CHOICES

Recomeço

 

 

Sentia meus dedos serem abraçados pelo vento. Minha mão tentava agarra-lo, mas sempre que a fechava o inanimado ser escapava por entre as fendas. E mais uma vez aquela velha sensação atingiu meu interior, como a lufada em meu rosto tudo dentro de mim parecia flutuar sobre a pressão invisível da dor. Desviando meu olhar para o horizonte, senti o sol aquecer meu rosto que minutos passados se escondia por atrás de minhas mechas ruivas. O mesmo sol que agora levantava lentamente, sobre a paisagem montanhosa que corria de meus olhos desleixados.

Observei por instantes o imponente, a grande bola flamejante que subia queimando todos que se ousa chegar perto. Desejei por segundos me jogar naquele fogo e desaparecer junto com toda a dor que insistia em quebrar-me em pedaços. Mas virei meu rosto no primeiro incomodo do sol em meus olhos. Um sorriso pesaroso escapou por meus lábios. Que tipo de pessoa eu sou para desejar isso? Se nem encarar o meu próprio fim eu consigo. Sem forças para pensar ou fazer qualquer coisa, me deixei ser atingida pelo vento mais uma vez o que foi um alivio para o ardor em minha pele branca.

Aquela mistura de sensações e de sentimentos. Tudo podia ser transmitido por uma simples brisa, o cheiro do pasto, o calor do amanhecer. Tudo explicava o que passava em meu coração. O vento que batia contra meu corpo, continuava me empurrando de volta para ela e quanto mais distante que ficava mais meu coração era comprimido. A dor era insuportável. Aquele cheiro de grama molhada pelo orvalho da manhã, as folhas caindo e até mesmo o som das galhas balançando no ritmo lento e por vezes rápido do vento. Apenas pelo aroma que inunda o carro traziam imagens dela que me abraçavam em um luto silencioso.

Lutando contra minhas lágrimas, me permitir ser invadida por todos os nossos momentos juntas. Não tinha como lutar, por tantas vezes forcei elas para longe e quanto mais eu tentava mais doía. Me joguei sobre o banco traseiro na última tentativa de não sentir mais nada. Eu não queria o sol me aquecendo quando tudo era frio a minha volta. Eu não queria lembrar-me de suas risadas ou sentir sua presença correr como vulto por entre as arvores. Eu não queria chorar novamente e sentir o vento secar as minhas lágrimas ao invés de seus toques. Eu simplesmente não queria sentir mais aquela dor que me extenuava.

Eu podia ouvir meus pais sussurrem, eram eles os mais preocupados comigo. Eu nada podia fazer que não fosse abraçar meus joelhos, morder meu lábio e lutar contra as lágrimas que estavam sempre à porta. Sempre lavando qualquer impureza que se estabelecia em meu rosto, mas a única coisa que eu pedia para ir junto com elas. A única coisa que eu implorava para ir embora. Essa não ia e sempre me provocava, rindo da minha desgraça, dançando sobre minha dor, drenando a cada dia todas as minhas forças. A única coisa. Por apenas um dia eu desejei nunca a ter conhecido.

 

 

XxXx

 

 

- Stephanie?

- Stephanie querida!! – Virei, tentei achar a voz que insistia em me chamar por aquele nome que odeio.

Quando a primeira tentativa de virar foi feita, meu corpo doeu. Me senti espancada por uma gangue e esmagada por um rolo compressor. E por incrível que pareça foi à primeira vez que senti dor maior que dominava meu coração.

Ironicamente a dor se tornava maior a cada minuto de minha consciência. Senti um calor extra rolar por meu rosto. As lágrimas já tinha se tornado presença fixa, quase uma nova extensão de meu corpo. Deixei escapar um riso que foi logo abafado por um soluço, senti meu rosto doer quando uma leve torção para cima foi projetada. Já fazia tanto tempo que não sorria, que da mesma forma que as lágrimas foram promovidas permanentemente, meu sorriso foi banido.

Fui trazida de volta a realidade quando um calor invasor percorreu minha mão e subiu lentamente meu braço. Eu sabia de quem era aquele toque, o mesmo que sempre me protegia, mas eu tinha medo de olhar em sua direção. Eles já estavam tão preocupados comigo. Por minha causa eles deixaram seus trabalhos, nossa casa e todo o conforto.

- Querida! Tudo vai ficar bem.

Todo mundo me dizia isso. Todo mundo me falava a mesma coisa. De tanto ouvir isso, acho que estava começando a acreditar.

- Meu corpo doí!

- É nisso que dá dormir agarrada aos joelhos e ainda presa ao cinto. – Dessa vez uma voz mais grave vibrou no interior do carro, meus tios sempre diziam que minha voz rouca lembrança a dele. A mesma voz que me fazia sentir reconfortada e acolhida apesar das minhas escolhas erradas.

- Vamos lá! Porque eu já não aguento ficar dentro desse carro. - Só percebi quando ela falou. Nós não estávamos mais em movimento. Por quanto tempo estávamos parados?

Antes mesmo de abrir a porta do carro já pude sentir o cheiro tão atípico da cidade, até mesmo a claridade feriam meus olhos. Aquele seria um longo ano. Não sei o que era pior, naquele momento da minha vida tudo poderia acontecer.

- Mesmo ter você de volta!

 

 

XxXx

 

 

E lá vai ela de novo. Sempre pontual e sorridente. Faz uma semana que chegamos e todo dia ela vem bater na nossa porta com algo diferente em mãos. Mamãe comentou outro dia no jantar sobre ela.

- Aquela jovem que nos recebeu veio aqui de novo. – O sorriso que minha mãe carregava parecia sincero, aquela garota deveria ser agradável ao alguma coisa do tipo.

- O doce que ela trouxe ontem eram uma delicia. – Maior formiga que meu pai não existia, estava pra nascer alguém que gosta de doce mais que ele.

- Eu acho que deveríamos retribuir toda a gentileza. – Vejo que isso vai sobrar para mim.

- Você deveria conhecer ela na próxima vez, querida! – Sabia!

E assim foi que me meti nessa. Depois daqueles noite meus pais ainda tentaram me colocar em algumas conversas, mas logo desistiram. No dia seguinte aquela garota veio novamente e fui oferecida para ajudar a baixinha sorridente.

Passos. Só pode ser os da minha mãe vindo me chamar. Será que posso dizer que estou doente? Por que ela faz isso comigo?

 

 

XxXx

 

 

Será que esse povo não me leva em consideração? Eu só uma garota da cidade. Nem acostumada com esse cheiro de mato eu estou.

Não era difícil de encantar com ela. Pergunto-me se ela é sempre falante assim. Desde a apresentação formal e sem vontade que passei, até então ela não parou de falar um segundo. Sempre cumprimentando as pessoas e até mesmo os bichos ou falando da sua rotina para ajudar os pais na casa e no trabalho e ainda falou de todos os amigos, um por um, como se eles estivessem na minha frente.

- O que você acha Tiffany-ssi? – Só quando ouvi meu nome sendo falado que voltei à realidade triste que me meti.

- Como? – Eu não precisava mentir. Estava na cara dela, ela já sabia que eu não fui ouvindo nada. Até rindo da minha cara ela estava.

- Eu sou tão chata assim? – Ela parecia tranquila e não ofendida por não ter minha atenção. Diferente de você que sempre brigou comigo quando não te ouvia.

- Me desculpe! – Quem ficou sem graça fui eu. Ela não tinha culpa. Ninguém tinha culpa. – O que foi mesmo que você perguntou? – Nunca fui de preocupar-me com os outros. Sempre foi você e eu, ninguém mais importava.

- Nada demais. Só estava tentando te tirar dos sonhos. – Ela sorriu. Era algo doce? Talvez sincero. Diferente dos seus sorrisos.

- Sinto muito! – Devo parar com as comparações. Ou pelo menos sobreviver a esse dia e não ter que encontra-la mais.

- Não deveria. – Outro sorriso. Ela não se cansa? – Deve ser chato para você ficar aqui. Tudo é tão diferente da sua outra vida, não é?

Diferente? Não só aqui. Mas em qualquer lugar. Tudo estava diferente agora.

- É. – Me lembrar de você faz mal. Pergunto até quando vou me sentir assim.

- Eu entendo e sinto muito. – Quando volte a olhar para ela seu sorriso não estava mais lá. Agora ela me olhava tão profundamente, como se lesse minha alma.

- Por quê? – Aquilo estava se tornando estranho. Ela estava estranha.

Nosso olhar permanecia. Os segundos passavam e o silêncio só aumentava, era como se não houvesse vida a nossa volta. Só com esse pensamento meu corpo tremeu e senti meus cabelos levantarem em antecipação ao sentimento de morte tão comum.

Eu tinha que quebrar aquele momento. Pelo menos quebrar nossa ponte visual. Antes mesmo que eu desmaia-se com aquele crescente mal estar. Mas antes que eu o fizesse, ela desviou o olhar. E como mantive olhando para ela não pude deixar de montar seu suspiro. Aquela garota falante e sorridente agora estava triste e cabisbaixa, quase me senti familiarizada por ela.

Mas só quando olhei para onde estávamos, só quando o silêncio realmente começou a me incomodar. Foi só aí que notei onde havíamos parado.

- O que estamos fazendo aqui? – Minha voz saiu mais alta do que o desejado, mas meu choque havia sido maior para controlar meu comportamento. – Por que você me trouxe aqui?

Eu não conseguia mais respirar. Senti minhas pernas amolecerem e tudo ficou escuro. A última coisa que lembro foi ouvir você me chamar. Você gritou por meu nome, por mim. E isso me fez sorrir.

 

 

XxXx

 

 

A agua fria tocava nossos pés. O sol de fim de tarde ainda esquentava metade de nossos corpos. Nossas mãos balançavam entrelaçadas enquanto caminhávamos ao longo da areia. O cheiro da salubridade nos envolvia.

Suas risadas aquecia meu coração. O que me fazia mais feliz era saber que elas eram só minhas. Ninguém tinha o prazer de vê-la sorrir, muito menos rindo. Mas quando estávamos juntas, só quando estávamos sozinhas, era nesses momentos que você mostrava quem era de verdade. Era quando você me fazia feliz, amada.

- Querida? Vamos... Acorde! – Sua mão balanço firmemente, senti todo o meu corpo balançar.

Olhei para você. E lá estava o sorriso, o mais sincero e feliz que você mostrava apenas para mim. Vi seus lábios se mexerem mais a voz não era a sua.

- Querida? – Um vinco se formou em minha testa. Continue vendo seus lábios se mexerem, mas a voz que saia não era a sua. Paramos de andar, seu sorriso desapareceu dando lugar a preocupação.

Você levou a mão livre ao meu rosto, senti seus dedos percorrerem a linha de minha mandíbula. Vi seus lábios se separarem. – Acorde!

- Jessi!! – Minha respiração estava descompassada. Senti meu rosto molhado. A claridade agora era mais forte, o calor do por do sol dera lugar apenas à brisa suave que vinha de algum lugar.

- Filha, você está bem? - Aquela voz. Olhei na direção que acha ser a origem do chamado e lá estava, minha mãe.

- Mãe? – Eu estava sonhando? Suspirei enquanto tentava achar uma boa posição na minha cama. Meus olhos agora já estavam ajustados à luz que invadia meu quarto, pelo mesmo lugar que a leve brisa entrava.

- Querida... Você está sentindo alguma coisa? – Minha mãe me encarava como se eu estivesse desfigurada ou algo do tipo. Pera? Levei minhas mãos ao rosto. Tudo parecia no seu devido lugar. Foi apenas o tempo de sentir as lágrimas subirem como um vulcão pronto para entrar em erupção.

Minhas mãos foram retiradas de meu rosto e um corpo adicional me abraçou. Com eu queria que fosse você. Tudo não passou de um sonho. Você não seguraria mais as minhas mãos. Eu nunca iria ver seu sorriso.

Me senti fraca novamente. Tudo voltava a ficar escuro, eu preferia assim.

 

 

XxXx

 

 

Acho que eu posso gostar daqui. Mas já você. Não aguentaria uma semana aqui.

As aulas deveriam começar em alguns dias, mas meu pai prefere que eu fique em casa por enquanto. Faz duas semanas desde o incidente no cemitério. Ainda não entendo por que ela me levou para lá. Pensei que ela era uma boa pessoa, mas tudo do que se falou por uma semana foi da menina nova que desmaiou.

Ela continuou vindo todos os dias. Minha mãe disse que ela perguntava por mim, parecia preocupada, até se dispôs para me fazer companhia ou me ajudar em conhecer as pessoas. Não bastava a vergonha ela queria bancar de babar comigo.

Jessi... Acho que você não gostaria dela. Sempre insistente. “Para quem ela quer provar que é santa?” Lembra? Você sempre falava isso quando via uma pessoa oferecendo ajuda.

Um ensaio de sorriso apareceu. Você ainda me faz sorrir, mesmo que me arranque lágrimas todos os dias. Lembrar você me faz sorrir. Será que um dia eu vou poder sorrir sem chorar?

 

 

XxXx

 

 

Eu podia vê-la. Da janela do meu quarto eu a vi chegando. Naquela tarde ela usava uma roupa leve, o calor tinha chegado com tudo. E as roupas não eram diferentes em todas as garotas pernas de fora, blusa fina e o cabelo preso.

Escutei a batida lá embaixo ecoar pela casa silenciosa. Meus pais tinham saído só me restava abrir a porta e recebe-la. Já tinham se passado três meses desde nosso primeiro e último encontro. Ela não vinha mais diariamente. Mas ainda sim ela não passou uma semana sem vir e pelo que percebi minha mãe gostava de conversar com ela. Não posso culpa-la, posso?

Mas uma vez batidas ecoaram pela sala e subiram as escadas em direção ao meu quarto. Eu não tinha a mínima vontade de descer. Ela que me perdoe, é só voltar outra hora.

Da minha janela eu não conseguia ver a varanda e depois que o silencio permaneceu por longos minutos, comecei a achar que ela tinha ido embora, talvez desistido, quem sabe ela parasse de vir.

Antes que eu pudesse fugir de vista da rua uma imagem apareceu no meio do jardim. Quando voltei minha cabeça para identificar o que era, lá estava ela de pé no meio do jardim e o pior me encarando. Ela não carregava qualquer sorriso na cara. Fiquei congelada, tinha sido descoberta e essa não era uma boa sensação.

Depois de segundos que pareceram uma eternidade. Vi ela apontar para mim e depois para baixo. De primeira não entendi, até que ela fez de novo impacientemente. Apontou para mim duas vezes e depois apontou para baixo.

- Só me resta descer. – Ainda contrariada segui andar abaixo.

Abri a porta e dei de cara com a loura baixinha, que mais parecia está na TPM. Fui capaz de escutar ela bufar quando viu a porta completamente aberta.

- Você deveria parar de pensar que sua janela é fumê. – Normalmente ela deveria ser mais educada. Ela parecia mais em casa do que eu.

Ainda segurando a porta observei a menina entrar e sentar no nosso sofá. Realmente ela parecia em casa, Jessi, você ia gostar dela. Tão ou mais folgada quanto você.

- Você pode entrar, sabe disso né? – Ouvi um riso depois da piada infame, pude até acreditar que ela estava segurando as gargalhadas.

- Minha mãe não esta em casa. – Tentei ignorar o comportamento abusivo da outra. – Acho que você deveria voltar outra hora.

Eu ainda podia ser educada. Isso era realmente um choque, se fosse você aqui, já a teria colocado para fora.

- Eu sei. A vi no mercado. – Ela parecia conseguir controlar os risos. – Vim aqui para falar com você. Parece que tem tentado evitar qualquer contato com a vida lá fora.

Era impressão minha ou eu senti um toque de preocupação em sua voz? Qual era o segredo dela? Por que ela vinha tanto aqui?

Isso não importa. É melhor manda-la logo embora.

- Não tenho tentado. É o que eu quero. – Me desculpe, mas é melhor que você vá.

Ela pareceu surpresa com minha resposta, não era para menos. Ela olhou para mim por um momento antes de desviar e se concentrar em algum ponto qualquer.

- Entendo. – Sua voz saiu baixa. Ou eu tinha passado muito tempo no silencio que não conseguia ouvir direito. – Só achei que você não deveria ficar tanto tempo sozinha nessa casa.

O que ela quer dizer? Ela pode ter esquecido, mas eu não. Depois de ter me carregado para o cemitério ela acha que pode vir aqui e ser minha amiga? Jessi você tem razão. Ela não me engana com esse projeto de Madre Tereza.

Não sei por quanto tempo fiquei calada perdida em meus pensamentos. Só me dei conta que não tinha falado mais nada quando a vi levantar.

- Acho que não foi uma boa ideia ter vindo. – Ela suspirou ao levantar do sofá e antes de caminhar para a porta, aceno em despedida com um sorriso fraco no rosto.

Antes que ela chegasse à porta. Senti necessidade de perguntar, minha raiva crescia só de lembrar o incidente e ela precisava se explicar.

- Por que você me levou lá? – Minha voz não saiu tão firme quanto queria, mas pelo menos ela me ouviu e parou em seu caminho. Então repeti minha pergunta. – Por que você tinha que me levar lá?

Ela virou e me olhou em confusão. – Levei onde?

- TaeYeon-ah!! Esse é o nosso segundo encontro... Onde mais você teria me levado? – Sua pergunta tinha sido meio idiota, o que não ajudou em nada meu desgosto.

- Eu vejo! – Ela virou o corpo por completo, agora me encarava, mas sua cara de dúvida e confusão permanecia. – Mas eu não te levei...

- Oh! Pelo amor de Deus!! – Se ela queria me ver com raiva. Conseguiu. – Como eu cheguei ao cemitério naquele dia? Se a única coisa que fiz foi te seguir.

A baixinha se remexeu em sinal obvio de desconforto. Eu não poderia muito menos me importar.

- A questão Tiffany. É que eu nunca te levei lá. – Ela me olhou diretamente. Em uma tentativa clara de se conectar comigo.

- Como não? Eu não conheço nada aqui. – Por mais que ela parecesse sincera, não tinha como acreditar.

- Eu pensei nisso. – Ela parecia relembrar do dia. – Estávamos indo ao mercado, eu falava das minhas amigas. Quando você simplesmente virou e saiu andando.

O quê? O que ela acha que eu sou? Uma doida ou ingênua.

- Quando vi você andando para o lado errado te chamei. Gritei por você, até corri para te alcançar. - O tempo todo que ela relatava o que tinha acontecido seus olhos permaneceu no chão. Mas naquele momento vi os cabelos louros movimentarem revelando seu rosto passível. – Você simplesmente continuou andando.

- E você quer que eu acredite em você... ? – Nunca tinha ouvido história mais sem pé nem cabeça.

- Eu sinto muito! – Seus olhos pareciam sinceros. Ela estava falando a verdade? Eu... Eu simplesmente saí andando?

- Eu acho que estou ficando louca, Jess! – Por que eu não fui com você? Teria nos poupado toda essa loucura.

 

 

XxXx

 

 

Desde o dia que TaeYeon veio aqui e me disse que eu tinha ido para o cemitério e não ela. Desde então tenho ficado trancada nesse quarto. Ela não veio mais, meus pais ficavam preocupados cada vez mais e eu tenho conversado com você. Todo o dia tinha as mesmas conversas, revivendo todos os nossos momentos juntas.

- Jessi... Isso me faz mal. – Eu sei que ela não podia me responder, mas ela era a única que me entendia. Sempre foi assim. Nós duas contra o mundo.

Meu corpo doía. Há dias que eu não chorava mais, meu rosto estava magro e pálido. Você não gostaria de me ver agora.

A minha única vontade era de gritar. Bater. Você disse que ia ficar tudo bem, todos disseram.

“Eu detesto quando você corre. Até parece que não sabe, eu não corro.” Eu lembro muito bem desse dia. Eu tinha corrido por hora no parque, já você ficou o tempo todo sentada embaixo da nossa arvore. “Eu fico cansada só de te ver correndo.” Eu só podia rir de você. Eu que corria, eu que soava e você que cansava.

- Faz quanto tempo que não corro? – Você sabia que eu amava correr. A sensação de liberdade, o vento batendo contra meu corpo. Eu sentia...

- Como se meus problemas ficassem para trás. – Era isso? Eu precisava correr de novo. Só assim eu conseguiria sair dessa areia movediça.

 

 

XxXx

 

 

Eu preciso de ar. Não de quase morrer em uma corrida. “Eu me sinto sufocada sempre que te vejo correndo.” Acho que é minha vez de ficar sufocada, Jessi. Você sempre que tomou meu ar.

A dor no meu peito superou qualquer dor que eu poderia sentir. A ausência de qualquer ar fez todos meus pensamentos irem embora.

Eu já tinha me jogado na grama. Se qualquer pessoa me visse nesse momento pensaria que eu estava tendo uma convulsão. Meu peito subia e descia em ritmo frenético e o ar que entrava não era suficiente, tudo ardia dentro de mim. Trocar dor por dor. Isso não era um bom negocio.

 

----

 

Não sei quanto tempo fiquei deitada nesse chão. Não sei nem se eu tinha dormido ou desmaiado ali mesmo.

Quando minha consciência passou a ser totalmente clara, pude ouvir o barulho alto de vozes. Muitas risadas e conversas. Levei alguns segundos para ajustar meus olhos a claridade, o sol não estava tão alto quando saí.

- Você acordou? – Me assustei quando ouvi a voz que parecia bem próxima, mas as risadas que se seguiram mais alto foi o que me fez querer saber onde eu estava.

Não demorou muito quando vi TaeYeon no seu uniforme, ela estava agachada e me olhava como se eu fosse de outro mundo. Mas atrás vi mais seis outras garotas com o mesmo uniforme e com o semblante sério. Continue olhando em nossa volta e encontrei a origem das risadas. Dezenas de outros estudantes estavam olhando para mim e rindo, alguns ainda apontavam enquanto falavam qualquer coisa.

- Tiffany? – A onde eu fui me meter? Olhei novamente para TaeYeon, que de séria passou a me olhar mais aliviada.

- Sim? – O que mais eu poderia falar, eu me coloquei naquela situação. Tudo o que eu podia fazer era atuar, como você me ensinou Jess.

Mas ela deve ter percebido minha intenção de parecer indiferente. – Lugar legal para tirar um cochilo, não? – Ela sorriu antes de levantar.

A observei arrumar o uniforme, a saia lhe caia bem e toda aquela camada de roupa me fez lembrar a minha antiga escola. Éramos as mais bonitas, o tão odiado uniforme passou a ser idolatrado, claro que apenas nós duas ficávamos perfeitas nele.

Sorri só de lembrar aqueles tempos.

- Você pretende ficar aí? – E mais uma vez me vi sendo retirada dos meus devaneios. Não sei por quanto tempo fiquei assim, mas quando olhei para cima a vi oferecendo a mão para me ajudar.

- Sinto muito! – Por que mesmo estou me desculpando? O que está acontecendo comigo?

- Você deveria ir para casa. – A ouvi falar enquanto se dirigia ao que parece ser seu grupo de amigas. Algumas me olhavam com um sorriso amigável e outra como se eu fosse realmente de outro mundo.

Leve alguns minutos olhando em volta. A multidão já tinha se desfeita, os poucos que ficaram cuidavam da sua própria vida. O que me assustou foi não saber onde estava.

- TaeYeon!! – Corri na direção que ela tinha ido com as amigas, eu não sabia onde estava muito menos como voltar para casa.

Assim que cheguei à esquina ouvi o grupo rindo, algumas se empurravam enquanto não conseguiam controlar as gargalhadas. Elas estão rindo de mim, não é? Achei que ela era diferente. Melhor encontrar meu caminho sozinha.

- Tiffany?- Antes que eu pudesse seguir outro caminho sem ser notada a ouvi me chamar. – Você me chamou? Eu ouvi. Por isso estávamos esperando.

Fiquei olhando pra ela, enquanto engolia minha raiva por todas estarem rindo de mim.

- Taengoo!! Não sei quando você ficou mal educada, mas tá na hora de nos apresentar a ela. – Acho que foi a mais alta de todas que falou e ainda bateu na cabeça dela. Tive que segurar o riso quando vi o bico depois da tapa.

 

 

XxXx

 

 

Faz uma semana desde meu novo incidente na frente de todas aquelas pessoas. Mãe quis me levar ao médico, mas não era preciso e ela sabia disso. Eles só ficaram aliviados quando me viram comendo com mais frequência e principalmente quando voltei a correr todos os dias.

Foi difícil e ainda vai demorar a atingir meu ritmo do passado, mas já era um começo. Já não corro o risco de me perder e até me arrisco em estradas pouco movimentadas. A cidade é bonita, o clima é ótimo. Às vezes sinto falta do barulho da cidade grande, todos aqueles carros e som ligado a cada metro.

É estranho, mas é bom. Acho que posso começar a gostar daqui.

 

 

XxXx

 

 

Eu me sinto melhor, Jessi. Me desculpa se não tenho falado com você esses dias, mas eu ainda penso em você. Eu só não quero me machucar mais. Eu não quero chorar todas as noites.

TaeYeon tem vindo esses dias, algumas das amigas delas também vieram. Elas são legais. Me fazem ri. Principalmente a risada da Tae, ela parece uma velha quando rir. Mãe disse outro dia que a cor voltou pro meu rosto. Eles parecem mais aliviados.

Ninguém toca mais no assunto. Às vezes sinto vontade de falar sobre você, mas eu sei que vou chorar. Ainda não estou pronta.

- Sinto sua falta, Jess!

 

 

XxXx

 

 

Era domingo, eu deveria continuar dormindo pelo menos até meio dia. Mas meus dias ociosos me fazia acordar cada vez mais cedo e os pássaros cantando na minha janela não ajudavam em nada.

O silêncio atípico do domingo me fez lembrar que meus pais não estariam em casa. Lembrei que eu mesma os tinha expulsado de casa. Nada como um fim de semana de descanso, só para eles. Sorri só de lembrar a felicidade de minha mãe com a sugestão de uns dias só para ele, diferente de meu pai que saiu resmungando sobre quão alto mamãe era quando estava feliz.

Domingo não é exatamente um bom dia para atividades, ou seja, não havia nada para fazer. Absolutamente nada.

“Tiff, você é estranha sabia?” Senti meu corpo tremer quando lembranças apareceram do nada. Essas visões do nosso passado tinham diminuído consideravelmente, em raros momentos ela aparecia, mas não mais trazia sofrimento.

“Nunca vi alguém que morre de medo de insetos, amar mato... Estranha!”

- Eu não amo o mato. Eu amo o contato com a natureza e passaríamos mais tempo aqui se não fossem esses bichos. – Foi exatamente essa a minha resposta. Você apenas riu de mim. E riu mais ainda quando sai correndo com aquele mostro voando em minha direção.

“Tanto faz! Na próxima você vem sozinha.” Foi o que você me disse. Terminamos o dia rolando na grama feito duas crianças, a volta foi apenas com você reclamando por ter mato no cabelo e na roupa toda e ainda por ter soado. Na semana seguinte voltamos no parque e fizemos tudo de novo.

- E eu era a estranha. – Comecei a ri sozinha só de imaginar suas reações com nossas escapadas.

Aquelas lembranças me deixaram um pouco nostálgica, eu deveria fazer uma caminhada ao ar livre. SeoHyun e Yoona falaram que aqui perto tinha um lugar bonito mas que os jovens não iam.

“Os oppas e as unnies preferem ir ao shopping...” Todas riram da forma estranha que a Seo falou.

Depois de tomar um banho, apenas para aliviar momentaneamente o calor, fui à cozinha buscar minha garrafa d’agua e uma maça. Eu não sabia exatamente onde fica esse lugar bonito, mas em algum quanto eu iria chegar.

 

 

XxXx

 

 

Devo ter perdido a noção do tempo, já tinha caminhado tanto, dado a volta e nada de encontrar esse lugar. Decidi continuar apenas andando e desse o desse.

A estrada começou a ficar íngreme, o som de carros mais distantes e o vento por incrível que pareça mais doce. Aquele cheiro suave de rosas. Era o mesmo perfume que você usava. O que só me fez andar em direção a ele. Era como ser abraçada por você de novo, a única diferença é que eu não sentia seu calor e sim o frio do vento.

Senti meus olhos ficarem molhados.

- Eu não quero chorar, Jessi. – Parei e implorei para que o vento de rosas me deixa-se – Por favor!

Depois de tanto tempo, depois de um longo percurso, de tanto sofrimento. E achei que não choraria mais, não com tanta dor.

- Você não deveria andar sozinha por aqui. – ­Fui retirada de meus pensamentos, por uma voz baixa e suave. Limpei as lágrimas que tinham escapado e virei para encontra-la.

- Eu... – Eu não sabia nem o que falar, pela primeira vez. Eu precisava de um abraço, eu precisava chorar sem ouvir perguntas.

- Fany? – Ela percebeu que eu tinha chorado. Seu sorriso debochado de quem tinha uma piada na ponta da língua desapareceu.

- Tae... Eu... – E como se ela tivesse lido meus pensamentos, senti o calor de seu corpo me envolver.

Um de seus braços agarrou minha cintura, enquanto sua mão livre segurou minha cabeça contra seu pescoço. Ela me envolveu. Sem perguntas, sem palavras. Apenas um abraço e lágrimas.

A dor e todas e as lágrimas que eu tinha guardado todo esse tempo. Ia saindo tudo de uma vez, eu não conseguia mais segurar. Minhas mãos estavam agarradas a sua camisa. Eu não queria chorar na frente dela, mas eu me sentia bem com isso.

Meus soluços ainda que abafados contra seu corpo, escapavam em fúria. Eu tinha consciência do que estava com a camisa dela, completamente encharcada em cima e provavelmente um pouco maior devido aos puxões nas costas.

Mas ela não falou nada, apenas me abraçou cada vez mais forte.

 

----

 

Ficamos nessa posição por um tempo, sempre que eu tentava controlar as lágrimas elas aumentavam. Até que desistir e esperei por elas acabarem naturalmente.

Alguns minutos mais e senti os dedos de TaeYeon em meu cabelo, ela os deslizava suavemente. Seu aperto em minha cintura continuava mais seus dedos pequenos percorrendo meu cabelo me fez esquecer por alguns segundos, o que estava acontecendo.

Era bom. Meu corpo que até então estava tenso, relaxou. Ela percebeu e folgou mais o abraço. Foi quando notei que ela cantarolava, a música era suave e parecia ser bonita, sua voz era bonita. Me pergunto se ela esteve cantando o tempo todo.

- Tae... – Tentei me soltar, não como se eu quisesse, mas para deixa-la livre de mim.

­Só que ela me agarrou na primeira tentativa e continuou cantarolando. Eu não entendi o porquê, mas fiquei. Só quando a música foi acalmando e ela foi parando seus movimentos no meu cabelo que tendei deixar o abraço.

- Sinto muito! – Ela falou antes mesmo de estarmos em nosso espaço pessoal. Tive que olhar pra ela, eu quem deveria pedir desculpas e não ela.

- Por que você... – Foi um choque. Seu rosto.

Quando ela começara a chorar? Por que ela estava chorando?

- Eu acho que me aproveitei de você. – Mesmo com os olhos vermelhos lá estava a piada. Ela passou a encarar o chão com uma das mãos coçando a nunca. Ela parecia até sem graça, eu acho.

- E você acha legal se aproveitar dos outros? – Desde o começo nos tramamos desse jeito. Ela debochada e eu fria.

Um tempo depois descobri que era só a forma dela tornar as coisas mais confortáveis e tranquilas entre todos.

- Eu sinto muito! – De novo. Por que ela estava chorando? Ela parece realmente séria pedido desculpas.

- Você fez alguma coisa? – Eu tinha chorado. Ela tinha chorado. Não entendo o porquê de pedir desculpas.

Seus olhos nunca me encontravam. Isso era estranho da parte dela. Fiquei triste por ela, parecia sofrer tanto quanto eu. Mas ela nunca demonstrava sua dor, sempre escondida atrás de um sorriso, de uma brincadeira.

 

 

XxXx

 

 

- TaeYeon!!!

Eu podia ouvir as risadas dela. Não importa a distancia, você sabia quem era. E lá estava ela rindo outra vez de mim.

Odeio quando tiram sarro da minha cara. Você sabe disso, Jessi. Mas isso só não é de tão irritante porque chega a ser hilário ouvir essa risada escandalosa.

- TaeYeon-ah!!

Sério que ela vai continuar me fazendo rodar?

- Eu pensei que você gostava de correr. ­– E lá estava sua voz perdida em algum lugar dessas arvores e claro uma risada abafada.

­- Você esta adorando isso, não é? – Tentei soar mais irritada impossível. “Isso não vai adiantar Minyoung. Você conhece o efeito Sica? Não existe qualquer HellFany que me atinja.”

Você era a única que não se sentia atingida pelos meus acessos de fúria. Mas ela não sabe como eu sou. Ela nem se quer sabe como é isso.

- TaeYeon apareça ou eu vou embora agora mesmo. – Desde o dia que choramos juntas tudo havia mudado. Todos os dias ela vinha em casa ou saiamos juntas. Nunca tocamos no assunto ou explicamos o porquê do choro. Apenas, tudo tinha mudado.

­- Você parece irritada... – Fui retirada de meus pensamentos com a baixinha surgindo de algumas arvores a frente. – Engraçado que eu não acredito que você realmente esteja.

Vi seu famoso sorriso debochado aparecer. Um a zero pra você TaeYeon-ah.

Estávamos caminhando por um tempo naquele bosque, ao longe eu já podia ouvir o som da água ecoando por entre as pedras. O lugar era realmente lindo e o melhor, calmo. Poucas pessoas andavam por lá, mas TaeYeon parecia conhecer aquele lugar como se fosse o seu quintal.

- Vai demorar a chegar? – Por mais que eu gostasse dessas caminhadas, minhas pernas pediam por descanso. Eu precisava sentar e ela não parecia a fim de parar.

- Mais um pouco preguiçosa... Você já pode ouvir, não é? – E lá vai ela de novo, andando despreocupada, as duas mãos na cabeça como aqueles personagens de animes e sempre com uma música alegre fugindo de sua boca.

E era isso o que eu amava nela. Sempre me fazendo sorrir, mesmo com aquelas caras fofas ou com piadas sem graça, mas que a gente só rir por causa da risada. Eu me sentia mais leve perto dela. Ela conseguia tirar esse peso do meu coração.

- Obrigada, TaeTae!! – Eu sempre vou sentir esse vazio, mas você de alguma forma o está preenchendo. Obrigada por não ter desistido.

- Falou? – Seu movimento foi rápido, eu quase a derrubei quando ela parou e virou.

- Como? – Meu coração ainda estava acelerado devido o susto. Eu nem sabia o que ela tinha falado.

- Eu escutei você falando. Só não entendi. – Oh God! Ela me ouviu? E por que meu coração ainda tá assim? – Fany? Você está bem? – O que ela quer dizer com isso? Por que tudo tá ficando escuro? ­– Fany? FANY!!

 

 

XxXx

 

 

- Eu estou bem!! – Qual o problema desse povo? Vou apenas um desmaio, fiquei nem cinco minutos apagada.

­- Foram trinta minutos, Fany! – O quê? Ela consegue ler meus pensamentos agora? – Eu disse que foram trinta minutos que você apagou. Isso é estar bem? Porque eu não penso assim.

Por que ela estava tão preocupada? Foi apenas mais um dos meus desmaios, o médico uma vez disse que era normal, pelo menos para alguém em meu estado. Ela não precisava correr o caminho de volta comigo nas costas e alertar a cidade inteira. Eu e meus históricos de esquesitice. Tá pra nascer alguém mais estranha do que eu.

- Fany? – Sigh. Por que ela tem que falar comigo assim? Ou se preocupar tanto?

Só me restou olhar para ela, sua mão segurava a minha como se eu fosse cair de novo. Seu olhar. Ela sentia medo, eu podia ver isso. O que ela temia? Por quê?

Eu não sei explicar o que estava acontecendo. Provavelmente eu deveria voltar na minha terapeuta, principalmente por minha vontade naquela hora.

- Eu estou bem, TaeTae! – Eu não sabia o que tinha de errado ou se tinha alguma coisa de errado. Mas uma coisa eu sei.

Abraça-la é tão bom.

E foi assim que ficamos enquanto esperávamos o médico. Por mim, ele podia demorar o tempo que fosse. Eu aprendi a amar esse remédio e o calor do corpo de TaeYeon retirava qualquer dor que eu estivesse sentido. Eu esquecia tudo.

De quase tudo.

 

 

XxXx

 

 

- Fany Unnie!!

- Fany-ah... Vamos logo!!

- Por que aquela criatura demora tanto? Quando a gente chegar, não vai ter mais comida.

- SooYoungie... É para o festival que estamos indo, como a comida vai acabar?

- Sei lá! Mas vai que acaba?

- Ela só vai acabar quando você chegar...

- Também não precisa esculhambar, Yoong!

 

 

 

- Você está ouvindo? É melhor a gente descer antes que alguém suba.

- Mas eu não quero descer agora. Podemos ir mais tarde.

- Fany-ah!! Você pode me beijar lá... Vamos antes que a shikshin derrube a porta.

- Quando você se tornou tão chata, Kim TaeYeon?

- Quando você se tornou essa preguiçosa?

- Touché!

 

 

Fany-ah!! Se você apenas soubesse.

 

­- Você vai ficar aí parada? – Eu não acreditei quando vi chegar à cidade, eu não acredite que a garota com quem sonhava todas as noites estava bem a minha frente.

- Vamos. – Eu não acreditei. Simplesmente não dava para acreditar que te fiz sofrer tanto.

- Tudo bem, Tae? – Eu prometo fazer você sorrir todos os dias, prometo te fazer feliz de novo, Fany-ah.

- Estou. Por quê? – Eu sinto muito, Fany!

- Nada. Você do nada ficou calada. – Seu sorriso.

- Eu te amo! – Eu sei que é muito cedo para você ouvir essas palavras, mas eu prometo. –Eu sempre vou ficar ao seu lado.

- Tae! – Eu sei que é cedo. Mas segurar você em meus braços já é o maior presente que eu poderia receber.

- Eu só queria que você soubesse. – Soubesse de toda a verdade. Mas eu te perderia no primeiro segundo que eu falasse.

 

 

Que eu estava lá.

Eu estava lá quando ela morreu.

Eu causei a morte de Jessica.

Se você apenas soubesse...

 

 

Eu prometo te amar e fazer feliz de novo.

 

 

 

 

Like this story? Give it an Upvote!
Thank you!

Comments

You must be logged in to comment
LeeMinY
#1
Chapter 1: OH Fany-ah T.T
*secando as lágrimas* T.T
Unnie você já sabe que eu amei a one, eu já li mais de três vezes... e eu chorei mesmo T.T
Eu quero mais..quero saber o que a Tae fez que causou a morte da Jessica..e quero saber como ela morreu..
Eu quero mais *-*
XXO