Saíram lado a lado, quando se deram conta das horas e que já havia parado de chover, o Lee agora ao lado do outro percebeu que ele era uns centímetros mais alto.

 

Donghyuck havia se sentido um pouco incomodado com o olhar dos funcionários sobre os dois enquanto estavam conversando, não só com isso mas também com o fato de sempre irem até a mesa do Park, pareciam até cães de caça.

 

— Então…— começou a falar chamando a atenção do mais alto.

 

— Hm?

 

—Seria rude eu perguntar se você é gay? — fez finalmente a pergunta que queria, o viu arregalar levemente os olhos e corar um pouco — desculpa se te ofendi

 

— Não!. Não me ofendeu… é só que nunca me fizeram essa pergunta e muito menos cheguei a ficar com alguém do mesmo o — coçou a nuca e sorriu sem graça

 

— Ah… então você nunca se sentiu atraído por um cara? — não podia negar que estava chocado

 

— Não… eu já tive interesse, só nunca me relacionei — disse um pouco recluso

 

— Nossa... então— sentiu o celular vibrar no bolso, o pegou e viu o nome Amor brilhando, não percebeu que o loiro também olhou para a tela do aparelho e depois para seu rosto com uma expressão de desapontamento — um momento — pediu para o mais alto que não disse nada, apenas fez um movimento com a cabeça e o viu atender a chamada.

 

— Oii! — falou com um sorriso que logo substituiu por uma careta emburrada — nossa Markkie — fez uma voz manhosa — tá! ta! Eu faço, mas você tem que me dar uma carona, já te mando a localização — desligou na cara do amigo sentindo-se vingado por mais cedo.

 

— Seu namorado?

 

— Hm? Não, eu não tenho namorado

 

— Ah… eu vou indo... nos vemos amanhã hyung...? — perguntou sem muita certeza

 

— Oi?... ah! Sim!...até amanhã?

 

— Sim, claro — disse sorrindo e começou a andar em direção ao automóvel já com a chave na mão

 

Donghyuck quando o viu entrar no carro, abriu um sorriso enorme, tinha um encontro marcado, levou as mãos até os cabelos estufando o peito e dando uma breve volta sem tirar o sorriso do rosto quando parou viu que Jisung estava sorrindo enquanto lhe olhava, tentou disfarçar coçando a cabeça e mandou um tchau para o maior que lhe retribuiu.

 

Depois que o carro sumiu pela avenida, esperou mais um tempo e logo reconheceu o carro do amigo.

 

— Você demorou — disse assim que abriu a porta e sentou no banco, encaixando o cinto no lugar.

 

— Queria ter te esquecido isso sim — ouviu o suspiro do outro, fechou a porta com força — tem geladeira em casa não? — o canadense já era acostumado com o jeito do moreno, porém tinha vezes em que passava dos limites.

 

— Claro que tenho — disse como se fosse óbvio, o mais velho revirou os olhos com a resposta. Donghyuck começou a procurar uma música que gostasse na rádio.

 

— Não parece — deu partida no carro.

 

Depois de um tempo sem ter achado nenhuma música que lhe agradasse, desligou o aparelho.

 

— Acho que hoje foi um bom dia — falou o mais novo quebrando o silêncio que só tinha durado cerca de dois minutos mas foi o suficiente para deixar o coreano inquieto.

 

— Como assim? — perguntou curioso

 

— Quando é que você vai limpar esse carro? — falou olhando a bagunça no banco de trás

 

— Não muda de assunto e me responde

 

— Não estou mudando nada, você deveria arrumar isso aqui — mexeu uma das várias roupas de frio e chuva que estavam espalhadas

 

— Tem certeza que não está mudando o assunto? — encarou o mais novo arqueando uma das sobrancelhas, assim que parou no sinal vermelho

 

— Absoluta — não disse mais nada nem Mark insistiu, o Lee mais novo certamente lhe contaria mais tarde.

 

Donghyuck tinha acordado no horário certo, não havia chamadas perdidas, nem mensagens de Mark.

 

Se o amigo o visse tão cedo no trabalho, certeza que faria piadas

 

Tinha pego o mesmo ônibus que acidentalmente pegou no dia anterior e como não estava atrasado ou coisa do tipo, desceu no mesmo ponto, seguiu calmamente checando uma última vez sua roupa, mesmo tendo feito isso cinco vezes no ônibus, tocou o cabelo apenas para ter certeza que seu penteado não se desfez, não estava todo preocupado daquele jeito só porque teria uma reunião, mas sim para encontrar um certo loiro.

 

E se o loiro furasse? E se o mesmo já namorasse, não tinha feito aquela pergunta, e se ele apenas concordou de se encontrar por educação?. Todos os "e se" passavam pela cabeça do moreno.

 

Chegou a cafeteira e a primeira coisa que fez foi procurar o Park, não tinha checado o estacionamento, e lá estava ele, sentado na mesma mesa, lendo o mesmo livro.

 

O Lee sorriu, ele estava lá, isso era um bom sinal, não? Se aproximou da mesa do loiro.

 

— Oi, esperou muito? — perguntou sorrindo enquanto se sentava a frente do Park

 

— Com licença, acho que se enganou de mesa — disse o loiro olhando ao redor incrédulo e depois o moreno a frente, Park estava com os olhos arregalados e achando aquilo um absurdo, como alguém podia chegar do nada fazendo aquela pergunta como se tivessem marcado algo?

 

— Quê? — o moreno estranhou, só podia ser uma brincadeira — como assim? Marcamos de nos ver hoje, não?

 

— Oi?!? Deve estar me confundindo com outra pessoa, nem te conheço para começo de conversa — exclamou, estava começando a ficar com raiva.

 

— Nos conhecemos ontem! Como pode não se lembrar de que me conheceu? — perguntou ainda não entendendo o que estava acontecendo, se não queria se encontrar com ele,  era só ter falado.

 

— Ontem? — soltou um sorriso nasal — eu nunca te vi na minha vida — levantou da cadeira e apontou para a porta — Peço que, por favor saia

 

Donghyuck arregalou os olhos e apenas uma coisa rondava sua mente 'o que será que deu nele?'

 

— Sim, nós marcamos de nos encontrar hoje, não se faça de desente…hmm.. — um dos garçons tampara sua boca, o levando a força para fora do estabelecimento.

 

— Me solTA!! — Já fora se debateu novamente, finalmente sendo solto.

 

— Faça o favor de se retirar e não voltar mais aqui — disse o garçom sem muita educação.

 

— Eu vou, mas volto — passou a mão nos cabelos, estava indignado, decidiu ir embora, seria melhor evitar brigas.

 

— Hey!..Espera! — se virou quando ouviu a voz de alguém, era Chenle o garçom que lhe atendera no dia anterior, sabia o nome por ter lido no crachá — podemos conversar? É sobre o Jisung.

 

— Hm….? Claro. Onde?

 

— Então, você está me dizendo que o Jisung sofreu um acidente e que não se lembra do que aconteceu ontem, nem nos dias anteriores? — disse para ter certeza do que acabou de ouvir, estavam no estacionamento nos fundos da cafeteria, próximos a avenida

 

— Sim. Ele pensa que hoje é o aniversário dele, ele sempre fazia questão de ser cliente nesse dia — sorriu triste e nostálgico.

 

— Nossa ...isso é possível?... tipo ele realmente não lembra? — não sabia o que dizer o Lee nunca ouvira falar de algo assim — faz quanto tempo isso? Quando foi o acidente?

 

— Um ano. Já faz um ano que Jisung faz as mesmas coisas todos os dias.

 

— Mas como? Ele não vê TV? Não recebe notificação no celular? — estava cada vez mais confuso, queria entender melhor aquilo

 

— Não. O irmão dele faz de tudo para que nada fora do normal aconteça.

 

— Hm… — hesitou um pouco para pensar o que poderia falar — eu… preciso ir — disse depois de olhar as horas no celular — Preciso pensar um pouco, isso ainda me parece uma desculpa esfarrapada — disse fazendo sinal com a mão para chamar um táxi.