televisão, e virou um sache de pastilhas de chocolate na boca.

― Então a gente devia se casar ― Chanyeol respondeu e, em seguida, se mobilizou para ajudar o namorado, que engasgara com as pastilhas e repentinamente começou a tossir. ― Você está bem?

― O-o que disse? ― o menor pronunciou com certa dificuldade após desengasgar, mal sentindo a mão alheia se movendo em círculos em suas costas.

― Perguntei se você está bem.

― Não isso ― Baekhyun rebateu um tanto afoito, sentindo em seu rosto o calor típico do rubor. ― O que você disso antes, sobre nós...

― Ah! ― Park exclamou ao compreender. ― Eu disse que devíamos nos casar. Sabe como é... para o caso de ter um apocalipse zumbi... ― respondeu, ganhando em troca uma expressão tão confusa, quanto incrédula.

― O que uma coisa tem a ver coma outra, Chanyeol?

― Tem tudo! ― o maior pronunciou com tom de obviedade. ― Se a gente se casar, vamos poder estar sempre juntos e, então, se a nossa cidade de repente for invadida por zumbis, eu vou estar com você e poderei te defender.

Eles se encararam por alguns segundos - que só não foram completamente silenciosos por conta da série ainda em andamento. Entretanto, a seriedade de Chanyeol não durou muito tempo e sua gargalhada ressoou alto pelo quarto.

Baekhyun bufou e desviou o olhar novamente para a televisão, deixando a risada alheia abafar a pulsação que sentia em seus ouvidos, seu coração a ponto de saltar do peito. Por um breve e louco instante ele pensara que... Não, claro que não...

― Eu estava brincando ― o Park voltou a se recostar na cabeceira da cama do namorado, puxando-o novamente para seu abraço, tão logo acalmou o riso.

― Eu percebi... ― Baekhyun murmurou, seus olhos ainda fixos às imagens na tela.

― Mas só na parte do apocalipse zumbi ― Chanyeol completou sua fala anterior, sentindo o outro ficar levemente tenso em seus braços.

― O que você quer dizer? ― o menor indagou, o nervosismo retornando quando os lábios cheinhos roçaram em sua orelha.

― Que eu quero me casar com você ― sussurrou com confiança, notando um tremor que precedeu um arfar do Byun.

― Chanyeol...

― Eu sei ― interrompeu, já imaginando o que o outro diria, e pegou o rosto dele entre as mãos para que seus olhares se encontrassem. Tinha pensado bem sobre aquilo e estava certo do que queria. ― Eu sei que ainda somos muito jovens; que ainda temos que terminar a escola e ir para a faculdade; que temos todo o futuro pela frente. Nós não precisamos fazer isso exatamente agora, podemos esperar, sei lá, para depois da graduação. Eu só quero assumir esse compromisso com você, aqui e agora, porque eu te amo e sei que é com você que eu quero passar o resto da minha vida.

Baekhyun estava completamente paralisado, sem saber o que dizer ou como agir. Seu coração pulsava ainda mais rápido e forte do que antes. Sentia que era difícil respirar, o que não melhorou em nada quando Chanyeol deslizou uma das mãos até o bolso do casaco e retirou dali uma pequena caixinha.

As mãos do menor saltaram para cobrir a boca, enquanto lágrimas teimosas se acumularam rapidamente em seus olhos e ele não conseguiu evitar que elas caíssem quando o namorado ergueu a tampinha, revelando um par de alianças prateadas.

Eram simultaneamente simples e belas, com leves entalhes intrincados na superfície externa e, na parte interna, ladeado por corações, havia o apelido bobo que eles tinham ganhado dos amigos. ChanBaek.

― E então, Baek... ― Chanyeol tornou a falar, sua voz entregando o seu nervosismo ao falhar brevemente. ― Você quer se casar comigo?

A despeito das lágrimas, do rosto afogueado, da respiração falha ou das batidas incertas de seu coração, o menor se esticou para a frente e selou seus lábios aos do namorado de um modo ao mesmo tempo leve e apaixonado.

― Sim ― Baekhyun sussurrou quase inaudível e tomou novo fôlego, a fim de falar mais firmemente. ― Eu também te amo e quero me casar com você, Chanyeol!

― Mesmo sem apocalipse zumbi? ― Park indagou com um enorme sorriso estampado nos lábios, apertando seu pequeno amado em seu abraço.

― Sim, mesmo sem apocalipse zumbi!