Capítulo Três
Secret ThingsA tarde passou sem que eu percebesse, quando olhei pela janela do quarto, vi que já havia anoitecido e que eu não havia feito nada o dia todo. Ainda estava magoada e triste, mas como sempre, depois da tempestade vem a calmaria. Ela não merecia que eu chorasse por ela se não tinha consideração pelos meus sentimentos. Sentimentos esses que, por mais difícil que fosse, eu deveria esquecer.
Estava cansada, dolorida, e já tinha dormido o suficiente para ficar de pé uma semana, mas ao mesmo tempo eu não queria me levantar, não queria sair do quarto. Uma hora eu teria que fazer isso, e sem querer mais evitar, me levantei e fui até o banheiro. Lavei meu rosto e troquei de roupa, colocando algo para sair. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e peguei meu Ipod, daquele tipo que usamos para fazer exercícios. Fui até a cozinha pegar uma garrafa d’água e encontrei a pessoa que eu menos gostaria de ver naquele momento.
_Vai correr? – perguntou-me Jessica.
Apenas concordei com a cabeça.
_Avise as meninas pra mim, ok?
Sem esperar resposta eu peguei a minha chave e saí, trancando a porta em seguida. Naquela noite, eu corri como se não houvesse amanhã. Como se o mundo estivesse acabando e eu tivesse que fugir dele. A música alta me ajudava a não pensar, mas não nublava minha mente como eu queria. Eu ainda conseguia pensar nela.
Afastei-me de casa o máximo que pude, até chegar a ruas que eu não reconhecia. Sem fôlego, parei em uma praça que quase não tinha movimento, me apoiando em uma parede para me alongar. Já era mais de dez horas, eu havia corrido quase uma hora, já estava longe o suficiente. Sentei-me em um banco para tomar fôlego para a volta, quando percebi uma garota se aproximando. Ela sentou ao meu lado e procurou algo em sua bolsa. Seu rosto era jovem, não devia ser mais velha do que eu e usava roupas leves, próprias para fazer exercício.
_Desculpe, mas pode-me dizer onde fica esse endereço? – ela me perguntou, sorrindo timidamente.
Olhei o papel, o lugar ficava a alguns prédios do meu dormitório!
_Você quer ir para bem longe, hein? – perguntei – Mas estou indo para lá perto, quer que eu te acompanhe até lá?
_Seria muito bom. Obrigada.
Levantamo-nos e começamos a andar, conversávamos enquanto isso.
_Então quer dizer que você é cantora? – Kathryn, como ela havia me dito que se chamava, me perguntou.
_É... Na verdade eu faço parte de uma banda de nove garotas, sabe? Moro a apenas dois quarteirões de onde você quer ir. Mas e você, mora no endereço que me mostrou?
_Só por um tempo. Eu me mudei há apenas algumas semanas e estou ficando nessa casa que é de uma amiga, por enquanto. Vim para a Coreia para intercâmbio.
_Sério? E onde morava antes de vir?
_Nova York. Por isso minha pronuncia é tão ruim, faço aulas de coreano há pouco tempo.
_Sua pronuncia é boa, com o tempo vai melhorar.
Kathryn sorriu e seu eyesmile apareceu pela décima vez naquela noite. Ela era engraçada e seus erros de pronuncia eram fofos e algumas vezes bem graves, mas fez com que tivéssemos assunto durante todo o caminho. Demorei bem mais do que demoraria se estivesse correndo, e era quase meia noite quando chegamos a sua casa.
_Bem, obrigada Yuri – ela me disse, fazendo uma grande reverencia. A retribuí, mas antes que eu me virasse para ir ela pediu meu telefone.
_Podíamos comer algo outro dia...
Sorri e dei meu telefone a ela para que ela anotasse o número dela e não o contrário.
_Não vai me dar seu número?
Senti receio. E se ela fosse uma stalker ou algo do tipo? Jogando o receio de lado, liguei para ela do meu celular, assim ela poderia salvar na memória. Kathryn sorriu novamente e logo em seguida entrou no prédio. Caminhei até em casa me sentindo tão... leve. Havia sido tão bom conversar com ela, alguém tão diferente de mim. Subi as escadas do apartamento, silenciosamente, pronta para levar uma bronca de Taeyeon. Mas quando abri a porta, não era ela que estava sentada no sofá me esperando. Era Hyoyeon.
E junto com ela, parecia que meus sentimentos sombrios haviam voltado. Eu não a odiava, eu a amava. Eu a queria, mas eu não poderia tê-la. Eu era uma idiota.
_Onde estava? – ela me perguntou, quando estava no meio do corredor. Fiquei imóvel.
_Não é da sua conta – continuei andando até meu quarto.
_Você sumiu por mais de quatro de horas! – Hyo continuou falando, enquanto ia atrás de mim – Tem noção do quando eu me preocupei? Do quanto todas ficamos preocupadas?
Com meu peito doendo por está-la ignorando, eu tirei minhas roupas e comecei a procurar por algo para vestir. Então Hyoyeon de repente segurou meus braços e os balançou.
_Você pelo menos está me ouvindo? Está drogada ou o quê? – me desvencilhei de seus braços e fui em direção do banheiro, minha toalha em mãos. Hyo continuou gritando comigo e mesmo com a porta fechada, eu conseguia ouvi-la gritar e quase esmurrar a porta. Terminei de tirar minha roupa e liguei o chuveiro. Joguei-me no chão do Box do banheiro, chorando silenciosamente. Como amá-la doía, machucava. Mas doía ainda mais ignorá-la, fingir que ela não estava lá.
Com o tempo, os gritos pararam e pude ouvir vozes das outras garotas. Em seguida, ouvi batidas na porta, mas desta vez gentis e fracas.
_Yuri? Está viva? – era a voz de Sooyoung, a pessoa que eu precisava naquele momento.
Enrolei a toalha em meu corpo e abri a porta, deixando que ela entrasse.
_O que houve com você? – perguntou e eu a abracei, chorando novamente. Ela me abraçou de volta, e me consolou até que eu estivesse em condições de sair. Vesti meu pijama e ela me levou para seu quarto, avisando que eu poderia dormir com ela. Nem precisei pensar muito para saber onde Jessica iria dormir e isso fez doer ainda mais.
Dormi no colo de Sooyoung, com ela fazendo carinho em meus cabelos.
-x-
Então gente, peço para quem está acompanhando a história deixar comentários para que eu saiba o que vocês estão achando, se estão gostando... Aceito críticas construtivas também! ^^
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