[...]

“Ah~”

Meus gemidos se misturavam aos dela de uma forma natural, sendo ambos resultados de todo aquele atrito que ela fazia em mim. Apoiada por meus cotovelos na cama, meu olhar não saía de seu rosto, o qual transmitia todo seu prazer e sua vontade, junto à toda a sensualidade que aquela posição me proporcionava.

Ter o privilégio de ver Tiffany por cima, no comando sem sequer aceitar protestos, era digno de significar paraíso. Podia-se dizer que passava do nível y. Seus movimentos pélvicos contra mim eram certeiros e constantes, e aquele ar de possessividade que ela estava a me passar, estava me levando a loucura.

Em alguns momentos - para falar a verdade, na maior parte do tempo - entre quatro paredes,  Tiffany parecia se tornar outra. Suas ações, seus olhares, até mesmo seu modo de sorrir se mostrava tão audacioso e faceiro que me fazia querer mais e mais dela. Era como se ela assumisse essa nova personalidade cheia de atitude e, por mais que eu adorasse quando estava a lhe dar prazer, tendo-a frágil sob meu toque, seu jeito impulsivo e dominante para mim fazia tudo muito mais excitante.

Aquele sorriso torto que em meio aos gemidos, surgiu em minha direção, era a prova exata do que estava falan-

“Taeyeon, o que há de errado com você ?” Uma voz a soar incrédula me fez despertar das minhas mais que deliciosas lembranças. “Por que está sorrindo como um pedófilo em uma creche ?”

“O-O que ?” Olhei rapidamente para a origem daquele comentário, dando de cara com uma expressão tão incrédula quanto a voz anterior. “Que diabos de comentário foi esse Sooyoung, está louca ? Eu- Eu não estava sorrindo !”

Juntei as sobrancelhas ao me fingir estar ofendida por tal ‘acusação’, tentando disfarçar o breve rubor que me veio justamente por ter pensado em um momento íntimo e por ter sido pega.

Me fazer de vítima não dava certo, pelo menos não com Sooyoung, mas não custava tentar.

“Claro que não, realmente, eu que estava a olhar o vento com um sorriso de orelha a orelha. Por acaso a noite foi boa de novo ? Você está toda toda pelos cantos.”

“Sai daqui.” Meneei a cabeça em negativo, dizendo tal coisa apenas para parar de olhar ela. Ao abaixar o rosto e fingir estar lendo os papéis na mesa, senti os cantos de minha boca teimarem em crescer.

“Quero nem saber o que diabos você devia estar imaginando.” Sooyoung pareceu estremecer com a ideia, sentando-se em frente a mim logo em seguida.

Ao ignorar o que ela disse, continuei a tentar ler o que estava escrito na esperança dela levantar e ir embora mas é claro, isso não aconteceu. Só o fato dela ter sentado já mostrava que ela não iria tão cedo.

“Já pode parar de fingir ler agora, sabe.”Olhei para cima para encontrar ela a analisar o esmalte de suas unhas. “Não está mais parecendo um tomate que nem antes.”

“Como você é deselegante Sooyoung, tsc.” Falei de um jeito sério mas ao mesmo tempo, brincalhão, ganhando a atenção da shikshin logo em seguida. “Okay, ganhou, eu estava pensando em coisas muito, muito boas entre a Fany e eu, quer os detalhes ? Falo sem problemas.”

“Ewww ! Não, não, obrigada. Vê se pode, expediente acaba e a chefe continua na sala, aí você pensa “Que lindo, ela está trabalhando duro” mas o que você encontra ? Uma safadeza dessas !”

Não pude evitar em rir do que dizia, percebendo que realmente fiquei tão dispersa em meus pensamentos que não me importei com horário.

“Você está se mordendo de inveja que eu sei.”

“Nu-uh minha querida, não mesmo.”

“Não ?” Encostei na cadeira de forma convencida. “Pelo menos eu tenho algo com a Fany, algo que você não deve mais saber o significado nem se olhar no dicionário.”

“Yah ! Desde quando você se tornou assim ? Eu sei que você é uma byuntae mas desinibida desse jeito a ponto de se gabar dessas coisas, quem diria huh ?” Sooyoung fez uma expressão de desprezo, fazendo-me dar ombros.

“Tanto faz. Mas então, o que está fazendo aqui ainda ?”

“Estou esperando alguém para ir jantar.”

“Uh, quem ?”

“Alguém.”Sooyoung deu aquele sorriso idiota dela, ganhando uma revirada de olhos minha.

“Tá, tanto faz.” Repeti o meu descaso e então, arrumei as coisas da minha mesa, vendo que estava quase na hora de Tiffany passar. Havíamos combinado de comermos juntas e eu mal via a hora, já que meu estômago fazia questão de me alertar de sua situação.

Com mais alguns momentos de silêncio e outros de conversa jogada fora, recebi um sms dizendo que ela já se encontrava na entrada, sendo esta a minha deixa para me despedir de Sooyoung.

“Bom, Fany já chegou, tomara que morra de fome até seu alguém chegar.” Peguei minha bolsa e comecei a andar até onde Tiffany se encontrava, tendo Sooyoung a me seguir logo após.

“Isso não vai acontecer.”

“O alguém já chegou ?” Vi Sooyoung se posicionar ao meu lado, indo na mesma direção que eu.

“Yep.”

“Que pena então.” Soltei um longo suspiro, ganhando uma empurrada de ombro no mesmo instante.

Me recompondo da agressão, continuei o trajeto em silêncio, podendo por fim, depois de descer os andares checando se estava tudo okay, ver Tiffany de cabelo preso a me esperar em frente ao carro.

Seu sorriso se abriu para mim e em seguida, estranhamente, fora direcionado à Sooyoung, a qual eu jurava não ter reparado que continuara a seguir o mesmo caminho que eu.

“Demorei ?” Ignorando o silêncio ao ter a shikshin ainda na minha cola, desfiz a expressão questionadora para abrir um novo sorriso, me aproximando de Fany para lhe dar um breve beijo.

“Nah.”

Por mais que o ‘breve’ nem sempre significasse breve no meu vocabulário, dessa vez, fora exatamente isso. Ao pensar que Sooyoung passaria direto para ir até seu carro ou seja lá quem fosse que ela estava esperando, cumprimentando Tiffany como o usual, a mesma  parou seus passos para ficar ao meu lado, ganhando a atenção de Tiffany.

“Preparada para comer o melhor ddeokbokki da sua vida ?”

“Oh se estou !”Sooyoung abriu um sorriso grande, fazendo-me alternar os olhares entre as duas.

“O que ?”

Direcionei a pergunta para ninguém em questão, querendo apenas uma resposta para o que estava acontecendo. Tiffany me olhou com as sobrancelhas franzidas, como se confusa por causa da minha reação.

“Nós vamos no restaurante do meu amigo, lembra ? Sooyoung vai também, ela não te-”

“Oh !”Sooyoung exclamou em alto som. “Eu esqueci de te falar, smurf ! Fany pediu para eu te avisar que ia junto mas sabe como é, tanto trabalho que mal lembrei !”

Ai meu Deus.

Fechei a cara por ver o sorriso cínico no rosto da shikshin, como se gostando da minha visível expressão de decepção. Não que eu não quisesse que elas interagissem assim mas, eu procurava um tempo a sós com Tiffany. Talvez fosse egoísmo, mas ninguém podia me culpar.

“Tae ?  Tudo bem ?” Tiffany me pegou encarando Sooyoung de forma intensa. Ao olhar para a ruiva, vi que seus olhos estavam preocupados, como se ela pensasse que havia feito algo de errado.

“Tudo sim.” Voltei o olhar para Sooyoung, vendo-a sorrir gloriosamente. “É só que eu queria ter sido avisada antes.”

“Oh, não foi culpa da Fany sua rabugenta, ela não-”

“Eu sei que não foi culpa dela, monstra.” Retruquei o insulto, querendo tirar aquele sorriso de seu rosto. Não deu certo, já que só o aumentou. Ela adorava me ver assim.

Ao me virar novamente para Tiffany, não querendo mais trocar olhares com Sooyoung, peguei em sua mão e comecei a ir até o carro.

A ruiva olhou para trás como se chamasse Sooyoung para seguir nós duas, parecendo ainda meio perdida para o que estava acontecendo. Eu não estava brava com ela, emburrada sim, mas não com ela.

“Não se preocupe, logo passa.” Ouvi a voz de Sooyoung vir de trás, sendo a prova de que Tiffany deve ter perguntado algo silenciosamente nessa virada de rosto.

Com um pequeno aperto em sua mão, quis mostrar que estava tudo bem, que não precisava se preocupar.

As vezes eu tinha essas bobeiras de emburrar por pouca coisa, mas fazer o que ?  Esse era o meu jeito.

XxX

O dono do restaurante que estavamos indo era amigo de Tiffany, tendo-o já conhecido anteriormente em uma de nossas saídas. Shindong era extrovertido e fazia o possível para nos manter confortável, sendo bem atencioso com seus clientes.

Ao termos chegado, eu já não estava mais com a mesma carranca de antes. Tiffany notou a diferença e eu logo pude perceber que ela ficara mais relaxada. Sooyoung não ligou, talvez já até acostumada com isso. Ao ver as duas conversando entre si, colocando-me na conversa assim, até me senti culpada por ter feito Tiffany se preocupar se havia feito algo de errado.

Quando fizemos nossos pedidos, tudo correndo bem, eu passei a perceber que tudo o que Tiffany estava fazendo era para se aproximar de minha melhor amiga. Eu não deveria agir feito criança por esse esforço de ambos lados, já que bem, eu até havia pedido a mesma coisa para a shikshin anteriormente.

Assim, procurei agir com mais simpatia, pois não estava em companhia de estranhos, muito menos de gente que não gostava.

“Vocês sempre foram assim ?”

“Ah, sempre ! Logo quando conheci essa coisa, já vi que seriamos amigas por muito tempo.” Sooyoung deu um olhar de descaso para mim. “Nossas mentes são bem parecidas, tanto que acabamos sucedendo até no trabalho assim.”

Eu observava as duas conversar enquanto comia silenciosamente.

“Deve ser muito bom ter um amigo de tanto tempo assim, que não importando briga ou falta de contato por um tempo, a amizade continua a mesma.”

“Ah, é bom também poder xingar na cara, falar mal até a lingua cansar mas no fim, pelas costas, defender com unhas e dentes.”

“Awn, que lindo Sooyoung.” Falei com um tom irônico, ganhando um olhar de soslaio dela. Na verdade, eu havia achado mesmo lindo o que ela dissera.

Tiffany sorriu para nós duas, vendo a nossa interação seguinte com olhos atentos e interessados.

Após um tempo, após termos acabado com a refeição principal, Sooyoung recebeu uma ligação. Tiffany e eu ficamos atentas para tentar ver quem era, mas logo que a girafa ouviu a voz do outro lado, pediu licença e saiu para falar em privado. Isso só atiçou mais a minha curiosidade...Quem poderia ser ?

Ao manter o olhar nela, vendo-a se afastar cada vez mais, percebi que Tiffany estava a me olhar com curiosidade. Virando meu rosto para enfim olhar em sua direção, encontrei uma expressão que não entendi de primeira. Pelo menos não até ouvir a sua voz novamente.

“Ei, por que você ficou estranha quando descobriu que Sooyoung viria com nós duas ?”

Ela falou estranha para não falar emburrada, e apesar de ter pensado que talvez ela tenha ficado um pouco irritada pela minha cara fechada de antes, ela parecia apenas curiosa pelo motivo.

“Não fiquei estranha.”

“Mesmo ?” Tiffany riu, tendo seu eye-smile a me derreter como sempre. “Por que então ficou fazendo bico como uma criança triste ?”

Eu nem percebi que havia feito isso.

“Queria um tempo a sós com você.” Suspirei com uma cara de sofrida.

“Sério ? Ah, vamos lá Taeyeon-ah, eu só queria a oportunidade me aproximar mais dela, conhecer melhor. Não gostaria que isso acontecesse ?”

Abri um sorriso com a sua resposta. Era exatamente isso.

“Eu sei eu sei, Fany, isso é ótimo, mesmo...Mas ainda sim, eu queria te beijar de um jeito apropriado quando te vi, queria ter você só para mim mas né...Não pude.”

Tiffany sorriu ainda mais, fazendo uma expressão fofa como se estivesse adorando tudo aquilo.

“Você só tem hoje para me beijar ?”

Soltei uma risadinha com sua pergunta.

“Sim, meu tempo está acabando.” Olhei para meu relógio como se estivesse vendo o meu tempo se esvair.

“Isso é triste.” Tiffany deu um longo e pesaroso suspiro. “Se você fosse minha namorada, você poderia me beijar quando quisesse mas, sinto muito, já tenho uma.”

A vi beber de seu copo, fazendo-me sorrir ainda mais.

“Ah é ? Quem é sua namorada ? Preciso saber quem eu preciso matar.”

“Não vou contar mas...Ela é muito fofa, carinhosa, dork, inteligente e…baixinha. Ela é meu minion.”

“A-yah !”Tiffany riu com minha reação. Agi como se estivesse achando ruim mas só de ouvir “meu minion” já fiquei toda pateta.

“A Sooyoung já está sendo uma má influência para você ?”

“Nope. Na verdade, ela é muito engraçada mas não me parece má influência.”

“Logo você vai ver, Pany. Ela brinca com a minha altura o tempo todo como se eu fosse um anão ou algo assim.” Minha voz saiu dramática, como se eu estivesse desabafando tais “maltratos” em busca de conforto.

“Awn, quase estou me sentindo tocada.” Tiffany riu, colocando a mão no peito.

“Você já viu a lista de apelidos que ela me deu ?”Fiz um bico ao continuar com minha atuação. “Minion é um desses apelidos magníficos, sabia ? Ela que começou com essa proeza.”

“Foi ?”

“Yep. Naquele dia que te encontrei, eu estava falando com ela pelo telefone. Quando te vi, desliguei na cara dela e se tem uma coisa que ela odeia, é isso. Quando peguei o celular, agora não me lembro pra que, vi uma mensagem de ódio enviada por ela na onde ela me chamava de Minion. Aí você já conhece o resto da história né ?”

“Claro.”Tiffany continuou a sorrir largo, talvez relembrando mais uma vez de tal noite. “Ela é bem criativa, huh ? Para ter até uma lista.”

“É uma qualidade e um defeito por que olha, só sofro bullying nessa vida.”

Com isso, antes de Fany dizer algo mais, vi Sooyoung retornar a nossa mesa, não dando nem pista de quem teria ligado. Se não fosse nada demais, ela poderia falar casualmente que fora tal pessoa, então...Ela estava vendo alguém.

Eu ainda descobriria quem, ah se descobriria.

XxX

“TaeTae, estou muito decepcionada com você !”

“Mas por que ?” Eu estava com o carro já estacionado, tendo os olhos a encarar a comida que havia acabado de buscar, no banco do passageiro.

“Por que ? Como assim por que, você nem sequer ligou mais para nós !”

“Umma, não é bem assim !”Ouvir a voz da minha mãe me soava tão calmante que era nessas horas que eu sentia falta de seu abraço. Já fazia um tempo considerável que não a via, então de fato, ela tinha razão para estar decepcionada.

“Você não quis vir no final do ano passado e nem mesmo fez menção de vir depois, suas ligações estão cada vez mais escassas e eu quase não estou tendo notícias suas, como quer que eu esteja ?”

Ela tinha razão, eu estava devendo para eles.

“Eu entendo umma, e eu sinto muito, sei que estou em falta com vocês dois, me desculpe !”

“Ah~” Ouvi um longo suspiro vir dela. “Mães tem mesmo um coração mole, não é mesmo ? Se estivesse aqui, te daria um puxão de orelha mas, fazer o que ? Minha filha não volta para casa nem mesmo para eu dar um sermão nela !”

Sua última fala me fez rir, já que soou em um tom brincalhão. O calor que chegou em meu coração ao perceber  a falta que sentia de meus pais, me fez sorrir de um jeito distante, grata por estar sozinha naquele momento.

“Mais uma vez, me desculpe umma. Agora, como o appa está ? Estão vivendo bem, certo ? Precisam de alguma coisa ?”

“Precisamos de você aqui conosco ! Seu pai está bem, sentindo saudades imensas, mas bem. Hayeon vive me perguntando quando você volta !”

“Ah, como sinto falta dela ! Está estudando direito, não é ?”

“Claro que sim TaeTae, assim como não folguei com seu irmão, nem com você, não folgarei com ela. Agora, seu irmão, tem falado com ele ?”

“Não muito-” Nessa hora, eu sabia que receberia um outro puxão de orelha, então, logo procurei acrescentar algo. “Mas mantemos contato, não se preocupe.”

Não era mentira, de fato, depois de meu aniversário, cheguei a conversar com ele mais duas vezes, porém, não era lá essas coisas.

“Humpf, acho bom. Não quero ver minha família com laços fracos, não os criei para isso.”

“Não se preocupe, umma.”

“Ah, mais uma coisa, e que isso sirva como uma ordem e não como um pedido : quero você aqui nas férias de fim de ano ! Sei que não pode ficar viajando assim no ano, mas no fim dele, não tem escapatória !”

Não pude deixar de rir nesse momento.

“Umma, ainda estamos em junho e a senhora já está me intimando desse jeito ?”

“É claro ! Assim, não vai ter desculpas para você não vir, sem contar que é melhor prevenir do que remediar !”

“Bom, eu não posso dizer nada ainda, tenho o projeto e vou ter que olhar na minha agenda para ver se terei um tempo disponível…”

Falei em um tom sério, ouvindo em seguida um silêncio assustador.

“TaeTae…”

Aquele tom de voz severo era bem o que eu queria causar.

“É uma brincadeira, umma, não sou doida de desobedecer uma intimação dessas !”

Em meio a minha risada, ouvi a dela do outro lado, meneando a cabeça em negativo ao achar graça de ter um compromisso já marcado a essa distância de tempo.

“Nem que tenham que te arrastar, você vem ! Estamos planejando ir para aquela casa de praia do seu pai, lembra ? Quando você era criança, não queria sair de lá !”

“Ah~,claro que sim ! Appa estava reformando ela, não é ?”

“Sim, e agora está ficando mais linda que nunca ! Estamos trocando todas as coisas velhas, mas ainda sim, o seu lugar vai ficar intacto !”

O meu lugar. Era uma espécie de terraço que tinha nela, na onde minha mãe costumava cultivar plantas de todos os jeitos, formando um jardim muito bonito. Eu quando criança, costumava muitas das vezes dormir por ali, fazendo uma cabana improvisada ao levar todos os meus brinquedos para lá.

Uma nostalgia tremenda me atingiu nesse momento. Tempos bons que nunca voltariam.

“Tudo bem, está me convencendo umma !” Eu nem precisava ser convencida, e ela sabia disso.

“Ah e sabe como seu pai gosta de casa cheia, não é ? Se quiser, chame seus amigos, Sooyoung, Key, todos aí que puderem, lá é que nem coração de mãe, sempre cabe mais um !”

“Okay, pode deixar, não vou decepcioná-la de novo !”

“Então mantenha contato, certo ? Você sabe que te amamos mais que tudo, não é ?”

Desviando do horizonte para a comida novamente, pensei em quem logo estaria a devorá-la junto comigo.

“Claro que sim, eu também amo vocês.”

“Bom mesmo. Agora tenho que ir, seu pai e eu vamos jantar fora.”

“Uh, que chique, huh ?”

“Manter os laços, TaeTae, manter os laços. “Com sua risada, abri um largo sorriso.

“Então vai lá.”

“Ah, só mais uma coisa !”

Ao ter colocado o celular no ombro para ajeitar os sacos ao meu lado, voltei a segurar o celular com uma das mãos, curiosa pelo que estava por vir.

“Quando nos encontrarmos, leve seu namorado ! Tenho que ver se aprovo ou não o rapaz !”

Me senti muito desconfortável ao ouvi-la falar assim. Ela não sabia...Talvez nunca iria saber.

“Uh, que namorado ?”

“Não tem um ? Até hoje TaeTae ? Depois do Hyungjoon, da traição e tudo mais, não teve mais ninguém ? Isso não pode acontecer ! Quero netinhos filha e pense bem, logo logo chegará na casa dos 30 !”

“Daqui a 4 anos.”

“Sim, isso passa em um piscar de olhos.”

Engoli em seco, querendo desligar o telefone o quanto antes. Eu não queria mais falar sobre isso...Não quando eu sabia que nunca poderia dar o que ela tanto sonhava para mim.

“Okay umma, vá jantar, também preciso desligar. Diga ao Appa que o amo muito, certo ? Até mais.”

Com apenas mais uma despedida vindo dela, desliguei o celular com força. Foi incrível o tanto que aquela mudança de rumo da conversa me fez sentir mal, completamente o oposto do que sentia no começo da mesma.

Deixando escapar um longo fôlego, por fim, peguei as coisas que precisava de sai do carro, indo diretamente ao meu destino.

XxX

“Ayo ! A comida está aqui !”

Ao anunciar tal coisa no ambiente já iluminado e barulhento, recebi 2 pares de olhos atentos e extremamente fofos a encarar o que tinha em mãos, largando o que estavam fazendo para virem até mim.

“Até que enfim unnie ! Pensei que ia morrer de fome !”Jiyoung foi a primeira a chegar perto, estendendo os braços para me ajudar com as sacolas.

“Ah, qual é, não demorei tanto assim, demorei ?”Entreguei uma sacola mais leve para ela, vendo Jongsan fazer o mesmo.

“Demorou sim, mas não ligo, pelo menos já tem comida !”Jongsan ajudou Jiyoung, ambos passando a correr até a cozinha de Tiffany enquanto eu os seguia de modo mais lento.

“Ei, os dois, cuidado aí !”Alertei-os ao imaginá-los caindo com sacola e tudo. Isso com certeza não seria legal.

Ao andar atrás, Prince passou por mim correndo, parecendo querer seguir a mesma direção que as crianças.

Chegando na cozinha, vendo-os colocar as comidas em cima do balcão, fiz o mesmo, notando que Tiffany não estava por ali.

“Cadê a Miyoung ?”Olhei as crianças em um modo interrogativo.

“Noona ! A comida já chegoou !” Jongsan gritou, fazendo-me franzir o nariz pela altura ao mesmo tempo em que sorria pela pressa dos dois ao abrir logo as coisas. “Ela está lá em cima !”

“Waa ! Unnie comprou sorvete !” Jiyoung remexeu nas sacolas que coloquei no mesmo lugar das outras, olhando para mim com um sorrisão banguelo.

“Cadê cadê, eu quero !”Jongsan subiu e ficou de joelhos no banco do balcão, assim como a sua irmã já estava.

“Calma, o sorvete é para depois ! Aliás, que tal irem lavar as mãos ? Ou vão querer dividir a comida com os germes aí ?”

“Eww !”

“Eles comem comida também, noona ?”

Tal pergunta me fez rir.

“Vai lavar a mão para não correr o risco !”

Assim, os vi sair do lugar para irem fazer o que eu pedi. Logo, segui até o andar de cima, encontrando Tiffany no meio do caminho.

“Hey.” Vendo que as crianças não estavam por perto, recebi um curto beijo nos lábios. Ela parecia ter acabado de sair do banho e estava mais que cheirosa...Quase suspirei ao inalar bem o seu cheiro.

“Hm, está cheirosa, huh ?”

“Se não estivesse, então tem algo de errado com o meu banho, né ?”Tiffany riu e deu um tapinha leve em minha bochecha, desviando de mim para poder continuar o seu trajeto anterior.

Assim, a segui.

“Trouxe o que pediu e...Sorvete !”

“Por que eu tinha a certeza de que você iria trazer sorvete ?”A vi olhar para mim por cima do ombro com os olhos meio cerrados.

“Porque me conhece, talvez.”Dei ombros, sorrindo ao seguir na mesma direção.

Ao chegarmos na cozinha, arrumamos tudo para podermos comer, já que todos pareciam famintos a uma hora daquelas.

XxX

Leo havia deixado os gêmeos com Tiffany a pedido dos mesmos, os quais quase requiriram minha presença ao estarem ansiosos pelo enfim “campeonato de videogame” que haviamos falado a meses atrás. Nesses tempos, eu já havia saído com os dois e ela para alguns lugares, mas nunca paramos para fazer tal glorioso evento.

A cada vez mais eu me sentia apegada às duas crianças, sendo um sentimento mútuo ao ver que também gostavam de mim da mesma maneira. Em alguns momentos, até me pegava a observar o tanto que Tiffany parecia ter aprendido a gostar de estar com eles, a buscar tal coisa para ela. Me sentia feliz de vê-la feliz, simplesmente isso.

Jiyoung e Jongsan eram duas figuras, para falar a verdade. Eles eram inocentes mas ao mesmo tempo, muito espertos e travessos. Porém, apesar de existir as travessuras e as brincadeiras, eles sabiam escutar e respeitar quando mereciam broncas. Com duas crianças desse jeito, até mesmo pensei em como eu seria com meus filhos. Se fosse para ter filhos assim, tudo seria perfeito.

Tal pensamento me fez lembrar no que minha mãe havia dito a horas atrás. Netos, ela queria netos. Netos gerados por uma mãe e um pai, não adotados por uma mãe e uma mãe. Em meio as risadas das crianças com Tiffany, me peguei encarando o além ao pensar nisso.

“Yah, Taeyeon unnie !”Jiyoung passou as mãozinhas na minha frente, como se para checar que eu estivesse enxergando.

“Huh ?”

“Chegou a hora !”

“Do que ?”

“Do campeonato, durr !”

“Ah !” Abri um sorriso largo e genuíno, feliz por todos já estarmos com a barriga cheia até demais. “Como vai ser ?”Me levantei para ir até o videogame disposto em frente a televisão. “Times ? Dois versus dois ? Um versus um ?”

“Os dois, noona. Primeiro de time e depois um contra um !”

“Os times tem que ser equilibrados, né ?” Olhei para trás, vendo o amontoado de almofadas e alguns puffs que ali tinha, tendo Tiffany sentada em um enquanto os outros dois estavam esparramados pelo chão.

“Sim, um bom e um ruim para cada time !”

“Então Fany fica no seu, né ?”

“Yah !” Tiffany protestou com minha brincadeira.

“Não mesmo, o meu ruim é o Jongsan, o seu ruim que é a unnie !”

Tiffany lançou um olhar para Jiyoung, fazendo-a apenas rir enquanto Jongsan olhava feio para a irmã.

“Como desejar ! Agora, o que o time vencedor ganha ? Tenho que saber já que né, vamos ganhar de lavada.” Peguei os jogos e comecei a ‘folheá-los’, em busca do guitar hero.

“Booo !”Jongsan ‘vaiou’ enquanto Jiyoung riu.

“Nem em sonhos, unnie !”

“Quero nem saber, se eu perder a culpa vai ser da sua unnie !”Lancei outro olhar provocador para Tiffany, recebendo uma expressão triste e fofa em retorno.

“Isso eu sei, unnie faz todo mundo perder !”

“Yah, chega ! Vamos começar com isso, chega de ser atacada por hoje ! Ninguém me entende !”

“Eu te entendo, noona !”Jongsan levantou e se jogou com força sobre Tiffany, fazendo-a soltar um grande “humpf” por tê-la pego de surpresa.

Com tal coisa, não evitei as risadas ao colocar o cd no console, logo depois assistindo Tiffany a abraçá-lo enquanto se queixava de tamanha injustiça para com os dois, digno de um discurso de gente sofrida.

Quando tudo já estava nos conformes, coloquei o suporte da guitarra em meu ombro, recebendo torcida de Tiffany assim que o fiz. Era até cômico o quanto estávamos sendo extrovertidas naquele momento. Quando Jiyoung preparou a sua, ouvi Jongsan apoiá-la da mesma forma, virando no fim, um duelo de quem torcia mais.

Quando por fim, a tela de carregamento do duelo apareceu, dei um olhar ameaçador para Jiyoung e recebi um da mesma forma.

Showtime.

XxX

Como dito, eu não tive pena da pequena Jiyoung. Ela não queria que eu a deixasse ganhar, então, não a deixei. Pelo menos, não até ela escolher uma música que segundo Tiffany, passava quase o dia inteiro sempre que podia, jogando nela. Aí era apelação, ela já havia treinado e eu não.

Bom, os resultados assim foram ótimos. Pelo menos até o desastre chegar, até ser a vez de Tiffany e Jongsan.

Jongsan ganhou de lavada, deixando uma ruiva emburrada e fazendo bico sempre que podia. Se as crianças não estivessem por perto, tenho certeza de que encheria de beijos aqueles lábios que fingiam demonstrar tristeza.

Por fim, depois de todos os duelos seguintes, de um a um, de time, acabou que venci para nós duas, não sendo lá muito fácil como imaginei que seria. Jiyoung era uma boa jogadora, isso era inevitável dizer.

“Waah ! Noona é muito boa !”Jongsan festejou junto com nós duas, tendo Jiyoung a jurar uma vingança em uma revanche logo depois.

Eu estava me divertindo bastante, isso era certeza.

XxX

Nossa noite estava terminando com um filme de animação da Disney, tendo os gêmeos deitados no chão - à escolha deles -  e eu e Tiffany no sofá, podendo assim, ao menos tê-la deitada entre minhas pernas, com a cabeça apoiada em minha barriga enquanto cobertas.

Pelo silêncio na sala já quase no final do filme, depois de tanta hiperatividade, comentários e risadas dos dois, tive certeza de que ambos estavam a roncar embaixo de nós. Assim, pude terminar o filme com Tiffany em meus braços, dando beijos em sua cabeça ou bochecha vez ou outra para demonstrar afeto.

No fim, ao passar dos créditos, ficamos a comentar sobre o filme em voz baixa para não acordar as duas criaturinhas, as quais deveriam estar exaustas de tanta “farra”. Sem contar que, já estava tarde.

Com isso, Tiffany se levantou com cuidado, acordando Jongsan com delicadeza. Decidindo ajudá-la, fiz o mesmo com Jiyoung, levando-os então para escovar os dentes e arrumar para dormir.

Mais uma vez, lembrei do que minha mãe havia dito e imaginei como seria eu ter os meus. Será que, em um futuro distante, eu seria uma boa mãe ? Será que...Eu os teria, com Tiffany ? A ideia me fez sorrir mas ao mesmo tempo, me fez ficar muito curiosa. Do jeito que estávamos agindo com os dois, parecia até que eram nossos filhos…

Isso me levou a pensar se havia mesmo um futuro ao seu lado. Costumava focar apenas no presente, mas ter tal pensamento não machucava. Eu gostaria de tê-la comigo com o passar dos anos, é lógico...Seria muito bom mesmo.

Por isso, com tal coisa, não deixei o que minha mãe disse, chegar a me aborrecer. Ao por os dois sonolentos na cama de casal do quarto extra que Tiffany tinha em casa, por fim, fui guiada até seu quarto, estando ciente de que já era meia noite e quarenta e quatro.

Ao me arrumar para dormir, juntamente com ela, a vi ser a primeira a se jogar na cama, estando com o rosto virado para o lado esquerdo, deitada de bruços, enquanto deixava o lado direito vazio para mim.

“Hmm~” Tiffany balbuciou com o rosto preensado no travesseiro, mostrando estar cansada ou com sono.

Lentamente, me direcionei até a cama, olhando sua parte traseira com atenção. Ao usar meus dedos para percorrerem um trajeto leve e devagar de seu calcanhar até a sua coxa, pairando no início de seu short, deitei-me da mesma forma.

Me fazendo confortável ali, subi um pouco mais minha mão, deixando-a descaradamente em cima de sua bunda.

Pude ouvir uma risada abafada nesse mesmo instante, sabendo o motivo dela.

“Tae…”

Ao apoiar meu cotovelo direito na cama, levantei a cabeça para poder olhar as suas costas, mantendo minha mão esquerda naquele local sagrado a alisá-lo de pouquinho em pouquinho. Eu tinha um sorriso faceiro em meu rosto, certa de que cada vez mais meu lado byuntae se mostrava.

Sem ligar muito para as coisas, vi meus dedos seguirem até o final da blusa dela, subindo-a para revelar assim, a pele branquinha e macia em seu cóccix, obrigando-me a deixar um beijinho por ali. Na medida que fui subindo o tecido, meus inocentes e curtos beijos seguiram o mesmo caminho.

“Taeyeon-ah…”

A voz de Tiffany continuava abafada devido a posição de seu rosto, mas eu sabia que aquilo era mais um protesto do que um pedido para seguir em frente.

“Hm ?” Dei o último beijo em suas costas ao ver que não podia seguir em diante, a não ser que retirasse a blusa de modo decente.

Olhei na direção de seu rosto apenas para esperar resposta.

“O que está fazendo ?”

“Eu ? Nadinha.” Passei a mão que antes subia a blusa por sua pele exposta, usando minhas unhas levemente para acariciá-la.

“Mesmo ?” Tiffany ajeitou seu rosto no travesseiro, melhorando bastante o modo como sua voz saía agora.

“Mesmo.” Voltei o rosto para perto de seu corpo, retirando a mão do lugar que mais gostava apenas para tirar o cabelo da direção do seu rosto e de seu pescoço. Eu os queria livre, é claro.

Sem esperar outra pergunta, dei um beijo estalado em seu pescoço, ouvindo novamente uma risada como resposta. Ela não estava acreditando em mim, era óbvio. Ela estava certa em não acreditar…

“Tae-”Subi o beijo para seu maxilar, para sua bochecha e por fim, fui parar em sua orelha. “Não podemos…As crianças estão aqui e Jongsan até costuma vir para meu quarto quand-”

“Não estou fazendo nada demais, Fany.” Beijei sua orelha da parte inferior até a superior, achando extremamente fofo tal formato.

“Acha que acredito ? ”

Antes de respondê-la, capturei a extremidade de sua orelha com os dentes, mordendo de leve para não machucar enquanto fingia a estar devorá-la ao mexer a cabeça de um lado para outro.

“Grrr !” Soltei um grunhido no mesmo instante, sem soltar o que segurava entre os dentes, em uma imitação dork de um dinossauro fissurado em orelhas.

Tal ato a fez rir de novo, fazendo-a fechar os olhos em seguida.

“Debferia achrfeditar !” O modo como falei saiu meio estranho por não soltar sua orelha. No momento que o decidi fazer, voltei a dar pequenos beijos por lá.

“Hm, e quanto a essas mãos aí ?” Eu podia perceber que seus olhos continuavam fechados ao ver seus lábios curvados em um sorriso divertido.

“Vão muito bem, obrigada.” Dei um tapinha em sua bunda nesse exato momento, arrancando mais uma gargalhada da ruiva.

Seu cheiro era tão bom, eu parecia não querer parar.

“Engraçadinha.” Tiffany tentou menear a cabeça em negativo, como se reprovando o que eu estava a fazer.

Sem perder tempo, decidi voltar para as suas costas.

“Mas é sério, Taeyeon-ah, não podemos...Imagina que desastre se eles acordam e começam a escutar ?”

“Hm, ainda bem que sabe que eu não deixaria você ficar silenciosa por muito tempo.”

“A-yah !”Tiffany protestou, tentando arranjar forças para me acertar um tapa. Por sorte, e pela posição que estava, ela não foi capaz para tal coisa.

“Estou brincando, Fany-ah. “Não estava não.

“Humpf !” Voltei a passear com meus dedos pela extensão de sua coluna. “Pode ir parando então, senhorita Kim.”

Seus olhos ainda permaneciam fechados. Passei a observá-la pela visão superior que conseguia ter, sorrindo feito besta com isso.

“Só paro se me der um beijo.”

“Nuh-uh.”

“Qual é Pany, essa é a única proposta que vou fazer ! Ou é esse trato ou...”

Com tal explicação, a vi suspirar fundo como se em uma irritação fingida, virando seu rosto para minha direção apenas para me dar um beijo curto nos lábios. Não durou nada, já que logo ela se encontrava com a cabeça escorada no travesseiro mais uma vez.

“Pronto, satisfeita ?”

“Claro que não !” Dei outro tapa no lugar macio como se a estivesse reprovando. “Isso não foi um beijo de verdade, foi um mero beijinho !”

Tiffany se encontrava já preparada para “dormir” ao continuar a estampar o mesmo sorriso.

Sem mais delongas, deitei meu corpo sobre suas costas para poder colocar meu rosto na frente do seu, capturando sua boca daquela maneira mesmo. Logo fui retribuida, apesar da posição não ser lá essas coisas.

Ao terminar quando bem quis, afastei o rosto o minímo possível.

“Isso sim é um beijo.” Dei um sorriso de canto ao vê-la parecer acordada de vez, fazendo então, menção de deitar suas costas de volta na cama ao me expulsar de cima desta.

Aos poucos, fomos nos ajeitando e no fim, me encontrei por cima dela, com as mãos a apoiar-me no colchão enquanto seus olhos me encaravam de modo significativo.

Não demorei até me encontrar a beijar os lábios que por horas, não pude beijar o tanto que desejava. Minhas mãos continuavam a agir por conta própria, indo e vindo bem como queriam. Eu realmente não queria parar, mesmo sabendo que corria riscos e que se algo inesperado acontecesse, não seria nada bom para nenhuma de nós duas.

Tendo meus dedos por dentro de sua blusa, em sua barriga, prestes a chegar até seus seios, ouvi um murmúrio seu em meus lábios.

“Tae-”Não estando nem aí para o protesto, sabendo que eu poderia mudar a sua mente logo logo, continuei com o que fazia.

Bom, pelo menos até eu sentir meu corpo ser jogado para o lado, soltando um engasgo assim que minhas costas fez contato com a cama daquela forma súbita.

Tiffany havia me empurrado para o lado, desfazendo toda a minha diversão em questão de segundos.

“Já deu o beijnho, né ? Acho que o trato foi cumprido !” Por mais que eu estivesse a pensar que ela deixaria de lutar e cederia, estava bem enganada.

“Baah !” Fechei os olhos ao estar do seu lado, tendo seu olhar em cima de mim naquele instante. Suspirei fundo para demonstrar minha infelicidade com aquele resultado. “Tá bom, tá bom, you win !” Menei a cabeça em negativo, fazendo a expressão de uma criança que havia acabado de ter seu doce roubado.

“Ei ei, kid, para de fazer bico, sabe que é só porque não podemos mesmo então, pode ir parando.” Senti vários selinhos a desfazer meus lábios pressionados em insatisfação.

Ao tê-la a se afastar, abri os olhos, parecendo já estar sem ressentimentos algum.

“Tá bom Hwang...Mas você me deve uma !”

“Como quiser. “ Tiffany sorriu e voltou a deitar sua cabeça no travesseiro, virando seu corpo para a minha direção enquanto passei a olhar o teto.

“Ótimo.”

Após minha resposta, passamos um tempinho em silêncio e apesar de poder ter parecido que ela havia pegado no sono, eu sabia que ela ainda se encontrava acordada, apenas sabia.

“Ei Fany…”

“Huh ?”

“O Leo sabe sobre nós ? Digo...Sobre estarmos namorando ?”

Virei meu rosto para a mesma direção dela, vendo-a abrir os olhos nesse momento.

“É claro, já faz três meses, se não soubesse eu poderia até levar uma bronca.” Vi os cantos de sua boca curvarem em um pequeno sorriso.

“Ah~”

“Por que a pergunta ?”

“Nah, é que...Ele sabia que eu ia dormir aqui hoje ? Digo, pelo fato dos filhos dele estarem aqui e, você sabe…”

“Está me perguntando se ele não se sente incomodado em deixar os gêmeos aqui por você ser minha namorada ?

“Basicamente…”

“Que isso, Taeyeon-ah. Não tem motivos para não o fazer, sem contar que até a esposa dele é compreensiva nesse ponto. O que é claro, ele não iria querer é que nos pegassemos na frente das crianças, do mesmo modo que ele não gostaria que um casal hétero fizesse isso também.”

“Uhm, entendi.”Anui em compreensão, pensando em como isso deveria ser legal. Ter aceitação de familiares.

Mais alguns momentos de silêncio seguiram assim, pelo menos até ser sua vez de o quebrá-lo.

“Posso te perguntar uma coisa ?”

“Claro.”

“Você pretende, algum dia, contar para a sua família sobre… Você ?”

Logo que a ouvi, fiquei surpresa pela coincidência. Até então, pensamentos desse tipo estavam a me atormentar desde que falei com minha mãe mais cedo.

“Sim, algum dia mas...Acho que não muito cedo.”

“Tem medo, não é ?”

Acenei em confirmação.

“Eu sei que não vai ser nem um pouco fácil então não consigo me sentir preparada para algo tão grande assim.”

“Entendo…”

“Não se importa muito, não é ? Digo, de manter nós duas em segredo pelo menos para minha família ?”

“Nah, tudo tem seu tempo, não se preocupe comigo. “

“Obrigada por entender, Fany-ah.” Dei um sorriso gentil para mostrar minha gratidão. Não sei se seria fácil para ela esconder algo assim...Para Jessica, não fora tão fácil, então, me preocupava ter de pedir tal coisa para ela.

“Não precisa agradacer.”

Tiffany retribuiu o sorriso, chegando seu corpo para perto do meu aos poucos antes de voltar a deitar em suas costas, passando a encarar o teto.

Mais instantes de silêncio vieram antes dela prosseguir.

“Sabe, de vez em sempre me pergunto como meus pais reagiriam.” Sua voz saiu calma, mas apesar disso, me senti pega de surpresa por ela tocar no assunto de seus pais.

Era algo tão delicado para ela que nunca conversávamos sobre eles.

“Como acha que seria ?” Aproveitando da brecha que ela me dera, me senti interessada pelo que passava em sua mente, em tentar imaginar como eles eram e como ela já foi um dia.

“Minha mãe sempre foi de bom coração. Era severa quando precisava, mas isso não durava muito. Acho que se eu chegasse a contar que apesar de gostar de garotos, também gostava de garotas, ela surtaria. Não importando a bondade que ela tinha, acho que não gostaria nem um pouco de ouvir algo assim, é óbvio.” Tiffany continuava a olhar para cima enquanto eu não tirava os olhos de seu perfil.

“Ficaria talvez ainda mais aborrecida se soubesse que na época, por exemplo, eu estivesse a namorar você.” Franzi o cenho ao imaginar a mesma reação para minha mãe. “Mas no fim...Eu sei que ela entenderia.”

Pude ver um sorriso bem pequeno em sua boca.

“Não aceitaria muito bem, mas entenderia, e faria o possível para te fazer sentir confortável e inserida em nossa família. Era assim que ela era, não conseguia fazer ruindade nem mesmo para alguém que não gostasse dela.”

Não pude evitar em sorrir ao pensar nisso. De fato, fiquei curiosa quanto à sua aparência. Será que ela possuia o mesmo eye-smile que Tiffany ?

“E quanto a seu pai ?”

“Bom, meu pai…”Tiffany soltou uma breve risada pela respiração. “O que ele não fazia pela minha mãe ? Ele era um bobão apaixonado. Por me lembrar dele ser sempre imprevisível, não tenho certeza de como reagiria mas se minha mãe dissesse para ele não te maltratar, ele não o faria.”

Ele parecia muito apaixonado pela mãe dela...Isso explicava muita coisa.

“Eles se amavam bastante, não é ?”

Vi o sorriso continuar mas logo, me pareceu estar se enfraquecendo.

“Muito. Tanto que bem, ele não conseguiu viver sem ela...Não sei se acho isso uma prova linda do amor deles ou se penso que amor demais não é lá exatamente muito saudável.”

De fato, não me parecia ser tão positivo como imaginam. Amar em excesso poderia acabar em tragédias como essa, desembolsando assim uma série de coisas que no fim, resultariam em dor.

“Talvez os dois.” Antes que pudesse comentar algo, ela pareceu responder a si mesma.

“Você...Conseguiu perdoar seu pai ?” Estava um tanto hesitante por entrar em tal assunto mas ao mesmo tempo, me sentia feliz por tê-la a compartilhar algo tão pesado de sua vida comigo.

Significava muito.

“Perdoar ? Acho que é uma palavra muito forte. Perdoar é esquecer de tudo que já senti por causa do que ele fez, é parar de culpá-lo, é visitar o seu túmulo pela primeira vez desde que atingi maior idade e chorar por saudade, não por ressentimento.”

Senti meus olhos se arregalarem por tal informação. Fazia tanto tempo assim que ela não visitava seu pai ? Aí que comecei a perceber que a profundidade de tal situação em sua vida era maior do que eu imaginava. Realmente, perdoar era difícil, ainda mais quando bem...A pessoa já não estava mais entre nós.

“Não sei se consigo perdoá-lo de vez mas...A raiva que antes sentia já não existe mais.”Tiffany virou o rosto para me olhar, fazendo-me perceber que seus olhos estavam brilhantes, mesmo com a pouca luz do quarto.

Ela parecia estar disposta a falar mais e eu, como bem queria, estava mais que feliz em poder ouvi-la.

“Eu entendi como ele se sentia ao sentir na própria pele, ao atingir o mesmo ponto que talvez ele tenha atingido.”

Seu olhar desviou para baixo. Apesar de demorar alguns segundos para assimilar sobre o que ela se referia, logo que entendi, engoli em seco. Nós nunca haviamos conversado sobre tal evento desde que havia acontecido.

Eu nunca me sentira na posição de interrogá-la mais a fundo, só estive esperando pelo tempo em que ela dissesse por si mesma. Talvez, esse fosse tal tempo.

“Fany...O que passava por sua cabeça quando pensou em se suicidar ?”Utilizei a mais sutil voz que pude, como se estivesse com medo de assustá-la e assim, fazê-la fugir. “O que a levou a pensar em algo assim ?”

A resposta para aquelas perguntas demorou um pouco mais a sair. Ela parecia estar organizando suas palavras.

“Eu não sei nem explicar, Taeyeon-ah.” A vi dar ombros, ainda com o olhar pairado no colchão. “Naqueles dias não havia nada que me fizesse sentir bem...Existia um vazio tão grande dentro de mim, era quase como se não houvesse mais espírito nenhum, como se só estivesse meu corpo a respirar e acordar a cada dia.”

Franzi as sobrancelhas ao tentar entender como ela se sentia. Tal sentimento deveria ser desesperador…Depressão realmente não era brincadeira.

“Eu estava sufocada, angustiada, não podia alcançar a intensidade dos sorrisos que me davam. Na viagem, vendo Leo com a família dele, resumi o meu existir em ser um fardo para todos eles…”A vi dar uma pausa curta. “ Apesar de pensar que uma mente barulhenta é a pior coisa para alguém que sofre de algo, no meu caso, por mais estranho que seja, a minha simplesmente estava parada, entende ? Eu não estava sendo atormentada por pensamentos, muito pelo contrário, eu estava em falta deles. Como se já estivesse quase morta por dentro.”

Ouvir a explicação real de seus sentimentos me assustou e muito. Será que ela havia mesmo melhorado depois de ter passado por algo tão assustador assim ? Será que ela já não se sentia morta por dentro ? Fiquei a me indagar enquanto ela parecia reorganizar novamente suas palavras.

“A única coisa que conseguia pensar era no meu pai, em como ele resolveu toda a sua angústia, em como deve ter melhorado a dor de perder alguém que tanto amava. Não era raciocínio lógico, não consegui pensar na dor que causaria ao Leo, a todo mundo próximo de mim, ou a você, eu simplesmente quis seguir em diante, como se fosse um pedido de ajuda final.”

“Quando eu te encontrei, você já havia feito algo antes ?”

“Não exatamente.Na hora que te mandei aquela mensagem de ano novo, eu estava certa do que queria. Estava certa que queria acabar com tudo, que seria para o melhor mas...Depois que cheguei em casa, foi como se uma barreira surgisse em minha mente, impedindo-me de prosseguir. Pensei então que talvez eu não quisesse me matar mesmo, que só estivesse precisando de uma ajuda a mais já  que quando estão convencidas, as pessoas vão lá e fazem, sem adiamentos.”

Tiffany finalmente me olhou nos olhos, respirando fundo nesse mesmo instante.

“Até pensei que era loucura estar pensando em coisas assim mas depois me pareceu tão fácil, consegue entender ? Eu entrei em um conflito interno imenso, quase como se fizese uma lista de prós e contras, sem no fim saber para onde ir. Mesmo que eu ainda quisesse te ver de novo, me lembrava que talvez estava sendo um obstáculo no namoro seu e da Jessica e aí me sentia um lixo completo. Não havia feito nada para me machucar antes da sua chegada, mas de fato, no fim, planejei tomar uma super dose de comprimidos…”

Não deixei de engolir em seco de novo. A voz de Tiffany já se resumia um pouco mais alta do que um sussurro, fazendo-me observar a sua expressão cansada naquele momento.

“Ter te visto naquele estado por minha causa, pode parecer egoísmo, mas teve um grande efeito em mim. Suas palavras me soaram tão honestas que me senti culpada por ter pensado assim...Tudo o que sentia não acabou naquele instante, na verdade demorou a sair de mim depois de várias consultas com a Hyoyeon, mas você não faz ideia de como sua aparição aliviou parte daquele sentimento ruim que me absorvia.”

“Fany…” Me aproximei para acabar com a distância restante entre nós duas. “Se nem eu nem o Leo tivesse aparecido na sua porta naquele dia…”Subi minha mão para acariciar seu rosto, procurando olhar em seus olhos em busca de uma análise dentro destes. “Ainda estaria te vendo aqui em minha frente ?”

Tiffany ficou calada. O brilho em seus olhos estavam mais intensos ao me encarar daquela forma. Pude vê-la engolir saliva, como se estivesse se formando um nó em sua garganta.

Não recebi resposta direta.

“Você acha que chegaria a ter feito de verdade ?”Sussurrei como se não quisesse perguntar aquilo. Era difícil para mim sequer imaginar isso, ainda mais dizer.

Naquele momento, foi como se um ar super denso tivesse chegado para nos envolver. Uma atmosfera pesada, estranha. Era como se não houvesse palavras para me responder, ou ela simplesmente, estivesse com medo de dizer em voz alta.

Seu olhar saiu do meu. Assim, vi seus olhos se fecharem, demorando a notar que nesse fechar, lágrimas que antes constituiam o brilho de seus olhos, desceram de um modo natural, como se só precisassem daquilo para caírem.

Aquela era a minha resposta. Era uma confirmação silenciosa, uma confirmação que de um jeito ou de outro, doeu meu coração.

Com um suspiro, aproximei meu rosto do seu para beijar sua testa, notando que ela parecia não querer mais falar sobre isso. Dessa maneira, desci meus lábios para depositar beijos sutis em suas pálpebras fechadas, chegando a aninhar seu corpo contra o meu. Após tê-lo feito, voltei meu rosto até a direção da sua têmpora, não deixando nem mesmo um centímetro de distância entre nós.

“Não chore, Yeppeuni.” Meus dedos passaram a acariciá-la gentilmente, tendo-a confortável sob meu toque.

Com meus próprios olhos fechados, senti o pesar em meu coração permanecer.

Eu não queria mais vê-la assim.

“Já passou, está tudo bem.” A fragância de seu cabelo preenchia meu olfato, sendo uma espécie de calmante por simplesmente, estar sentindo-a. Isso significava que eu a tinha em meus braços, e que o pior, já poderia ter passado.

“Não está sozinha."