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Sábado, 17 de junho de 2017 – Algum lugar no Brasil

Estavam todos lá. Todos mesmo. Pensei comigo mesma sobre quando tinha sido a última vez em que havíamos nos reunido assim. É claro que estávamos crescidos, mais inteligentes, mais maduros — pelo menos a maioria de nós — e indiscutivelmente mais bonitos. E quando disse que a maioria de nós amadureceu, estou incluída, porque é louvável o fato de eu ter parado com aquela história de “não sei o que vou fazer da minha vida”. A verdade é que uma hora ou outra as coisas se ajeitam, nós começamos a viver de verdade e ver as coisas de outra maneira. É algo que acontece naturalmente, demorando ou não. Isso é fato. Mas fatos eram coisas que pareciam não ser aplicáveis a ele.

Ele. Parecia ser o único que ainda carregava os nossos anos naquela pequena cidade. Tudo nele me fazia lembrar aquela época em que éramos meros adolescentes em fase de crescimento. É como se ele fosse uma mistura de um homem crescido com os respingos daquele garoto de um tempo tão nostálgico. Mas de fato, ele mudou. E quando disse que nós ficamos indiscutivelmente mais bonitos, ele está definitivamente incluído. Não que ele tenha sido aqueles adolescentes magrelos cheios de espinhas, pelo contrário; ele sempre teve seus charmes. Mas o que eu estava vendo naquela tarde era algo além da imaginação de qualquer um de nós. Sem dúvida, uma evolução que nem Darwin conseguiria explicar. Me pergunto se talvez seja por isso que apareceram tantas pessoas.

Sete, doze, catorze, dezenove, vinte e três... e perdi as contas novamente. Era a terceira vez que tentava contar quantas pessoas estavam ao redor dele. Na maioria, meninos. Meninos que pareciam ter saído de um time de futebol americano, daqueles que aparecem em filmes da sessão da tarde. Todos ao redor dele, como se ele fosse o líder daquele bando de príncipes. É claro que haviam meninas, para o meu desgosto. Apesar de ter evoluído no quesito “não odeie as mulheres”, eu ainda tinha uma enorme antipatia em ver as filhas dos caras mais ricos da cidade babando em cima dos garotos. Era de revirar os olhos. Como se ele não gostasse; toda essa atenção dirigida a ele é tudo que ele poderia pedir. Mas hoje era dia de dar um desconto, afinal não é todo dia que acontece o que estava acontecendo.

— Laisa? — gritou a garota de óculos, me puxando pelo ombro. Demorei uns 7 segundos para reconhecer que a garota de cabelo liso preso era a Larissa. Estava mais alta, corpo mais bonito, parecendo a Rose Byrne em Os Estagiários. Para onde foi a baixinha de cabelos estranhos que mais parecia a Leslie Winkle de The Big Bang Theory? Não pergunte a mim. Olha o que o tempo não faz com as pessoas. Eu mesmo sou um exemplo disso. Não que eu já não tenha nascido com o dom da beleza, claro. Mas vamos combinar que eu também evolui bastante. Já que é para fazer comparações, digamos que eu esteja mais para Megan Fox em Transformers, sem exagero.

— LARISSA! — Sorri e dei um grito. A coitada da Larissa se encolheu, mas retribuiu meu abraço com a mesma força. E logo apareceu o Guilherme. Que estava mais para Patrick Stump dos Fall Out Boys. Ficamos por um tempo conversando algumas coisas insignificantes sobre como estávamos mudados e quanta saudade estávamos um dos outros. Foi quando ele puxou o meu pulso. Nesse momento tudo parou. A música, a Larissa, o Guilherme, as meninas e os meninos. Ao virar meu rosto, fazendo meus cabelos voarem para trás, vi que estava de cara com ele.

— Cheguei — Ele disse. E sua voz ecoou no meu ouvido. Olhar do Chace Crowford, corpo do Channing Tatum, cabelos do Francisco Lachowski e sorriso do Ian Somerhalder. Ele definitivamente tinha evoluído. Senti o meu coração bater forte e puxei bastante ar para formar a palavra.

— Kanye. 

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