Com um suspiro satisfeito, Youngjae terminou de arrumar a mesa para o café da manhã colocando as bebidas que Jinyoung havia trazido todas juntas no centro, ele não sabia qual Mark gostava, então deixaria o mais velho escolher primeiro.

Jinyoung havia mandado uma mensagem para Youngjae na noite anterior dizendo que iria tomar café da manhã no apartamento do mais novo com eles e que iria levar consigo bebidas para todos.

E agora o amigo de infância de Youngjae estava arrumando o afilhado para ir para o Jardim de Infância, que graças a Jinyoung, ele havia consigo uma vaga para Jungkook e não precisaria de uma babá para ficar com seu filho. Apesar de na clínica que Youngjae trabalha ter um local para os pais levar os filhos enquanto trabalham, o mais novo não queria incomodar tanto tendo acabado de começar a trabalhar lá.

Youngjae não cansaria de agradecer por ter um amigo tão bom quanto Jinyoung, por todo o suporte, cuidado, carinho e amor que recebia do outro ao qual ele sempre tentava retribuir.

– Bom dia. – a voz de Mark tirou Youngjae de seus devaneios e o fez olhar na direção da voz.

Youngjae não conseguiu controlar a si mesmo de olhar para o amigo de Jinyoung de cima a baixo. Se você julgasse alguém só pela aparência, Youngjae diria que Mark era o que as pessoas chamariam de anjo de tão bonito que ele era e uma boa pessoa, com certeza.

Mas Youngjae havia conversado bastante com o mais velho na noite anterior, apesar de Jinyoung ter dito que Mark era alguém que não falava muito, então ele sabia que Mark era alguém bom e centrado.

– Bom dia, hyung. – Youngjae sorriu para o mais velho e apontou para a mesa. – Jinyoung-hyung trouxe algumas bebidas então sinta-se à vontade.

– Obrigado. – Mark engoliu em seco, seus olhos não desviavam do sorriso no rosto do mais novo. – Desculpa, ter dormido demais e não ter ajudado. Eu... – Mark se interrompeu ao sentir bracinhos envolvendo uma de suas pernas.

– Papa, comida. – um sonolento Jungkook acabou abraçando as pernas de Mark.

– Esse não é seu papai, Kookie. – Jinyoung surgiu na cozinha sorrindo para o pequeno sonolento Jungkook que levantou a cabeça e olhou confuso para Mark enquanto esfregava um de seus olhinhos.

– Maku, comida. – pediu Jungkook voltando a abraçar a perna de Mark fazendo Jinyoung e Youngjae sorrirem e Mark sentir suas bochechas esquentarem.

1 semana depois

Depois de uma semana convivendo com Youngjae e Jungkook, Mark havia se habituado com a nova rotina, para alguns poderia ser uma coisa banal, mas o mais velho havia apreciado isso mais do que ele imaginaria que seria possível.

A rotina era quase a mesma de sempre. Sair cedo para trabalhar, voltar à tarde, corrigir exercícios dos alunos, pensar no conteúdo da próxima aula, avaliar o rendimento dos alunos para ver quem precisaria de uma atenção extra para que ninguém ficasse para trás nas aulas.

Mas agora Mark tinha mais tempo livre por estar morando mais perto da escola que ele acabava gastando em seus momentos com Youngjae e Jungkook.

Levou pelo menos três dias para Mark se sentir mais confortável no apartamento de Youngjae. Jungkook foi mais fácil já que o pequeno gostava de ficar perto de Mark, não que os dois ficassem conversando o tempo todo, os dois só curtiam a companhia um do outro.

Mark preparava suas aulas e corrigia exercício e Jungkook brincava ao seu lado, as vezes chamando a atenção de Mark para algo que ele conseguia fazer, comentando um pouco sobre seu dia na escola e quando brincava com Coco. Mark era sempre presenteado com um sorriso brilhante do pequeno, o que Mark internamente agradecia pois o sorriso dele tirava um pouco do estresse que o mais velho tinha depois de passar um dia atarefado na escola.

O mais velho percebeu que para uma criança na idade de Jungkook, o pequeno era muito quieto e reservado, eram raros os momentos que ele se queixava de alguma coisa e mais raro ainda ele se opor a qualquer coisa que os adultos conhecidos dele falavam para ele.

Mark havia comentado isso com Youngjae. O mais novo sorriu para o outro e disse que não precisava se preocupar, que Jungkook ainda estava se habituando as coisas em Seoul, mas Mark percebeu que tinha algo mais que Youngjae não queria conta-lo.

Com Youngjae foi mais rápido, principalmente depois do segundo dia de convivência. Mark tinha pensado que era só uma atração que ele sentia por Youngjae, que passaria, mas depois de dois dias Mark viu que realmente ele havia caído pelo mais novo.

E o que fez ele perceber isso foi o ciúme. Youngjae era o homem mais sociável do mundo e sorria para todos. Apesar de algumas pessoas não compartilharem de seu ânimo, Youngjae não deixava isso abala-lo.

No primeiro dia, quando Mark, Youngjae e Jinyoung que carregava o sonolento Jungkook no colo, saíram juntos do apartamento, todas as pessoas do prédio por quem Youngjae passava o cumprimentava ao qual Youngjae devolvia a cortesia alegremente.

No final desse mesmo dia, quando Youngjae voltou para o apartamento junto com Jungkook, o mais novo trazia também um pequeno bolo. Um bolo que ele havia ganhado da dona da padaria que ele sempre ia.

Nesse dia os dois ficaram até tarde conversando, contando um pouco sobre cada um. Youngjae até havia mencionado a mãe de Jungkook, mas logo havia mudado de assunto.

No dia seguinte Youngjae chegou acompanhado com uma bela mulher que carregava Jungkook no colo. Vendo essa cena foi quando Mark sentiu a pequena picada do ciúme.

A mulher era educada e manteve uma conversa estável com Mark quando eles estavam no mesmo ambiente, mas Mark só conseguiu sentir apatia por ela.

O que piorou na hora que foram preparar o jantar.

Mark e Youngjae haviam combinado que a cada dia um intercalava os dias para fazer o jantar, como no primeiro dia havia sido Mark quem cozinhará, agora era a vez de Youngjae e a mulher, que havia se apresentado a Mark como Sora disse que iria ajuda-lo.

Sora é uma das recepcionistas da clínica que Youngjae trabalha. Ela estava ali para acertar alguns detalhes de uma viajem que Youngjae teria que fazer dentro de algumas semanas. Como precisavam de alguns documentos de Youngjae e os detalhes finais tinham que estar prontos para o próximo dia logo pela manhã, Sora se dispôs a acompanhar Youngjae até ao apartamento do mais novo para que ele não tivesse todo o trabalho de levar para ela.

Mesmo não querendo julgar alguém logo de cara, Mark não pode evitar pensar que tinha algo mais na boa vontade da moça e ele viu que não tinha se enganado em achar isso.

Enquanto os dois cozinhavam, Mark não se segurou a espia-los enquanto Jungkook estava distraído brincando com Coco.

Mesmo Youngjae não tendo feito nada demais além do que sua pessoa já fazia, Mark podia ver que Sora estava completamente dando em cima de Youngjae em cada oportunidade que tinha, sempre chegando perto do mais novo dizendo que iria ensina-lo um jeito mais fácil de fazer o que quer que estavam ocupados fazendo no momento.

Enquanto os minutos passavam, Mark sentia o ciúmes o consumindo mais e mais o que o deixou aturdido. Ele nunca havia sentido ciúmes assim antes e foi nesse momento que ele se deu conta do que estava sentindo por Youngjae.

Mark sorriu sem humor. “Bastou dois dias para me apaixonar por ele, mas quem pode me culpar?” pensou Mark se forçando para tirar os olhos de um concentrado Youngjae, que tentava fazer a parte dele no jantar sem errar, e se concentrar no que estava preparando para as aulas que iria dar no dia seguinte.

O jantar passou com Youngjae alheio as indiretas de Sora e Mark se sentindo mais relaxado ao ver que Youngjae não estava nem um pouco interessado na mulher, não o interesse que Sora queria que o mais novo sentisse por ela.

Quando Youngjae voltou, depois de ter levado a mulher na casa dela, o mais novo nem se quer comentou sobre ela. A atenção de Youngjae estava toda voltada para Mark e as histórias que o mais velho contava do tempo que ele vivia em Los Angeles antes de se mudar para Seoul, dez anos atrás.

No domingo foi o dia que Mark percebeu que não estava só apaixonado por Youngjae, mas ele viu que pela primeira vez em sua vida ele estava amando alguém. Ele sentiu como era realmente amar.

Youngjae havia convidado a todos – BamBam, Yugyeom, Jinyoung, Jaebum e Jackson, os dois companheiros de apartamento de Jackson não puderam ir, ocupados com visitas familiares – para jantarem em seu apartamento.

Depois do jantar Jackson desafiou Youngjae a usar suas habilidades de musico ao saber o que Youngjae fazia exatamente como musico-terapeuta.

Quando o mais jovem começou a tocar e a cantar, Mark se viu hipnotizado por ele. Seus olhos acompanhavam cada movimento que Youngjae fazia e seus ouvidos atentos em cada nota tocada e cantada.

Ele já tinha ouvido Youngjae cantar. Ele sempre cantava para Jungkook dormir. Não que Mark espiasse, o quarto de Jungkook era ao lado do dele enquanto o de Youngjae era o quarto em frente ao seu.

Mas ouvir ele cantar agora era completamente diferente. Não tinha uma parede interferindo no som, agora ele ouvia clara e lindamente a voz de anjo que Youngjae tinha.

– Deveríamos ter trazido babadores. – comentou Jaebum divertido para Jinyoung ao ver como Mark, Jackson, BamBam e Yugyeom olhavam encantados e com a boca aberta para Youngjae. Jungkook no colo de Jaebum sorria amplamente para o pai que estava completamente imerso na música.

– Pode ser, mas o caso de Mark parece mais sério. – falou Jinyoung alto o suficiente para Mark ouvir, mas o mais velho se quer notou fazendo Jinyoung e Jaebum sorrirem.

– Por essa eu não esperava. – disse Jaebum olhando atentamente para Mark.

– Eu estava desconfiado desde que ele comentou sobre o bolo que Youngjae havia ganhado e sobre Sora na escola. – sussurrou Jinyoung para Jaebum.

Mark e Jinyoung trabalhavam na mesma escola com Mark dando aulas de Inglês e Jinyoung dando aulas de literatura.

– As pessoas sempre gostaram de dar coisas para Youngjae, principalmente comida. – emendou Jaebum. – Se Mark-hyung ficar com ciúmes todas as vezes que isso acontecer, os nervos dele não vai aguentar. – brincou fazendo Jinyoung rir.

Youngjae parou de cantar e finalizou com algumas notas no teclado musical. Jackson e BamBam ficaram de pé aplaudindo e assobiando para Youngjae pela performance. Yugyeom e Jungkook aplaudiam com entusiasmo. Jinyoung e Jaebum também se juntaram aos aplausos, mas Mark mantinhas seus olhos em Youngjae, completamente hipnotizado.

Enquanto Yugyeom, Jackson e BamBam foram congratular Youngjae pela performance Jinyoung se aproximou de Mark cutucando-o e tirando o mais velho de seu estupor.

– Se continuar assim todos vão perceber o que sente por Youngjae. Até o Sunshine. – Mark sentiu seu rosto esquentar pelas palavras de Jinyoung sem negar o que o outro tinha dito. Ele podia dizer agora com certeza que estava amando o mais novo. – Creio que reparou que Youngjae é bem observador em relação aos outros, mas quando é com ele, Youngjae pode ser um pouco relapso. – o que Mark agradecia, ele não queria que Youngjae descobrisse e a amizade que tinham ficasse estranha, ou pior, que acabasse.

– Sim, eu reparei. – sussurrou o mais velho desviando o rosto do sorriso matreiro que Jinyoung estava lhe lançando. Quando fez isso percebeu que alguém estava olhando para ele. Mark sorriu amplamente quando Youngjae abriu um sorriso para ele.

Jinyoung sorriu ao olhar para os dois, completamente hipnotizados olhando um para o outro.

– Linda voz, como sempre, Sunshine. Mas sinto que já é hora de irmos. – falou Jinyoung olhando para Jungkook no colo de Jaebum. O pequeno se segurava para não cair no sono apesar do entusiasmo que mostrou a pouco tempo.

Jinyoung

As semanas foram passando, quanto mais perto chegava do fim do prazo que o engenheiro havia estipulado para a reforma no apartamento de Mark, Jinyoung reparou que Mark parecia mais desanimado, desanimo esse que desaparecia quando Youngjae estava por perto.

O professor de literatura estava ficando irritado de ver o ânimo dos dois amigos. Ele claramente podia ver que tanto Mark e Youngjae estavam completamente apaixonados um pelo outro e achava divertido ver eles juntos tentando segurar seus sentimentos, mas tudo acaba tendo um limite.

Mark era muito difícil de decifrar, pois ele era muito bom em esconder e guardar para si o que sentia, mas Jinyoung reparou que o mais velho estava saindo completamente da sua zona de conforto, o silencio, sempre que Youngjae estava envolvido e com isso não levou muito tempo para saber como ele se sentia, principalmente depois do jantar que Youngjae havia dado em seu apartamento semanas atrás.

Youngjae sempre foi um livro aberto para Jinyoung, qualquer um que prestasse atenção em Youngjae podia saber como ele se sentia, pois Youngjae dificilmente escondia seus sentimentos e quando o fazia era por medo de que iria prejudicar alguém por causa deles.

E foi vendo como Youngjae se esforçava para não demonstrar o que sentia por Mark que Jinyoung percebeu os reais sentimentos do amigo de infância e ele não negou quando Jinyoung perguntou para ele sobre isso, mas ameaçou-o para não contar a ninguém sua revelação.

Olhando para Mark que compassivamente olhava para as notas que estavam em suas mãos, os dois estavam na sala dos professores no pequeno intervalo que tinham antes do começo das próximas aulas, Jinyoung acabou se dando conta de uma coisa.

Ele sabia sobre Mark e Youngjae, mas percebeu que nem um dos dois sabia sobre a orientação um do outro. Principalmente porque Youngjae tinha um filho e Jungkook foi concebido da forma tradicional.

– Mark!? – Jinyoung chamou pelo outro.

O mais velho somente murmurou que estava o ouvindo. Jinyoung sorriu se levantando do seu lugar e chegou bem perto de Mark, seus lábios bem ao lado da orelha do outro. Havia mais três professores juntos com eles e a informação que Jinyoung iria compartilhar com o mais velho era algo que só ele poderia ouvir.

– Youngjae é bi. – sussurrou Jinyoung antes de se afastar de Mark.

Jinyoung levou uma mão aos lábios, tampando o sorriso em seu rosto ao ver como Mark virou a cabeça rapidamente para ele. Uma mistura de sentimentos digladiavam em suas feições, de descrença a esperança.

– É sério. – afirmou Jinyoung se sentando perto do mais velho e abaixou seu tom de voz para que só ele o ouvisse. – Você sabe bem que eu não brinco com algo assim. – Mark assentiu engolindo em seco. – E eu só estou falando isso porque estou vendo que você está bem pra baixo esses dias.

– Não precisa se preocupar comigo. – falou Mark usando o mesmo tom baixo que Jinyoung.

– Então que tal me preocupar com Youngjae, hyung? – Jinyoung segurou a vontade de gargalhar ao ver os olhos de Mark se estreitarem perigosamente em sua direção. – O que eu quero dizer é que seus sentimentos não são platônicos. Bem longe disso, na verdade.

Mark deixou as notas que estavam em suas mãos em cima da mesa e fechou os olhos pensativamente. Um leve sorriso começava a surgir em seu rosto apesar de seu esforço em tentar esconde-lo.

– Você não está brincando, não é? – Jinyoung não se ofendeu com a pergunta, sabia que Mark só estava perguntando isso para reforçar tudo que ele estava ouvindo do amigo.

– Por mais que ache divertido ver como vocês dois agem em volta um do outro. Eu me preocupo com Youngjae e ele precisa desse tipo de felicidade em sua vida. – Mark olhou desconfiado para Jinyoung. – Se você conversar com ele, deixarem como se sentem bem esclarecido, não teremos nada com o que nos preocuparmos.

– Jinyoung-ah, o que aconteceu para Youngjae-ah sair de Mokpo?

– Ele não te contou nada, não é? – Mark assente fazendo Jinyoung soltar um suspiro desanimado. – Eu não posso te contar, isso é algo que ainda machuca Youngjae então não se foque nisso, faça Youngjae feliz que com o tempo ele pode te contar.

– Entendo. – Mark recostou em sua cadeira pensativamente, refletindo sobre as palavras de Jinyoung.

O sinal do final do intervalo soou fazendo os dois saírem da bolha que eles haviam criado em torno de si mesmos. Jinyoung tocou reconfortantemente no ombro de Mark.

– Vamos, depois conversamos mais. – Mark assentiu e se levantou ao mesmo tempo que Jinyoung, segurando o braço do mais novo. – O que foi hyung?

– Você pode me ajudar em algo? – Jinyoung piscou marotamente para o mais velho entendendo perfeitamente para o que que ele precisava de ajuda ao ver o rosto do outro ganhar uma coloração avermelhada.

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