Me liga, baby!

Melhor do que um filme

            Aquele dia tinha tudo para ser só mais um, em meio a tantos, na rotina de Byun Beakhyun. Havia se iniciado exatamente do mesmo jeito que os outros, com o toque demasiado infantil do despertador a resgatá-lo do sono, um apetitoso café da manhã preparado por sua mãe e um céu limpo e ensolarado cumprimentando-o durante o percurso até a escola.

            Todavia, o jovem Byun enganava-se ao julgar aquele como apenas mais um dia comum. Havia, sim, o mesmo funcionário simpático na portaria do colégio e os mesmo alunos no pátio e nos corredores, conversando enquanto a hora da primeira aula não chegava. Porém, em algum momento algo mudara.

            No caminho até o seu armário, Baekhyun começou a notar alguns cochichos e risadinhas, não demorando a perceber que as pessoas o olhavam de esguelha e comentavam sobre ele. Logo ele, que sempre fizera questão de ser discreto e passar despercebido, agora estava sendo notado daquela forma estranha.

            Já estava há alguns meses naquela nova escola e, até então, conseguira manter o status de aluno invisível com êxito, mas aparentemente deixara de ser ignorado. Inquieto, passou a andar mais rápido, até chegar ao seu armário e finalmente entendeu o que acontecia.

            Havia ali um bilhete, que era obviamente endereçado a ele. Aquilo não fazia muito sentido para si. Certamente não seria Kyungsoo - seu único amigo naquele lugar -, pois ele nem mesmo viera para a escola naquela manhã. Quem mais se daria ai trabalho de lhe deixar um recado?

            Ergueu a mão levemente trêmula e recolheu uma folha de caderno que havia sido pregada com fita adesiva na superfície metálica. Engolindo em seco, abriu o papel dobrado ao meio e não pôde acreditar no que vira escrito ali. Era um número de telefone, acompanhado de cinco breves palavras que o deixaram incrédulo.

"Me liga, baby!

Park Chanyeol"

            Aquele nome ecoou em sua cabeça e fez sua pulsação acelerar ao mesmo tempo em que sua mente dava voltas. Seria possível alguém ter descoberto sobre a sua paixonite platônica e estava agora brincando consigo? Pensou novamente em D.O - apelido que a Kyungsoo -, o único que sabia sobre ele estar afim do garoto que era “apenas” um dos mais populares e desejados da escola.

            Sim, Baekhyun sabia quão ridiculamente clichê era a sua situação, mas tinha o pé no chão o suficiente para saber que não vivia em um daqueles filmes românticos adolescentes em que o casal, por mais improvável que fosse, sempre fica junto no final. Ele sabia que aquilo nunca aconteceria consigo e enquanto ninguém mais ficasse sabendo de sua paixão não correspondida ficaria tudo bem.

            Sentiu que era observado e, ao levantar o olhar hesitante, ficou ainda mais vermelho e chocado com o que vira no final do corredor. Era ele, o próprio Chanyeol, recostado de forma despojada na parede e fitando-o com certa expectativa, atentando para cada mínima reação sua.

            O Park tinha aquele jeito charmoso sem precisar atuar, era natural dele, especialmente quando estava daquele modo despreocupado, com as mãos dos bolsos, exalando confiança sem sequer parecer arrogante. Essa era uma das coisas que Baekhyun mais admirava nele, mesmo com toda aquela popularidade, Chanyeol ainda se mostrava humilde.

            O rapaz de corpo esguio e porte alto desencostou-se da parede, fazendo o coração já desgovernado do pequeno Byun dar um solavanco ao imaginar a remota possibilidade dele vir em sua direção. O maior, entretanto, apenas parou por um instante, ainda o encarando, e lhe brindou com um sorriso singelo e uma piscadela, sumindo em seguida em um corredor perpendicular àquele.

            Baekhyun não podia acreditar! Então o bendito bilhete tinha sido realmente obra de Chanyeol? O Byun permaneceu petrificado no meio do corredor por mais alguns segundos, na tentativa de processar o que havia acabado de acontecer.

            Ele podia até não conhecer tão bem o cestinha do time de basquete da escola, todavia, já o tinha observado por tempo suficiente para inferir que o Park não era má pessoa, tampouco gostava de brincar com os sentimentos dos outros. Mesmo as pobres garotas que se apaixonavam por ele e se enchiam de coragem a ponto de se declarar, o rapaz apenas declinava gentilmente, fazendo o possível para não ferir ego feminino das mesmas pela sutil rejeição.

            Pensar nisso fez Baekhyun lembrar-se de que realmente nunca vira Chanyeol com uma namorada - ou namorado -, nada que sequer insinuasse sua opção ual nem mesmo por um breve interesse. E agora ali estava o Byun, tendo em mãos um bilhete endereçado a si pelo garoto que permeava seus pensamentos mais bobamente românticos nos últimos meses.

            Suspirou, ainda um tanto incrédulo, e tornou a olhar para os dizeres no pedaço de papel, só então se dando conta de um pequeno - e ridículo – detalhe: ele não possuía celular. Em plena a era digital, com aparelhos de todos os tipos e tecnologias, e Baekhyun não tinha um sequer. Até existia um telefone fixo em sua casa, mas usar o mesmo estava completamente fora de questão.

            Antes que pudesse lamentar, o sinal que indicava o início do primeiro tempo soou estridente, despertando-o de seus pensamentos. Praguejou baixo, apressando-se em pegar seus livros de dentro do armário e correr para a sua sala. Era aula de matemática e o Byun não poderia de forma alguma chegar atrasado, ou o professor não mais o deixaria entrar.

            Quanto ao bilhete, ia sendo carregado junto ao peito, pressionado ali pelos livros no afoito momento da corrida.

            Esbaforido, o garoto cruzou a entrada da sala de aula, recebendo um olhar torto do mestre mal-humorado, que entrara no recinto um milésimo de segundo depois dele. Moveu-se ofegante até sua carteira e depositou o material sobre a mesa, quase derrubando o papel de recado que antes estava junto ao peito.

            Lançou-lhe um último olhar, pensando no que deveria responder, mas deixou de lado tais pensamentos quando a voz do homem ranzinza alertou os alunos sobre o início da aula e o bilhete foi parar dentro da mochila. Lidaria com ele mais tarde.

 

。◕‿◕。

 

            ― Então você finalmente agiu? ― a voz de Wu Yifan soou levemente surpresa, e viu o amigo limitar-se a assentir com a cabeça enquanto dava uma nova mordida em seu sanduíche. ― Bem... já estava na hora mesmo. Três meses observando o garoto de longe, suspirando e enchendo os meus ouvidos sobre como ele é lindo, fofo e sei lá mais o quê já fora mais que suficientes. Só acho...

            O comentário do maior fez Chanyeol corar um pouco e abaixar o rosto para esconder os sinais do rubro. Sim, era verdade que vinha observando o novato desde que as aulas daquele ano letivo se iniciaram. O outro também estava certo sobre ele viver suspirando e falando do garoto pequeno e delicado que sempre tentava passar invisível aos olhos dos demais. Para o Park, porém, ele jamais fora invisível. Muito pelo contrário!

            Chanyeol ainda se lembrava do primeiro dia, com toda aquela chatice de aula inaugural em que o mesmo discurso de todos os anos era repetido e sonífero. Ele havia se atrasado naquela data - na verdade, não fizera tanta questão de chegar na hora marcada para a tal palestra reprisada -, mas não fora o único.

            O outro garoto - que ele posteriormente descobriu chamar-se Byun Baekhyun - também chegara um pouco mais tarde, todo vermelho, ofegante e mirrado dentro daquela camisa com uma boba estampa de Rilakkuma.

            Chanyeol amava o Rilakkuma.

            E, apesar de Baekhyun não ter reparado em sua presença ali - tão afoito estava para chegar ao seu destino -, o Park o seguiu com o olhar, enquanto um sorriso tão bobo quanto a estampa da roupa alheia se espalhava por seus lábios cheinhos.

            Daquele dia em diante, o Chanyeol passara a fitá-lo à distância sempre que tinha oportunidade. Via que o pequeno não socializava muito e ainda ruborizava com frequência quando se dirigiam a ele. Observada seus modos educados, seus gestos contidos que ia além de sua óbvia - porém insuspeita - beleza.

            E no dia em que sentira seu coração palpitar forte ao avistar um singelo sorriso postado naqueles lábios finos, Chanyeol soube que estava apaixonado. Sempre fora reservado com seus sentimentos, apenas seus amigos mais próximos - incluindo o gigante loiro ao seu lado - sabiam sobre sua opção ual e sua paixonite pelo novato, já que o Park não parava de falar dele.

            ― Terra para orelhudo! Você ainda está aí? ― Yifan estalou os dedos em frente aos olhos do amigo, tirando-o de seus pensamentos perdidos e o trazendo de volta à realidade.

            ― Desculpe. O que disse? ― ainda meio distraído, Chanyeol fitou o melhor amigo chinês, que subitamente se calou.

            O olhar do maior, no entanto, desviou-se para algo além dele e, só então, o Park sentiu a presença de alguém ali. Alguém cuja aproximação fora tão sutil e silenciosa que ele não havia notado. Virou rapidamente o rosto, seu coração dando um salto ao encontrar Baekhyun ali, a menos de um metro de si. Quis levantar e cumprimentá-lo direito, contudo, suas pernas pareciam ter momentaneamente perdido as forças.

            O menor estava obviamente hesitante, os olhinhos meio assustados piscando várias vezes e os dentes maltratando os lábios finos. A face alva era tomada por tons rosados enquanto a boca do pequeno abria e fechava sem libertar qualquer som.

            Nervoso demais com toda aquela situação, Baekhyun afobou-se em um movimento rápido, espalmando sem força demasiada um papel na testa de Chanyeol. Com a lâmina de celulose cobrindo-lhe os olhos, o artilheiro mal viu quando o pequeno rapaz afastou-se com velocidade, sumindo pela porta aberta do refeitório.

            Yifan apenas observava a cena um tanto cômica se desenrolar e viu o amigo se descongelar, finalmente desgrudando o papel de sua testa e o encarando confuso. O Chinês viu um sorriso enorme - daqueles meio maníacos - surgir no rosto do outro e, curioso, esticou-se sobre o ombro alheio e leu o que havia ali.

"Eu não tenho celular...

Me desculpe!"

            Para qualquer outra pessoa, aquelas palavras pareceriam um belo de um fora. Entretanto, havia um pequeno detalhe que fazia o coreano acreditar que aquilo não era uma rejeição: as palavras “me desculpe” tinham sido colocadas dentro de um balão que apontava para um fofo desenho de um garoto com expressão lamentosa.

            ― Ele não é adorável? ― Chanyeol murmurou, cobrindo com as mãos o rosto em chamas. Seu coração palpitava com rapidez e seu corpo parecia que derreteria ali mesmo.

            ― O garoto chega aqui parecendo uma estátua, mete um papel bem no meio da tua cara e você me pergunta se ele é adorável? ― Yifan indagou incrédulo. ― Ah, nossa, com certeza ele parece um docinho. E você está ficando louco.

            ― Estou sim. Eu estou louquinho por ele ― respondeu e, pouco se importando para a ironia alheia, descobriu o rosto e voltou a fitar o bilhete, deixando escapar um longo suspiro.

            O chinês não resistiu, apenas riu daquilo tudo. Seu amigo era um belo de um bobo apaixonado. Aquele pequeno garoto o havia pescado sem sequer suspeitar disso.

            ― Cara, você é tão gay! ― comentou, ainda sorrindo.

            ― Ah, meu caro, o mundo é gay! Algumas pessoas apenas não se descobriram ainda.

            ― Okay, seu baitola filósofo de meia tigela. Agora levanta essa bunda apaixonada daí que o sinal já tocou e não podemos nos atrasar de novo ― o chinês levantou-se do banco onde estava e recolheu sua bandeja, deixando-a sobre o balcão de devolução antes de sair do refeitório acompanhado pelo amigo.

            ― Já sei! ― Chanyeol falou de repente, recebendo um olhar confuso em resposta. ― Acabei de ter uma ideia genial. E você vai me ajudar!

            ― Ah, não! ― a expressão de lamento agora reinava no rosto do maior.

            ― Ah, sim!

            ― Me diz por que mesmo que eu sou teu amigo, hein?

            ― Porque você não resiste ao meu charme e aos meus olhos brilhantes ― o Park replicou com uma piscadela brincalhona na tentativa um tanto falha de fazer uma carinha fofa.

            ― Vai se foder! ― Yifan cuspiu, suas palavras perdendo qualquer força pejorativa ao se misturarem a uma gargalhada.

            ― Eu sei que você me ama!

            ― Seu gay!

            ― Você vai me ajudar, não vai?

            ― ‘Tá okay!

            ― Eu sabia! ‘Tá vendo como você me ama?

            ― Vai se foder, Chanyeol! ― encerrou o assunto ao adentrarem na sala de aula, o chinês franzindo o cenho pela expectativa nada boa de mais uma aula de geografia, enquanto o coreano ostentava um sorriso animado.

            Teria muito o que fazer depois da aula, e estava ansioso por isso. Iria apostar alto no dia seguinte.

 

。◕‿◕。

 

            Naquela manhã Baekhyun estava mais cabisbaixo e encolhido do que o normal. Passara a noite debatendo consigo mesmo se deveria ou não ter dado uma resposta diferente a Chanyeol, ou mesmo se nem deveria tê-lo respondido.

            Talvez pudesse dar um jeito de ligar pra ele do telefone fixo, mas o que iria dizer se só de pensar na imagem alheia a sua voz desaparecia? Além do mais, o Park somente pedira que para que ligasse para ele, não é como se ele o tivesse chamado para sair ou qualquer coisa do tipo.

            Julgara-se um grande idiota por deixar seus próprios sentimentos falarem mais alto, a ponto de imaginar que o maior poderia, de alguma forma misteriosa, ter qualquer interesse por si. Ah, Baekhyun se sentia tão sem graça... tão estúpido!

            Se tivesse coragem suficiente, certamente teria mentido aos pais e dito que estava doente, só para não ter que ir para a escola e correr o risco de topar com Chanyeol. Ao invés disso, optou por usar seus óculos de armação grande e uma camisa com capuz, que julgou deixá-lo a salvo de ser reconhecido.

            Nessas horas ele agradecia aos céus por sua escola não exigir o uso de um fardamento padrão. Podia usar qualquer roupa ali, desde que estivesse devidamente vestido, é claro.

            E aquele capuz emoldurado por pequenas orelhinhas arredondadas certamente o ajudaria a manter-se devidamente oculto. Ou pelo menos era o que ele pensava, até chegar ao seu armário e ver que um novo bilhete o esperava.

"Por favor, venha me encontrar na quadra de basquete, depois da aula!

P.s: Adorei as orelhinhas!"

            Não havia assinatura dessa vez, entretanto, a caligrafia ali era exatamente a mesma deixada no pedaço de papel que Baekhyun relera tantas e tantas vezes na noite anterior. Era a letra de Chanyeol.

            Sentiu o rosto em chamas, sabendo que ficara vermelho novamente. Achava-se um grande idiota por corar tão facilmente. Ainda mais por uma coisa que muito provavelmente nada demais significava. O cestinha do time seguramente só desejava conversar sobre algum assunto qualquer que nada tinha ver com temas meramente românticos.

            Estava sendo um tolo de marca maior ao se deixar envaidecer, mesmo que por alguns segundos, pensando que Chanyeol poderia ter quaisquer intenções além do social consigo.

             “Hello-o! Acorda, meu filho! Você não ‘tá com essa bola toda, não! Além do mais, você não vive dentro de um filme!” chacoalhou-se mentalmente, a fim de expulsar qualquer rastro de ilusão. Aquele convite não representava nada demais, então não deveria se preocupar tanto, certo?

            Respirou fundo e deu dois tapinhas no rosto, como se para despertar por completo. Dobrou o pedaço de papel com cuidado e o guardou dentro da bolsa, logo tratando de tirar do armário os livros que usaria naquela manhã. Pensou ter ouvido um cochicho vindo do fim do corredor, mas ao virar-se naquela direção nada viu, então apenas seguiu caminho para a sua sala.

            Iria, sim, encontrar com Chanyeol e ouviria o que ele tinha a dizer. Depois disso, cada um seguiria o seu rumo e as coisas voltariam a ser como sempre foram. Nada fora do normal.

 

。◕‿◕。

 

            O toque estridente do sinal que anunciava o final das aulas soou alto pela estrutura do colégio e Chanyeol praticamente saltou de sua cadeira, rapidamente jogando todo o seu material dentro da mochila.

            ― Você tem certeza de que eles irão? ― questionou nervosamente o loiro, que ainda organizava os seus próprios livros.

            ― Pela décima vez: Sim, Chanyeol, eu tenho certeza! ― Yifan suspirou cansado. Já passara do ponto de achar engraçado o nervosismo do amigo e agora estava em um meio termo entre preocupado e irritado. ― Olha cara, fica calmo. Se você continuar assim, todo nervoso, vai acabar suando feito um porco e o tampinha vai sair correndo da sua catinga.

            ― Ah, meu Deus! Eu ‘tô fedendo? ― no mesmo instante, o coreano levantara o braço, aspirando o odor da axila enquanto o amigo revirava os olhos diante daquela cena.

            ― Não, seu idiota! Apenas relaxe! ― lançou um tapa no ombro alheio e rapidamente deu-lhe uma chave de braço, esfregando o punho fechando no topo da cabeça do Park, pouco se importando com as queixas murmuradas. ― Não é como se você fosse ser jogado numa arena para enfrentar um par de leões. É só um nanico que fica vermelho fácil!

            ― Não chama ele assim! ― pediu, livrando-se finalmente da judiação em seu couro cabeludo. ― Ele é fofo por ser pequeno, e o fato dele ficar vermelho só o deixa mais adorável!

            ― Mas é um bocó, mesmo! ― o maior retrucou, ainda com o braço sobre os ombros do amigo, puxando-o para fora da sala. ― ‘Tá de quatro pelo garoto! Daqui a pouco vai até me dizer que é passivo!

            ― Hey! ― o Park reclamou, forçando o cotovelo no abdome do chinês, que apenas gargalhou ao vê-lo ficar tão vermelho como um pimentão.

            ― Seu virjão!

            ― Me deixa! Eu tenho que ir pegar as placas ― desfez-se do enlace do amigo, começando a se afastar. ― Você tem certeza mesmo de que eles irão, né?

            ― Tenho sim, porra! E se você me perguntar de novo, eu vou chutar essa sua bunda murcha.

            Yifan ameaçou avançar sobre o coreano, que logo riu e correu dali para acertar os últimos detalhes do seu “grandioso” plano. O loiro, então, balançou a cabeça em negação, mas ostentava um pequeno sorriso nos lábios.

            Ele podia até viver xingando Chanyeol, todavia, o rapaz de orelhudo era para ele aquele tipo de amigo por quem se faz qualquer coisa. Até convocar o time de basquete - do qual era capitão - para ser coadjuvante de uma ridícula ceninha romântica.

 

。◕‿◕。

 

            Baekhyun estava nervoso. Suas mãos até chegavam tremer. Ele tentava não pensar bobagens, repetia mentalmente - quase como um mantra - quão irrisório era aquele encontro com Chanyeol, porém, sua mente teimava em tentar achar uma razão plausível para estar ali.

            Assim que o sinal de encerramento do turno tocara, ele fizera o possível para nem mesmo parecer apressado, guardando seus materiais vagarosamente e praticamente contando os passos lentos ao sair da sala. E agora estava ali, sentado na arquibancada daquela quadra vazia suspirando pelo que deveria ser a vigésima vez.

            Dez minutos. Já estava ali há dez longos e nada de Chanyeol aparecer. Seus pensamentos nervosos trabalhavam afoitos, criando cenários em que aquilo tudo se revelava algum tipo de pegadinha, uma piada de mal gosto para humilhá-lo ou qualquer coisa do tipo.

            Um aperto no peito o fez prender a respiração junto com a vontade de chorar, contudo, não se permitiria chorar. Não ali. Ralhando mentalmente consigo mesmo por ter sido idiota de ter ido ali, levantou-se decido a ir embora.

            ― Baekhyun! ― mal dera três passos e a grave voz alheia soou alta, cortando o ar e ecoando naquele espaço vazio entre eles.

            Byun virou-se com o coração a martelar o peito. Ouvir seu nome ser pronunciado por aquela voz quente e forte deixara toda a sua pele arrepiada. Do outro lado da quadra foi onde o avistou, curvado sobre os joelhos, buscando o oxigênio que uma provável corrida lhe roubara.

            O menor não conseguiu se mover, apenas ficou ali plantado, observando o Park tranquilizar a respiração e caminhar até ele com um sorriso que lhe tirava o ar. Até chegava a ser irônico que quando Chanyeol recuperava o fôlego, Baekhyun o perdia.

            ― Eu sinto muito pela demora! Você ficou esperando muito tempo? ― o maior indagou com aquela sua típica gentileza que tanto encantava o outro, e este limitou-se a negar com um movimento de cabeça. ― Humm... Você deve estar se perguntando por que eu te chamei aqui, certo?

            A resposta veio em forma de outro aceno, dessa vez positivo. Baekhyun não queria parecer um retardado que só movia a cabeça, mas sua língua parecia petrificada dentro da boca.

            ― Bem... isso vai parecer meio louco e repentino, mas...

            O rapaz mordeu coçou a nuca, obviamente hesitante, e tomou uma longa respiração antes de ajoelhar-se perante o menor. Tirou do bolso de trás da sua calça uma pequena versão do Rilakkuma e o oferto ao outro, que o encarava boquiaberto e os olhos duas vezes maiores que o normal.

            ― Eu gosto sinceramente de você, e queria que você pudesse aceitar os meus sentimentos ― Chanyeol recitou a fala que ensaiara dezenas de vezes desde o dia anterior.

            ― Q-q-quê? ― de alguma forma, a voz do Byun se projetara, ainda que fosse trêmula e fraca. Estava completamente descrente do que se passava ali.

            Nesse momento, com a mão que mantinha para trás do corpo, Park fez um sinal positivo e o som de passos ligeiros fez Baekhyun olhar para além dele. Na arquibancada oposta, vários garotos - que ele reconheceu como sendo do time de basquete da escola - apareceram segurando placas enormes, cada uma com uma palavra escrita. Os rapazes rapidamente se organizaram e uma frase, então, pôde ser facilmente lida:

BYUN BAEKHYUN, VOCÊ ACEITA SER MEU NAMORADO?

            ― Ai, meu Deus! ― o menor murmurou, sentindo todo o corpo tremer, logo escondendo com as belas mãos a face completamente rubra.

            Chanyeol engoliu em seco, temendo que a retração alheia levasse a uma rejeição. Respirou mais uma vez, ainda que de forma mais curta e rápida, antes de tornar a falar em tom de sussurro, de forma que só Byun pudesse ouvi-lo.

            ― Você aceita?

            E após mais alguns segundos de um suspense devastador, o maior quase chorou de emoção ao ouvir sua resposta, também sussurrada.

            ― Sim ― as mãos, que ainda cobriam a face, abafaram a voz sem, no entanto, impedir que ela fosse ouvida por quem tanto a esperava.

            Park ficou de pé e reduziu a distância entre eles, puxando com delicadeza as mãos alheias. Um sorriso sem fim dominava o seu rosto quando ergueu o queixo de Baekhyun e se aproximou mais, roçando o seu nariz ao dele.

            As palmas do menor descansaram em seu peito quando colaram um no outro, esquecendo-se do resto do mundo - inclusive de sua “plateia particular” - quando os lábios se tocaram em um beijo sutil. Um selar de bocas apenas, mas que parecia suficiente para torná-los um só, confluindo em um mesmo sentimento quente e aconchegante.

            Chanyeol o envolveu com seus braços e o menor sentiu-se encaixar perfeitamente ali, como se o corpo alheio tivesse sido moldado ao seu. Baekhyun sentia-se preenchido por uma infindável alegria e quando os lábios se partiram e o maior - agora namorado - o abraçou, permitiu-se sorrir.

            Sorriu como um bobo, pois agora estava realmente protagonizando um daqueles puta clichês que se vê por aí em ridículos filmes românticos adolescentes. Entretanto, estando ali, no calor daqueles braços tão desejados ele percebeu que era diferente.

            Afinal, naquelas dramatizações batidas, ele sempre suspirava sem dar muito crédito àquilo por saber que não passava de encenação. E o que ele vivenciava agora era bem real. Ele podia tocar e sentir Chanyeol contra sua pele em chamas. E aquilo, com toda certeza do mundo, era bem melhor do que um filme!

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Comments

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ohannia #1
Chapter 1: MEU DEUS!!!
Eu tenho que comentar, eu simplesmente tenho!!
Nossa, O QUE FOI ISSO?! POR FAVOR, ALGUÉM ME DIZ??!
Cara, eu surtei! Seríssimo... Fiquei me debatendo que nem uma louca varrida, dando gritinho histéricos, tampando meu rosto ou dando tapas pra ter certeza se era verdade que tava lendo isso, pq tipo: esse é o ChanBaek mais fofo cute cute, nhonho mignon, kawaii desu kyeopta lovely que eu já li!!! Estou apaixonada pela sua escrita e o ChanBaek asdfghjklasdfghk/~.;kjklçl~kç
E, nossa, o que é o bias sendo todo fofinho e suprauke?! Meu fraco é esse Baek que vc fez na estória e eu te amo *-*
MEU ROSTO TÁ QUEIMANDO ISSO É DEMAIS PRA MIM, GAROTA! Olha, eu tô toda acabada e eu espero, sinceramene, que vc esteja feliz. Obg, dnd. ♥~
InewLee #2
Chapter 1: Meu Gzus! CHANBAEK <3
Ameeeeeiiiiiii essa fanfic!
Mal fiz minha conta aqui e já li essa fanfic maravilhosa! Tao fofa e doce!
E escrita perfeito! ♡
YAAAAAH BEIJO DE LUZ! *3*