único, assim como a cama

Padrão de sono: menos oito

 

                                                                                                        Chris 

 

— Feliz aniversário, Lix! Dezenove anos é um marco importante. — Vim correndo pelo corredor, abrindo a porta do quarto de Felix em completa euforia, uma vez que vi Han chegando em casa, indo também para o mesmo lugar que eu. 

— Eu te odeio. — Jinsung empurrou-me de brincadeira, entrando no cômodo, sabendo que claramente perdeu a aposta. 

— Vocês não estão me dando feliz aniversário pontualmente só porque fizeram uma aposta, né? — Felix utilizou a sua voz de descrença de brincadeira, pois o seu sorriso estava tão grande que seus olhos até se fecharam.

— Claro que não! Por que está pensando isso? — Jinsung deu um sorriso de deboche, pulando sobre o corpo de Felix, fazendo-o resmungar. 

— Feliz aniversário, Lix! Eu te amo! — Foi a vez de Minho entrar no quarto. Ele olhou para a tela do seu celular e deu um gemido de extrema insatisfação, vendo o horário e as duas pessoas que já estavam ali. 

— Com certeza vocês apostaram! — Felix deu uma risada, empurrando Minho, que sentou-se em sua cama ao lado de Jinsung. 

Dez minutos depois, todos os oito integrantes do Stray Kids se encontravam em seu quarto tomando cerveja da garrafa, exceto Jeongin, uma vez que ele ainda era menor de idade nos padrões coreano.

Felix, entrando na maioridade, queria provar cerveja e foi mais forte do que eu estar com meu celular em mãos para gravar aquele momento tão especial. Todos nós rimos da careta que fez depois do primeiro gole, falando que não sabia como os adultos gostavam tanto de bebidas alcoólicas, pois o gosto era péssimo. 

— Temos que te dar o beijo da maior idade! — Hyunjin bateu palmas com toda a empolgação que estava sentindo. 

— O que é? — ele perguntou super confuso, pois o australiano não estava muito acostumado com a cultura do país. 

— Você completou a maioridade e com isso, todas as pessoas maiores de idade te dão um beijo. É tipo um rito de passagem. — Hyunjin nem acabou de explicar, já pegou o rosto alheio em suas mãos e deu um beijo em sua testa, o que o fez rir, pois não estava esperando. 

Claro que o Stray Kids não conseguia fazer algo organizado quando estavam todos juntos e do nada começou uma briga dos outros cinco para ver quem iria beijá-lo primeiro. Depois de uns dois minutos de discussão super sérias e até um jogo de “papel, pedra e tesoura”, ficou decidido que seria por idade. 

— Hyung, você é o último.

Até me assustei um pouco com a fala, uma vez que toda a minha atenção estava nos membros, não tinha nada que amava mais do que vê-los todos felizes. Era aquelas coisas pequenas que simplesmente me davam uma alegria de outro mundo. 

No mesmo instante, as minhas bochechas coraram, o que fez os outros gritarem e claro, me zoarem. 

Lee e eu até tínhamos intimidade, perdi as contas de quantas vezes depois de um dia ruim ele vinha para o meu quarto para dormir comigo. Os abraços também eram bem regulares, mas entre todos do grupo, ele era o que menos tinha afeto físico comigo e o contrário era o mesmo. 

Mas claro que tinha que fazer isso, uma vez que poderia sentir todos os olhos com expectativa em minha pessoa. 

Pedi licença para Jinsung para me sentar ao lado do aniversariante do dia, a fim de ficar mais confortável. Tinha quase certeza de que Felix me deixaria beijar sua bochecha sem nenhuma permissão, mas só pela educação, pedi para meus próximos passos. 

Foi coisa de dois segundos para ser bem sincero, mas foi o suficiente para eu querer me enrolar de vergonha e pelo jeito, ele também, pois a primeira coisa que percebemos quando acabamos, foi o flash de um celular. 

— Vocês estão completamente vermelhos de vergonha, claro que eu tinha que registrar esse momento histórico. — Changbin deu uma risada de pura felicidade e quando vi os membros, sabia que eles nunca iriam deixar a gente se esquecer daquele momento de pura vergonha. 

Depois de aproximadamente uma hora, somente sobraram três pessoas em seu quarto, uma vez que os outros membros gostavam de dormir em horários de um ser humano quase normal. Felix, Changbin e eu éramos os que sempre trocávamos a noite pelo dia e até tínhamos o apelido de “quarto da madrugada”, pois dormíamos todos juntos. 

— Hoje terei que decepcionar vocês, pois estou indo dormir. Boa noite para quem fica — Changbin comentou depois de um bocejo enorme.

Ele deu tchau, levando seu travesseiro e edredom para a sala. Era um pacto entre nós: quem dormia antes e se outra pessoa não estivesse dormindo, iríamos dormir com outro membro ou na sala, para não atrapalhar a madrugada dos outros dois que sobraram. 

— Você vai dormir daqui a pouco? — perguntei curioso para o mais novo, que estava no meio da leitura de uma história em quadrinho. 

— Depende da minha alma gêmea. — Ele deu de ombros, continuando o que estava fazendo. 

Não sei se foi coincidência ou não, mas no mesmo segundo que as palavras saíram de sua boca, senti uma pequena queimação em meu pulso e uma estrela preta apareceu lá. Isso significava que minha alma gêmea tinha completado dezenove anos e agora estávamos ligados pelo nosso sono. Toda vez que ela fosse dormir, eu também iria, independentemente se era a minha vontade ou não. Era super normal você estar na rua e ver pessoas parando de andar para conseguirem se apoiar em algum lugar e segundos depois estarem dormindo. 

Como nunca tinha sentido isso antes, não sabia muito o que esperar, mas as pessoas que eu conhecia, que já tinham a estrela da maioridade de sua alma gêmea em seu pulso que aparecia, sempre me diziam que você não caia de sono do nada. Primeiro seus olhos ficavam pesados, os bocejos mais frequentes e só depois conseguia dormir.

Dos membros do Stray Kids, eu era o único que ainda não possuía a estrela no pulso e três deles já tinham encontrado a sua alma gêmea. Ajudava muito o fato de que eles conheciam as pessoas antes mesmo de perceberem que eram a sua cara metade. Esperava do fundo do meu coração que seria tão fácil assim. Já sofri demais nessa vida para ter mais uma dificuldades. 

— Parabéns! Prepare-se para ter seu padrão de sono completamente fodido a partir de agora. — Seu tom de voz denunciava um desânimo de outro mundo quando se virou para mim e me viu olhando minha marca, que não estava lá antes. 

— Sua alma gêmea não gosta de dormir? — Acho que essa era a única explicação possível para ele ver o lado negativo nisso. 

— A minha marca apareceu quando eu tinha dezesseis anos e vamos dizer que depois disso, eu me acostumei a dormir de madrugada. Acho que nesses três anos, se o vi dormir antes das duas da manhã, é algo para se contar nos dedos.

Agora super entendia o desânimo do mais novo, afinal de contas, uma noite mal dormida era uma das piores coisas que poderia acontecer. 

— Boa sorte com sua alma gêmea. — Sabia que não poderia falar nada mais concreto, afinal de contas, não sabia na pele como seria. 

Nós dois nos olhamos quando bocejamos no mesmo segundo, o que nos fez cair na risada, pois era bem incomum de acontecer. 

Então era isso que os outros queriam dizer, de um momento para o outro, senti um cansaço de outro mundo, toda vez que piscava, era mais difícil deixar meus olhos abertos, deixando claro que minha cara metade estava com sono. 

— Boa madrugada — sussurrei para Felix, saindo de sua cama, tirando minha camiseta para conseguir dormir. 

Assustei-me quando minha perna simplesmente parou de funcionar, resultando em eu colocar minha mão para frente, a fim de não cair com tudo no chão. Bem, agora entendia as pessoas que paravam de andar na rua sempre que sentiam que a sua pessoa dormiria. 

Com muita força de vontade, fiz meus músculos funcionarem para conseguir tirar minha calça para ir dormir em paz. A última coisa que estava pensando, era o fato de que Felix nunca respondeu meu boa madrugada, pois já estava dormindo. 

(..……) 

Era incrível como em um ano você conseguia entender o padrão do sono de uma pessoa que você nem sabia quem era. Minha alma gêmea era uma pessoa que, como eu, adorava dormir de madrugada, o que agradeci horrores por ter padrões que batiam. 

Acho que em 365 dias, poderia contar nos dedos todas as vezes em que, no meio do dia, depois de sentir o cansaço por horas a fio, minha cara metade perdia a batalha contra o sono e ia dormir. Então, no momento, não tinha nada a reclamar. 

(.....) 

Uma das coisas que mais amava nesse mundo, era quando era chamado junto com o grupo para uma sala cheia de trabalhadores da JYPE e eles informarem que iríamos ter um comeback daqui a alguns meses. 

Mas, ao mesmo tempo, já sentia todo o cansaço me atropelar como um caminhão, pois sabia mais do que ninguém que um comeback significava dias e mais dias sem dormir. 

Toda volta à ativa era o mesmo padrão para ser sincero, os componentes do 3racha sendo os últimos a dormir. Os outros integrantes tentavam fazer companhia a nós quando ainda não estávamos na parte de gravação, mas nunca conseguiam passar o marco das duas da manhã.

— Lix, é tipo a segunda lata de energético que eu te vejo tomar hoje… — Estava tão concentrado no computador à minha frente que até me assustei quando Changbin falou aquilo para Felix, que tinha chegado em nosso estúdio para nos fazer companhia. 

— Eu sei… É que eu sinto que minha alma gêmea está fazendo algo importante. Pelo menos duas ou até três vezes por ano ele tem dias sem dormir. Não sei o que faz, mas se é importante para ele, não vou dormir.

Claro que sabia que Felix era uma pessoa boa, afinal de contas, quando o conheci, o santo bateu, mas vê-lo falando com tanto amor e respeito de uma pessoa que ele nem sabia quem era, me deu uma sensação de felicidade por tê-lo em minha vida.

— Certo, mas a partir de agora só meios saudáveis para ficar acordado, ok? — Changbin deu um beijo em sua bochecha, antes de se sentar com ele no sofá para dar uma pausa mais do que merecida.

Três horas depois, estávamos somente nós dois no ambiente, porque o restante foi dormir. Nos primeiros minutos, dei uma pausa para conversar com o mais velho, pois sabia o quão importante para ele seria ficar acordado, mas depois meu cérebro gritou com meu corpo que não estava aqui para fazer nada e que deveria continuar o trabalho.

Quase tive um ataque do coração quando senti todos os sinais de que minha cara metade cairia no sono, não agora, não quando estava tão perto daquela batida perfeita para a música. 

— Lix, você pode me dar uma opinião aqui…. — Virei a cadeira de rodinha para onde ele estava sentado e tive que parar no meio da frase, uma vez que o rapaz se encontrava praticamente dobrado sobre si como uma bolinha, claramente caindo de sono. 

Eu tirei o meu moletom, já que não sentia muito frio, coloquei em seu corpo e passei meus dedos suavemente em seus cabelos. Felix acordou assustado, porém dava para ver em sua expressão que estava morrendo de sono e estava fazendo tudo possível e impossível para ficar acordado. 

— Lix, você já ficou acordado por muito tempo, tenho certeza absoluta que sua alma gêmea agradece por você ter lutado todas essas horas e não vai achar ruim dormir um pouco. Assim como ela merece dormir depois de trabalhar tanto, você também merece — sussurrei para o mais novo, enquanto alisava seus fios, que sempre foi algo que gostou para conseguir cair no sono. 

— Obrigado pelas palavras de encorajamento. Eu vou dormir um pouco, poderia me acordar quando você for para casa? — Nem sabia que uma pessoa poderia dormir tão rapidamente igual a ele, mas foi só as palavras saírem de sua boca, que sua respiração se acalmou, denunciando que já estava no mundo dos sonhos. 

— Oh, porra — xinguei ao sentir a sensação do sono vir tão rapidamente em mim, que sabia que não conseguiria fazer nada para conseguir cair no sono de um jeito confortável. 

Em um segundo consegui rapidamente sair da cadeira, empurrar um pouco o corpo de Felix para o lado e ver meus olhos ficarem em total escuridão. 

— Reunião com a staff em cinco minutos. — Acordei em um pulo, ouvindo Seungmin batendo à porta do estúdio com sua voz em um tom mais alto. 

No segundo que abri meus olhos, Felix fez o mesmo, o que nos deixou mais uma vez rindo pelo quão estranho era o padrão idêntico de sono. Tipo, qual seria a probabilidade de dois seres humanos acordarem ao mesmo tempo? Nenhuma. 

Depois de reuniões intermináveis sobre o comeback, realmente chegamos à semana de promoção. Não tinha nada melhor para mim do que conseguir estar em contato com o que eu mais amava na vida: fazer uma música e poder ver as pessoas gostando. Amava estar no palco e não mudaria nada na minha vida por isso. 

Se lembra quando comentei que nunca reclamei sobre o padrão de sono da minha alma gêmea? Sempre teria a primeira vez e queria simplesmente chorar pelo fato de que a pessoa escolheu a pior hora do mundo para ser saudável e dormir cedo. 

No primeiro dia de promoção, às oito horas da noite, caí no sono em meu estúdio. No dia seguinte, todos os outros membros acharam super estranho, já que em semana de comeback eu era a pessoa que ia dormir mais tarde, pois possuía muitas coisas para ver como o líder do grupo. 

No segundo dia, chorei de emoção quando consegui ficar acordado até meia-noite, ainda não era o horário ideal, mas todas as quatro horas foram muito bem aproveitadas pela minha pessoa, muito obrigado. 

Isso se repetiu na próxima quinzena ao comeback e chegou em um ponto no qual os membros começaram a falar comigo somente para assuntos relacionados a trabalho, uma vez que estava extremamente mal-humorado. Também, né, era algo mais do que irritante querer fazer várias coisas, precisar e não poder, pois a sua pessoa do nada queria dormir. 

Graças que não precisei passar pelo seu padrão de sono saudável por muito tempo, já que, por coincidência, quando acabamos de promover, a pessoa voltou a dormir de madrugada. 

Os meses se passaram sem problema nenhum e mais uma vez estávamos na semana de promoção e eu juro que queria dar um soco em mim. Não aguentava mais dormir cedo! Para alguém que trocava o dia pela noite, não tinha nada mais repugnante do que ser proibido de fazer isso. 

Tipo, era a pessoa mais produtiva de madrugada e como estava dormindo por causa do arrombado, sobrava somente a manhã, resultando em um Chan que não conseguia fazer nada direito, pois meu cérebro não estava funcionando. E, porra, como odiava a sensação de ser inútil em meu trabalho. 

— Agora nós vamos ficar acordados por bem ou por mal — disse para mim, parando em frente daquelas máquinas automáticas, enquanto apertava o botão com mais força do que o necessário para ver se a raiva saia do meu corpo. 

O gosto de energético em minha língua se fez presente e foi impossível não dar um suspiro de total prazer. 

Lá pela uma da manhã, senti-me o mais feliz em meses por poder finalmente fazer o meu trabalho sem nenhuma interrupção. 

— E aí? — Felix casualmente bateu à porta do estúdio, para logo depois se sentar no sofá encostado à parede. 

— Está tudo bem com você? — Pela preocupação, até pausei a música que estava trabalhando para olhar para seu rosto, que no momento mostrava que queria dormir mais do que tudo, mas sua cara metade não, deixando-o assim: com olheiras super escuras. 

Felix, de todos os membros, era o que mais levava sua saúde a sério em época de comeback, sendo assim, como um idoso, iria para cama no máximo às vinte horas para dormir todas as oito horas que deveríamos, uma vez que acordaríamos provavelmente às quatro da manhã. Então, sim, era extremamente estranho vê-lo aqui de madrugada. 

— Não, porque o filho da puta da minha alma gêmea decidiu que hoje não vamos dormir. Eu o odeio.

Meu cérebro precisou de alguns minutos para processar direito as suas palavras, porque nunca, em cinco anos o conhecendo, o vi destilando ódio a algo, ainda mais a uma pessoa. 

— Sabe, eu já estive lá antes. Antes eu dava graças que o padrão da minha pessoa era igual ao meu, mas depois começou a diferenciar e claro que a raiva se fez presente. Mas daí eu aprendi que, como almas gêmeas, temos que fazer o que é melhor para a outra pessoa, mesmo que não seja a nossa vontade. — Não sabia muito bem se as minhas palavras estavam fazendo efeito no mais novo, pois somente sentia a sua raiva me sufocar. — Então, sim, mesmo que você não goste de dormir cedo, pense em todas as vezes em que ele foi para a cama cedo, pois esse era seu desejo. A gente precisa aprender a ceder. — Felix ainda me olhava super mal-humorado, porém me senti vencedor quando não conseguia ver a chama do ódio em seus olhos. 

— Como sempre, o nosso precioso líder me dá conselhos maravilhosos.

Não levei as suas palavras para o pessoal quando estavam pingando sarcasmo. As pessoas ficavam extremamente mal-humoradas com sono e falávamos coisas que não deveríamos, era um padrão esperado. 

O resto das horas foram gastas com ele em silêncio, eu não era louco o suficiente para começar uma conversa e levar patada, muito obrigado. 

— Obrigado por aguentar um dia sem dormir — sussurrei, olhando para cima, enquanto desligava o computador com uma sensação de trabalho feito.  

Admito que nos próximos dias pedi desculpas milhões de vezes para minha alma gêmea antes de cada energético tomado, pois realmente precisava ficar acordado.

Amava demais Felix, mas depois do segundo dia em que ele fazia piadas sarcásticas com tudo que eu dizia, uma vez que sua cara metade decidiu não dormir, pedi educadamente para ficar sozinho. Vendo-o, pedir desculpas para os meus meninos, sobre o meu comportamento com eles naquela semana em que queria dormir e a pessoa não, como estava um porre, não sei como me aguentaram.

(.....) 

— Posso ajudar? — perguntei para Hyunjin, depois que o mais novo entrou no meu local de trabalho, sentou-se na cadeira ao meu lado, colocando seus braços atrás da cabeça, claramente querendo conversar sobre algo comigo. 

— O que você acha sobre Felix ser sua alma gêmea?

Os meus dedos pararam de digitar no mesmo instante, para minha cabeça virar rapidamente para o membro do meu grupo, fiquei até preocupado se não teria um torcicolo por algo parecido. 

— Como? — Tive que ouvir mais uma vez para ver se não era meu cérebro, frito de horas e mais horas em frente a um computador. 

Ele fez uma expressão de extrema insatisfação antes de sacar o seu celular e colocá-lo em minha frente, na mesa. 

— No dia que Lix fez dezenove anos, no mesmo instante que ele dormiu, você também… — Hyunjin começou a citar tudo que estava escrito na nota do seu telefone. Primeiro era a data, com dia, mês e ano e ao lado, no qual tínhamos dormido ao mesmo tempo e o último parâmetro observado foi o último comeback, com Felix extremamente mal-humorado. 

— Puta merda. — Porque não tinha nenhuma outra expressão depois de perceber que a pessoa feita inteiramente para mim estava à minha frente faz anos e nunca percebi. 

— Você ainda não contou para ele, né?

Claro que a primeira coisa que passou por todas minhas células, foi a felicidade por encontrá-lo depois de anos e mais anos, no entanto ainda era o seu líder e claro que o trabalho seria mais importante do que os meus sentimentos. 

— Não… Ele não está no melhor momento dele e eu o respeitei. — Hyunjin me olhou com uma tristeza de outro mundo, pois desde que a estrela tinha aparecido em meu pulso, ele foi o primeiro a me falar que merecia mais do que ninguém ser a pessoa mais feliz do mundo com minha alma gêmea.

— Está tudo bem, não é a primeira vez que coloco minha felicidade atrás do Stray kids. — O que era totalmente verdade, perdi as contas de quando estava a ponto de entrar em colapso, mas me mantive em pé, pois todos os outros precisavam de mim inteiro. Eles poderiam cair, mas Bang Chan não. 

E não seria diferente nessa situação, na qual Felix teve que entrar em pausa obrigatória por causa de uma hérnia de disco e tudo o que ele fazia era ficar em seu quarto chorando e sentindo-se miserável nos vendo fazer as coisas que ele não poderia. O rapaz não precisava de mais uma preocupação em sua vida ao descobrir que eu era a sua cara metade e tentar encontrar o que fazer a seguir. 

— Chan, se você está triste, pode chorar. Não precisa ser forte sempre para nós, você é um ser humano e está doendo.

Hyunjin era um anjo na terra por me conhecer tão bem e passar as suas mãos pelo meu corpo, proporcionando-me um ambiente extremamente propenso a deixar a minha vulnerabilidade sair. 

— Você sabe que as almas gêmeas são feitas para acabarem juntas, não é? Pode não ser agora, mas vai acontecer mais cedo ou mais tarde. E quando verem, vão estar de mãos dadas na Austrália. — Ele apoiou o meu rosto em seu ombro, enquanto eu chorava como se minha vida estivesse de cabeça para baixo.

O que não era mentira, o dia em que você soubesse quem seria a sua pessoa até o final da sua vida, deveria ser recheada por felicidade e só por saber que no momento não seria possível, estava no meu direito chorar até Felix dormir. 

Pelo jeito, toda a sorte da minha vida foi gasta quando conheci todos os membros do Stray Kids e depois, quando tive a oportunidade de formar um grupo com essas pessoas que amava mais do que tudo. 

(....) 

Depois que Felix saiu do seu hiatus, deveria conversar com ele sobre o assunto que me assombrava todos os dias quando o via se arrumar para dormir e dava uma desculpa para dormir ao mesmo tempo, no entanto, tudo que passava pelo meu cérebro era a rejeição. Tinha muito medo que ele não soubesse me amar romanticamente e sim, somente como um amigo e não seria o mesmo tendo um coração partido por ele, a pessoa que mais amava no mundo. 

Eu tive muito, mas muito tempo para refletir sobre o sentimento de mudar o nosso status de relacionamento de amizade para amoroso. Depois de muitos surtos, consegui fazer as pazes que, antes de ser namorado, nós éramos amigos e a nossa relação não deveria mudar totalmente, somente adicionar mais abraços, mãos dadas, beijos e quem sabe, o. 

Mas Felix, por outro lado, não teria esse momento de introspecção, sendo um ponto na longa lista de causas para não lhe contar. O outro ponto? O fato de que, se ele precisasse de um tempo para pensar sobre toda a coisa de almas gêmeas, a probabilidade de haver desconforto entre nós era super alta. Se dois membros não conseguiam se entender, isso afetava o grupo como um todo. 

Claro que, quando um membro do grupo sabia de algo, era questão de dias até os outros também saberem. Foi um pacto entre nós sete não falar nada para Lee, mas várias vezes sentia os olhares de indignação vindo dos outros quando nos viam cair no sono juntos. Pois depois de meses do pacto, eles sabiam que eu estava enrolando para contar, já que logo não teria mais desculpas o suficiente para eu não ser feliz com Felix ao meu lado. 

No próximo comeback, eu jurei que ajustaria meu sono para dormir mais cedo, afinal de contas, se o australiano gostava de dormir cedo, faria de tudo para deixá-lo confortável. Como não poderia proferir meu amor por ele, a minha linguagem seria deixá-lo saudável. 

— Você já vai dormir? Mundo, pode parar que eu gostaria de descer, por favor. — Felix parou de escovar seus dentes quando tirei a minha camisa, pois isso era um ritual que fazia somente antes de ir para a cama. — Você não está doente ou algo do tipo? — Ele continuou vindo ao meu encontro, colocando sua mão em minha testa para ver se estava com febre. 

— Muito engraçado. — Revirei meus olhos antes de empurrá-lo de volta para o banheiro, reclamando que a pasta cairia no chão e eu não limparia.

Ele começou a rir antes de vir mais para frente, encostando sua escova de dentes no meu queixo somente para me irritar.

E foi no dia 19 de agosto de 2022, às 18h21min, que os planetas se alinharam à minha frente e tive a certeza absoluta de que eu o amava mais do que amava a mim mesmo. Que ele era a pessoa com quem queria falar como foi meu dia, tanto as pequenas coisas como as grandes, que quando a nossa vida de ser um idol acabasse, seria ele e eu até o final da minha vida e porra, até um cachorro se ele quisesse. 

Foi naquele momento que meu coração registrou o fato de que sim, Felix era a minha alma gêmea e não deveria temer nada enquanto ele estivesse comigo. 

— Chan, boa noite, eu te amo. — A minha cara metade deu um beijo em minha testa depois de lavar sua boca e apagar a luz do nosso quarto, enquanto eu bochechava, uma vez que eu já estava sentindo o sono bater.

— Boa noite e também te amo. — E como queria que, pela primeira vez, o seu “eu te amo” para mim fosse do mesmo jeito que o meu era para ele. 

Na noite seguinte, estava todo bonitinho indo dormir, quando vi Lee tomando uma caneca de pelo menos quinhentos mls de café. Claramente só para ficar acordado, pois já tinha deixado claro milhões de vezes que odiava o gosto amargo. 

— Humm… Pensava que não gostava de café? — perguntei quando ele me ofereceu um pouco. 

— Não gosto. Se lembra quando você disse que ter uma alma gêmea significava ceder? Ele dormiu três dias direto no horário que eu gosto, o mínimo é fazer o mesmo por ele. — Felix deu de ombros, sentando-se ao meu lado na cama, sabendo que a conversa duraria mais um tempo. 

— Não! Você precisa dormir! — O australiano me olhou super desconfiado quando praticamente gritei pelo desespero. 

— Por quê? — Claro que estaria desconfiado, uma vez que nunca liguei para o padrão de sono dos outros; porque, né, o meu era super fodido. 

— Lix, você está em pleno comeback, seu sono é mais importante do que qualquer coisa que a outra pessoa vai estar fazendo. — Ele continuou desconfiado, pois o meu argumento não foi muito válido. — Como líder e amigo, seu bem-estar é tudo para mim. Já deu de um Felix todo mal-humorado pelos próximos dias, né? — Peguei a caneca de suas mãos e quando ele abriu a boca para argumentar, mandei aquele olhar de líder. 

— Ok! Mas esse assunto não acabou hoje. — O mais novo fez uma expressão de birra antes de levar sua caneca para a cozinha e voltar segundos depois.

Dei um suspiro de alívio quando senti o sono. 

E não era que o bonito não estava mentindo? Várias vezes quando estava a ponto de dormir cedo, sentia a vontade de ir para a cama e eu ia lá caçar o Felix para implorar que fosse dormir. Várias vezes perguntei se queria fazer isso comigo, pois ele gostava demais de ter um corpo ao seu lado. 

Quando a semana de promoção acabou, fiquei contente com o saldo de bem-estar de nós dois, se fosse perguntar. Mas não era o que minha alma gêmea estava pensando. 

— Christopher Bang. — Juro, senti todas as células do meu corpo se arrepiarem pela voz grossa do australiano falando meu nome completo, acredite, isso nunca era coisa boa. — Não creio que você tenha começado a dormir cedo só porque eu gostava de fazer isso! E não acredito, acima disso, que você sabia que eu era sua alma gêmea e não disse uma palavra!

O mais novo falou aquilo tão rápido que tive que esperar alguns segundos para meu cérebro processar corretamente. Primeiro foi a sensação de total desespero pelo segredo tão bem guardado não ser mais segredo; segundo foi a tristeza por saber que nunca teríamos algo que eu gostaria mais do que tudo.

— Sabe, demorei muito para entender o nosso padrão de sono. Mas, Chan, eu te amava antes mesmo de saber que você era a minha pessoa. E só pelo fato de que lutou contra a sua insônia, só para o meu prazer, me fez ter a certeza que te amo romanticamente. — Felix sentou-se no meu colo, beijando a minha bochecha.

— Peraí, você me ama? — Desculpe-me se meu cérebro se sobrecarregou por escutar algo que, para mim, era só um sonho distante e se ficar somente em uma parte. 

— Não acredito que foi a única coisa que pegou! Eu acabei de me declarar para você e gostaria que se lembrasse desse momento histórico — Felix deu risada, batendo seus dedos de brincadeira em meu peito. 

— Lix, tudo que você fala para mim é importante, mesmo que meu cérebro não esteja prestando total atenção, ele sempre vai captar, porque é você, a pessoa que eu amo. — Ver suas lágrimas caindo em seu rosto tão bonito, depois de proferir milhões de vezes que me amava até morrer, meu coração se encheu de amor vindo daquela pessoa tão perfeita. 

Quando nossos lábios se juntaram pela primeira vez, senti em primeira mão como era alguém te amar por ser você mesmo. 

— Agradeço que somos ligados ao sono, pois nunca mais vou querer dormir com alguém que não seja você. — O australiano deu um beijo simples em meu pescoço, apoiando sua cabeça em meu ombro, claramente me deixando trabalhar em paz no estúdio. 

Nunca tive um padrão muito bom de sono, no entanto, não via a hora de achar um somente para Felix, assim como meu amor por ele.

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